Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico

— Poncho — sussurrou Ucker.

Ele parou em um beliche no meio da parede, e inclinou-se contra ele, como se suas pernas ameaçassem ceder.

Deitado no beliche estava Poncho, meio confuso sob um cobertor, escuro irregular. Ele não usava nada além de calças e uma camisa, seu cinto de armas pendurado em um cabide de prego no interior do beliche. Seus pés estavam descalços, os olhos semicerrados, o azul apenas ligeiramente visível sob a orla dos seus cílios escuros. Seu cabelo estava molhado com suor, colado na testa, as bochechas vermelhas brilhantes e febris. Seu peito subia e descia entrecortadamente, como se estivesse contendo o fôlego com problemas.

Anahí estendeu a mão e colocou as costas da mão em sua testa. Estava queimando.

— Ucker — ela falou baixinho — Ucker, temos que tirá-lo daqui.

O homem no beliche ao lado deles ainda estava cantando. Não que ele fosse um homem, exatamente. Seu corpo era curto e torcido, com os pés descalços terminando em cascos fendidos.

“Quando será isso?
Dizem os sinos de Stepney
Eu não sei, diz o grande sino de Bow...”

Ucker ainda estava olhando para Poncho, imóvel. Ele parecia congelado. Seu rosto estava em uma cor desigual, branco e vermelho.

— Ucker! — Anahí sussurrou. — Por favor. Ajude-me a levantá-lo.

Quando Ucker não se moveu, ela estendeu a mão, tomou Poncho pelo ombro e sacudiu-o.

— Poncho. Vamos... Acorde, por favor.

Ele só gemeu e se afastou dela, enterrando a cabeça contra seu braço. Ele era um Caçador de Sombras, ela pensou, feito de ossos e músculos, muito pesado para ela levantar. A menos...

— Se você não me ajudar — Anahí disse para Ucker — juro que vou me transformar em você, e vou levantá-lo eu mesma. E então todo mundo aqui vai saber como você fica em um vestido — ela fixou um olhar nele — você entendeu?

Muito lentamente, Ucker levantou os olhos até ela. Ele não parecia perturbado pela ideia de ser visto por ifrits em um vestido, nem parecia enxergá-la. Era a primeira vez que ela conseguia se lembrar de ver aqueles olhos de prata sem aquela luz brilhante por trás deles.

— Sim — ele respondeu, e enfiou a mão na cama, pegando Wil por um braço e puxando-o de lado, tendo pouco cuidado, e batendo a cabeça de Poncho com força, contra o trilho do lado da cama. Poncho gemeu e abriu os olhos.

— Deixe-me.

— Ajude-me com ele — Ucker pediu sem olhar para Anahí e, juntos, eles levantaram Poncho para fora do beliche. Ele quase caiu, deslizando seu braço ao redor.

Anahí conseguiu equilibrar-se enquanto Ucker recuperava o cinto de armas do prego onde estava pendurado.

— Diga-me que isso não é um sonho — Poncho sussurrou, acariciando o seu rosto até o pescoço.

Anahí saltou. Ele estava quente contra sua pele. Os lábios dele roçaram sua bochecha, e eram tão suaves quanto ela se lembrava.

— Ucker — Anahí chamou desesperadamente, e Ucker olhou para eles.

Tinha colocado o cinto de Poncho sobre o seu próprio, e parecia claro que ele não tinha ouvido uma palavra do amigo. Ele se ajoelhou para colocar as botas de Poncho, depois se levantou para pegar o braço de seu parabatai. Poncho parecia encantado com isso.

— Ah, bom. Agora, estamos os três juntos.

— Cale-se — ordenou Ucker.

Poncho riu.

— Ouça, Uckermann, você não tem dinheiro, não é? Eu tinha, mas gastei tudo.

— O que ele disse? — Anahí ficou perplexa.

— Ele quer que eu pague por suas drogas — a voz Ucker era dura — venha. Nós vamos levá-lo para a carruagem, e eu vou voltar com o dinheiro.

Enquanto se esforçavam em direção à porta, Anahí ouviu a voz masculina atrás deles, seguindo-os, fina e alta, terminando em uma risada estridente.

“Aqui vem uma vela para iluminar a cama,
E aqui um cutelo para cortar sua cabeça!”

Até Mais!