Fanfic: Aún Hay Algo! - Segunda Temporada

O dia amanheceu nublado, o sol tentava enganar as gordas nuvens brancas que o escondiam e risadas de crianças que brincavam em uma praça na frente da casa dos Saviñón, pulando em poças de água, indicavam que a chuva havia parado. Dulce se revirou na cama, abrindo um dos olhos devagar, a primeira coisa que viu foi o relógio marcando 10:23, de um pulo, levantou-se da cama rapidamente, com os cabelos desalinhados e o rosto com marcas de travesseiro, correu até o banheiro não sem antes tropeçar em um dos tênis de Alfonso.

Dulce: Caramba! Já falei pra não deixar as coisas jogadas no meio do caminho! - essa era uma mania de Alfonso que Dulce odiava. Resmungando ela entrou no banheiro e ligou a torneira para escovar os dentes. Ainda na cama, Poncho segurava o cobertor com força, encolhido, deixando só os olhos à vista.

Poncho: Dul? – a chama, bocejando. - Já acordou Amor? Pulou cedo da cama.

Dulce: Cedo? Cedo nada! São 10:30! – ela o responde do banheiro.

Poncho: Venha dormir mais um pouquinho, esse tempo é tão gostoso para dormir abraçado. – ele sorri.

Dulce: O ensaio Poncho! Estou atrasada! – sai do banheiro as pressas, fechando o zíper da calça.

Poncho: Ok, vou me trocar para tomarmos o café da manhã juntos!- se espreguiça, levantando.

Dulce: Não!

Poncho: Mas Dulce, não pode ir sem comer nada!

Dulce: Já disse que estou atrasada caramba!

Poncho: Ih, acordou de mal humor. – resmunga pra si mesmo.

Dulce: O que disse?

Poncho: Que você é um amor! – sorri. - Almoça comigo?

Dulce: Que horas?

Poncho: Não sei! – senta na beira da cama. - Eu passo para te buscar, precisamos conversar, esqueceu?

Dulce: Ok! – João Miguel começou a gemer no berço, acordando para mamar. - Tire o carro pra mim? – caminha até o berço, colocando um relógio no pulso.

Poncho: Sim! – ele a observava sorrindo. Achava graça em vê-la tão apressada, vestia peças de roupa que não se combinavam e prendia os cabelos de um jeito todo relaxado que ele adorava.

Dulce: Poncho! – o encara.

Poncho: O que? – sorri, ainda encarando-a.

Dulce: Vai logo!

Quando voltou da garagem, Alfonso encontrou Dulce ainda no quarto, amamentando o filho. Ela estava sentada na cama, sorrindo, com o bebê no colo, que se remexia e choramingava.

Dulce: Não filho! – ela ria. - Mamãe não é boba! Eu sei que você quer que eu fique em pé, né danadinho? – acariciava o rosto do pequeno. - Peguei você! Sei os truques de um bom ator!

Poncho: E meu filhote, acordou bem? – sorri se aproximando dos dois.

Dulce: Deu para tentar me enganar! – ela sorri.

Poncho: Não estava atrasada?

Dulce: Estou atrasada, mas agora já foi! E o Miguel é mais importante, sem contar que esse é o momento que eu me sinto mais mãe e mulher.

Poncho: Queria me sentir assim também! – sorri distraído, acariciando o filho.

Dulce: Mais mulher? – ri, encarando-o.

Poncho: Besta! – revira os olhos. - Sério, ser pai é maravilhoso mas, sabemos que mãe é mãe, como será ser mãe? – sorri, encarando-a. - Sua barriga crescer, essas coisas.

Dulce: Dádiva feminina!

Poncho: Verdade! Mas também, imagine só o bebê saindo de um homem? Não tem por onde! E a dor?! Não, estou fora. – ele ri. - É melhor ser pai mesmo!

Dulce: Vai ficar com ele?

Poncho: Vou! Tenho uma reunião de elenco, mas é só amanhã.

Dulce: Minha mãe vai dar um chazinho pra ele mais tarde, mesmo assim chegue mais cedo lá do estúdio porque ele vai querer mamar de novo.

Poncho: Ok. – observava o filho. – Dul?

Dulce: O que?

Poncho: Posso mamar também? – começa a rir.

Dulce: Poncho! – começa a rir. – Sem comentários de velhos tarados por favor.

