Fanfics Brasil - ♂♀ Ilha da perdição ღ≈๑ (DyC) [Terminada]

Fanfic: ♂♀ Ilha da perdição ღ≈๑ (DyC) [Terminada]


Capítulo: 4? Capítulo

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Dedicado há anjodoce e jessicavon



CAPÍTULO IV



Dulce não conseguiu perceber o que a levou a acordar. Apoiou-se em um cotovelo e logo ficou tensa.


— Chris?


— Estava esperando por mim? Que coisa mais lisonjeira! Mas você não é mais nenhuma virgenzinha inocente, não é mesmo, Dulce? Agora tornou-se uma mulher, cheia de desejos e necessidades!


— As quais não o incluem! — disse Dulce, furiosa. — O que está fazendo aqui?


— No momento, apenas tirando a roupa. Sabe perfeitamente bem por que estou aqui, Dulce, e quanto mais cedo...


— Quanto mais cedo acabar, mais cedo você terá seu filho e pedirá o divórcio, não é mesmo? — disse Dulce, muito surpreendida ao sentir que estava a ponto de chorar. Talvez isso tivesse a ver com o fato de que havia uma parte dela que jamais cessara de lamentar a perda de sua inocência. Percebeu que se Chris conseguisse forçá-la a fazer o que queria, ela jamais permitiria que depois ele lhe tirasse seu filho. Mordendo o lábio, Dulce procurou desesperadamente meios de derrotar Chris e sua concentração era perturbada pelo barulho constante da roupa que ia sendo removida.


A porta do banheiro se abriu e fechou. Dulce ouviu o barulho da água que corria, enquanto Chris abria o chuveiro, e agarrou rapidamente o roupão. Se saísse do quarto enquanto ele estava no banheiro... O orgulho de Chris era o orgulho de um grego, conforme ela ia percebendo aos poucos. Um homem que se sentia afetado pela curiosidade de seus amigos em relação à sua esposa fugida dificilmente sairia em perseguição a essa mesma esposa, forçando-a a voltar para o quarto, onde qualquer discussão conseguiria ser ouvida pelos criados.


Assim que chegou à sala de estar Dulce acendeu as luzes e suspirou de alívio. Percebeu sobre uma mesinha algumas revistas e pegou uma delas, pondo-se a folheá-la. Tinha certeza de que, mesmo que Chris a seguisse, ele dificilmente forçaria um confronto em um lugar tão exposto, sobretudo por saber que ela não disfarçaria sua má vontade em voltar para o quarto em sua companhia.


Pelo visto a coisa não seria tão difícil assim, refletiu Dulce, depois que quinze solitários minutos decorreram sem que ela ouvisse o menor barulho. Sentiu que tinha de jogar o mesmo jogo que Chris. Ele, ao recordar o passado, pensava, sem a menor sombra de dúvida, que bastava tornar Dulce consciente de sua presença e esperar os resulta­dos. Confiava nos sentimentos de quase adoração que ela manifestara um dia em relação a ele, mas aquilo havia chegado ao fim. Afinal de contas, agora ela era uma mulher, conforme o próprio Chris havia observado com tanta ironia, e estava disposta a empregar as mesmas armas que ele. Se conseguisse mantê-lo afastado até que a família Colucci chegasse, ela, com certeza, acabaria por encontrar meios de deixar a ilha com os hóspedes, quando eles partissem... Poderia apresentar uma desculpa que Chris dificilmente recusaria, como, por exemplo, a necessidade de fazer compras em Atenas. Ele, no entanto, ainda conservava o passaporte de Dulce. Ela decidiu enfrentar a dificuldade apenas quando se fizesse necessário. Aqueles acontecimen­tos começavam a afetá-la. Com o olhar perdido, deixou a revista cair a seus pés e alguns minutos mais tarde aquele homem alto e moreno entrou na sala, diminuindo a intensidade das luzes. Dulce adormecera e ele ficou a contemplá-la durante alguns segundos, com uma expres­são enigmática estampada em seu rosto. De repente ela abriu os olhos e notou que Chris a encarava.


— Como você é esperta... mas talvez não seja tão astuciosa quanto imagina.


Dulce percebeu que estava em uma posição claramente desvanta­josa. Chris parecia dominá-la e inclinou-se sobre ela. Nesse momento o roupão que ele usava se abriu, mostrando seu peito atlético coberto de pêlos negros e fartos.


