Fanfics Brasil - ♂♀ Ilha da perdição ღ≈๑ (DyC) [Terminada]

Fanfic: ♂♀ Ilha da perdição ღ≈๑ (DyC) [Terminada]


Capítulo: 5? Capítulo

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CAPÍTULO V


 


      Dulce constatou que o jantar tinha muito mais o caráter de uma tarefa do que de um encontro agradável. Havia ameaçado denunciar Chris para a sra. Colucci, mas sabia que era incapaz de fazer seme­lhante coisa. Agora via-se condenada a sentar-se em meio a seus convidados, espiando Belinda flertar abertamente com Chris, enquanto Alma Colucci olhava com ar de reprovação.


Dulce não sabia se a jovem agia assim para forçar a família Colucci a desistir da proposta de casamento, mas havia uma única palavra para descrever seu comportamento: não passava de uma provocação!


Ela se mostrava alternadamente grosseira e entediada quando alguém, que não Chris, lhe dirigia a palavra. Usava um vestido de seda vermelha, um pouco adulto demais, e se Chris não estivesse tão obcecado por ela certamente notaria o quanto Belinda se expunha aos comentários maledicentes. Dulce, com muita diplomacia, tentou atenuar a falta de modos da jovem, mas ela insistiu em continuar a se portar mal.


Chris parecia não enxergar o que acontecia. Conversava com Derrick, perguntando-lhe se gostava de trabalhar com seu pai, e Dulce entendeu por que Chris favorecia aquele casamento. Se tinha de perder Belinda para outro homem, por que não para aquele rapaz gentil e apagado? Sentiu uma pena enorme de Derrick e ficou indignada por ele.


Após o jantar foram para a sala de estar. A noite estava quente e as portas que davam para o pátio estavam abertas, para que o ar circulasse melhor. A sra. Colucci respirou fundo e cumprimentou Chris pela beleza e privacidade da ilha.


— É o lugar ideal para uma lua-de-mel — comentou, sorrindo para Dulce, e Belinda ficou imediatamente tensa.


— Vamos dar uma volta pelo jardim, Chris — pediu, dando-lhe o braço e olhando-o de uma tal maneira que o coração de Dulce ficou pequenino. Os convidados com toda certeza haveriam de notar o que estava acontecendo!


— Podíamos nadar! — prosseguiu Belinda. — Gosto de nadar à noite, sentir a água molhando a minha pele, no escuro...


Mesmo contra a vontade, Dulce imaginou Belinda e Chris nadando juntos. Ele a agarrava e a beijava, como havia beijado Dulce um dia, durante aquela apaixonada lua-de-mel... Ela estremeceu e não perce­beu que Chris a encarava.


— Você se esquece que temos convidados, Belinda — Chris observou com delicadeza. — Talvez Derrick queira dar uma volta pelo jardim com você.


Dulce tinha de admitir que ele era um excelente ator. Ninguém que o olhasse naquele momento teria a mais leve suspeita da verdadeira natureza de seu relacionamento com Belinda. Esta, por sua vez, era menos hábil. Assim que Chris mencionou a possibilidade de um passeio com Derrick, sua reação foi negativa. Dulce prendeu a respiração. Temia, mas ainda assim não sabia como evitar a cena que Belinda, com toda certeza, iria fazer. Para seu grande alívio a sra. Colucci a socorreu.


— Gostaria de passear pelo jardim, mesmo que Belinda não queira. Você irá comigo, Derrick, pois seu pai está esperando um telefonema de Atenas.


— Com efeito — disse Alexandros, desculpando-se. — Trata-se de um assunto que exigirá a nossa presença em Atenas mais cedo do que imaginávamos.


Dulce se deu conta de que o "assunto" era apenas produto da imaginação da sra. Colucci. Sem levar em consideração o que seu marido pudesse pensar a respeito, estava resolvida a não permitir que seu filho desposasse Belinda, e Dulce dificilmente poderia censu­rá-la. Isso significava que ela teria de agir rapidamente. Precisaria encontrar o passaporte e o lugar mais indicado para isso seria o escritório de Chris, situado em um anexo, afastado do corpo principal da casa. Se Chris não estivesse compartilhando seu quarto, ela poderia fazer uma busca no escritório depois que todos fossem dormir. Se deixasse aquilo para a manhã do dia seguinte, poderia ser tarde demais. O que faria?


