Fanfics Brasil - ♂♀ Ilha da perdição ღ≈๑ (DyC) [Terminada]

Fanfic: ♂♀ Ilha da perdição ღ≈๑ (DyC) [Terminada]


Capítulo: 9? Capítulo

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Capitulo IX


 


  Assim que acabou de vestir o jeans e uma blusa, Dulce convenceu-se de que havia prestado excessiva atenção à preocupação de Chris. Precisava parar de atormentar-se, imaginando coisas, mas ainda assim arrependia-se por não ter conversado com ele a respeito de Belinda, quando a oportunidade se apresentou. Somente um ser completamente insensível escolheria aquele momento para indagar sobre suas futuras intenções, mas ela bem que gostaria que tudo estivesse acertado entre os dois, antes de voltarem para Eos.

Encontrou Chris ao lado do capitão. Ele a recebeu com um breve sorriso, segurando-a a fim de que ela não perdesse o equilíbrio, pois o iate adernou subitamente.


A temperatura havia caído e o vento soprava com força, desman­chando os cabelos de Dulce.


— Se tivermos sorte, conseguiremos evitar o pior da tempestade, pois tracei um roteiro — informou o capitão.


— Dulce, acho melhor você descer para a cabina. Lá pelo menos estará abrigada e não se molhará. Ficarei ao lado do capitão.


Ela obedeceu, mas o tempo parecia se arrastar. Tentou ler um livro sobre mitologia grega, que encontrou em uma das estantes, mas não conseguia se concentrar de modo algum. Várias vezes teve ímpetos de subir até o convés e indagar de Chris quais eram suas futuras intenções em relação a Belinda, mas o orgulho a impedia de fazê-lo.


A maçaneta da porta girou e seu sorriso morreu na mesma hora, ao ver um dos marinheiros entrar com uma xícara de café. Dulce agradeceu e voltou a sentar. Gostaria muito de ir ao encontro de Chris, mas, ao olhar pela portinhola, notou o quanto o mar estava bravio e achou mais sensato permanecer onde se encontrava.


Quatro horas depois de terem deixado Ios aproximavam-se do pequeno porto de Eos. Chris desceu até a cabina, avisando Dulce da chegada iminente.


— Peter está à nossa espera, ao lado do jipe. Ele a levará até em casa e...


— Quer dizer que ainda não a encontraram?


Chris fez que não.


— Chris... Deixe-me ir com você! Por favor!


— É perigoso demais! Você não conhece a ilha. Pelo amor de Deus, não me olhe desse jeito! Tente compreender, Dulce.


Ela deu as costas, para que Chris não pudesse ver seus olhos cheios de lágrimas. Encarou aquela recusa como uma rejeição, em favor de Belinda, mas o bom senso preveniu-a de que a atitude mais egoísta que poderia tomar naquele momento era entregar-se às emoções. O amor que sentia por Chris pairava acima dos temores e dos ciúmes e ela, engolindo em seco, forçou um sorriso.


—- Assim é que eu gosto!


Chris beijou-a rapidamente e partiu em direção ao alojamento dos tripulantes. Voltou somente quando estava a ponto de atracar, abri­gado em uma capa de chuva. Parecia bastante controlado e dava ordens ao capitão.


— Disse-lhe que levasse o iate para o porto do Pireu — explicou a Dulce, após desembarcarem. — O porto aqui não é suficientemente abrigado para oferecer segurança durante uma tempestade.


Chris praguejou, pois a chuva molhou seus rostos e Dulce estre­meceu de frio. Estava ensopada, mas resolvera controlar-se, pois não queria de forma alguma dar a impressão de que estava tentando impedir Chris de ir ao encontro de Belinda. Ele a ajudou a subir no jipe em silêncio, acomodando-se a seu lado. Durante o percurso interrogou Peter, ouvindo atentamente enquanto o rapaz o informava sobre as tentativas de se localizar Belinda.


— Você disse que ela caminhava em direção aos penhascos, quando Bracamontes a avistou?


— Sim, mas não se encontra lá. Procuramos em todos os lugares, inclusive na praia.


Assim que entraram em casa Dulce mal teve tempo de notar a preocupação estampada no rosto da governanta e de Gina. Tremia tanto que mal tinha forças para andar. Chris tomou-a nos braços e transportou-a para o quarto, deitando-a na cama. Dulce abriu a boca, com a intenção de lhe dizer que ele não devia se atrasar por causa dela, mas Chris silenciou-a, tirando sua blusa e o jeans, ambos enchar­cados, e enrolando-a na toalha que havia trazido do banheiro. Logo em seguida esfregou-a inteira, tentando aquecer seu corpo enregelado.


