Fanfic: Aún Hay Algo! - Segunda Temporada

No dia seguinte, Dulce acordou de madrugada, preparou um café da manhã reforçado para o filho, separou o uniforme, o lanche e todos os materiais, depois seguiu para o banheiro onde tomou um banho relaxante na banheira. Começou a pensar no dia anterior, em Rodrigo, o homem era realmente um bom partido, estava decidida a tentar algo com ele, mas devagar, não queria se machucar. Eram seis e mia da manhã quando entrou no quarto de Miguel, sentou-se na beirada da cama, acariciando o rosto do filho e pensou em como o filho se parecia com Alfonso.

Dulce: Meu anjinho. – ela beija o rosto dele. - Acorde meu amor. - Miguel se mexeu bocejando, piscando lentamente os olhos. -Acorde Miguel. Mamãe vai levar você na escolinha.

Miguel: Estou com sono, mamãe.

Dulce: Príncipe. Hoje é o seu primeiro dia, não pode chegar atrasado. - deitando-se ao lado dele. - Levante-se meu amorzinho.

Miguel: Eu não quero ir. – ele se vira, emburrado.

Dulce: Mas você precisa. A escola é legal, vai fazer uma porção de amiguinhos, vai brincar, aprender.

Miguel: Desenhar?

Dulce: Desenhar. – sorri. - Vem meu amor. – se levanta, pegando-o no colo. Vamos tomar banho.

Miguel: Quentinho, mamãe?

Dulce: Como você quiser meu anjo. – caminha com o garoto até o banheiro.

Miguel: Quero tomar sozinho.

Dulce: Nem pensar, Miguel. Você molha todo o banheiro.

Miguel: Mamãe, eu sou menino e você é menina. Você não pode ver meu pipi! – ele protesta. Dulce sorriu, de onde ele tinha tirado aquela ideia?!

Dulce: Ok. Tudo bem. – sorri vencida. - A mamãe vai ligar o chuveiro e qualquer coisa me chame ok?

Miguel: Ok. – boceja.

Dulce: Quando terminar avise.

Miguel: Faz sucrilhos?

Dulce: De chocolate?

Miguel: É! – ele ri.

Dulce: Tudo para o meu homenzinho no seu primeiro dia de aula. – sorri bagunçando o cabelo do filho.

Uma hora depois, Dulce estacionava o carro em frente à porta do colégio que estava lotado, vários pais traziam seus pequenos no primeiro dia de aula. O lugar era grande, em frente a uma bela fachada branca com o emblema da instituição havia um jardim florido, com grama verde e curta, e alguns bancos coloridos, dois inspetores auxiliavam a entrada das crianças, algumas choravam correndo dos pais porque não queriam entrar outras, mais espontâneas já brincavam de correr pelo estacionamento, onde vários carros luxuosos e importados estavam estacionados. Miguel desceu ligeiro do automóvel, olhando para os lados, ansioso, parecia procurar alguém, puxava uma mochila de rodinhas com uma estampa do Mickey, um boné também do personagem, além do tradicional uniforme.

Dulce: Calma Miguel. – ela sai logo em seguida. - Ainda não deu a hora de entrar.

Miguel: Cadê o papai?

Dulce: Hum! - observava os arredores. - Já deve estar chegando.- ela olha no relógio.

Miguel: Vai demorar muito?

Dulce: Eu não sei Miguel.- olhava para os lados ansiosa.

Miguel: Liga pra ele mamãe.

Dulce: A mamãe esqueceu o celular.

Miguel: Cabeção! – cruza os braços emburrado e caminha para a entrada.

Dulce: Miguel volte aqui! - estava prestes a ir atrás do filho quando um carro deu uma brecada seca na sua frente, cantando pneu.

Dulce: Hei! - dá um pulo para trás. Todos os presentes olharam, era Alfonso que chegava acompanhado de uma bela mulher.

Alfonso: Desculpe o atraso! – bate a porta do veículo caminhando apressado.

Miguel: PAPAI! – ele solta a mochila e corre até o pai saltando no colo dele.

Alfonso: Bom dia, filhão! – sorri abraçando o filho. - Pensou que o papai não viria, né?!

Miguel: É.

Alfonso: Coloque uma coisa na sua cabecinha. – ele coloca o filho no chão e se abaixa até ficar da altura dele. - Quando o papai promete, ele cumpre, combinado?

Miguel: Combinado!

Alfonso: Então toca aqui cara! –estende a mão para o filho que bate. - Então, animado com o primeiro dia?

Miguel: Sim! Iáa! – ele dá um soco no braço do pai.

Alfonso: Aaah! Esse foi forte! – finge dor. - Foi muito forte...Eu acho que... – finge estar sem ar...

Miguel: Te peguei papai. – ele ri. Alfonso se levanta bagunçando o cabelo do filho e dando de cara com a ex esposa.

Alfonso: Bom dia, Dulce.