— Você vem conosco, Dulce? — perguntou a sra. Colucci.


— Iremos todos, até mesmo Alexandros — declarou Chris, antes que ela pudesse dizer qualquer coisa. — Um dos criados virá chamar Alexandros, assim que telefonarem de Atenas. Algumas vezes acho que Eos é mais bela à noite que durante o dia. Envolvida pela escuridão, ela possui todo o fascínio de uma mulher vestida de seda. Sem o brilho ardente do sol, ficamos cegos ao encanto das trevas, tão misteriosas e fascinantes. A escuridão possui uma magia toda especial e a gente se vê forçado a usar outros sentidos que não a visão. O tato, por exemplo...


Dulce estremeceu, semi-hipnotizada por aquelas palavras e recordou o que sentira, quando ele tocava seu corpo, protegido pelo manto da escuridão; como suas inibições se haviam dissolvido e ela sentira-se livre para responder ao apelo ardente de seu sangue. Se ela e Chris fossem realmente amantes, se realmente quisessem um ao outro, como seria fastidiosa a presença de outras pessoas na ilha... Ambos esta­riam desejosos que seus convidados partissem, a .fim de que pudessem caminhar sozinhos pela escuridão, parando ocasionalmente a fim de se beijarem e talvez até mesmo fazerem amor sobre a relva, tendo apenas as estrelas como testemunhas da comunhão celebrada entre eles e o universo.


— Dulce, você está bem?


Aquela interrogação a trouxe de volta para a realidade. Todos haviam chegando à porta e subitamente ele percebeu que ali estava a desculpa para ir vasculhar o escritório de Chris sem ser percebida.


— Ê apenas uma ligeira dor de cabeça. Daqui a pouco melhoro, mas, se não se incomodarem, creio que vou me deitar durante alguns momentos.


— Oh, mas você deveria vir! — protestou a sra. Colucci. — O ar fresco lhe fará muito bem. Insista, Chris...


— Ora, Chris, será que teremos de esperar a noite inteira? Ela provavelmente está inventando esta dor de cabeça — explodiu Belinda, cheia de desprezo. — Não é o que as inglesas sempre dizem quando não querem fazer amor?


Fez-se uma pausa constrangedora e então a sra. Colucci manifestou-se.


— Com efeito, Chris, essa menina precisa de uma lição...


Dulce foi deixada em paz e Chris conduziu Belinda e seus convidados para o pátio.


O que Belinda estava tentando, afinal? Convencer Chris a mudar de idéia? Não estava satisfeita ou será que não conseguia suportar que alguém desse um filho a Chris, já que ela não podia fazê-lo? Bem, Belinda não precisava se preocupar. Se Dulce conseguisse encontrar o passaporte, no momento que os Colucci dessem sinal de que iriam partir, ela iria na companhia deles.


Dulce esperou durante dez minutos antes de sair rapidamente da sala de estar e dirigir-se ao escritório.


Nunca tinha estado lá e, como não desejava arriscar-se acendendo a luz, ficou contente ao perceber que o luar iluminava o escritório. As paredes, nuas e pintadas de branco, contrastavam com o assoalho muito polido, recoberto por um tapete oriental de cores variadas. Uma grande mesa dominava o escritório e uma parede inteira achava-se tomada por estantes.


O problema era saber por onde começar. Agora que se encontrava ali e mesmo sabendo que tinha o direito de recuperar o que lhe pertencia, sentiu uma inexplicável relutância em remexer nos documen­tos particulares de Chris.


Dulce acusou-se de estar agindo como uma tola e forçou-se a superar suas inibições, abrindo lentamente a primeira gaveta da mesa. Estava na mais perfeita ordem e continha fichas e documentos. Dulce examinou-os, dizendo a si mesma que não tinha a menor razão para sentir-se tão culpada.


A segunda gaveta revelou apenas um diário e um livro de endereços. Quanto tempo mais teria, antes que eles voltassem do passeio pelo jardim? Dulce ficou ansiosa e seu coração disparou. O suor escorria-lhe pela pele, enquanto ela fechou a gaveta e foi para o outro lado da mesa. Estava trancado! Girou nervosamente a maçaneta, sem acreditar no que acontecia e bateu com o pé no chão, num gesto de impaciência.


