Fanfics Brasil - Eu Nunca Quis Te Machucar Anjo Mecânico [FINALIZADA]

Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico


Capítulo: Eu Nunca Quis Te Machucar

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Era quase meia-noite quando Poncho voltou para o Instituto. Tinha começado a chover quando estava no meio da Rua Threadneedle. Ele se abrigara sob o toldo deDean and Son Publishers e desabotoara sua jaqueta em busca do cachecol, mas a chuva já havia chegado a sua boca – grandes gotas geladas que tinham gosto de carvão e lodo. Ele encolheu os ombros contra a picada de frio quando deixou o abrigo do toldo e dirigiu-se para o Instituto.


Mesmo depois de anos em Londres, a chuva o fazia pensar em casa. Ele ainda se lembrava do caminho encharcado no campo, no País de Gales, o aroma fresco do verde, do jeito que brincava escorregando em uma encosta úmida, grama prendendo-se em seu cabelo e roupas. Ele fechou os olhos. Podia ouvir o eco do riso da irmã em seus ouvidos. Poncho, você vai estragar a sua roupaPoncho, a mãe ficará furiosa...


Poncho nunca seria um londrino – tinha em seu sangue a memória de grandes espaços abertos, a amplidão do céu, o ar puro. Não estas ruas estreitas abarrotadas de pessoas, a poeira de Londres em todos os lugares – suas roupas, uma pulverização fina em seu cabelo e na parte de trás do pescoço – e o cheiro imundo do rio.


Tinha chegado na Rua Fleet. O bar Temple era visível através da névoa ao longe, a rua estava escorregadia com a chuva. Uma carruagem entrou em um beco entre dois prédios, as rodas espirrando água suja contra o meio-fio.


Ele podia ver a torre do Instituto, à distância agora. Certamente o jantar já terminou, Poncho pensou. Tudo fora guardado. Bridget estaria dormindo, e ele poderia ir para a cozinha e fazer uma refeição de pão, queijo e torta fria. Havia sentido falta de uma boa refeição ultimamente, e se fosse sincero consigo, só havia uma razão para isso: estava evitando Anahí.


Ele não quis evitá-la de fato, havia falhado miseravelmente naquela tarde, acompanhando-a não só para o treinamento, mas também para a sala de estudos depois. Às vezes ele se perguntava se fazia essas coisas apenas para se testar. Para ver se os sentimentos tinham acabado. Mas eles não tinham. Quando a via, queria estar com ela; quando estava com ela, sofria por não tocá-la; quando tocava sua mão, queria abraçá-la. Ele queria senti-la contra ele do jeito que tinha sentido no sótão. Queria saber o gosto de sua pele e o cheiro do seu cabelo. Queria fazê-la rir. Queria sentar e ouvi-la falar sobre livros até seus ouvidos caírem. Mas tudo isso eram coisas que ele não podia querer, porque eram coisas que ele não poderia ter, e querer o que você não pode ter leva à miséria e à loucura.


Ele tinha chegado em casa. A porta do Instituto se abriu ao seu toque, e a sua frente surgiu um hall cheio de pedras enfeitiçadas bruxuleantes. Ele pensou na onda que as drogas haviam lhe trazido no antro da Avenida Whitechapel. A libertação feliz de não querer ou precisar de nada.


Ele havia sonhado que estava deitado em uma colina no País de Gales com o céu alto e muito azul, e que Anahí tinha vindo a pé até o morro para ele e se sentou ao seu lado. “Eu amo você”, ele tinha dito a ela, e a beijou, como se fosse a coisa mais natural do mundo. “Você me ama?” Ela sorriu para ele. “Você vai sempre estar em primeiro lugar em meu coração”, ela havia respondido. “Diga-me que não é um sonho”, ele sussurrou quando ela colocou os braços ao redor dele, e então Poncho já não sabia se estava acordado ou dormindo.


Ele tirou seu casaco enquanto subia as escadas, sacudindo seu cabelo molhado. Água fria escorria nas costas de sua camisa, gelando sua coluna, fazendo-o tremer. O pacote precioso que ele tinha comprado dos ifrits estava no bolso da calça. Ele enfiou a mão dentro, tocando-o com os dedos, só para ter certeza.


Os corredores estavam iluminados com as pedras enfeitiçadas, ele foi até a metade caminho quando fez uma pausa. A porta de Anahí estava logo ali, ele sabia, e em frente a dela estava a de Ucker. E ali, na frente da porta dela, estava Ucker. Ele estava andando “de um lado para o outro”, fazendo um buraco no chão, como Maite teria dito.


— Christopher — Poncho falou, mais surpreso do que qualquer outra coisa.