Dulce engoliu com dificuldade, sentindo um aperto na garganta. Sentia o sangue correndo com mais força e o nascimento de um desejo que não conseguia mais controlar. Havia esquecido o impacto que o corpo nu daquele homem lhe causava. Enterrou as unhas nas palmas das mãos, reprimindo a vontade de tocá-lo, como uma pessoa cega que tateia alguém, esperando com isso conseguir um reconhecimento. Como era possível que ela tivesse esquecido tanto? Como podia ignorar a própria vulnerabilidade e as táticas que Chris empregava, a fim de derrubar todas as suas defesas?


Ele começou a acariciar-lhe o pescoço, excitando-a ainda mais.


— O que há? — zombou, obrigando-a a encará-lo. — Você ainda é a minha bela sereia.


Chris roçou levemente o dedo nos lábios de Dulce, em um gesto sensualíssimo.


— Não faça isso!


Dulce, desesperada, mal conseguia reconhecer a própria voz. Senti­mentos que não havia experimentado nos dois últimos anos apossa­vam-se subitamente dela, como se Chris estivesse abrindo uma porta secreta. O corpo de Dulce ficou curiosamente fraco, pesado, letárgico, mergulhado em sensações que prenunciavam a explosão do desejo. O pânico apoderou-se dela e ela tentou sentar-se, procurando afastar Chris.


A risada dele continha ironia e, mais do que isso, triunfo. No momento em que as palmas de suas mãos estabeleceram contato com os pêlos do peito de Chris, ela percebeu o porquê da atitude dele.


Não conseguiu dominar a perturbação que sentia, provocada pelo odor másculo de Chris, e quando ele acariciou pela segunda vez seus lábios, eles se apartaram instintivamente. Havia uma expressão de dor no olhar de Dulce, que sentiu-se traída por seu próprio corpo.


— Você acha sinceramente que conseguiria escapar de mim vindo se refugiar na sala? — murmurou Chris, roçando os lábios na pele sensível de Dulce. — Seus amantes não devem ter a menor imaginação, se lhe ensinaram que a sala de estar é o lugar ideal para se fazer amor...


— Chris, pare com isso!


Naquele momento ele mordia o lóbulo de sua orelha, o que só fazia excitá-la ainda mais.


A sensação de letargia aumentava e o corpo de Dulce doía, cheio de uma tensão que se desencadeara no momento em que Chris entrou na sala. Agora, que ele removia delicadamente seu roupão, Dulce teve de enfrentar a verdade. Por mais que desprezasse aquele homem e a si mesma, ainda o desejava...


O calor e a vergonha abateram-se sobre ela em ondas sucessivas e suas exclamações de protesto se perderam. Os lábios de Chris colaram-se aos dela, fazendo-a esquecer todo vestígio de razão e orgulho. Dulce apertou os lábios, em sinal de rendição e sentiu-se esmagada pelo peso do corpo de Chris. O calor que ele desprendia transformou o cansaço de Dulce em desejo ardente.


— Ah, não! — ele murmurou, ao sentir o quanto ela começava a se descontrolar. — Está aí uma coisa que não tenho a menor intenção de fazer com pressa, mesmo em se tratando de você! Fiquei à espera deste momento durante dois anos e pretendo aproveitar cada segundo, cada carícia. Você há de lembrar até o fim da vida do momento em que concebeu meu filho, não importa quantos homens existiram ou existirão...


Havia na voz de Chris certa aspereza, que em qualquer outro homem poderia significar uma dor amarga, mas que nele era apenas uma indicação do quanto Dulce havia atingido seu orgulho. Os protes­tos dela morreram, enquanto os lábios dele deslizavam por seu pescoço e pela curva suave de seus seios.


Uma sensação de fraqueza apossou-se de Dulce, enquanto as recordações voltavam com notável intensidade. Como ela podia ter imaginado que seu corpo era capaz de resistir a Chris, posto que ele lhe havia ensinado tudo o que sabia a respeito de sexo? Os lábios e a língua daquele homem ainda atormentavam a carne de Dulce e as mãos dela tremiam, diante do esforço que lhe custava impedi-las de deslizar sobre as costas de Chris.


