Fanfics Brasil - ♂♀ Ilha da perdição ღ≈๑ (DyC) [Terminada]

Fanfic: ♂♀ Ilha da perdição ღ≈๑ (DyC) [Terminada]


Capítulo: 3? Capítulo

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Cap Para Anjodoce (se alguém mais comentou, não deu pra ver)



CAPÍTULO III


 












 Dulce não pretendia descer para o jantar, mas ocorreu-lhe que Chris talvez viesse buscá-la, considerando sua ausência como uma aceitação muda de seus desejos. A saia e blusa, além de terem sido usadas o dia inteiro, não eram traje apropriado para o jantar, mas não dispunha de outras roupas.

Saiu do chuveiro e ficou gelada ao perceber que havia alguém no quarto. Felizmente era a jovem criada, a mesma que lhe servira o café da manhã.


— Que vestido a senhora quer que eu separe?


Dulce suspirou, pois o pouco grego que sabia não lhe permitira explicar que seu guarda-roupa limitava-se a uma blusa e saia de algodão, jeans e uma camiseta.


— Não tenho roupas... — começou a dizer, mas a criada inter­rompeu-a com um sorriso triunfante, abrindo as portas do imenso armário embutido que ocupava toda a parede.


— Ao contrário, há muitas e muitas roupas! O senhor mandou buscá-las em Atenas!


Dulce olhou para o armário repleto, sem acreditar no que via. Quando Chris planejava algo, não deixava de lado o menor detalhe. Ela caminhou lentamente até o armário, apontando para um vestido lilás de seda pura. Há quanto tempo Chris planejava obrigá-la a voltar para a sua companhia?


— Encomendei esses vestidos a René. Afinal de contas, foi ele quem fez seu enxoval. — Chris havia entrado no quarto sem que ela percebesse. — Ele ainda tem as suas medidas...


Aqueles vestidos eram muito mais sofisticados do que tudo que Dulce havia usado até então, e muito mais caros! Cada um deles custava o equivalente a vários meses de seu salário.


— Chris, você me trouxe até a sua ilha; talvez possa me forçar a permanecer aqui e até mesmo a conceber um filho seu, caso prefira não recorrer ao estupro... mas não pode me obrigar a usar estes vestidos...


— Você acha que não?


Chris avançou para ela, com um sorriso implacável. A criadinha havia saído discretamente no momento em que ele entrara. O quarto era enorme, mas ainda assim Dulce teve uma sensação de claustro­fobia, ocasionada principalmente pela presença sufocante daquele homem.


Mais tarde ela censurou-se por ter sido tão tola, mas, agindo instintivamente, deu um passo atrás, parando apenas ao perceber que sua fuga era impedida pela cama.


A toalha com que ela envolvera seu corpo oferecia uma proteção precária contra a inspeção sensual daqueles olhos cinza, que pousa­ram momentaneamente em seus seios bem formados, antes de examinar o resto de seu corpo, e com tamanha insistência que ela ficou intensa­mente ruborizada.


— Pare com isso, Chris...


Ambos sabiam que o que ele sentia por ela não passava da reação de um macho a um corpo de mulher. No entanto, por alguns segundos Dulce experimentou um desejo tão grande que, se Chris tivesse aberto os braços, ela não conseguiria controlar-se, atirando-se neles.


A consciência desse fato levou-a a se fortalecer e ela voltou a dizer que não usaria as roupas que Chris havia comprado. Levantou a cabeça e tentou ignorar a força magnética da personalidade daquele homem. Quase conseguia sentir o ar palpitar com a excitação sexual que a presença dele invocava. Era algo que esquecera, durante o período em que estavam separados. Quase conseguia sentir seu odor, experimentá-lo na língua, doce-amargo, indispensável, inesquecível... exatamente como Chris, quando ele fazia amor!


Pare com isso!, ela disse a si mesma, certa de que, para Chris, fazer amor com ela era um ato de guerra, o primeiro passo em direção a uma vingança maior.


— Você tem duas alternativas, Dulce — disse ele, imperturbável, ignorando seus protestos. — Ou você concorda em usar esses vestidos ou eu mesmo a vestirei. Cuidado, se optar pela segunda alternativa... Poderia interpretá-la como desejo de sentir as minhas mãos no seu corpo mais uma vez!


— Prefiro morrer!