Dulce: Bom dia.- responde baixo, observava Perla que sorria atrás de Alfonso.

Alfonso: Ah! Filho, papai precisa te apresentar uma pessoa! – sorri, segurando na mão do filho.

Miguel: Que pessoa? – olha para Perla desconfiado.

Alfonso: Campeão! – caminha até Perla. - Essa é Perla. Ela é namorada do papai.

Perla: Bom dia, Miguel! - ignorando a presença de Dulce e se aproximando sorridente do menino. - Prazer eu sou Perla. – estende a mão para ele.

Dulce: Miguel cumprimente a moça. - tentou parecer indiferente, mas um nó apertava sua garganta, fazendo-a sufocar, sabia que Alfonso teve vários relacionamentos insignificantes depois do divórcio, mas nunca havia apresentado Miguel a nenhuma de suas namoradas, não que ela soubesse, e se estava fazendo aquilo no primeiro dia de aula do filho, era porque Perla devia ser importante pra ele.

Miguel: A namorada do papai não é a mamãe? - Perla deu uma risadinha nervosa, Alfonso ficou constrangido e Dulce não sabia onde enfiava a cara.

Alfonso: Hum, não nesse caso, filho.

Miguel: Mas eu vi na televisão que as mamães são as namoradas dos papais, e eu nunca vi vocês dando beijo.

Alfonso: Mas nós não somos. – interrompe o filho. - Sua mamãe e eu somos apenas, amigos, sim amigos, não é Dulce? – olha para ela, pedindo ajuda com o olhar.

Dulce: É, é sim... -sorri nervosa. “Loira.” Dulce pensou. Claro, ele sempre gostou de loiras. Mas essa é falsificada, os cabelos são castanhos mas, ainda sim é loira. Cachorro. Ei espera. Não esquece isso Dulce María. Alfonso Herrera é passado.

 
Passados os cinco minutos de constrangimento, Perla, feliz por conhecer o famoso Miguel, presenteou o menino com um embrulho azul, envolto por uma fita branca que prendia um cartão.

Perla: Aqui querido.- entrega para o menino. - Espero que goste.

Miguel: Obrigado moça. Posso abrir mamãe? Mamãe?

Dulce: Ahn?

Miguel: Posso abrir?

Dulce: Mais tarde você abre Miguel. Está na hora de entrar.

Alfonso: Sem chatice Dulce, abra filho. - Miguel meio receoso olhou para Dulce, sem obter reação da mãe, rasgou o embrulho, ansioso.

Miguel: Que carrão! – sorri, com os olhos brilhando. - Olha mamãe que carrão grandão! - mostrando o brinquedo. Era uma caminhonete vermelha de controle remoto, grande e reluzente. - Que legal!

Alfonso: Gostou filho? – sorri.

Miguel: Gostei.

Alfonso: Então dá um beijinho na Perla. - Miguel beijou o rosto da moça, que abraçou Alfonso pela cintura contente por ter agradado não só garoto, mas principalmente o namorado. Dulce não parava de observá-la, Perla vestia uma calça social preta e um casaco branco com pelúcia em torno das mangas e da gola.

Dulce: Vamos Miguel. Está na hora. - Alfonso abaixou-se, colocando o filho de cavalinho nas costas. - Alfonso, sem exageros.

Alfonso: Vamos entrar com ele?

Perla: Ahan.. – ela cutuca Alfonso. - Ponchito. Você nem nos apresentou. – sorri de lado.

Alfonso: Desculpe. Ah Dulce. – ele a chama, Dulce já estava uns passos a frente.

Dulce: O que? – ela se vira, impaciente.

Alfonso: E-essa, é minha, minha namorada Perla.- ele a encara. – Perla, essa é minha, é, ah, a mãe do Miguel.

Perla: Prazer em conhecê-la Dulce María! – força um sorriso, aproximando-se mais de Alfonso.

Dulce: Prazer! – sorri rispidamente, sem um pingo de vontade de ser cordial. - Vamos. A professora quer conversar com os “Pais”. – ela enfatiza a última palavra e volta a caminhar na frente.

Dulce e Alfonso caminharam juntos até a sala de aula onde a professora da turma aguardava os pais. Miguel bagunçava os cabelos do pai, puxando a cabeça dele para trás como se fossem rédeas do seu cavalinho.

Dulce: Acho que é essa.

Alfonso: Campeão, descendo. – ele se abaixando.

Miguel: Ah papai.

Alfonso: Quer quebrar o cabeção na parede?  - sorrindo, coloca o filho no chão que já se adiantava na frente dos pais. - Miguel, pare onde está.

Miguel: O que foi?

Alfonso: As damas sempre primeiro filho. – ele dá passagem a Dulce, que entra sentando-se na primeira carteira vazia que vê.

Professora: Bem, acho que vocês são os últimos.- fecha a porta. - Muito bem! Vamos começar. Meu nome é Maria.