Os lábios atrevidos dele se haviam pousado sobre a linha que dividia os seios de Dulce e ela ficou tensa, em atitude de defesa, tentando não olhar aquela cabeça morena que vinha de encontro à sua pele tão alva. Era, porém, tarde demais, e o corpo de Dulce punia sua loucura, fazendo-a tremer dos pés à cabeça, desejosa de ser completamente possuída por Chris.


Ela prendeu a respiração, enquanto os lábios de Chris acariciavam delicadamente o bico ereto de seu seio. Ondas de prazer sacudiam-na inteira. Era algo que não deveria estar sentindo, pensou, gemendo apesar de tudo.


— Sei o quanto me deseja, Dulce — murmurou Chris. — Seu corpo é que me diz o quanto...


Ela conseguiu apenas emitir um suspiro de submissão, que logo se transformou em soluço, no momento em que a língua de Chris terminou de atormentá-la e sua boca fechou-se sobre o seio rijo de Dulce.


Seus dedos enterraram-se automaticamente nos cabelos espessos de Chris e Dulce abandonou-se completamente àquela febre que a percorria inteira.


— Chris...


Inicialmente Dulce julgou que aquela voz de mulher fosse a sua, mas quando Chris ficou tenso, cessando de explorar seu corpo, Dulce percebeu que a voz era de Belinda.


— Vamos, vista-se — ordenou Chris, jogando o roupão para Dulce e alcançando o dele. Furiosa consigo mesma e amargamente arrepen­dida de sua loucura, Dulce manejava nervosamente o cordão, sem conseguir amarrá-lo. Chris, praguejando, ajudou-a, e logo em seguida a porta se abriu e Belinda os encarou.


— Chris! — Sua expressão tornou-se dura, no momento em que enxergou Dulce. — Tive um pesadelo horrível e fiquei com medo. Fui à sua procura, mas você não estava no quarto. Então percebi que as luzes da sala estavam acesas. Achei que você deveria estar trabalhando, mas só agora percebi em que — ela finalizou, olhando para Dulce com o mais profundo desprezo.


— Belinda!


Os olhos da jovem se encheram de lágrimas e ela não fez a menor tentativa de enxugá-las, deixando simplesmente que escorressem por seu rosto, até que Chris foi até ela, tomando-a nos braços.


— Estava tão assustada, Chris, e não conseguia encontrá-lo. Não posso voltar para o meu quarto. Deixa-meeu ficar com você?


Dulce saiu correndo e conseguiu chegar a tempo ao banheiro. A última vez que havia ficado tão enjoada fora durante a gravidez. Tremendo de raiva e nojo, tirou o roupão e jogou-o num canto. Somente após submeter-se a uma ducha prolongada voltou para o quarto, que estava vazio... Mas, afinal de contas, o que ela esperava? Tinha plena certeza de que Chris nem sequer havia se dado conta de sua presença, a partir do momento em que Belinda apareceu na sala. Será que a jovem havia adivinhado o que estava acontecendo, ou sabia que os dois se encontravam no andar de baixo? De qualquer modo, que importância tinha aquilo tudo?


Ela até que deveria sentir-se grata com a intervenção de Belinda, trêmula ao se dar conta de que estivera a ponto de sucumbir a Chris. O fato é que ela havia desejado que isso acontecesse!


Desgostosa consigo mesma, deitou-se de lado, fazendo o possível para conciliar o sono. Não queria de modo algum que Chris imaginasse, no dia seguinte, que ela havia passado uma noite de insônia e angústia, ao passo que ele...


Ao passo que ele passaria a noite com sua amante, disse Dulce para si mesma, espantada diante da emoção amarga que se apossou dela.


Algo lhe havia acontecido em Eos. Algo havia eliminado sua capacidade de autoproteção, tornando-a ridiculamente vulnerável a Chris. De alguma maneira tinha de impedir que aquilo voltasse a acontecer. Ficou horrorizada ao perceber o quanto estivera exposta, a ponto de permitir que Chris fizesse amor com ela. Aquilo não deveria voltar a acontecer, mas no dia seguinte os convidados chegariam e com alguma sorte ela partiria com eles, quando a visita chegasse ao fim. Restava-lhe apenas encontrar seu passaporte!


A família Colucci chegou na tarde do dia seguinte. Vieram em um belíssimo iate, que ancorou no pequenino porto de Eos, e não de helicóptero, conforme Dulce esperava.


