Fanfic: Proposta Ultrajante AyA

- Vá para o inferno! - ela disse e saiu correndo, os olhos cheios de lágrimas,furiosa, envergonhada e com grande amargura.

Afinal, o que poderia fazer ou dizer em própria defesa? Alfonso considerava-a ambiciosa e sem escrúpulos. Gostando ou não, tinha de aceitar que cinco anos atrás fizera um grande erro e agora pagava um alto preço por aquilo. Permitira que o pai pegasse o cheque de cinco mil libras e ficasse com ele. Enrique estava

cheio de dívidas e desesperado por dinheiro.

Quanto ao pai de Alfonso, Juan Herrera, queria apenas afastá-la da vida do filho e se desculpava achando que o fim justificava os meios.

E Anny se consolou logo porque seu pai continuara com o emprego.

Desempregado e já de certa idade, não arranjaria outro trabalho. Sem casa e sem emprego, jamais encontraria forças para organizar a vida de volta.

Naquele mesmo ano, seis meses antes de Anny completar dezoito anos de idade, sua vida estável, feliz, começara a desmoronar. A mãe, Marichelo, mulher saudável, morrera de um momento para o outro. Ela era o braço forte do casamento, a que mantinha todos unidos. O pai ficara em frangalhos e começara a beber.

Anny empenhara-se em manter o pai sóbrio. Porém, por mais que lutasse, não conseguia obter grandes resultados, e ele muitas vezes não tinha condições de trabalhar ou bebia em serviço, Surpreendentemente,Juan Herrera tivera muita paciência com o velho viúvo e conservara-o na casa, dando-lhe sempre outra oportunidade. Fora aquela bondade do velho Juan que o levara a pedir a Anny que saísse da casa. Afinal, ele estava sendo bondoso e paciente para com o idoso jardineiro. Não mereceria uma retribuição?

- Olhe as condições de sua família, Anny, e diga-me se não acha errado meu filho se casar com você. Acho melhor para os dois que se mude daqui e comece vida nova em outro lugar. - O pai de Alfonso pronunciara cada palavra como um homem que se esforçava por cumprir uma tarefa desagradável.

 – Em compensação, prometo fazer tudo o que estiver em meu poder para ajudar seu pai a resolver os próprios problemas.

As condições de sua família. Nenhuma outra explicação se fez necessária depois dessas palavras. O antes respeitável pai comportava-se como um bêbado, E sua falecida mãe? Marichelo nunca fora totalmente aceita pelos Herreras, pois nascera cigana e como tal a educaram. Quanto aos ciganos,casando-se fora de seu meio social, a família achava que não tinha mais nada a

ver com ela. Enrique jamais fora bem-vindo entre os ciganos. Por isso Marichelo preferira a privacidade do isolado chalé na área de Montague.

Quando Anny tornou a entrar no elevador, no último andar das Indústrias Herrera, estava tão gasta que nem notou a presença de Christian ao seu lado. Seu irmão e seu pai a aguardavam numa lanchonete perto da estação de trem. Ela pensava no que dizer a eles. Que Alfonso Herrera lhe fizera um convite que não pudera aceitar? Que preferiria morrer a se tornar uma prostituta? E

especialmente prostituta a serviço dele?

Oh, sim, muito especialmente a serviço dele. Presa aos sentimentos conflitantes que a atacavam, Anny atravessou a multidão.

Por que Alfonso lhe fizera aquilo?

Cinco anos atrás estiveram juntos apenas por cinco semanas. Tempo suficiente para ela se apaixonar, mas não suficiente para ele persuadi-la a entregar sua virgindade a um homem que não fizera a menor menção de amor.

Anny poderia agradecer à mãe por a haver aconselhado a ter cuidado. Marichelo Portilla acreditava que o tesouro mais precioso de uma mulher era a pureza, e assim Anny fora educada. Quando a mãe lhe dissera aquilo, ela não entendera o que significava "intimidade física". Mas bem antes de atingir a idade da tentação concluíra que agiria erradamente se quebrasse tal regra antes do

casamento.

No dia em que Anny contou a Alfonso o conselho de sua mãe ele achou tudo muito engraçado. Mas só após várias semanas de relacionamento se deu conta de que Anny falava sério. Então sugerira que, sem perder o respeito pela falecida mãe, não se deixasse influenciar por aqueles medos supersticiosos.

Libertando-se de suas recordações, Anny se viu diante da vitrina de uma loja e sorriu ao ver sua face. Seu sorriso sumiu ao se recordar dos esforços de Alfonso em persuadi-la a compartilhar de sua cama. Aí seus olhos encheram-se de lágrimas de remorso. Continuou andando, lutando para encontrar uma solução.

 Afinal, Ucker era menor de idade e Alfonso poderia exigir que se

aplicasse contra ele a pena que bem entendesse. Mas não tinha provas de que o rapaz fora envolvido no roubo da caixa de rapé. Ucker nunca antes tivera dificuldades com a polícia.

 Como agiria ele?