— Eu deveria ter imaginado!


— Sem dúvida, da mesma forma que eu imaginei que sua dor de cabeça não passava de fingimento — disse Chris com a mais profunda ironia, parado ao lado da porta, de braços cruzados. — Era isso o que você procurava?


Atravessou o escritório e destrancou a gaveta com uma chave que retirou do bolso, após o que exibiu o passaporte de Dulce.


— Por favor, entregue-me esse documento — suplicou Dulce, com voz trêmula.


— Só quando você me der o filho que eu quero. É uma troca justa, não lhe parece? Sua liberdade e, para mim, um filho...


— Você quer dizer nosso filho, não é mesmo? — explodiu Dulce, indignada. — Não pode me obrigar a fazer semelhante coisa, Chris! Não é humano! Como espera que eu carregue durante nove meses seu filho dentro de mim e depois o entregue calmamente a você, desaparecendo para sempre da sua vida? Até mesmo as mulheres que são pagas para isso pensam duas vezes. O amor materno é uma emoção fortíssima. Não creio que...


— Como? Não crê que a sua liberdade seja pagamento suficiente? O que mais tem em mente? Dinheiro? Jóias?


— Seu cafajeste!


As marcas impressas naquele rosto queimado de sol deixaram Dulce mais chocada do que a vítima de sua reação instintiva.


— Ficou contente? Está se sentindo melhor, depois de me es­bofetear?


— Apenas uma coisa me faria sentir melhor: ver-me livre de você e desta ilha.


— E é o que acontecerá, assim que me der meu filho.


— Nunca!


O desafio estava lançado e Dulce sentiu-se insuportavelmente tensa, com uma expressão de nervosa apreensão no olhar.


Qualquer outro homem teria sentido pena do estado em que ela se encontrava, mas Chris apenas sorriu com cinismo, enfiando as mãos por entre seus cabelos sedosos. Seu olhar penetrante como que a hipnotizava. Subitamente beijou-a com selvageria, mal disfarçando uma ira que parecia atingir o âmago de Dulce. Ela se via entregue a uma tempestade de emoções, que a impeliu a lutar contra a possessividade de Chris, o qual redobrava seus esforços.


Finalmente, como se estivesse cansado de tanta rebeldia, puniu a atitude de desafio de Dulce com lábios que torturavam, impedindo-a completamente de se mover. Ela, finalmente, descerrou os lábios e ele forçou um beijo que não admitia obstáculo algum.


Com as mãos ele afastou o tecido fino do vestido dela e apalpou-lhe os seios, acariciando a carne tenra e fresca, até que as últimas resistên­cias de Dulce foram por água abaixo. Ela abandonou-se, trêmula, perdida, entregue unicamente àquela onda selvagem de emoção que crescia cada vez mais.


— Você me deseja, Dulce. Não tente negar... Pare de dificultar as coisas para si mesma. Não é vergonha alguma você sentir o que sente... Nós dois nos queremos...


Dulce teve um momento de sensatez e, tomada por uma energia súbita, repeliu Chris.


— Já não sou mais uma adolescente romântica, Chris. Esses argu­mentos fáceis talvez tivessem funcionado um dia, mas agora não servem mais. O desejo talvez seja suficiente para você, mas está longe de significar alguma coisa para mim!


Deu-lhe as costas, disposta a se retirar, mas ele a impediu, obrigan­do-a a encará-lo.


— Nossos convidados voltaram do passeio. Pelo visto, Belinda parece não estar se dando muito bem com Derrick.


— E isso o surpreende? A sra. Colucci está muito preocupada com os dois, como é natural.


— E você, é claro, nem sequer tentou convencê-la do contrário... Como as pessoas de seu sexo gostam de magoar a si mesmas... Sei que você e Belinda tiveram muitas diferenças no passado, mas...


— Mas isso não tem nada a ver com o que eu sinto a respeito de Belinda. Chris, como é que você pode desejar semelhante casamento, quando o tempo todo... o tempo todo... — Era estranho, mas ela não conseguia pôr em palavras o relacionamento de Chris com sua irmã. — Bem, você sabe o que eu quero dizer. Sinto tanta pena do pobre Derrick!