Dulce havia passado a manhã fazendo o possível para evitar Chris e Belinda. Não queria que ele lhe transmitisse pelo olhar o quanto tinha consciência de sua fraqueza e, quanto a Belinda, tinha de reconhecer que ela lhe despertava um ciúme mortal. Isso, na verdade, era ridículo, pois o ciúme é o complemento indispensável do amor; sem um o outro não existe. Dulce, no entanto, não amava Chris. Ela o queria fisicamente, mas o desprezava — ou não? Claro que despre­zava! Seus ciúmes não passavam da herança daquele casamento, dos dias em que ainda o considerava um deus sob forma humana, e que viera à terra a fim de seduzi-la.


Apesar de resolvida a não fazer nenhum esforço especial no sentido de causar boa impressão aos convidados de Chris, Dulce de repente se viu examinando os vestidos que ele lhe comprara, tomada por intensa curiosidade, logo transformada em admiração. Será que a escolha partira dele?


Da admiração passou aos fatos e provou um vestido de duas peças em delicados tons de rosa e lilás. A saia, pregueada, valorizava suas pernas longas e esguias. O corpete moldava a curva de seus seios bem formados. Era um vestido que só poderia despertar a inveja das mulheres e a admiração dos homens. Foi exatamente esse o efeito que causou sobre Chris, quando ela entrou na sala de visitas e ele voltava do porto, acompanhado de seus convidados.


A sra. Colucci era morena e magra, e seu cabelo, puxado para trás, era preso por meio de um elegante coque. A maquilagem, aplica­da com habilidade, enfatizava os olhos negros e os ossos salientes do rosto. Usava um elegante vestido negro, com toda certeza adquirido em Paris. Dulce ficou contente consigo mesma por ter cedido ao impulso de usar um dos belos trajes comprados por Chris. Seu contentamento aumentou quando a sala de estar abriu-se subitamente e Belinda surgiu usando calças vermelhas muito justas e uma camiseta colada ao corpo, que deixava evidente o fato de ela não estar usando sutiã naquele momento.


Dulce surpreendeu o rápido olhar de desaprovação de Chris, enquanto ele a apresentava a Derrick Colucci. Já conversara com o pai do rapaz, um senhor de estatura média, extremamente grego no físico e na aparência. Voltou-se para o rapaz com um sorriso estudado, produto de seu longo aprendizado nas passarelas dos desfiles de modas.


— Sra. Uckermann... — Ele gaguejou, intimidado, sem disfarçar a admiração que sentia.


Dulce ficou surpreendida. Como era possível que Chris concebesse um casamento entre um rapaz simplório como Derrick e Belinda, que era séculos mais velha do que ele, em termos de experiência?


Desconfiou que parte de seus sentimentos devia estar estampada em seu rosto, pois os dedos de Chris cerraram-se em torno de seu pulso e ele a levou em direção ao sofá, onde a sra. Colucci se acomodara.


— Chris, deixe-nos conversando — ordenou-lhe a bela convidada. — Você e Alexandros têm muitos negócios a discutir. Talvez Belinda queira se juntar a nós. Há muito tempo não nos falamos. Dulce, acho que você voltou à Grécia a tempo! Belinda precisa dos conselhos de uma mulher experiente. Com efeito, ela se veste como uma garota que não se importa com sua virtude, não acham? Chris, você precisa encontrar um marido para ela, antes que seja tarde demais.


Antes que Chris pudesse responder, o sr. Colucci aproximou-se e sua atitude demonstrava o desejo de conversar a sós com o anfitrião.


Chris pediu licença e os dois homens se afastaram. A sra. Colucci chamou seu filho e sugeriu-lhe que convidasse Belinda para dar uma volta pelo jardim.


— Normalmente a família da garota é quem teme deixá-la a sós na companhia de um jovem ousado, mas, na presente situação, descon­fio que Derrick corre riscos muito maiores do que Belinda... — comentou a sra. Colucci, vendo os jovens que se dirigiam para o jardim, aliás sem maiores entusiasmos.


Dulce ainda tentava acostumar-se com a franqueza de sua convidada e procurava dizer qualquer coisa, sem trair seus sentimentos em relação a Belinda, quando a sra. Colucci insistiu para que ela a chamasse por seu nome próprio, Alma.