Dulce ficou intensamente ruborizada, enquanto lembrava que ainda há pouco estivera a ponto de abandonar-se ao magnetismo sexual de Chris.


— Mentirosa! Eu poderia possuí-la agora... poderia levá-la a me desejar, e ambos sabemos disso. Negue quanto quiser. Você não pode esconder nada de mim, Dulce. Talvez me odeie com a sua mente, mas o seu corpo... Seu corpo a trairá, se você o permitir, Dulce...


— Nunca!


— Não? Está me pedindo que eu prove que você é uma mentirosa? Essa é uma maneira sutil de você indicar o seu desejo? Sinto muito, mas agora terei de decepcioná-la. Acontece que a minha cozinheira preparou uma refeição especial para comemorar a nossa reunião. Quem sabe mais tarde...


— Você está muito enganado. Eu não quero! E nada acontecerá mais tarde!


Dulce estava sendo absolutamente sincera, mas então por que sentia aquela dor curiosa na boca do estômago, aquela inquietação que não lhe permitia relaxar? Durante todo o tempo em que estivera afastada de Chris não sentira a menor vontade de ter um amante e, no entanto, agora, depois de vê-lo durante algumas horas, seu corpo e sua mente estavam invadidos pelas recordações dolorosas dos momentos em que haviam feito amor.


Assim que Chris se retirou, ela ficou olhando para o guarda-roupa. Quase valia a pena descer para o jantar de jeans e camiseta, só para ver a reação dele, mas recordou suas ameaças, caso ela o desafiasse.


Quase automaticamente sua mão pousou sobre um vestido de chiffon, em tons de lilás e lavanda. Parecia ter sido feito especialmente para ela, admitiu, enquanto o tirava do cabide. No entanto, ao vesti-lo, verificou que a coisa não era bem assim. Não teve problema com as mangas compridas, que se abotoavam no punho por meio de uma pequenina pérola, mas a dificuldade estava nas costas e na região da cintura, que ela não conseguia fechar.


Dulce achou melhor acabar de se vestir e encontrar em seguida alguém que a ajudasse a abotoar o vestido. Pôs as sandálias de cetim, que combinavam com o traje, e maquilou-se com muito capricho. Colocou em torno dos olhos uma sombra que realçava a cor deles e passou um delineador nas pestanas. A saia batia pouco abaixo dos joelhos. Monsieur René sempre dizia que aquele comprimento era o mais elegante que havia, e Dulce concordava.


Quando saiu do quarto verificou que o corredor estava deserto, o que a deixou muito desapontada, pois esperava encontrar uma das criadas. Agora teria de procurar mais alguém para ajudá-la. A porta do quarto à direita do seu se abriu e Chris apareceu, impecavelmente, vestido com uma camisa de seda branca e calça preta e estreita.


— Você escolheu esse vestido? Parabéns.


Dulce manifestou indiferença e fez o possível para ignorá-lo.


— Você está alguns minutos adiantada. O jantar costuma ser servido às oito, mas, se quiser, podemos tomar um drinque antes...


— Não, obrigada. Estava procurando alguém que me ajude a abotoar às costas. Sozinha não consigo.


— Então, com licença. Afinal de contas, para que servem os maridos?


Dulce não teve como evitar aqueles dedos tão hábeis. Seus músculos ficaram muito tensos, em sinal de protesto, e enquanto esperava que ele acabasse com aquilo abriu-se uma porta e alguém se aproximou.


— Chris!


A voz de Belinda chegava a ser irritante e bastou olhar para ela para se perceber que a jovem estava furiosa. Aquilo não oferecia a menor novidade para Dulce, pois ela já presenciara a cena mais de uma vez. A diferença era que, outrora, Belinda tomava todo o cuidado para esconder de Chris seus ataques de temperamento.


Talvez agora ela se sentisse muito segura em relação a Chris e não se importava mais, refletiu Dulce. A jovem ignorou-a e, com os olhos fuzilando, voltou-se para Chris.


— Recuso-me a fazer o que você quer, está me ouvindo? Não casarei com quem quer que seja! Se você me obrigar a isso, eu contarei a verdade. Eu...


— Você não fará absolutamente nada — disse Chris, usando de uma firmeza para com a irmã que Dulce jamais havia presenciado. — Já discutimos exaustivamente este assunto, Belinda, e não mudarei de idéia.


