Fanfics Brasil - Livros Anjo Mecânico [FINALIZADA]

Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico


Capítulo: Livros

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No momento em que Henry saiu, Poncho e Ucker começaram uma discussão séria a respeito das reparações, feiticeiros, Acordos, convênios e leis que deixaram Anahí com a cabeça girando. Silenciosamente, ela se levantou e saiu da mesa, fazendo o seu caminho para a biblioteca.


Apesar de seu tamanho imenso, e o fato de que quase nenhum dos livros que forravam as paredes estava em inglês, aquele era seu lugar favorito no Instituto. Havia algo sobre o cheiro dos livros, o cheiro de tinta, papel e couro, a poeira que se formava na biblioteca, que parecia se comportar de forma diferente do pó em qualquer outra sala, à luz das pedras enfeitiçadas, estabelecendo-se como pólen através das superfícies polidas das longas mesas. Church, o gato, estava dormindo em uma estante alta de livros, sua cauda enrolada acima de sua cabeça. Anahí deu-lhe um amplo espaço enquanto se movia em direção à pequena seção de poesia ao longo da parede inferior do lado direito. Church era adorado por Ucker, mas era conhecido por morder as pessoas sem nenhum motivo.


Ela encontrou o livro que estava procurando e se ajoelhou ao lado da estante, folheando até que encontrou a página certa. Era a cena em que um velho homem,Christabel, compreende que a garota em pé diante dele é a filha de um homem que em outra época foi seu melhor amigo, e que hoje é seu inimigo mais odiado, e que ele nunca poderá esquecer.


Ai de mim! Eles foram amigos na mocidade;
mas murmúrios podem envenenar verdade;
e a firmeza permanece além;
e a vida é penosa, a juventude é vã;
e estar irado com alguém que amamos
porventura enlouquece o cérebro
. . .
Cada um falou palavras de grande desprezo
E insultou o coração de seu melhor amigo, irmão...
Eles se separaram... nunca se encontraram novamente!


A voz que veio sobre sua cabeça era tão leve quanto arrastada – instantaneamente familiar.


— Verificando a precisão de minha citação?


O livro escorregou das mãos de Anahí e caiu no chão. Ela levantou-se e viu, congelada, como Poncho se curvava para pegá-lo, e estendeu-o para ela, em sua forma de polidez extrema.


— Garanto a você — ele disse — a minha memória é perfeita.


Assim como a minha. Esta foi a primeira vez que esteve sozinha com ele nas últimas semanas após a terrível cena no telhado, quando havia insinuado que ela era um pouco melhor do que uma prostituta, e uma estéril sem mencionar. Eles nunca voltaram a falar nada a respeito novamente. Agiam como se tudo estivesse normal, educados um com o outro no Instituto, nunca sozinhos. De alguma forma, quando estavam com outras pessoas, ela era capaz de empurrá-lo para o fundo de sua mente, podia esquecer. Mas, confrontada frente a frente com Poncho, e apenas Poncho – lindo como sempre, com a gola da camisa aberta mostrando as marcas pretas entrelaçadas na sua clavícula e subindo na pele branca de sua garganta, com a luz das pedras enfeitiçadas olhando para os ângulos elegantes de seu rosto... a sua memória se envergonhava, e ela sentiu uma raiva se levantar em sua garganta, sufocando suas palavras.


Ele olhou para sua mão, ainda segurando o pequeno volume de capa de couro verde.


— Você vai pegar o livro de Coleridge da minha mão ou vai apenas ficar aí parada para sempre nesta posição bastante tola?


Anahí silenciosamente estendeu a mão e pegou o livro dele.


— Se você deseja usar a biblioteca — ela falou, preparando-se para partir — pode ficar. Eu encontrei o que eu estava procurando, e já está tarde.


— Anahí — ele disse, estendendo a mão para detê-la.


Ela fitou-o, desejando que pudesse pedir-lhe para voltar a chamá-la de Srta. Portilla. Mas o jeito como ele disse seu nome fez com que ela tremesse, sentindo algo apertado em sua caixa torácica, deixando-a sem fôlego. Desejou que ele não utilizasse seu nome de batismo, mas sabia o quão ridículo seria fazer essa solicitação. Seria certamente estragar todo o seu trabalho de ser indiferente a ele.


— Sim?


Havia uma melancolia em sua expressão quando ele olhou-a. Tudo o que ela podia fazer era não encarar. Poncho, melancólico? Ele tinha que estar atuando.


— Nada. Eu... — Ele sacudiu a cabeça e uma mecha de cabelo escuro caiu sobre a testa, e ele empurrou-a para fora de seus olhos, impaciente. — Nada — ele repetiu. — A primeira vez que eu mostrei a biblioteca, você me disse que o seu livro favorito era The Wide, Wide World. Achei que você poderia querer saber que eu... o li.


Ele abaixou a cabeça, seus olhos azuis olhando para ela através daqueles cílios escuros e grossos. Ela se perguntou quantas vezes ele tinha conseguido tudo o que queria apenas fazendo isso. Ela usou sua voz educada e distante.


— E achou que foi do seu gosto?


— Nem um pouco. Achei trágico e sentimental.


— Bem, gosto não se discute — Anahí disse docemente, sabendo que ele estava tentando incitá-la, e recusando-se a morder a isca — o que é um prazer para uma pessoa é veneno para outra, não concorda?


Era sua imaginação, ou ele parecia desapontado?