— Não tenho a menor certeza de que o casamento proposto por Chris seria vantajoso para Derrick. Na minha maneira de ver ele ainda é jovem demais para isso e dócil demais para uma jovem tão mimada quanto Belinda. Meu marido, entretanto, deve imensos favores a Chris e por isso... Não posso negar, é claro, que, em termos financeiros, seria uma união das mais recomendáveis, mas há uns seis meses circulam em Atenas comentários sobre a conduta de Belinda que são, no mínimo, preocupantes. Você voltou para a Grécia no tempo devido, minha cara.


Ao notar a expressão intrigada de Dulce, Alma Colucci não se deu por achada.


— Vamos, Dulce, deixe disso! Chris deve tê-la prevenido e você sabia o que estaria à sua espera! A sociedade ateniense é muito fechada e todos se freqüentam. É uma gente que adora mexericos, sobretudo quando eles dizem respeito a suas figuras mais proeminen­tes. Chris é um homem riquíssimo, o que chega a ser alvo de comentários em círculos onde a riqueza é um fato natural. Quando ele voltou casado de Paris, você se tornou objeto da inveja de todas as garotas solteiras de menos de vinte e cinco anos e de todas as mães com mais de quarenta. É claro que nem preciso dizer o quanto repercutiu o fato de você abandonar Chris! Todo mundo esperava que ele se divorciasse de você, sobretudo Belinda. Espero não estar pisando nos seus calos, querida, e, por favor, não pense que estou falando unicamente como a mãe que se ressente por ver seu filho único pressionado a casar com uma jovem que, evidentemente, não será jamais o tipo de esposa com que sonhei para ele. Se você, no entanto, pretende que o seu casamento seja um sucesso, precisa ficar de olho em Belinda.


Dulce empalideceu e a sra. Colucci sorriu, irônica.


— Oh, sei muito bem que Chris a considera uma criança e se dispõe a satisfazer os seus menores caprichos, mas muitas vezes os homens não conseguem ver o que se esconde por detrás de um rostinho bonito, não é mesmo? Sobretudo quando esse rosto pertence à sua parente mais próxima. Talvez eu não devesse me exprimir com tamanha franqueza...


Dulce respirou, aliviada. Durante um breve momento imaginou que a sra. Colucci tinha conhecimento do verdadeiro relacionamento de Chris com Belinda. Mas por que aquilo haveria de perturbá-la? Afinal de contas, para ela seria vantajoso que a sra. Colucci soubesse a verdade, pois isso tornaria sua partida muito mais simples. No entanto, sua reação instintiva foi negar tudo e até mesmo mentir, se necessário, a fim de proteger Chris. Estava perdida em seus pensamentos e não notou que a sra. Colucci havia feito uma pausa em seu interminável discurso, esperando resposta a uma pergunta que acabara de formular.


— Oh, desculpe, Alma. Acho que me distraí...


— Não tem importância. Meu marido me contou que você e Chris estão em Eos para passar uma segunda lua-de-mel. Alexandros me deu a entender que você e Chris ficariam muito agradecidos se abreviássemos a nossa visita...


Dulce sorriu, constrangida. Lembrava-se do que Chris lhe dissera, a respeito da reação de seus amigos diante da notícia de que se haviam separado. Era seu modo de consertar uma situação. O próximo passo, sem dúvida, seria anunciar que sua esposa, meiga e obediente, estava grávida.


— É uma pena, claro, que você precise ter Belinda em sua compa­nhia — prosseguiu a sra. Colucci. — Afinal de contas, Chris deveria insistir para que ela ficasse na companhia de sua tia Elena, pelo menos até vocês passarem uma boa temporada juntos. Pelo que conheço de Elena Theopoulos, posso afiançar que ela não tolerará os modos de Belinda. As roupas que ela usa!... — A sra. Colucci, animada, dispunha-se a prosseguir, mas passos a preveniram de que Derrick e Belinda voltavam do jardim.


Nenhum dos dois parecia estar especialmente contente. Derrick estava muito vermelho e Belinda mostrava-se decididamente entediada.


— Vou pedir a Chris que me leve de volta para Atenas — disse ela em atitude de desafio. — Esta ilha me dá um tédio mortal.