— Você quer se livrar de mim! — acusou Belinda, com os olhos cheios de lágrimas. — Quer que eu saia do caminho por causa dela! Pois saiba que ele não liga a mínima para você — disse, voltando-se para Dulce. — Deseja apenas um filho, qualquer filho, contanto que o pai seja ele. Acontece que o fato de você ser esposa dele torna a escolha natural.


— Belinda!


Dessa vez havia uma ameaça definida na voz de Chris.


— Vou dizer isto pela última vez: quando os meus amigos chega­rem amanhã com Derrick, você se comportará como se deve. Aliás, isto se aplica a vocês duas.


— E se eu recusar? E se lhes contar por que você voltou com sua mulher, e como?


— Eu lhes direi simplesmente que você não passa de uma garota ciumenta!


— Isso era realmente necessário? — indagou Dulce com voz trêmula cinco minutos mais tarde, quando Belinda se retirou, batendo a porta do quarto com toda força.


— Já é tempo de Belinda aprender que, se ela insistir em se comportar como uma criança, será tratada como merece. Bem, o que acontece entre mim e minha irmã não é algo que deva deixá-la preocupada. Acho curiosa essa súbita solidariedade em relação a ela, sobretudo tendo em mente as acusações que você lhe faz.


— É mesmo?


Dulce não se dispunha a explicar a Chris que sua solidariedade era exclusivamente a de uma mulher que havia sentido pena de outra mulher magoada pelo mesmo homem. Pareceu-lhe que ele havia sido desnecessariamente cruel.


Jantaram em meio a um silêncio pesado, interrompido unicamente pelos passos dos criados que serviam a mesa. Dulce fingia apreciar a comida, por uma espécie de consideração por Chris, mas se alguém lhe perguntasse o que comia, duvidava que conseguisse dar a resposta certa.


— Fui sincero no que disse a Belinda — declarou Chris, após o jantar, enquanto tomavam café na sala de estar. — Espero que você desempenhe muito bem o papel da esposa que voltou com o marido, Dulce.


— E se eu achar o papel penoso demais?


— Nesse caso precisamos dirigi-la muito bem, não é mesmo? Afinal de contas, os atos falam mais alto do que as palavras. Sei com que aparência as mulheres ficam, depois de passarem uma noite nos meus braços... Creio que isso basta para eu convencer os meus convidados!


Dez minutos mais tarde, após terminar de tomar o café, Dulce pediu licença e levantou-se, recusando o convite de Chris para dar uma volta pelo jardim.


— Para quê? Para que você me mostre mais uma vez como o seu sistema eletrônico funciona bem? Não, muito obrigada. Já estou plenamente convencida.


— Talvez não seja tanto a eficiência do meu sistema que você teme, mas a sua própria fraqueza, não?


Chris riu, mais irônico do que nunca, e sua zombaria acompanhou-a enquanto ela caminhava para seu quarto.


Enganava-se, se pensava que iria gozar por muito tempo da privaci­dade de seu quarto. Mal havia tirado o vestido e posto o neglige de seda que Gina havia deixado sobre a cama e a porta do quarto abriu-se com estrondo.


— Está-se preparando para receber Chris, não é mesmo? — pergun­tou Belinda, repleta de ódio. — Você sabe muito bem que ele não a quer. Deseja unicamente um filho. Você não passa de um instrumento para ele chegar lá.


— Você já me disse isso, — observou Dulce, surpreendida ao notar a facilidade com que estava se dominando. Antes Belinda sempre conseguia controlar a situação, fazendo-a perder a cabeça e entrar em discussões das quais acabava por se arrepender. Talvez agora Dulce não tivesse mais nada a perder, mas, qualquer que fosse a razão, sentia-se contente por conseguir enfrentar a garota calmamente e até mesmo sentir pena dela, ao notar seus olhos vermelhos e os cabelos em desordem.


— Você sabe muito bem por que Chris está me forçando a casar com Derrick, não é? — perguntou Belinda. — Está obcecado pela vontade de ter um filho. Nada mais importa, nem eu, nem você e nem os seus negócios. Só que as coisas não ficarão nesse pé. Verá que tudo se modificará quando você lhe der um filho.