Eram exatamente três horas da tarde quando Alfonso chegou ao estúdio empurrando um carrinho de bebê. Vestia uma calça jeans preta, um moletom azul marinho e um boné branco da "Puma". Dulce estava sentada em um sofá de canto, conversando com uma Any animada, Ucker estava sentado no chão colocando o tênis, alheio ao papo das garotas. Alfonso encostou o carrinho ao lado da porta, pegou João Miguel no colo e se aproximou, o bebê estava com um macacão branco com estampa de ursinhos.

Poncho: Oi mamãe! – Poncho imitou voz de bebê, balançando o bracinho de Miguel.

Dulce: Oi príncipe mais fofo, lindo! – sorri, se levantando e caminhando até ele, tomando o filho nos braços. - Papai cuidou direitinho de você? – sorri, olhando para Poncho, que lhe deu um beijo.

Poncho: Claro que cuidei! – ele sorri. – Mas o Miguel tem uma reclamação a fazer!

Dulce: que? – o encara, confusa.

Poncho: Sobre as roupas dele!

Dulce: O que tem de errado com elas?

Poncho: Muito de maricas essas roupas Dul! Cheia de patinhos, ursinhos, não pega bem!

Dulce: E você por acaso entende de moda infantil?

Poncho: Não mas, ele é um garoto! Vai vesti-lo assim quando ele crescer? Vai ser motivo de chacota no colégio. – a encarava. - Meu filho o "zuado"? Não mesmo!

Dulce: Nem vou discutir isso com você! – revira os olhos rindo. – Você demorou, pensei que não viesse mais.

Poncho: Culpa do maldito trânsito dessa cidade!

Dulce: Já almoçou?

Poncho: Não! – aproxima do sofá, se largando nele. - Oi Any! – sorri beijando o rosto dela que estava ao seu lado. – Ucker! – ri, jogando uma almofada nele, que ainda colocava os tênis. - E ai cara?

Ucker: Palhaço! – ele ri, devolvendo a almofada.

Poncho: E o Christian?

Any: Ele e a Mai saíram cedo.

Poncho: E o tal Carlos?

Ucker: Não sei, deve estar por aí.

Any: Vem com a madrinha João! – brincava com o bebê.

Dulce: Claro! – sorri, entregando-o para Any.

Any: Temos que marcar logo esse batizado!

Ucker: A Any já comprou até a roupa do garoto, acreditam?

Dulce: Já?

Any: Sim! – sorri empolgada. - É linda Dul! Depois eu te mostro!

Poncho: Dul, precisamos ter aquela conversa ainda!

Ucker: Ih, vamos dar o fora Any, o bicho vai pegar! – sorri.

Poncho: Tonto. – sorri.

Any: A madrinha vai levar meu "biscoitinho lindo" pra dar uma volta.

Ucker: E o padrinho vai comprar uma cerveja pra tomar com seu afilhado! – ele ri.

Dulce: Não sem antes sua cabeça arrancada a unha por mim.

Ucker: Ui! – ele ri, fechando a porta após Any e Miguel saírem.

Dulce: Então?

Poncho: Eu fiz uma coisa, sem te consultar.

Dulce: O que?

Poncho: Vamos voltar pra casa hoje mesmo, já providenciei tudo, não se preocupe.

Dulce: Que?

Poncho: Já pedi pro meu pai levar o Duke lá pra casa, e nossas coisas também estão sendo levadas.

Dulce: Já?! Assim? Do nada?

Poncho: Não! Como assim "do nada"? Por favor né Dul! – ele ri. - Depois do que aconteceu ontem!

Dulce: Não acredito que fez isso! Decidiu tudo sozinho e nem me disse nada! Caramba Poncho, o que meus pais vão pensar?!

Poncho: Não precisam pensar nada, estamos indo para casa. – ele dá de ombros. - Quando eles chegarem do mercado já não moraremos mais lá!

Dulce: Poncho! Podem achar que ficamos chateados, que estamos querendo nos livrar deles.

Poncho: E não estamos? – a encara.

Dulce: Claro que não! – o encara mais seriamente. - A culpa não foi deles! Aposto como nem agradeceu a hospitalidade! Você os odeia!

Poncho: Claro que não Dul! Quer dizer, talvez do seu pai eu não goste um pouco, mas sua mãe eu adoro!