— Ah, vocês estão aí! — A sra. Colucci surgiu diante deles, toda amável. — Devia ter vindo conosco, Dulce. Sem você, Chris não conseguiu apreciar muito o luar.


Dulce fez o possível para rir, juntamente com os outros, absurda­mente consciente da mão de Chris em seu pescoço. Sentiu um nó na garganta e seus olhos ardiam.


— Com licença, mas vou para a cama — ela murmurou, desvenci­lhando-se de Chris. No caminho cruzou com Belinda, que lhe lançou um olhar irônico e agressivo.


Foi um verdadeiro alívio chegar ao quarto, que, aliás, não era mais seu. A partir daquela noite o dividiria, juntamente com a cama, e Chris seria o outro ocupante.


Não conseguia conciliar o sono e nem fazer qualquer coisa que desse a Chris a oportunidade de sentir que ela não era receptiva à sua solicitação. Ainda que seu corpo desejasse o repouso, sua mente a mantinha desperta.


Eram duas horas da madrugada quando ela ouviu os passos de Chris se aproximando. Ele entrou no quarto sem vê-la, e, tirando o paletó com impaciência, jogou-o descuidadamente sobre a cama. De repente percebeu que Dulce não estava deitada, mas sentada em uma cadeira.


— Pelo amor de Deus, Dulce! — ele protestou, ao vê-la. — Chega de discussões, pelo menos hoje à noite. Alexandros acaba de me informar que a mulher dele não acha que Belinda seria uma boa esposa para Derrick. Foi um diálogo extremamente constrangedor para nós dois.


Dulce sentiu uma certa pena de Chris, mas disfarçou o mais que pôde.


— Ainda bem. Mesmo que os Colucci aceitassem a união, você jamais conseguiria convencer Belinda.


— Belinda não passa de uma criança e está sob minha tutela. Fará o que eu lhe disser.


— Mesmo que isso signifique ela casar com alguém a quem não ama?


— Aí está um assunto que você domina com muita competên­cia... Ainda não aprendeu, minha linda esposa, que jamais consegui­remos passar para os outros os resultados das nossas experiências amargas?


— Você está bêbado! — acusou Dulce, sentindo subitamente o hálito forte de Chris.


— Estive bebendo — ele corrigiu, desabotoando a camisa de seda azul. — Não estou bêbado, porém. Existe uma diferença. Pelo amor de Deus, não me olhe desse jeito. Até parece que tem o diabo pela frente! Sou um homem como qualquer outro, com as mesmas necessi­dades e desejos. Gosto de sentir o calor do sol no meu corpo e a carícia do mar; gosto de comer, beber e fazer amor. Quero segurar meu filho nos meus braços...


De repente as paredes daquele quarto pareciam sufocá-la e Dulce não conseguia respirar mais.


— Vou... vou dar um passeio... Preciso de um pouco de ar fresco. Eu...


Estava completamente despreparada para a selvageria com que Chris apossou-se dela. Seus olhos cinza fuzilavam e, naquele momento, ele era a própria imagem da fúria.


— O que você está tentando me dizer? Que não suporta sequer respirar o mesmo ar que eu, pois está contaminado? Basta! Você é minha mulher, Dulce, e haverá de me dar um filho. Se eu quiser possuí-la, estarei nos meus direitos, de acordo com a lei grega!


— Mas o que o está impedindo? — retrucou Dulce, esquecendo seu propósito de não despertar a cólera daquele homem. — Por que hesita em me possuir contra a minha vontade, quando praticamente me raptou, obrigando-me a viver nesta ilha a seu lado? Ou será que o seu orgulho fica ferido, quando você pensa que é preciso forçar uma mulher, a fim de que ela aceite as suas carícias? É isso que está acontecendo, Chris? Receia que eu ponha um ponto final na sua vaidade, que o levava a acreditar que eu me entregaria facilmente a você?


— Você já se entregou antes e se mostrou plena de desejo... As coisas entre nós poderiam voltar a ser como antes, Dulce...


Chris estendeu o braço e tocou-a, deixando-a toda arrepiada.


— Tire a mão de mim!