Derrick ficou ainda mais ruborizado e Dulce sentiu vontade de dar uns bons tapas naquela parte da anatomia de Belinda normalmente reservada para a punição de crianças malcriadas. A sra. Colucci tinha razão. Belinda era, de fato, uma garota mimada, mas por detrás daquela rebelião adolescente havia uma sensualidade que deixava Dulce espantada. Nenhuma jovem da idade de Belinda encarava o mundo com tamanho cinismo, e Dulce estremeceu ligeiramente, recordando a expressão de seu olhar, quando ela falava do amor que sentia por Chris. Conseguia compreendê-la até certo ponto. O amor por Chris era uma obsessão que ela havia acalentado sem cessar, recusando-se terminantemente a ampliar seus horizontes. De certa maneira era de se esperar que aquilo acontecesse com uma garota tomada por emoções tão intensas, mas Chris! Ele com toda certeza devia imaginar os riscos que corria ao se entregar a seus desejos por Belinda! Afinal de contas, era sua irmã! Chris poderia ser rico e poderoso, mas aquilo não era o suficiente para que ele se colocasse acima da lei ou faltasse com o respeito a seus semelhantes.


— Belinda, por que você não vai se vestir para o jantar? — sugeriu Dulce. Para sua grande surpresa Belinda voltou-se para ela indignada.


— Para que vocês possam falar mal de mim à vontade? Fofoquem quanto quiserem, pois para mim não faz a menor diferença. Se Chris afirma que Derrick e eu devemos nos casar, esse casamento sairá, por mais que a mãe dele se oponha.


— Desculpe — disse Dulce, assim que Belinda se retirou. A sra. Colucci estava imóvel como uma estátua e Derrick ainda mais encabu­lado do que antes. — Penso que Belinda está atravessando uma fase um tanto difícil. Creio que sente que Chris se mostra um tanto autoritário no que se refere ao seu casamento, mas acho que isso não é razão para ela ser tão agressiva. É claro que lhe pedirei para se desculpar...


— E ela recusará... Sinto pena de você, minha cara. Se não tomar cuidado, essa garota acabará pegando no seu pé enquanto você estiver casada! Apresse-se e dê a Chris o filho que ele tanto deseja.


"E assim ela não ocupará mais um lugar central das emoções de Chris, era o que a sra. Colucci queria dizer... Havia poucas oportunidades de que isso viesse a acontecer, refletiu Dulce com amargura, mas é claro que ela não poderia dizer a verdade.


Vozes que se tornavam audíveis anunciavam a volta de Chris e Alexandros. Para grande surpresa de Dulce, Chris aproximou-se, sentando-se no braço do sofá e puxando-a para si.


— Onde está Belinda?


— Foi trocar de roupa para o jantar.


Dulce tentava manter sua voz tão neutra quanto possível, mas algo deve tê-la traído, pois Chris tornou-se um tanto tenso.


— Este reencontro de vocês é tão romântico! — comentou Alexandros.


— E desta vez não a deixarei fugir — declarou Chris, segurando Dulce com mais força. Esta conseguia sentir seu coração batendo com mais força. Uma grande fraqueza a invadia e ela sentia um enorme desejo de relaxar e ser envolvida pela perturbadora masculinidade de Chris. Num esforço para dominar seus pensamentos tumultuados, Dulce enrijeceu os músculos, na intenção de rejeitar aquela proximi­dade, mas foi instantaneamente punida. Chris inclinou a cabeça e em seus olhos negros havia uma estranha expressão.


— Desta vez eu lhe darei algo que a impedirá de fugir. É surpreen­dente como uma criança apazigua até mesmo a mais rebelde das mulheres!


—- Bravo! Desta vez você falou como um verdadeiro grego, meu amigo! — declarou Alexandros.


Finalmente Dulce conseguiu fugir para seu quarto, só que já não era mais sua única ocupante... Enquanto estava recebendo os convi­dados, alguém, provavelmente uma das criadas, havia transportado para lá as escovas e o estojo de toalete de Chris. Um roupão de seda azul-marinho estava colocado descuidadamente sobre a cama, ao lado de sua camisola. Dulce tentou respirar fundo, mas sentia um nó na garganta. Seus olhos ficaram marejados de lágrimas.


Lágrimas! Afinal de contas, por que chorava? Derramava lágrimas pela jovem inocente que confiara em Chris, refugiando-se em seus braços?


