Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico
Londres, abril de 1878
O demônio explodiu em uma chuva de sangue e entranhas.
Alfonso Herrera puxou de volta o punhal que estava segurando, mas era tarde demais. O ácido viscoso do sangue do demônio já tinha começado a corroer a lâmina brilhante. Ele amaldiçoou e jogou a arma de lado; ela caiu em uma poça imunda e começou a inflamar como um fósforo apagando. O demônio, é claro, tinha desaparecido – enviado de volta para qualquer que fosse o mundo demoníaco de onde tinha vindo, mas não sem deixar uma bagunça para trás.
— Ucker! — Poncho chamou, virando-se. — Onde está você? Você viu isso? Matei-o com um golpe! Nada mau, hein?
Mas não houve resposta para o chamado de Poncho.
Seu parceiro de caçada estava logo atrás dele na rua úmida e tortuosa alguns momentos antes, protegendo sua retaguarda, Poncho tinha certeza, mas agora Poncho estava sozinho nas sombras.
Ele franziu a testa em aborrecimento – era muito menos divertido se gabar sem Ucker para ver.
Olhou para trás, para onde a rua se estreitava em uma passagem que dava para a água preta ondulante do Tâmisa à distância. Através da abertura, Poncho podia ver os contornos escuros dos navios atracados, uma floresta de mastros como um pomar sem folhas. Nada de Ucker lá; talvez tivesse voltado para a Rua Narrow em busca de uma iluminação melhor. Dando de ombros, Poncho voltou pelo mesmo caminho que tinha vindo.
A Rua Narrow atravessa o bairro Limehouse, entre o cais ao lado do rio e as favelas apertadas espalhadas para o oeste em direção ao Whitechapel. A rua era tão estreita quanto o seu nome sugeria, alinhada com armazéns e edifícios de madeira assimétricos.
No momento estava deserta; até os bêbados cambaleando para casa depois de sair do pub Grapes tinham encontrado algum lugar para se recolher à noite. Poncho gostava do Limehouse, gostava da sensação de estar na margem do mundo, onde os navios partiam a cada dia para portos inimaginavelmente distantes. E a área ser frequentada por marinheiros, e consequentemente ser cheia de casas de jogos de azar, antros de ópio e bordéis, não fazia mal também. Era fácil se perder em um lugar como este. Ele nem mesmo se importava com o cheiro – fumaça, drogas para dormir e alcatrão, especiarias estrangeiras misturadas com o cheiro de água suja do rio Tâmisa.
Olhando de um lado para o outro na rua vazia, ele esfregou a manga do casaco no rosto, tentando limpar o fluído de demônio que ardia e queimava sua pele. O tecido saiu manchado de verde e preto. Havia um corte nas costas de sua mão também, um bem desagradável. Ele poderia usar uma runa de cura. Uma das de Maite, de preferência. Ela era particularmente boa em desenhar iratzes.
Uma forma se destacou das sombras e encaminhou-se para Poncho. Ele começou a avançar, depois parou. Não era Ucker, mas sim um policial mundano vestindo um capacete em forma de sino, um casaco pesado e uma expressão de perplexidade. Ele olhou para Poncho, ou melhor, através de Poncho.
Por mais acostumado que estivesse ao encanto, sempre era estranho ser olhado através, como se não estivesse lá. Poncho foi dominado por um súbito desejo de pegar o cassetete do policial e assistir enquanto o homem se agitava, tentando descobrir para onde o objeto tinha ido, mas Ucker o tinha repreendido nas poucas vezes que ele havia feito isso antes, e embora Poncho nunca pudesse realmente compreender a objeção de Ucker por toda a ação, não valia a pena chateá-lo.
Dando ombros e piscando os olhos, o policial atravessou Poncho, sacudindo a cabeça e resmungando baixinho sobre a promessa de abandonar o gim antes que realmente começasse a ver coisas. Poncho se afastou para deixar o homem passar, então levantou a voz para chamar:
— Christophe Uckermann! Ucker! Onde você está, seu bastardo traidor?
Desta vez, uma resposta fraca respondeu-lhe.
— Aqui. Siga a luz da pedra enfeitiçada.
Poncho se moveu em direção ao som da voz de Ucker. Parecia estar vindo de uma abertura escura entre dois armazéns; um brilho fraco era visível dentro das sombras, como a luz lançada de um fogo de Santelmo.
— Você me ouviu antes? Aquele demônio Shax pensou que conseguiria me pegar com suas malditas garras gigantes, mas eu o encurralei em um beco...
— Sim, eu te ouvi.