— Sua hipócrita! Você me quis um dia e eu posso obrigá-la a me querer novamente.


— Fisicamente talvez — concordou Dulce, admirada consigo mesma por conseguir manter o controle exterior. — No entanto, entre duas pessoas deve existir muito mais do que uma simples atração física. Chris, o que você está fazendo? — indagou, ao ver que ele abotoava a camisa.


— Agora quem está precisando de ar fresco sou eu — disse ele com ironia. — Chega de pieguice. Tudo isso me deixa profundamente entediado. Durma. Não precisa esperar por mim.


Para onde ele ia?, perguntou-se Dulce, enquanto a porta se fechava. Procuraria Belinda?


Chris só voltou de manhãzinha, saindo novamente quando o sol penetrou através das janelas e despertou Dulce. Apenas o travesseiro amarrotado a seu lado provava que ela não havia dormido sozinha. Lembrou-se de outras manhãs, quando acordava e ele estava a seu lado. Um suspiro aflorou a seus lábios, seguido por uma intensa sensação de perda. Dulce procurou se dominar e, após o banho, vestiu-se.


Gina comunicou-lhe que o café da manhã estava sendo servido no pátio e Dulce tomava a segunda xícara de café quando a família Colucci chegou.


— Não sei se é o ar marítimo ou a ausência de tráfego, mas eu dormi excepcionalmente bem — comentou a sra. Colucci. — Que sorte você tem de morar nesta ilha tão bela, minha querida!


— Que sorte ela tem de possuir um marido suficientemente rico para se permitir tamanho luxo! — disse Alexandros, brincando.


Pelo visto, todos haviam chegado a um acordo e os Colucci permaneceriam em Eos por mais um dia. Dulce desconfiou que aquilo destinava-se unicamente a manter as aparências. Belinda não apareceu e Derrick ficou muito mais animado ao constatar sua ausência. Antes que os Colucci partissem, Dulce precisava apoderar-se de seu passa­porte e subir a bordo do iate deles, sem que Chris percebesse o que ela estava fazendo.


Após o café, Derrick, timidamente, perguntou-lhe se ela sabia onde estavam localizadas as melhores praias da ilha. Ele preferia banhar-se no mar a usar a piscina. Como a sra. Colucci não se mostrasse muito animada e como o sr. Colucci precisava discutir alguns assuntos com Chris, Dulce ofereceu-se para acompanhar o rapaz até a praia.


A governanta, Katina, deu-lhes instruções de como encontrar uma praia pequena e escondida e eles partiram logo após o café no jipe de Chris, levando uma cesta com sanduíches e bebidas.


— Derrick, não se esqueça de que vamos embora no fim da tarde! — avisou a sra. Colucci na hora da partida.


Dulce não havia estado com Chris ou Belinda desde que se levantara. Será que ele comunicara à irmã que não a forçaria a se casar contra sua vontade?


A praia estava situada do outro lado da ilha, rodeada por rochedos. A fim de chegar até ela tiveram de estacionar o jipe e descer por um caminho estreito aberto na rocha. Derrick ia na frente, parando o tempo todo para ajudar Dulce. Carregava o cesto com uma das mãos e as toalhas com a outra e ela ficou sensibilizada com a gentileza do rapaz.


— Não sou tão velha e decrépita a ponto de não poder descer alguns degraus — disse ela, brincando.


Derrick já havia chegado à praia e a ajudava a descer os últimos degraus. Seus grandes olhos castanhos estavam cheios de admiração, enquanto examinava as curvas do corpo de Dulce.


— Nem diga semelhante coisa! A senhora não é absolutamente velha. É bonita... muito bonita... Chris é um homem de sorte.


— Pare de me lisonjear! Afinal de contas, viemos aqui para nadar!


Dulce não sentiu a menor inibição em tirar o short e a camiseta diante de Derrick. Usava um biquíni e entrou no mar. A água estava uma delícia e ela chamou Derrick que, com algumas braçadas, estava a seu lado.


— Você tem razão, Derrick! Isto aqui está muito, mas muito melhor do que a piscina!


Dulce flutuou de costas, enquanto Derrick nadava até uma pedra, a alguns metros de distância. Ela fechou os olhos e deixou seu corpo balouçar, abandonando-se inteiramente à preguiça.


