Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico
Anahí subiu correndo as escadas do sótão; pela primeira vez no que parecia desde sempre, seu coração estava quase leve. O sótão em si era exatamente como ela lembrava, as pequenas janelas no alto deixando entrar pouca luz do sol, pois era quase crepúsculo agora. Havia um balde tombado no chão; ela desviou dele em seu caminho para a escada estreita que levava até o telhado.
Ele muitas vezes pode ser encontrado lá quando está incomodado, Maite havia dito. E raramente vi Poncho tão perturbado. A perda de Thomas e Agatha tem sido mais difícil para ele do que eu previa.
Os degraus terminavam em uma porta quadrada basculante, articulada de um lado. Anahí empurrou o alçapão e saiu para o teto do Instituto.
Endireitando-se, ela olhou ao redor. Estava no centro do largo e plano telhado, que era cercado por um gradeamento de ferro forjado da altura de sua cintura. As barras da cerca terminavam em remates na forma de afiadas flores-de-lis. Na outra extremidade do telhado estava Poncho, encostado na grade. Ele não se virou, mesmo quando o alçapão se fechou atrás dela e ela deu um passo adiante, esfregando as palmas das mãos arranhadas contra o tecido do vestido.
— Poncho — ela chamou.
Ele não se moveu. O sol começava a se pôr numa torrente de fogo. Do outro lado do Tâmisa, chaminés de fábricas expeliam fumaça que arrastava dedos escuros no céu vermelho. Poncho estava encostado no parapeito, como se estivesse exausto, como se pretendesse cair para frente em todos os remates afiados e acabar com tudo. Ele não deu nenhum sinal de ter ouvido Anahí enquanto ela se aproximava e se movia para ficar ao lado dele. A partir dali a inclinação do telhado caía para uma visão vertiginosa da calçada abaixo.
— Poncho — ela chamou novamente — o que você está fazendo?
Ele não se virou. Estava olhando para a cidade, um contorno negro contra o céu avermelhado. A cúpula de São Paulo brilhava através do ar sujo, e o Tâmisa corria como um chá forte e escuro abaixo, quebrado aqui e ali com as linhas pretas de pontes. Formas escuras moviam-se pela borda do rio – catadores, buscando através da sujeira lançada pela água, na esperança de encontrar algo valioso para vender.
— Eu me lembro agora — Poncho disse sem olhar para ela — o que foi que eu estava tentando lembrar o outro dia. Era Blake. E eu contemplo Londres, uma terrível maravilha humana de Deus — ele olhou a paisagem — Milton pensava que o Inferno fosse uma cidade, você sabe. Acho que talvez ele estivesse meio certo. Talvez Londres seja apenas a entrada do Inferno, e nós somos as almas condenadas se recusando a atravessar, temendo que o que encontraremos do outro lado seja pior do que o horror que já conhecemos.
— Poncho — Anahí estava confusa — Poncho, o que foi, o que há de errado?
Ele agarrou o corrimão com ambas as mãos, os dedos embranquecendo. Suas mãos estavam cobertas com cortes e arranhões, os nós dos dedos raspados em vermelho e preto. Havia hematomas no rosto, também, escurecendo a linha do queixo, deixando roxa a pele sob seu olho. Seu lábio inferior estava cortado e inchado, e ele não tinha feito nada para se curar. Ela não podia imaginar o porquê.
— Eu deveria ter sabido — ele falou — que era um truque. Que Mortmain estava mentindo quando veio aqui. Maite tantas vezes vangloriou minha habilidade em táticas, mas um bom estrategista não é cegamente confiante. Eu fui um tolo.
— Maite acredita que é culpa dela. Henry acredita que a culpa é dele. Eu acredito que é minha culpa — Anahí disse com impaciência — nós não podemos todos ter o luxo de nos culpar, agora, podemos?
— Sua culpa? — Poncho parecia intrigado. — Porque Mortmain é obcecado por você? Isso dificilmente parece ser...