A cabeça Ucker ergueu e ele se afastou da porta de Anahí instantaneamente, recuando em direção ao seu próprio quarto. Seu rosto ficou branco.


— Acho que eu não deveria estar surpreso ao encontrá-lo vagando pelos corredores a esta hora.


— Acho que podemos concordar que o inverso é mais fora do personagem — Poncho respondeu — por que está acordado? Você está bem?


Ucker lançou um último olhar para a porta de Anahí, e então se virou para Poncho.


— Eu ia pedir desculpas a Anahí — ele falou — acho que meu jeito de tocar violino deve tê-la mantido acordada. Onde você esteve? Teve dificuldades com Nigel Seis Dedos de novo?


Poncho sorriu, mas Ucker não retornou o sorriso.


— Eu tenho algo para você, na verdade. Venha, deixe-me dá em seu quarto. Não quero passar a noite toda de pé no corredor.


Após Ucker ter um momento de hesitação, ele deu de ombros e abriu a porta. Ele entrou, seguido por Poncho, e fechou a porta atrás deles quando Ucker jogou-se em uma poltrona. Ele olhou para Poncho.


— O que é, então? — Ele começou, e inclinou-se fortemente convulsionando por uma tosse forte.


Ela passou rapidamente, antes que Poncho pudesse se mover ou falar, mas quando Ucker endireitou-se e roçou a palma da mão na boca, ela saiu manchada de vermelho.


Ele olhou para o sangue sem expressão.


Poncho se sentiu nauseado. Ele se aproximou de seu parabatai com um lenço, que deu a Ucker, e depois com o pó prata que tinha comprado em Whitechapel.


— Aqui — ele entregou o conteúdo a Ucker se sentindo estranho. Há muito tempo ele não se sentia estranho diante de Ucker, há quase 5 anos — voltei a Whitechapel, e comprei isso para você.


Ucker limpou o sangue de sua mão com o lenço de Poncho, pegou o pacote e olhou para o yin fen.


— Tenho o suficiente disso por pelo menos mais um mês — ele olhou para cima, em seguida, uma centelha súbita em seus olhos — será que Anahí lhe contou...


— Contou o quê?


— Nada. Eu derramei um pouco do pó no outro dia. Consegui recuperar a maior parte — Ucker mostrou o pacote sobre a mesa ao lado dele — isso não era necessário.


Poncho se sentou na poltrona, ao pé da cama de Ucker. Odiava que suas pernas fossem tão longas, ele sempre se sentiu como um adulto tentando se espremer por trás de uma mesa da sala de aula, mas queria ficar com os olhos no nível dos de Ucker.


— Os servos de Mortmain tem comprado uma grande quantidade de yin fen no East End. — ele falou. — Eu confirmei. Se o seu acabar, essa era a única fonte...


— Então você comprou para que eu não ficasse sem antes — Ucker completou — amenos que esteja disposto a me deixar morrer, que seria, é claro, a atitude mais sensata a se tomar.


— Eu não estou disposto — Poncho soou afiado — você é meu irmão de sangue. Fiz um juramento de não deixar nenhum dano lhe acontecer.


— Deixando juramentos de lado, e jogos de poder, algo disso tem a ver comigo?


— Eu não sei o que quer dizer.


— Eu estava começado a me perguntar se você seria capaz de poupar alguém do sofrimento.


Poncho balançou ligeiramente para trás, como se Ucker o tivesse empurrado.


— Eu... — Ele engoliu em seco, procurando as palavras.


Fazia tanto tempo desde que procurara palavras para ganhar perdão e não o ódio, tanto tempo que havia tentado se desculpar sobre qualquer coisa sem ser da pior maneira. Se perguntou em um momento de pânico se ainda sabia fazer.


— Eu falei com Anahí hoje — ele começou, finalmente, não percebendo que o rosto de Ucker empalideceu ainda mais — ela me fez entender que o que fiz ontem à noite foi imperdoável. Embora — acrescentou apressadamente — eu ainda espero que você me perdoe. — Pelo Anjo, eu sou ruim nisso.


Ucker levantou uma sobrancelha.


— Pelo o quê?


— Eu fui para o antro porque não conseguia parar de pensar na minha família, e eu queria... precisava... parar para pensar — Poncho revelou — não passou pela minha cabeça que você iria achar que eu estava fazendo uma brincadeira de sua doença. Acho que estou pedindo seu perdão pela minha falta de consideração — sua voz caiu — todos cometem erros, Ucker.


— Sim. Você mais que todas as pessoas.


— Eu...


— Você machuca a todos. Todos cuja vida toca.


— Não você — Poncho sussurrou — eu feri a todos, mas não você. Eu nunca quis te machucar.


Ucker colocou as mãos para cima, pressionando as palmas das mãos contra os olhos.