A porta se abriu e ela não se moveu. Seu olhar encontrou o de Chris, no espelho da penteadeira.


— Não vou partilhar este quarto com você, Chris — ela declarou, com uma calma que nascia do desespero. — E se me obrigar a isso, revelarei toda a verdade à sra. Colucci.


Chris aproximou-se, mas dessa vez não havia sensualidade em seu corpo esguio. Dulce deu um passo atrás, tensa, à espera de que ele a agarrasse, mas isso não aconteceu.


— Vamos ficar no mesmo quarto, Dulce. Não me sinto disposto a discutir, especialmente em se tratando de coisas fúteis, e no momento desejo apenas tomar um banho.


Ele começou a desabotoar a camisa e Dulce desviou rapidamente o olhar. Não desejava ver as linhas musculosas daquele corpo e não queria lembrar como se sentira ao ser possuída por ele um dia...


— Não faça isso! Não admito!


A voz irritada de Chris rompeu o silêncio.


— Nunca mais me dê as costas desse jeito, Dulce, caso contrário lhe darei bons motivos para você sentir nojo de mim! Já estou ficando cansado da sua atitude, pois você me encara como se eu tivesse saído do esgoto! Independentemente do que você sente agora, não se esqueça de que houve um tempo em que não conseguia esperar enquanto não fizéssemos amor!


— Não!


O protesto de Dulce foi instintivo, mas Chris não tomou conheci­mento dele, puxando-a de encontro a seu corpo.


O odor que se desprendia dele entrou pelas narinas de Dulce e sua carne começou a palpitar, tamanho o desejo que sentia. Tinha a impressão de que iria desmaiar e tentou repeli-lo, mas seu gesto foi desnecessário. Chris já a soltara, com uma expressão de desprezo, enquanto se dirigia para o banheiro e tirava a camisa.


— Você não somente é mentirosa, Dulce, como também muito covarde. Ao renegar o que aconteceu entre nós, dá as costas a uma das poucas experiências verdadeiras da vida, mas é a sua existência que se empobrece com isso, não a minha. No seu lugar, eu tomaria a atitude oposta, a menos que queira lembrar de coisas que talvez preferisse esquecer... mas que não esqueceu, não é mesmo, Dulce?


Mais abalada do que queria admitir, Dulce deu as costas para ele. Não queria ser traída por sua mente e recordar o passado, quando desejava aquele corpo elegante e musculoso como o de um atleta e sua pele que tinha a tonalidade do bronze antigo. Aos poucos foi recuperando a coragem.


Chris tentava intimidá-la, mas ela estava disposta a comprar a briga! É verdade que não havia imaginado ficar no mesmo quarto que ele, mas aquilo não seria por muito tempo! Era mais do que evidente que a sra. Colucci não aprovava o casamento de Belinda com seu filho, o que não era de surpreender, diante do comportamento da jovem. Deveria estar ansiosa por se retirar da ilha e Dulce estava decidida a partir em sua companhia.


Dulce esperou cessar o barulho do chuveiro e, pegando a camisola, passou por Chris, no momento em que ele abriu a porta do banheiro.


Ela obrigou-se a ignorar sua pele molhada, o cheiro perturbador de seu corpo e a toalha amarrada em torno da cintura, que mal ocultava o estômago musculoso coberto de pêlos negros. Dulce, cerrando os punhos, evitou seu olhar e, assim que trancou a porta do banheiro, começou a tremer...



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Autor(a): dullinylarebeldevondy

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CAPÍTULO V         Dulce constatou que o jantar tinha muito mais o caráter de uma tarefa do que de um encontro agradável. Havia ameaçado denunciar Chris para a sra. Colucci, mas sabia que era incapaz de fazer seme­lhante coisa. Agora via-se condenada a sentar-se em meio a seus convidados, espiando Belinda flerta ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 428



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  • jessikavon Postado em 12/11/2009 - 18:10:03

    Q mara...ansiosa por todas suas wn...simplesmente adoro todas...


    :)

  • jessikavon Postado em 12/11/2009 - 18:10:03

    Q mara...ansiosa por todas suas wn...simplesmente adoro todas...


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  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:43

    Amei sua web, foi perfeita.
    Parabéns!!!!!!!!!
    A acompanharei na próxima, beijos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:42

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  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:41

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  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:36

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