O jovem que apareceu na boca do beco era pálido à luz do lampião – ainda mais pálido do que geralmente era, o que na verdade era bastante pálido. Ele estava de cabeça descoberta, o que chamava a atenção imediatamente para o seu cabelo. Era de uma estranha cor prata brilhante, como uma moeda imaculada. Seus olhos eram do mesmo tom prateado, e seu rosto de ossatura fina era angular, a ligeira curva dos seus olhos a única pista de sua herança. Havia manchas escuras na parte da frente da sua camisa branca, e suas mãos estavam intensamente manchadas de vermelho.
Poncho ficou tenso.
— Você está sangrando. O que aconteceu?
Ucker acenou afastando a preocupação de Poncho.
— Não é meu sangue — ele virou a cabeça em direção ao beco atrás dele — é dela.
Poncho olhou para além de seu amigo, para as sombras mais densas do beco. No canto distante estava uma forma enrugada – apenas uma sombra na escuridão, mas quando Poncho olhou de perto, pôde distinguir a forma de uma mão pálida e um tufo de cabelo louro.
— Uma mulher morta? — Poncho perguntou. — Uma mundana?
— Uma menina, na verdade. Não mais de quatorze anos.
Diante disso, Poncho amaldiçoou em alto e bom som. Ucker esperou pacientemente que ele terminasse.
— Se tivéssemos aparecido apenas um pouco mais cedo — Poncho disse finalmente — aquele maldito demônio...
— Essa é a coisa estranha. Não acho que isso é obra do demônio — Ucker franziu a testa — demônios Shax são parasitas, parasitas de ninho. Teria preferido arrastar a vítima de volta ao seu covil para colocar ovos em sua pele enquanto ela ainda estivesse viva. Mas esta menina... ela foi esfaqueada repetidamente. E não acho que foi aqui, tampouco. Simplesmente não há sangue suficiente no beco. Acho que ela foi atacada em outro lugar, e se arrastou até aqui para morrer por causa dos ferimentos.
— Mas o demônio Shax...
— Eu estou te dizendo, não acho que foi o Shax. Acho que o Shax a estava perseguindo – caçando-a por algo ou alguém.
— Shaxes têm um ótimo olfato — Poncho admitiu — já ouvi falar de feiticeiros usando-os para seguir as pistas dos desaparecidos. E ele parecia estar se movendo com um estranho tipo de propósito — ele olhou para além de Ucker, para a lamentável insignificância da forma enrugada no beco — você não encontrou a arma, encontrou?
— Aqui — Ucker tirou algo de dentro de sua jaqueta – uma faca longe, envolta em um pano branco — é uma espécie de punhal de misericórdia ou de caça. Olhe como a lâmina é fina.
Poncho a pegou. A lâmina era realmente fina, terminando em um cabo feito de osso polido. Tanto a lâmina quanto o cabo estavam manchados com sangue seco. Com uma careta, ele limpou a superfície lisa da faca no tecido áspero de sua camisa, esfregando até que um símbolo, gravado na lâmina, tornou-se visível. Duas serpentes, uma mordendo a cauda da outra, formando um círculo perfeito.
— Ouroboros — disse Ucker, inclinando-se próximo para olhar fixamente a faca — um duplo. Agora, o que você acha que isso significa?
— O fim do mundo — Poncho respondeu, ainda olhando para o punhal, um pequeno sorriso brincando em sua boca — e o começo.
Ucker franziu a testa.
— Eu entendo a simbologia, Alfonso. Eu quis dizer o que você acha que sua presença no punhal significa?
O vento vindo do rio estava despenteando o cabelo de Poncho; ele o afastou dos olhos com um gesto de impaciência e voltou a estudar a faca.
— É um símbolo alquímico, e não de um feiticeiro ou Ser do Submundo. Isso geralmente significa seres humanos – os tipos de mundanos tolos que pensam que usar magia é a forma para a obtenção de riqueza e fama.
— O tipo que geralmente acaba em uma pilha de trapos sangrentos dentro de algum pentagrama — Ucker soou cruel.
— O tipo que gosta de espreitar nos território do Submundo da nossa bela cidade — depois de cuidadosamente envolver o lenço ao redor da lâmina, Poncho a deslizou para o bolso de sua jaqueta — você acha que Maite vai me deixar guiar a investigação?
— Acha que você pode ser confiável no Submundo? As casas de jogos, os antros de perversão mágica, as mulheres de moral duvidosa...
Poncho sorriu da maneira como Lúcifer poderia ter sorrido, momentos antes de cair do céu.
— Será que amanhã seria muito cedo para começar a procurar?
Ucker suspirou.
— Faça o que quiser, Alfonso. Você sempre faz.
Amanhã postarei o 1º capitulo então comentem ;)
Autor(a): Alien AyA
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 325
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nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03
que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43
adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53
que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12
adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss
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Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54
Chorei :/ Adeus não viu Adri..
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10
chorrei bastante viu... ;(
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37
nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..
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Postado em 23/09/2015 - 13:52:16
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.
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franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41
Nossa....