— Cristos! Minha pobre Dulce! Esqueci que você não tem nada quente para usar.


Dulce não conseguiu dizer nada. O toque de Chris fazia muito mais do que trazer calor a seus membros enregelados. Lembrava-lhe, de maneira quase insuportável, o desejo que explodira entre os dois c, para sua grande consternação, ela sentia seu corpo reagindo àquele toque. Chris percebeu o que acontecia, pois deteve-se subitamente.


— Dulce... — ele murmurou, beijando-a, sem conseguir se controlar. — Cristos, preciso ir embora... Preciso, sim, Dulce... Deus sabe que eu daria tudo para ficar a seu lado, mas...


Chris retirou-se e ela não ousou suplicar-lhe para ficar.


Dulce tinha acabado de sair do banho quando ouviu barulho no quarto. Enfiou o roupão e deparou com Gina, que colocava sobre a mesa uma bandeja contendo um prato de sopa e torradas.


— O patrão disse que a senhora precisa se alimentar — explicou a criada, fechando as cortinas. — A ventania está terrível. Eu bem que disse à srta. Belinda que não valia a pena sair, mas ela recusou-se a ouvir. O vento afeta algumas pessoas e elas não são capazes de resistir ao seu chamado. Alguns dizem que o vento é a voz das Fúrias, atraindo para a morte aqueles que se mostram suficientemente tolos para ouvi-la.


— Que bobagem! — Dulce mal conseguiu controlar a irritação. Gina era uma moça simples e sem dúvida tinha crescido ouvindo aquelas lendas. — Desculpe, Gina. O vento deve estar afetando a mim também.


— A senhora não precisa se preocupar, pois nada lhe acontecerá.


Dulce custou para dormir, mas finalmente conseguiu conciliar o sono. Ouviu vozes no corredor e acordou, lembrando-se no mesmo instante do que tinha acontecido. Olhou para o travesseiro ao lado, mas Chris obviamente não havia dormido lá. O medo a invadiu e sua boca ficou seca, tamanha a apreensão que sentia. Jogou as cober­tas de lado e correu até a porta.


Peter encontrava-se no corredor, conversando com Gina, e a expressão deles indicava que algo de grave acontecia.


— Meu marido! O que foi que...


— O senhor está bem — tranquilizou-a Peter —, mas a srta. Belinda...


— Ainda não a encontraram?


— Encontraram, sim, mas não está muito bem. Foi localizada em uma pequena gruta no penhasco, pois o mar a prendeu lá. O senhor desceu até a gruta, por meio de uma corda, e ficou com ela até os nossos homens os tirarem de lá.


— E onde é que ele está agora? — perguntou Dulce, sentindo um alívio indescritível ao ouvir a voz de Chris, que vinha do hall.


Dulce saiu correndo até a escada e surpreendeu Chris carregando Belinda nos braços. Estava muito pálido e parecia exausto. Levantou os olhos e contemplou-a. Durante alguns segundos Dulce seria capaz de jurar que viu ternura e amor em seu olhar. Ele deu um passo adiante e Belinda ergueu a cabeça.


Ela também estava profundamente pálida e havia uma expressão de amargura em seu olhar. Seus cabelos molhados grudavam no rosto e no pescoço.


— Dulce...


Antes que Chris pudesse prosseguir, Belinda gritou, angustiada.


— Não... Não, Chris, por favor, não me deixe! Por favor, não me deixe! — Ela tremia dos pés à cabeça e abraçou-o, desesperada. Sua saia e blusa estavam sujas e rasgadas e, em alguns pontos, a pele estava muito arranhada.


— Está bem, menina, eu não vou a lugar nenhum... Dulce, providencie roupas para vocês duas o mais rápido possível. Belinda está em estado de choque e quero levá-la já para Atenas. O helicóptero já está esperando. Você demora muito?


— Cinco minutos — prometeu Dulce, recusando-se a pensar no ódio que surpreendeu no olhar de Belinda, quando se encararam.


Decidiu guardar as perguntas para mais tarde, quando Chris esti­vesse repousado e Belinda fosse medicada.


Dulce cumpriu sua palavra e dentro de cinco minutos estava de volta, usando jeans e uma blusa de flanela, com uma maleta na mão.


Peter encontrava-se à sua espera. Chris e Belinda já estavam no helicóptero e quando Dulce entrou no aparelho ele se encontrava sentado no banco do piloto. Belinda, aparentemente adormecida, estava reclinada em duas cadeiras.