Subitamente algumas gotas de água caíram sobre o rosto de Dulce e ela abriu os olhos. Derrick era o autor da brincadeira e sorria maliciosamente.


— Está na hora do almoço — informou Dulce. — Vamos ver quem chega primeiro à praia?


Mesmo com a vantagem que Derrick lhe deu, ela sentiu dificuldades em acompanhá-lo. O rapaz nadava muito bem, exatamente como Chris. Chris! Era como se uma nuvem tivesse ocultado o Sol e ela lembrou-se de seu sombrio destino.


Enquanto almoçavam fez perguntas discretas a Derrick, relativas ao iate. Tinha a esperança de descobrir o melhor lugar para se esconder, até que estivessem bem distantes da ilha.


Havia uma meia dúzia de cabinas, quatro na proa e duas na popa. Estas últimas eram as mais confortáveis, mas estavam sendo redecoradas e ninguém as usava.


Enquanto conversavam Dulce não parava de pensar. Se conseguisse apoderar-se do passaporte e descobrir um jeito de introduzir-se no iate sem ser vista... Havia desistido do pretexto de ir fazer compras em Atenas, pois tinha certeza de que Chris encontraria meios de impedi-la de embarcar. Era perfeitamente possível esconder-se em uma das cabinas até chegarem a Atenas, mas ainda sentia escrúpulos em envolver outras pessoas em seus assuntos ou em confiar a alguém, por mais simpático que fosse, os verdadeiros motivos que haviam levado Chris a conduzi-la até a ilha.


Após o almoço Dulce tomou um pouco de sol, enquanto Derrick explorava a praia. Mais tarde voltaram a nadar juntos, secando-se ao sol antes de regressar. O rapaz era um companheiro agradável, pensou Dulce, enquanto ele sugeria que ela talvez quisesse ficar sozinha na praia, a fim de trocar de roupa.


— O meu biquíni secou. Colocarei o short e a camiseta por cima.


Dulce levantou-se e nesse momento pisou numa concha machu­cando o pé, o que a fez perder o equilíbrio. Estendeu a mão instintiva­mente para Derrick, que lhe deu apoio. Ele ajoelhou-se para examinar o corte e nenhuma dos dois percebeu aquela figura alta e atlética que os espiava.


— Ainda bem que o corte foi superficial! — exclamou Dulce, tentando caminhar e se desvencilhando de Derrick — Eu devia ter tomado mais cuidado.


Garantiu a Derrick que estava muito bem e seguiu-o até o jipe. Não havia ninguém no pátio quando chegaram à casa. Todos se encontra­vam na sala de estar, tomando drinques, informou uma criada.


Dulce estava debaixo do chuveiro quando ouviu a porta do quarto se abrir. Apanhou instintivamente a toalha, mas deteve-se assim que viu Chris aproximar-se dela, com a raiva estampada no rosto.


— O que está tentando fazer? Lavar as carícias do seu amante? Eu vi os dois. Não perca tempo mentindo para mim. Não é de admirar que você não queira que Belinda se case com ele!


— Chris, você...


A toalha caiu e ela inclinou-se para apanhá-la. Ficou pro­fundamente ruborizada ao notar que o olhar de Chris percorria sensualmente seu corpo, demorando-se nos seios e no ventre liso e alvo.


— Você tem muita sorte. Os meus deveres para com meus hóspedes me impedem de puni-la, como um grego pune sua mulher diante de um comportamento como o seu. Lembre-se de que hoje à noite os nossos convidados partirão e ficaremos a sós.


Chris disse aquilo com tamanho contentamento que Dulce só conse­guiu começar a se vestir decorridos alguns segundos depois que ele saiu do quarto.


Dulce estava pintando os olhos quando Belinda entrou, sem ao menos ter a consideração de bater na porta.


— Quero falar com Chris — disse com a insolência de sempre. — Onde é que ele está?


— Não sei — replicou Dulce com absoluta calma, recusando-se a se deixar ofender pelo comportamento grosseiro da jovem.


— Como é que você pode ficar aqui, sabendo que ele não a quer? A única coisa que ele deseja é a criança que gerará em você.


— E o que posso fazer? Por um lado, preciso do meu passaporte, e por outro...