— Por trazer Nathaniel aqui — Anahí interrompeu. Dizer isso em voz alta a fazia sentir como se seu peito estivesse sendo espremido. — Por obrigar vocês a confiar nele.
— Você o amava. Ele era seu irmão.
— Ele ainda é — Anahí corrigiu — e eu ainda o amo. Mas sei o que ele é. Sempre soube o que ele era. Eu só não queria acreditar. Suponho que todos mentimos para nós mesmos às vezes.
— Sim — Poncho soava apertado e distante — suponho que fazemos isso.
Rapidamente Anahí disse:
— Eu vim aqui porque tenho uma boa notícia, Poncho. Por que você não me deixa dizer o que é?
— Diga-me — sua voz estava morta.
— Maite disse que posso ficar aqui. No Instituto.
Poncho não disse nada.
— Ela disse que não há lei contra isso — Anahí continuou, um pouco confusa agora — então não precisarei ir embora.
— Maite nunca teria feito você ir embora, Anahí. Ela não pode suportar abandonar até mesmo uma mosca apanhada numa teia de aranha. Ela não a teria abandonado — não havia vida na voz de Poncho e nenhum sentimento. Ele estava simplesmente declarando um fato.
— Eu pensei... — A euforia de Anahí estava desaparecendo rapidamente. — Que você ficaria pelo menos um pouco satisfeito. Pensei que estávamos nos tornando amigos — ela viu a linha de sua garganta se movimentar como se ele estivesse engolindo, com dificuldade, as mãos enrijecendo novamente na cerca — como uma amiga — continuou ela, sua voz caindo — eu aprendi a admirá-lo, Poncho. A me preocupar com você.
Ela estendeu a mão, querendo tocar a dele, mas recuou, assustada com a tensão em sua postura, a brancura das juntas que agravam a grade de metal. As marcas vermelhas de luto se destacavam, escarlates sobre a pele esbranquiçada, como se tivessem sido cortadas lá com facas.
— Eu pensei que talvez...
Finalmente Poncho se virou para olhar diretamente para ela. Anahí ficou chocada com a expressão em seu rosto. As sombras sob seus olhos eram tão escuras que eles pareciam vazios.
Ela parou e olhou para ele, querendo que ele dissesse o que um herói de um livro diria agora, neste momento. Anahí, meus sentimentos por você cresceram além do mero sentimento de amizade. Eles são muito mais raros e preciosos do que isso...
— Venha aqui — ele falou em vez disso.
Não havia nada de boas-vindas em sua voz, ou na forma como ele estava. Anahí lutou contra seu instinto de fugir e aproximou-se dele, perto o suficiente para que ele a tocasse. Ele estendeu as mãos e tocou levemente seu cabelo, ajeitando os cachos ao redor do rosto.
— Annie.
Ela olhou-o. Seus olhos eram da mesma cor do céu manchado de fumaça; mesmo ferido, seu rosto era bonito. Ela queria tocá-lo, queria isso de algum modo rudimentar, instintivo, que não podia nem explicar, nem controlar. Quando ele se inclinou para beijá-la, tudo que ela pôde fazer foi se manter no lugar até que seus lábios encontraram os dela.
Postando meninas, não precisam ficar mais ansiosas =3
Autor(a): Alien AyA
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Sua boca roçou a dela, e ela provou sal nele, o cheiro de pele ferida e macia, onde o lábio estava cortado. Ele a pegou pelos ombros e puxou-a para perto, seus dedos atados ao tecido do vestido. Ainda mais que no sótão, ela se sentia presa no turbilhão de uma poderosa onda que ameaçava atirá-la para cima e para baixo, esmag&aa ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 325
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nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03
que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43
adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53
que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12
adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss
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Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54
Chorei :/ Adeus não viu Adri..
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10
chorrei bastante viu... ;(
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37
nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..
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Postado em 23/09/2015 - 13:52:16
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.
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franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41
Nossa....