— Fique de olho nela, sim? — pediu Chris. — Eu lhe dei uma injeção tranqüilizante, seguindo as instruções do dr. Livanos, a quem telefonei. Os efeitos durarão até chegarmos ao hospital.


— O que foi que aconteceu? — perguntou Dulce dez minutos mais tarde, quando já haviam decolado. — Peter disse que você encontrou Belinda numa gruta.


— Exatamente.


Ele não deu outras informações, concentrando-se em dirigir o helicóptero.


— Mas como foi que ela chegou até lá?


— Não tenho a menor idéia — disse Chris bruscamente. — Uma vez que a localizei, a minha única preocupação era salvá-la. Jamais a teríamos localizado se Peter não tivesse descoberto o seu suéter enroscado num arbusto, lá nos penhascos. Chegaremos em Atenas dentro de uma hora. Eu a conduzirei diretamente ao apartamento e então levarei Belinda para o hospital.


Prosseguiram a viagem em silêncio e um dos empregados de Chris estava à espera deles no aeroporto. Cumprindo sua promessa, Chris primeiro levou Dulce até o apartamento em que tinham passado os breves meses de seu casamento.


Ao vê-lo, voltaram recordações que ela preferia não ter ressuscitado e percorreu todos os quartos, enquanto aguardava a volta de Chris, tentando não recordar aquele dia fatídico em que Belinda lhe revelou a verdadeira natureza de seu relacionamento com o irmão.


Já era bem tarde quando Chris voltou. O dr. Livanos havia deci­dido que Belinda dormiria no hospital aquela noite, por uma questão de segurança.


— Não entendo o que a levou a sair com um tempo daqueles — comentou Dulce, intrigada. Estavam na sala de estar e Chris, com um copo de uísque na mão, não disfarçava a preocupação que sentia. — Não creio que andar seja um dos passatempos favoritos de Belinda. Ao contrário, creio que ela não gosta nem um pouco.


— E você acha que isso tem muita importância?


Chris abriu os olhos e havia uma certa dose de agressividade em sua pergunta, o que deixou Dulce muito pouco à vontade.


— De fato, não. Era apenas curiosidade. Chris... — O instinto a prevenia que aquele não era o momento apropriado para se dis­cutir o futuro, mas ela tinha de saber a verdade. — Chris, sei que você quer que fiquemos juntos, que proporcionemos uma vida estável aos filhos que teremos, mas eu tenho de lhe perguntar algo...


Seu pedido foi acolhido com o mais completo silêncio. Chris tornara a fechar os olhos, sem a menor reação.


— Sei que não é a ocasião de abordar este assunto, mas preciso saber... O que você pretende fazer em relação a Belinda?


Prosseguia o mesmo silêncio enervante! Dulce forçou-se a olhar para Chris e, de repente, ele largou o copo, que caiu no chão.


— Chris!


Dulce aproximou-se rapidamente e a preocupação deu lugar a uma grande irritação. Chris simplesmente tinha dormido! Ao contem­plá-lo, foi tomada por indizível ternura. Não lhe importava mais se ele tinha ou não ouvido sua pergunta. A única coisa que contava naquele momento era o amor irresistível que sentia por aquele homem.


Ela o acomodou no sofá o melhor que pôde e deu ordens aos empregados para não perturbá-lo. Cobriu-o com um acolchoado leve, apagou as luzes e fechou a porta.


O telefone tocou várias vezes e uma das chamadas era de Peter, da ilha. Dulce assegurou-lhe que estava tudo sob controle. Vários amigos de Chris queriam saber da saúde de Belinda. Era incrível como as notícias corriam rápido! Por volta das nove horas a sra. Colucci telefonou, porém, mostrava-se mais preocupada com Chris do que com sua irmã.


— Pelo que vejo você não seguiu o meu conselho, Dulce. Livre-se dela, minha cara, pois acabará descobrindo que está alimentando uma serpente em seu seio.


"Ah, se isso fosse possível", pensou Dulce. Como seria bom ter uma fada madrinha, que a tocasse com sua varinha mágica e pusesse tudo em ordem!


Por volta das dez Dulce foi até a sala de estar a fim de dar uma espiada em Chris. Aproximou-se e logo constatou que ele já estava acordado.


— Mas o que estou fazendo, deitado aqui?


— Você é quem sabe. Julguei que estivesse exausto.


— Hum, achei que você quisesse tirar vantagens de um homem indefeso!


— Não é verdade! Você parecia estar tão cansado...


— Sim, cansado demais para levantar e ir para o quarto. Cansado demais até mesmo para me despir. Quer fazê-lo por mim?


