Fanfic: Proposta Ultrajante AyA

- Eu não sou tão ingênuo assim, cara. Você é ou não é a mulher que meu pai comprou com cinco mil libras?

fitou-o horrorizada.

Suas mãos tremeram e ela derrubou o café no tapete claro.

- Si... sim. - Alfonso confirmou. - Naturalmente meu pai me contou que quantia

lhe custara persuadir Enrique de que você não era, afinal, o amor de minha vida.

E foi o que terminou nosso relacionamento. Com miseráveis cinco mil libras

quando você poderia ter dez, vinte, trinta vezes mais. Mas acho que cinco mil

libras foram como uma pequena fortuna para você na ocasião.

Anny estava ainda estupefata por Alfonso ter descoberto esse pagamento.

Sentia-se doente, em agonia, morrendo de vergonha.

- Meu pai disse que seria um segredo, que você nunca saberia de nada... – ela sussurrou.

- Dio mio... E você acredita em tudo o que lhe dizem? - Alfonso murmurou,

divertindo-se com crueldade. Para Anny foi como se lhe enterrassem uma faca no peito. - Eu me diverti muito,

- Divertiu-se? - Anny fitava-o mal acreditando no que ouvira.

- Imaginei meu pai, agindo tal qual um desajeitado cavalheiro vitoriano,

pagando por uma empregada que ele enxergou como uma ameaça à família. Tão desnecessário! Nunca levei a sério nosso relacionamento, Anny. Mas não me diverti quando você pegou o dinheiro como uma ambiciosa cavadora de ouro que ele disse que você era. Esse foi um comportamento muito barato e indesculpável.

Anny continuou sentada, como se fosse uma estátua de pedra. Não falou

nada. Não tinha nada a dizer, pois, o dinheiro não fora devolvido, como poderia se defender? Por outro lado, não poderia advogar a causa de seu pai se contasse a Alfonso que Enrique Portilha  não permitira que ela rasgasse- o cheque. Na verdade, levara-o ao banco no mesmo dia e depositara! o dinheiro na conta dele. Pobres não podem escolher. .Dissera quando a filha insistira em rasgar o cheque. Se ela estava sendo forçada a sair da casa para agradar Juan Herrera, seu pai acreditara que merecia uma compensação.Privado do auxilio da filha nos trabalhos caseiros, sem falar no dinheiro extra que emprego de Anny fornecia, como iria ele se arranjar?

Uma ambiciosa cavadora de ouro?

Assim Alfonso a enxergara durante os últimos cinco anos. Ela pensava no

divertimento dos ricos. Com dinheiro, conseguiam forçar os pobres a fazer o que eles quisessem. Deixara a casa para que seu pai não perdesse o emprego.

E era terrivelmente irônico ela estar encarando Alfonso no momento, pela

mesma razão

- Agora que já disse o que pensa de mim, podemos conversar sobre o motivo que me trouxe aqui? - ela falou, Fitando -o com olhos bem abertos.

- Vá adiante - Alfonso ordenou secamente.

- Você deu a meu pai um mês de aviso prévio...

- Não me diga que isso a surpreendeu. Se não tivesse sido pela incompetência dele, seu irmão playboy nunca teria tido acesso a minha casa.

- Ucker se apoderou das chaves enquanto meu pai dormia - Anny declarou,

levantando-se da cadeira num movimento de defesa. - Considerando-se que

meu pai não poderia ter adivinhado o que Ucker planejava, não pode  culpa-lo pelo que houve.

- Mas posso culpá-lo por ter mentido à polícia para defender seu irmão e os

destruidores amigos dele. Tem idéia do estrago que fizeram?

- Ucker contou-me tudo. Tapetes manchados, móveis rasgados, janelas

quebradas, porém ao menos o estrago limitou-se a duas salas. Assim que Ucker se deu conta de que seus amigos estavam muito bêbados para ele controlá-los, correu a fim de pedir ajuda. Papai, que deveria ter chamado a polícia, não chamou. Mas deveria ter contado a verdade à polícia quando a governanta chamou-a na manha seguinte...

- E por que não contou? - Alfonso interrompeu-a.

- Teve medo das consequências. Meu irmão tem apenas dezesseis anos. Mas depois Ucker confessou tudo à polícia, e está muito envergonhado e arrependido pelo que fez...

- É claro que está. Não quer ser condenado. Anny ficou horrorizada.

- Você nunca fez uma loucura dessas quando tinha a idade dele?

- Se está me perguntando se invadi a casa alheia e se cometi vandalismos, a

resposta é não.

- Nesse caso é porque teve coisas mais interessantes a fazer do que Ucker -

Anny insistia. - Não há nada que atraia adolescentes nesta área.

Nenhum deles tem dinheiro...

- Pare com essa conversa de pessoa sofrida. Não tenho paciência com

indivíduos que invadem minha casa ou minhas propriedades. A conta do

conserto chegará a alguns milhares...

- Milhares? - Anny repetiu, atônita.

- É, milhares.

- Isso por todos saberem que você é rico. Aposto que cobraram demais.

- Anny - Alfonsoo encarou-a com ironia -, são necessários profissionais

especializados para restaurar antiguidades valiosas. E isso custa caro.

- Sinto-me embaraçada por não ter condições de lhe oferecer compensação em dinheiro...

- E eu sinto muito pelo fato de adolescentes desordeiros não serem mais

castigados com trinta chicotadas hoje em dia - Alfonso interrompeu-a

secamente. - Mas a devolução da caixinha de rapé, que foi tirada da sala,

poderá... poderá me persuadir a não condenar seu irmão.