— Você tem alguma outra recomendação de leitura americana para me dar?


— Por que você iria querer uma quando despreza meu gosto? Acho que você deveria aceitar que estamos muito distantes em matéria de leitura, como estamos em tantas coisas. Procure suas recomendações em outros lugares, Sr. Herrera.


Ela mordeu a língua tão logo as palavras saíram de sua boca. Sabia que tinha ido longe demais. E, de fato, Poncho estava surpreso, como uma aranha saltando para uma mosca especialmente saborosa.


— Sr. Herrera? — Ele exigiu. — Anahí, pensei...


— Você pensou o quê? — Seu tom era glacial.


— Que nós poderíamos pelo menos falar sobre os livros.


— Nós o fizemos. Você insultou o meu gosto. E deveria saber que The Wide, Wide World não é meu livro favorito. É simplesmente uma história que eu gostava, como The Hidden Hand, ou talvez você deva sugerir algo para mim, para que eu possa julgar o seu gosto. Seria o justo.


Poncho pulou para cima da mesa mais próxima e sentou-se, balançando as pernas, obviamente dando a pergunta algum pensamento.


— O Castelo de Otranto.


— Não é aquele livro que o filho do herói é esmagado até a morte por um capacete gigante que cai do céu? E você disse que Um conto de duas cidades foi bobo! — disse Anahí, que teria morrido ao invés de admitir que ela tinha lido Otranto e adorado.


— Um conto de duas cidades — ecoou Poncho — eu li de novo, você sabe, porque tínhamos conversado sobre isso. Você estava certa. Ele não é bobo em tudo.


— Não?


— Não. Há muito desespero nele.


Ela encontrou seu olhar. Seus olhos eram azuis como um lago, e ela se sentiu como se estivesse caindo dentro dele.


— Desespero?


Firmemente, ele diz:


— Não há futuro para Sydney, é isso, com ou sem amor? Ele sabe que não pode salvar-se sem Lucie, mas deixando-a perto dele, ele iria degradá-la.


Ela balançou a cabeça.


— Não é assim que eu me lembro. Seu sacrifício é nobre...


— É o que resta para ele — Poncho rebate — você não se lembra o que ele diz para Lucie? “Se fosse possível... que você pudesse ter devolvido o amor ao homem que vê diante de si – antes de ele se destruir, se perder, beber, uma pobre criatura mal tratada, como sabe que sou – ele teria consciência deste dia e da hora, de sua felicidade, ele não lhe traria miséria, tristeza, arrependimento, pragas e desgraça para te puxar junto com ele...”


Uma tora caiu na lareira, enviando uma chuva de faíscas, assustando os dois e silenciando Poncho.


O coração de Anahí saltou, e ela desviou os olhos para longe de Poncho. Estúpida, disse a si mesma com raiva. Tão estúpida. Lembrou-se de como ele a tratava, as coisas que tinha dito, e agora ela sentia seus joelhos quase virarem geleia por um trecho de Dickens.


— Bem — disse ela — você certamente já memorizou muita coisa. Isso foi impressionante.


Poncho puxou a gola de sua camisa, revelando a curva graciosa de sua clavícula. Levou um momento ela para perceber que Poncho estava mostrando uma marca uns poucos centímetros acima do coração.


— Mnemosyne — disse ele — uma runa de memória. Ela é permanente.


Anahí desviou o olhar rapidamente.


— É tarde. Eu devo ir me deitar, estou exausta.


Ela passou por ele e foi em direção a porta. Se perguntou se ele estaria magoado, então empurrou o pensamento de sua mente. Este era Poncho, vivido, bem humorado e encantador, ele era veneno para ela, para qualquer um.


— Vathek — ele falou, deslizando para fora da mesa.


Ela parou na porta e percebeu que ainda estava segurando o livro de Coleridge, mas depois decidiu que poderia muito bem levá-lo. Seria uma agradável mudança doCódex.


— O que significa isso?


— Vathek — ele repetiu — por William Beckford. Se você encontrou Otranto a seu gosto.


Ela ficou pensando como ele adivinhou que ela leu Otranto, nem mesmo admitiu ter lido ou gostado.


— Acho que você vai gostar.


— Oh — ela respondeu — bem. Obrigada. Vou me lembrar disso.


Ele não respondeu, ainda estava de pé onde o havia deixado, perto da mesa. Estava olhando para o chão, seu cabelo escuro escondendo o rosto. Seu coração ficou um pouco amolecido, e antes que ela pudesse se conter, falou:


— Boa noite, Poncho.


Ele olhou para cima.


— Boa noite, Anahí.


Ele parecia melancólico novamente, mas não tão sombrio quanto estava antes. Estendeu a mão para Church, que dormira durante a conversa inteira ao som do crepitar na lareira, e ainda estava estendido na estante de livros com as patas para o ar.


— Poncho... — Anahí começou, mas já era tarde demais.


Church fez um barulho uivando ao ser acordado, e atacou com suas garras. Poncho começou a praguejar.


Anahí saiu, incapaz de esconder o menor dos sorrisos.




Até Mais!


 



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Autor(a): Alien AyA

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 325



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  • nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03

    que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43

    adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53

    que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12

    adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss

  • Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54

    Chorei :/ Adeus não viu Adri..

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10

    chorrei bastante viu... ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37

    nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21

    sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..

  • Postado em 23/09/2015 - 13:52:16

    sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.

  • franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41

    Nossa....


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