Belinda impediu-a de prosseguir.


— Quer dizer que irá embora, se tiver o passaporte nas mãos? Mas como?


— Darei um jeito.


Dulce desconfiava demais de Belinda para lhe contar a verdade, a despeito de saber que ela desejava ardentemente sua partida. Achava que a garota era perfeitamente capaz de comunicar a Chris seus planos.


— Você iria embora mesmo?


— Imediatamente!


Belinda caminhou para a porta com ar decidido.


— O que está fazendo?


— Vou pegar o seu passaporte. Deve estar trancado na gaveta da escrivaninha de Chris e eu sei onde ele guarda a duplicata da chave. Se eu o der a você, promete que partirá e nunca mais voltará?


Dulce concordou. Pobre Belinda. De certa maneira ainda era uma criança, cuja adolescência fora tragicamente prejudicada por seu rela­cionamento com Chris, tão maduro e, de vez em quando, tão infantil.


— Eu lhe entregarei o passaporte após o jantar. Encontre-se comigo na beira da piscina.


Durante o jantar Belinda mostrava-se tão diferente da criatura entediada da véspera que Dulce não se surpreendeu nem um pouco ao notar que Chris a observava. O que será que aquele homem enérgico pensava? Ele era suficientemente voluntarioso para obrigar a garota que o amava e a quem amava, a contrair um casamento indesejável, apenas para poder ter um filho com a mulher a quem desposara, com o mero intuito de esconder aquela relação incestuosa...


— Você precisa nos visitar em Atenas, Dulce — dizia a sra. Colucci. — Iremos fazer compras juntas. Chris, dê um jeito. Leve-a com você na próxima vez que for a negócios à capital.


— Só irei a Atenas dentro de uns três meses e até lá minha mulher talvez não se sinta em condições de viajar por mar ou ar...


— Mas sempre vamos a Atenas no outono! — reclamou Belinda.


— Pois este ano será uma exceção. Claro que se quiser ir, Belinda, posso providenciar para você ficar com algum amigo nosso.


Será que aquele homem não tinha piedade ou compaixão?, inda­gou-se Dulce, olhando o rosto pálido de Belinda. Será que ele não percebia o efeito que suas palavras provocavam sobre ela?


A sra. Colucci sem dúvida percebeu o abatimento de Belinda, pois quando se viu a sós com Dulce não pôde deixar de fazer uma confidência.


— Minha cara, isso não me diz absolutamente respeito, mas Belinda se encontra por demais envolvida com Chris, no plano emocional. Se quer o meu conselho, o que ela precisa é passar alguns meses em Atenas, sob o controle rígido de alguma senhora responsável.


Os Colucci partiriam às dez e haviam jantado mais cedo, a fim de não atrasarem o embarque. Dulce devia encontrar-se com Belinda às nove e quando se aproximava do ponto de encontro receou que ela não viesse. Esperou durante dez minutos e estava a ponto de desistir quando a jovem apareceu subitamente a seu lado, com o passaporte na mão.


— Aqui está — disse, entregando-o a Dulce. — Eu cumpri a minha parte do acordo e agora cabe a você fazer o mesmo. Caso contrário se arrependerá de ter nascido! Chris ama a mim e não a você. Entendeu?


Antes que Dulce pudesse dizer qualquer coisa, ela desapareceu na escuridão.


Dulce abaixou os olhos lentamente. Sim, era seu passaporte! Agora só lhe restava ir até o iate e esconder-se, sem que ninguém notasse sua ausência. Era uma tarefa e tanto, mas menos árdua do que aquela que já cumprira!



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Autor(a): dullinylarebeldevondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 428



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  • jessikavon Postado em 12/11/2009 - 18:10:03

    Q mara...ansiosa por todas suas wn...simplesmente adoro todas...


    :)

  • jessikavon Postado em 12/11/2009 - 18:10:03

    Q mara...ansiosa por todas suas wn...simplesmente adoro todas...


    :)

  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:43

    Amei sua web, foi perfeita.
    Parabéns!!!!!!!!!
    A acompanharei na próxima, beijos!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:42

    Amei sua web, foi perfeita.
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  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:42

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  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:42

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  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:41

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  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:41

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  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:41

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  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:36

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