— Mas as coisas não precisam ser necessariamente assim — disse Dulce, pois acabava de ter uma idéia brilhante. — Ajude-me a partir da ilha, Belinda. Sei que você não me quer aqui.


— Não quero mesmo — reconheceu a jovem com toda a franqueza — só que você não poderá escapar sem que Chris saiba. Ele não a deixará partir enquanto você não der à luz...


— Para substituir aquele filho que Chris acredita que eu tenha destruído de propósito... Só que ambas sabemos que não foi verdade, não é mesmo, Belinda? Você destruiu meu filho, empurrou-me escada abaixo...


Belinda, furiosa, retirou-se, batendo a porta mais uma vez. Dulce deveria ter imaginado que Belinda jamais admitiria a verdade. No entanto não havia como negar: ela a empurrara de propósito.


Dulce sentou-se diante da penteadeira e começou a escovar os cabelos. Aquilo a relaxava e seus pensamentos voltaram-se para o passado.


Era claro que tinha se sentido nervosa diante da perspectiva de conhecer Belinda. Era a parenta mais próxima de Chris e exercia uma papel importante em sua vida. Durante o vôo de Paris a Atenas, Dulce havia enchido Chris de perguntas relativas à jovem.


Ele tinha respondido por meio de monossílabos e ela achou que sua reserva era motivada pelo cansaço. Afinal de contas, Chris tivera de fechar alguns negócios em Paris antes de partirem para Atenas. Tudo o que sabia a respeito de Belinda era que ela nascera do segundo casamento do pai de Chris. Era treze anos mais moça e, desde que seus pais morreram, ela ficou inteiramente aos cuidados do irmão. Sua educação fora mais livre e moderna do que aquela que se permitia a jovens gregas de sua classe social. Estudou no exterior, na Inglaterra e Suíça, e poderia ter entrado para a universidade, caso o desejasse.


Belinda estava à espera deles no apartamento de Chris, em Atenas. Dulce ficou maravilhada com o luxo do hall de entrada e da sala de estar de seu novo lar, decorados com preciosas antiguidades e tapetes orientais. Notou que Belinda a recebia com certa frieza.


À medida que o tempo passava a frieza se agravou. Ela era sempre mais pronunciada quando Chris se encontrava trabalhando e Dulce não conseguiu ignorá-la por muito tempo. Àquela altura tinha certeza de que estava grávida, mas não comunicou o fato a Chris, pois não queria ter a menor dúvida a respeito.


Chris foi passar uma semana em Paris e ela lembrava-se muito bem do quanto sentira falta dele. Com que entusiasmo recebeu, por intermédio do médico a quem fora consultar, a notícia de que carre­gava em seu ventre um filho de Chris! Belinda mostrava-se mais difícil do que de costume. Criticava e ironizava a falta de familiaridade de Dulce com coisas que a ela pareciam extremamente naturais, tais como fazer compras em uma butique da moda e pedir o que lhe agradava sem se importar em olhar o preço.


— Somente os novos ricos precisam fazer semelhante coisa — observou ferinamente, certo dia em que Dulce insistiu em se informar sobre o preço de um vestido de veludo, antes de comprá-lo.


Agora uma tal grosseria não a incomodava nem um pouco, refletiu Dulce. Naqueles dias era profundamente insegura e desesperada por obter a aprovação de Belinda, quase como se suspeitasse da verdade, mas sem desejar encará-la. Tentava se convencer de que não havia nada de anormal na maneira possessiva com que a garota considerava seu irmão.


Ficara bastante ansiosa e tocou no assunto uma ou duas vezes antes que Chris viajasse para Paris, mas em ambas as ocasiões ele não tomara conhecimento, dizendo-lhe que ela estava imaginando coisas. Tomou-a em seus braços e Belinda, bem como todos os que os rodea­vam, passou para um segundo plano, diante do prazer que o ato do amor lhes proporcionou. Se Dulce não fosse tão ingênua, se não estivesse tão apaixonada, teria desconfiado de algo, pois Chris mostra­va-se estranhamente avesso em falar a respeito de Belinda. Afinal de contas, ele não era um homem reservado e de difícil comunicação, surpreendendo-a mais de uma vez por sua capacidade de colocar em palavras aquilo que ela somente conseguia sentir.