Dulce: Como você tem a cara de pau de dizer que odeia meu pai, na minha frente?!

Poncho: Apesar de não ter dito isso, e é melhor do que pelas costas, não acha?

Dulce: Não disse, mas quis dizer!

Poncho: Não! Eu só quis dizer que, às vezes ele é meio intrometido! – da de ombros.

Dulce: Que?! Assim você ofende a minha família!

Poncho: Ah é sim! Ficou a semana toda me vigiando!

Dulce: Ele só quer me proteger!

Poncho: Mas você não é mais criança.

Dulce: Isso não tem nada haver! Ele continua sendo meu pai! É natural que os pais protejam os filhos.

Poncho: Não quando eles são maiores de idade e casados.

Dulce: Não dá pra conversar com você!

Poncho: Vai me dizer que ontem não foi constrangedor?

Dulce: Foi mas, ele não se intrometeu, ele só...

Poncho: Nos pegou fazendo amor! Nem na porta bateu! – a encarava.

Dulce: Ok! – ela suspira. - Meu pai às vezes é meio antiquado mas, não faz por mal!

Poncho: Eu sei, mas cansa!

Dulce: Você não pode reclamar, afinal a culpa é toda sua. – cruza os braços, encarando-o.

Poncho: Minha?!

Dulce: Sim, sua! .Foi você que não quis voltar pra casa por medo de fantasminhas bobos! – diz ironicamente.

Poncho: Ei! Quer saber? Nem vou discutir isso com você! Vamos acabar brigando! – aumenta o tom de voz.

Dulce: Querido, nós estamos brigando! – sorri ironicamente, respondendo no mesmo tom que ele.

Poncho: Ok! Já que estamos brigando, vou te dizer umas boas verdades! Seu pai é intrometido sim! Nunca foi com a minha cara! Também nunca fui muito com a cara dele! Não podíamos dar um beijo que ele já olhava torto! Que saco! O CARAMBA que queria te proteger! Pra isso você tem marido!

Dulce: Que machismo!

Poncho: Não é machismo! – se levanta, caminhando até ela ficando frente a frente. - É realidade!

Dulce: Não grite comigo.

Poncho: Viu? Você não pode ficar um dia perto do seu pai que fica mimada!

Dulce: Seu idiota! O que está dizendo?! Vai me proibir de ver meu pai? Vai?!

Poncho: Não misture as coisas, María!

Dulce: Por que está me chamando assim?!

Poncho: Ué, não foi o nome que seu papaizinho te deu? – caminha para mais próximo dela.

Dulce: Não seja ridículo! – ela se afasta dele.

Poncho: Ridícula é você!

Dulce: Ótimo! Bom saber seu crianção!

Poncho: Criança é você que obedece o papai!

Dulce: Não é obediência, é respeito! Coisa que você não tem por mim!

Poncho: Meus pais não são assim.

Dulce: Não?! Nossa bem lembrado! Obrigada Amor! Que eu saiba sua mãe é mais intrometida que o meu pai, ou não foi ela que deu chilique quando fui viajar pra Índia?

Poncho: Esse tipo de intromissão é normal! Ela é avó! Só quer o bem do Miguel. Agora se intrometer na nossa vida sexual? Ah, esse ai é o seu pai! – aponta para ela.

Dulce: Então, por que não diz tudo isso na cara dele?! E não aponte esse dedo pra mim.

Poncho: Pega mal.

Dulce: Medroso! Bundão!

Poncho: A mulherzinha aqui é você! – a encara.

Dulce: Ah Poncho, cale a boca! Você não tem moral pra falar nada! Você tem medo de fantasma! Assunto encerrado, ponto final, eu ganhei! – sorri, ironicamente.

Poncho: Não misture as coisas! – se aproxima novamente dela.

Dulce: Não estou misturando! Tudo tem ligação! Se você não estivesse ficando maluco, não estaríamos na casa dos meus pais e consequentemente não seríamos pegos!

Poncho: NÃO ESTOU MALUCO!

Dulce: Está sim! – ela ri.

Poncho: MALUCO EU?! – se aproxima rapidamente dela e a segura pelos braços, levantando-a centímetros do chão.

Dulce: Vai partir para agressão? – o encarava, e apesar de ter se assustado, não daria o braço a torcer. - Seu estúpido! Grosso! Bruto! 

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