— Poncho...


— Você não pode não me perdoar — Poncho interrompeu, ouvindo o pânico tingindo sua própria voz — eu ficaria...


— Sozinho? — Ucker baixou as mãos, mas ele estava sorrindo torto agora. — E de quem é a culpa? — Ele se inclinou para trás contra a poltrona, seus olhos refletindo cansaço. — Eu sempre te perdoei. Teria te perdoado se não tivesse pedido desculpas. Na verdade, eu não estava esperando que você pedisse. Influência de Anahí, só posso adivinhar.


— Eu não estou aqui a pedido dela. Christopher, você é toda a família que eu tenho — voz de Poncho tremeu — eu morreria por você. Sabe disso. Eu morreria sem você. Se não fosse por você, eu estaria morto uma centena de vezes ao longo destes últimos cinco anos. Devo-lhe tudo, e se não pode acreditar que eu tenho empatia, talvez possa, pelo menos, acreditar que tenho honra, e dívida.


Ucker olhou realmente alarmado agora.


— Poncho, sua descompostura é maior do que a minha raiva justificada. Meu temperamento esfriou, você sabe que eu nunca demorei muito com isso — seu tom de voz era calmo, mas algo em Poncho não podia ser acalmado.


— Eu fui comprar mais porque não posso suportar vê-lo sofrer ou morrer, não certamente quando eu poderia ter feito algo para evitar. E fiz isso porque eu estava com medo. Se Mortmain viesse até nós e dissesse que ele era o único que tinha a droga que iria salvar sua vida, saiba que eu lhe daria o que ele quisesse para obtê-la para você. Eu falhei com minha família antes, Christopher. Não falharei com você.


— Poncho — Ucker se levantou e atravessou a sala e ajoelhou-se diante de Poncho, olhando para o rosto de seu amigo — você começa a me preocupar. Seu arrependimento lhe dá crédito admirável, mas você deve saber...


Poncho olhou para ele. Lembrou-se de Ucker como era no dia que chegara de Xangai, seus grandes olhos escuros em um rosto pálido. Não era fácil vê-lo rir até então, mas Poncho pôs-se a tentar.


— Saber o quê?


— Que eu vou morrer — Ucker respondeu.


Seus olhos estavam arregalados, havia um rastro de sangue, ainda, no canto de sua boca. As sombras sob seus olhos eram quase azuis. Poncho apertou os dedos no pulso de Ucker, amassando o material de sua camisa. Ucker não estremeceu.


— Você jurou ficar comigo. Quando fizemos nosso juramento de parabatai. Nossas almas estão unidas. Somos uma só pessoa, Christopher.


— Somos duas pessoas — Ucker corrigiu — duas pessoas com um pacto.


Poncho sabia que soava como uma criança, mas não podia evitar.


— A aliança diz que você não deve ir onde eu não possa ir com você.


— Até a morte — Ucker completou suavemente — essas são as palavras do juramento. “Se outra coisa que não seja a morte me separar de ti”. Algum dia, vou ir onde ninguém pode me seguir, e acho que vai ser mais cedo do que mais tarde. Alguma vez você já se perguntou por que eu concordei em ser seu parabatai?


— Ninguém melhor se ofereceu? — Poncho tentou com o humor, mas sua voz falhou como vidro.


— Pensei que você precisava de mim — Ucker respondeu — há um muro que você construiu em torno de si mesmo, Poncho, e eu nunca lhe perguntei porquê. Mas não se deve arcar com toda a carga sozinho. Pensei que você fosse me deixar entrar se eu me tornasse seu parabatai, e então você pelo menos teria alguém para se apoiar. Eu quis saber o que minha morte iria significar para você. Eu costumava temer que seria por sua causa. Temia que seria deixado sozinho dentro desse muro. Mas agora... algo mudou. Eu não sei por quê. Mas sei que é verdade.


— O que é verdade?


Os dedos de Poncho ainda estavam no pulso de Ucker.


— Esse muro está caindo.



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Autor(a): Alien AyA

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Anahí não conseguia dormir. Ela ficou imóvel de costas, olhando para o teto. Havia uma fenda em todo o gesso que parecia às vezes, como uma nuvem e, às vezes com uma navalha, dependendo da mudança da luz de velas. O jantar tinha sido tenso. Aparentemente, Gabriel dissera a Maite que se recusava a voltar e participar dos treinamentos ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 325



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  • nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03

    que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43

    adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53

    que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12

    adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss

  • Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54

    Chorei :/ Adeus não viu Adri..

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10

    chorrei bastante viu... ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37

    nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21

    sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..

  • Postado em 23/09/2015 - 13:52:16

    sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.

  • franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41

    Nossa....


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