No entanto Dulce só ficou sabendo da verdade no dia em que recebeu as notícias sobre o bebê. Mais tarde se deu conta de que Belinda deveria ter lido a receita do médico. Como não era exatamente uma criatura tranqüila, o fato de Dulce, sua odiada rival, gerar um filho de Chris, a levara a entregar-se a uma de suas incontroláveis explosões de ódio.


Dulce encontrava-se no belo quarto, todo decorado em tons de ouro e bronze, onde ela e Chris dormiam, quando Belinda entrou intempestivamente. O quarto havia sido decorado antes do casamento e Chris dera carta branca a Dulce para fazer as alterações que ela desejasse, o que não foi o caso. Dulce amou as peças de laca chinesa, os objetos de arte e os lindos e delicados painéis de seda, bem como os pássaros de bronze e turquesa que enfeitavam as prateleiras. Aquele quarto lhe parecia perfeito.


Estava para tomar um banho, pois havia passado a manhã fazendo compras, e ficou muito surpreendida ao deparar com Belinda, a quem imaginava estar almoçando com uma amiga.


Belinda foi direto ao assunto e seus olhos negros comunicavam todo o ódio e ciúmes que sentia, ao revelar a espantosa verdade: ela e Chris eram amantes havia quase dois anos.


Inicialmente Dulce recusou-se a acreditar, mas Belinda sorriu com maldade.


— Acaso eu lhe diria coisa tão vergonhosa se não fosse verdade? Não pode imaginar como me sinto, sabendo que jamais poderei viver com ele como se fosse sua esposa? Que devo sempre ficar em segundo plano, como sua "irmã"? Afinal de contas, por que acha que ele se casou com uma criatura tão insignificante quanto você? Não foi porque se apaixonou pelo seu corpo magro e pelos seus cabelos cor de palha, independentemente do que ele lhe disse na ocasião. Não, ele a desposou para me proteger! Na minha idade a maior parte das garotas já estão casadas. Dentro em breve as pessoas começariam a murmurar. Foi para me proteger da maledicência alheia que Chris casou com você. Para mim, agora, um casamento está fora de questão. Nenhum homem grego aceita um bem que já foi usufruído por outro e, caso alguém case comigo, Chris será convocado pela família do rapaz a fim de explicar o que aconteceu comigo. Não imagino Chris dando uma explicação satisfatória. Você também não, creio.


A despeito de sua fúria, Dulce sentiu um certo elemento de satisfa­ção nas palavras de Belinda, mas estava por demais deprimida para abordar o assunto. Chris e Belinda... Chris casara com ela apenas para proteger sua meio-irmã. Chris... Não! E, no entanto, tudo aquilo fazia muito sentido: o modo como ele insistira para que se casassem, antes que ela tivesse tempo de respirar; sua recusa em conversar a respeito de Belinda e a obsessão que a jovem tinha pelo irmão mais velho.


Ela mesma, em Paris, não havia ficado intrigada diante do fato de alguém como Chris escolhê-la entre todas as mulheres que deviam ter passado por sua vida? Notava o modo como as mulheres o encara­vam nos restaurantes e nas ruas. Sempre que o olhava, o prazer, misturado ao medo, sacudiam todo seu ser e Dulce ficava a imaginar o que Chris havia visto nela.


Agora sabia. Possuía uma qualidade que, mais do que qualquer outra, tornavam-na a mulher ideal para usar um anel de casada. Era uma criatura ingênua. A isso devia acrescentar-se o fato de que estava desesperadamente apaixonada por Chris. Além disso, era completamente inexperiente no plano sexual e não era de admirar que Chris conseguisse convencê-la a celebrar aquele casamento tão precipitado.


E agora carregava em seu ventre o filho dele!


Belinda devia ter adivinhado o que ela estava pensando, pois fizera um comentário terrível.


— Chris não ficará nem um pouco contente. Um filho é a última coisa que ele desejará de você! Como poderá querer um filho seu, quando sabe que não poderá jamais recriar a si mesmo no corpo da mulher a quem ama?


— Não!


Belinda ignorou aquela exclamação de desespero, insistindo no quanto Chris a amava e quão pouco se importava com Dulce.


Dulce lembrava-se de ter saído do quarto, quase se arrastando, à procura de ar fresco, pois a náusea havia invadido todo seu ser.


Belinda seguiu-a até o topo da escada, pois o apartamento era duplex. Dulce hesitou, tentando afastar aqueles pensamentos sombrios, assustadores, concentrando toda sua energia em dominar a dor que crescia dentro dela a cada momento que passava.