Dulce tentou controlar-se, mas não conseguiu, tremia intensamente enquanto Chris beijava seu pescoço e a puxava para junto de si.


— E então? Vai ter pena de mim e me ajudar, como uma esposa dedicada?


— Creio que sim.


Ela procurou manter a voz neutra e tentou imitar o autocontrole de Chris, hesitando de propósito antes de começar a desabotoar a camisa dele. Todo fingimento foi deixado de lado no momento em que Chris tomou-a nos braços, com a voz carregada de desejo. — Dulce, como eu te quero...


Depois disso ela não se controlou mais. Dulce esqueceu onde estavam, o que tinha acontecido, tudo enfim, a não ser o calor do corpo de Chris, sua proximidade e o calor abrasador de sua boca que se colava à dela. Sentiu-se perdida, afogada em um poço sem fundo, onde o prazer reinava soberano.


— Chris!


Aquela voz tão conhecida deixou-a profundamente chocada. Chris praguejou, apressando-se em cobri-la com o acolchoado. Ela sentou-se e seus olhos se arregalaram, mal acreditando no que viam. Belinda estava junto à porta, pálida, ciente de que havia interrompido algo.


— Chris, como pode fazer semelhante coisa? Como pode estar com ela, quando eu tanto necessito de você?


— Pelo amor de Deus, Belinda... — Ela deu as costas e saiu.


— Belinda, espere!


Dulce ficou parada como uma estátua de mármore, enquanto Chris vestia a calça e a camisa. Ouviu a porta de um quarto bater com estrondo e imaginou que fosse Belinda. Não conseguia atinar o que ela estava fazendo fora do hospital. Desejava ouvir a voz de Chris, esperando que ele lhe dirigisse algumas palavras de ternura e recon­forto. Sentia-se ridícula, como se tivesse sido surpreendida fazendo amor com o marido de outra mulher. A súbita aparição de Belinda provocou-lhe uma tensão interior, que só poderia ser desmanchada se Chris a tomasse nos braços. Essa proteção, entretanto, não lhe foi oferecida. Em vez disso, Chris calçou os sapatos e saiu rapida­mente. Com que objetivo? Tranqüilizar Belinda, assegurando-lhe que aquilo que ela presenciara não significava absolutamente nada?


Ela já estava na cama quando Chris surgiu no quarto, uma hora mais tarde.


— Belinda agora está bem? — ela indagou, procurando mostrar-se calma e despreocupada.


— Ao que parece, sim. Saiu do hospital por sua livre e espon­tânea vontade. Estava à beira da histeria e, em vez de forçá-la a voltar, telefonei ao dr. Livanos e ele permitiu que ela ficasse aqui. Como estou cansado...


— Chris, precisamos conversar a respeito de um assunto... Belinda...


— Pelo amor de Deus, agora não. Conversaremos amanhã. Agora a única coisa que eu quero fazer é dormir.


E foi exatamente o que ele fez. Dulce permaneceu a seu lado, tensa. Não podia passar o resto da vida ignorando sua própria insegurança e seus temores. Passaram-se muitas horas antes que ela conseguisse conciliar o sono.


Assim que acordou, levou alguns segundos para perceber que estava sozinha. Tão logo seus olhos se acostumaram à escuridão, percebeu que Chris jogara as cobertas de lado e se retirara. Dulce consultou o relógio. Eram três horas da madrugada. Um temor absurdo a fez saltar da cama e sair corredor afora. Uma réstia de luz passava pela porta do quarto de Belinda e ela conseguiu ouvir o som de vozes abafadas. Trêmula, girou a maçaneta e abriu a porta.


Belinda encontrava-se nos braços de Chris e as curvas voluptuosas de seu corpo eram plenamente visíveis à luz suave do abajur. Chris estava sentado na cama dela e de costas para a porta.


Dulce sentiu um terrível mal-estar e apoiou-se na porta para não cair.


— Prometa que sempre me amará, Chris! — dizia Belinda apaixo­nadamente. — Prometa-me que a mandará embora. Não suportarei a situação, se isso não acontecer. Quero que tudo volte a ser como antes entre nós dois.


Dulce não conseguiu distinguir a resposta de Chris e Belinda apertou o corpo de encontro ao dele, beijando-o no rosto. Retirou-se imedia­tamente e, cambaleando, conseguiu chegar até o quarto.