Miguel: Igual você, mamãe! – ele fala alto, todos se viram para eles.

Dulce: Shiiiu. Quietinho Miguel.

Professora: Como eu ia dizendo... - levanta os óculos de aros finos e dando uma boa olhada em Miguel, que de cara não gostou nada da tal professora. A mulher era alta, robusta, tinha o rosto largo e a boca fina, seus olhos eram miúdos e bem azuis, os cabelos eram escuros com alguns fios brancos, vestia um uniforme para professores, um terninho azul marinho com o nome bordado no peito, abaixo deste um emblema dourado como o que estava gravado na entrada do lugar e um avental impecavelmente branco, tudo exigido pelo colégio.

Prof. Maria: Primeiramente quero dar as boas vindas aos novos alunos. -A professora continuou seu discurso por longos trinta minutos, citando alguns métodos e regras do lugar, falou também sobre sua maneira de ensinar, as atividades extra-curriculares e a relação da instituição com os pais. Alfonso já estava cansado e quase babava na carteira quando a senhora finalmente finalizou. - Obrigada. Agora senhores pais já podem se retirar.

Alfonso: Finalmente. – se levanta resmungando.

Dulce: Cale a boca Alfonso! – comenta baixo, beliscando-o.

Alfonso: Ai! – ele esfrega o lugar da beliscada, observando o filho se levantar e caminhar junto com eles, professora Maria se aproximou.

Prof. Maria: Onde o garotinho pensa que vai?

Miguel: Embora com a mamãe?

Dulce: Não Miguel, você vai ficar a mamãe vem te buscar depois.

Miguel: Por que?

Dulce: Porque não posso ficar.

Miguel: Por que você não pode?

Dulce: Porque a mamãe já passou por isso. Sou grande esqueceu?

Miguel: Hum. – ele suspira. - Amanhã você pode?

Dulce: Não meu amor. – ela se abaixa e beija o rosto do filho. - Olha você fica aqui com a professora, ok?

Miguel: Mas... – ele se aproxima do ouvido dela e cochicha. - Ela é feia!- Dulce sorri.

Alfonso: Campeão. – se abaixa da altura do filho. - Fique aqui com seus novos amiguinhos. Depois você vai pra casa ok?

Miguel: É rapidinho? – encara o pai.

Poncho: É! – sorri. É rapidinho.

Miguel: Então ta.

Prof. Maria: Muito bem. Sente-se em seu lugar.

Miguel: Qual é o meu lugar?

Dulce e Alfonso deixaram a sala rindo, juntos das perguntas de Miguel, sabiam que o garoto deixaria a professora louca a questionasse como fazia com os pais.

Dulce: Que lindo.

Alfonso: Que lindo o que? – sorri, encarando-a.

Dulce: É o primeiro dia dele, Alfonso. Sabe nem parece que já faz quatro anos que o peguei pela primeira vez nos braços.

Alfonso: Pois é. – ele concorda, a lembrança do momento em que o filho nasceu invadiu sua cabeça. - Não parece, mas o tempo passa. – eles caminham vagarosamente para a saída.

Dulce: Eu sei.

Alfonso: Hum... - Não sabia mais sobre o que conversar com Dulce. - É, como vai o trabalho?

Dulce: Bem e o seu?

Alfonso: Ótimo.

Dulce: Imagino. – se lembra de Perla. – Ah, queria te pedir um favor!

Alfonso: Um favor? Peça. – ele a para no meio do corredor.

Dulce: Não tire minha autoridade quando estivermos na frente do Miguel. – ela o encara.

Alfonso: Por que está dizendo isso?

Dulce: Quando o mando fazer algo você. É, como hoje que ele queria abrir o presente. Você me chamou de chata e disse pra ele abrir. Isso é errado.

Alfonso: Errado por que?

Dulce: Ele fica confuso, não sabe o que fazer. Quando eu der uma ordem você não pode contestar e vice-versa.

Alfonso: Ah entendi. Tudo bem. É que achei mesmo chato da sua parte não o deixar abrir. Mas tudo bem, combinado.

Dulce: Obrigada.

Alfonso: Bom. Eu já vou indo. – ele a encara. – Perla está me esperando no carro.

Dulce: Vai lá. – sorri de lado, estalando os dedos.

Alfonso: Até Dulce. - Dessa vê sem hesita, Alfonso aproximou seu rosto do dela e a beijou no rosto. Dulce sentiu a bochecha arder e ficou parada sem reação, sim, era só um inocente beijo na bochecha, mas ela procurava manter distancia até de coisas inocentes, não queria deixar transparecer que ainda tentava esquece-lo.
Dulce: Tchau Alfonso. – ele caminhava para a saída.

Alfonso: Ah, eu queria pedir uma coisa também.  – se vira para ela.

Dulce: O-o que? – ela o encara.

Alfonso: Me chame de Poncho. Alfonso é formal demais. – sorri e continua a caminhar pelo corredor.

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