Dulce não conseguia lembrar como as coisas aconteceram exatamente. Belinda empurrou-a brutalmente e ela rolou escada abaixo, gritando de medo, enquanto seu corpo batia nos degraus.


O barulho chamou a atenção de todos os criados, que acorreram. A governanta foi a primeira a chegar. Dulce encarou-a, apertando o ventre e a senhora olhou-a horrorizada. Belinda aproximou-se, extre­mamente pálida, e chorava.


Todos fizeram o que era possível. No hospital a dedicação foi total. Belinda permaneceu ao lado dela até Chris voltar de Paris. Insistiram em chamá-lo, a despeito dos protestos de Dulce.


Achou que jamais esqueceria a expressão de seu rosto, quando ele entrou no quarto. Dulce virou o rosto de lado, a fim de que Chris não notasse suas lágrimas. Belinda dirigiu-se a ele e ambos se falaram. Logo em seguida Chris aproximou-se.


— Por quê? — perguntou com amargura. — Por que foi que você destruiu meu filho?


As enfermeiras não deviam entender o que estava acontecendo, pois Dulce, que se comportara até então com tamanha coragem, entregou-se ao pranto, desesperada. Afastaram Chris discretamente, se bem que ele não manifestava agora muita vontade de ficar. Não havia a menor dúvida de que desejava estar a sós com a amante, pensou Dulce com amargura, recusando-se a vê-lo da próxima vez que ele veio ao hospital.


No seu terceiro dia no hospital Chris insistiu em vê-la. Precisava regressar a Paris, mas afirmou que conversariam quando ele voltasse. Esse diálogo simplesmente não aconteceu. Assim que teve certeza de que Chris estava fora do país, Dulce saiu do hospital e voltou para o apartamento. Retirou do banco dinheiro suficiente para comprar uma passagem aérea, deixando para trás tudo o que possuía, a não ser a roupa que vestia e a aliança de ouro que Chris enfiara em seu dedo no dia do casamento. O anel de noivado, um enorme diamante, foi colocado na gaveta da penteadeira, juntamente com as demais jóias que ele lhe presenteara. Assim que chegou a Londres tirou a aliança.


O fato de remover os signos exteriores de seu casamento tinha sido muito mais fácil do que lidar com seus sentimentos. Demorou quase um ano para conseguir vencer a insônia e deixar de acordar todas as manhãs com o rosto banhado de lágrimas.


Dulce colocou a escova sobre a penteadeira e verificou se a porta estava bem fechada. Sabia que não havia como impedir Chris de entrar no quarto, caso ele assim o decidisse, mas não estava disposta a se deixar surpreender. Não permitiria que seu corpo se abandonasse ao fascínio e à persuasão que aquele homem sabia manejar com tanta desenvoltura.


Chris era sexualmente muito atraente, mas também um mentiroso e um hipócrita. Jamais desejara o bebê que ela havia perdido, mas agora, que estava aparentemente obcecado diante da idéia de ter um filho, aquela perda era atribuída exclusivamente a ela! Havia contado tudo o que acontecera, quando ele fora vê-la no hospital, na esperança de que Belinda estivesse enganada e que ele a amasse. Chris limitara-se a encará-la com um olhar gélido.


— Belinda bem que me avisou que você tentaria pôr a culpa nela. Não, Dulce, você é a culpada e sabe disso muito bem. Se não estivesse tão ansiosa por sair na rua e esbanjar o meu dinheiro, teria sido bem mais cuidadosa.


A acusação era tão injusta que Dulce simplesmente não soubera o que dizer. Antes que conseguisse se dominar era tarde demais. Depri­mida, só tivera forças para suplicar a Chris que se retirasse e a deixasse em paz.



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Autor(a): dullinylarebeldevondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 428



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  • jessikavon Postado em 12/11/2009 - 18:10:03

    Q mara...ansiosa por todas suas wn...simplesmente adoro todas...


    :)

  • jessikavon Postado em 12/11/2009 - 18:10:03

    Q mara...ansiosa por todas suas wn...simplesmente adoro todas...


    :)

  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:43

    Amei sua web, foi perfeita.
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    A acompanharei na próxima, beijos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:42

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  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:41

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  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:36

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