Que estúpida havia sido! Belinda já lhe dissera por que Chris a queria de volta; para ter um filho. Ela, no entanto, recusara-se a acreditar, havia alimentado ilusões românticas e não podia culpar ninguém por isso. Chris não regressou e, quando o sol começou a raiar, Dulce reconheceu finalmente que tinha perdido. A despeito do grau de desejo que Chris sentia por ela, não estava preparado para desistir de Belinda. Teria ela coragem para suportar a situação, ano após ano, vendo seus filhos crescerem à sombra daquele relacio­namento absurdo, esperando que Belinda os destruísse, como já havia destruído aquela criança que não chegara a nascer? Dulce sabia a resposta.


Chris havia tornado tudo mais fácil para ela. Encontrava-se toman­do o café da manhã na saleta quando Dulce entrou. Ele estava com os cabelos úmidos, como quem tivesse acabado de tomar banho, e usava terno e gravata.


— Tenho de tratar de negócios e vou ficar fora a maior parte do dia. Você queria falar comigo ontem à noite. Essa conversa pode esperar?


— Receio que não... Sinto muito, Chris, mas decidi que não posso ficar com você. Sim, sei muito bem do que estarei desistindo, mas compreendo perfeitamente que não posso contemporizar. Não vejo que as coisas possam dar certo entre nós, na ausência do amor. Refiro-me ao amor verdadeiro, não apenas à paixão ou ao desejo. Não acho também que seria justo sujeitar os nossos filhos ao tipo de relacionamento que teríamos.


Chris permaneceu em silêncio durante alguns instantes e encarou-a de frente.


— Se é assim que você se sente...


— É, sim. E não mudarei de idéia, quaisquer que sejam as cir­cunstâncias.


— Muito bem. Não vejo o menor sentido em prolongarmos o assunto. Vou indagar o horário do próximo vôo para Londres e reservar um lugar para você. Conseguir um divórcio será complicado pelo fato de que, para todos os fins, nós nos "reconciliamos" nessas últimas semanas. No entanto, prometo que você ficará inteiramente livre, assim que tudo se resolva.


"Livre!" Dulce mordeu os lábios e sentiu-se tentada a jogar-se nos braços dele, suplicando para ficar a seu lado e arcar com as conseqüências. Ela, porém, controlou-se e não sabia se ficava triste ou alegre quando ele se levantou, indicando que a conversa havia che­gado ao fim e que a decisão estava tomada!


Dulce encontrava-se no quarto, pondo nas malas apenas o essencial, quando Belinda entrou. Estava pálida, porém triunfante, e foi logo dizendo o que pensava.


— Quer dizer, então, que você vai embora! Já era tempo! Talvez Chris a desejasse, mas é a mim que ele ama. Sempre estarei em pri­meiro lugar. Ele passou a noite inteira comigo e abandonou os seus braços gelados pelo calor de minha cama. Eu posso lhe dar aquilo que você jamais poderá. Posso compreendê-lo. Nas nossas veias corre o mesmo sangue. Claro que você fica ofendida, quando me refiro ao nosso relacionamento, não é mesmo? Chris, entretanto, não pensa assim. Basta lhe perguntar!


Restava apenas uma pequena tarefa a cumprir, e Dulce cuidou de dar conta dela, antes de sair do quarto. Pegou as pérolas que Chris lhe havia dado e colocou-as na gaveta da penteadeira, com os olhos cheios de lágrimas, ao lembrar da alegria que havia sentido.


Para sua grande surpresa Chris insistiu em levá-la até o aeroporto. Na certa queria comprovar que ela partiria de verdade, pensou Dulce, com uma ponta de cinismo.


Dirigiram-se para o aeroporto em silêncio. Chris estacionou diante da entrada principal e inclinou-se a fim de abrir a porta para Dulce. Ela encolheu-se instintivamente, perturbada diante da expressão de intensa amargura estampada no olhar dele.


— Adeus, Dulce — disse ele, tenso, entregando-lhe a mala e a passagem. De repente beijou-a selvagemente e endireitou-se, entrando rapidamente no carro e deixando-a sozinha no saguão do aeroporto.


Dulce conseguiu se controlar até o avião decolar. A aeromoça, notando o quanto ela estava perturbada, procurou não se aproximar. Como não havia ninguém ocupando o assento ao lado, Dulce deu livre curso às lágrimas. Seus sonhos jamais se transformariam em realidade e seu coração doía pelo homem a quem havia deixado para trás.



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Autor(a): dullinylarebeldevondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 428



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  • jessikavon Postado em 12/11/2009 - 18:10:03

    Q mara...ansiosa por todas suas wn...simplesmente adoro todas...


    :)

  • jessikavon Postado em 12/11/2009 - 18:10:03

    Q mara...ansiosa por todas suas wn...simplesmente adoro todas...


    :)

  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:43

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  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:42

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  • anjodoce Postado em 25/10/2009 - 14:46:36

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