Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico
— Vamos, então, senhorita? — Cyril perguntou.
Apesar do quanto ele se parecia com Thomas, Anahí pensou, ele tinha um comportamento menos tímido. Olhou-a diretamente nos olhos enquanto falava, e os cantos de sua boca sempre pareciam estar prestes a dobrar em um sorriso. Ela se perguntou se sempre havia um irmão calmo e um irmão mais tenso, como Gabriel e Gideon.
— Sim, eu acho que nós... — Anahí parou de repente, um pé prestes a descer os degraus.
Era ridículo, ela sabia, e ainda assim, tinha tirado o seu anjo mecânico para se transformar em Jessamine. Ela não podia colocá-lo novamente. Não poderia usá-lo, caso contrário Nate iria reconhecê-la imediatamente, mas tinha a intenção de colocá-lo no bolso para dar sorte, e tinha esquecido. Hesitou agora. Era mais do que superstição tola, por duas vezes o anjo tinha literalmente salvo a vida dela. Ela se virou.
— Acho que me esqueci de algo. Espere por mim aqui, Cyril. Volto em um momento.
A porta para o Instituto ainda estava aberta; Anahí voltou por ela e subiu as escadas, passando através das salas e ao passar pelo corredor que levava ao quarto de Jessamine, ela congelou.
O corredor para o quarto de Jessamine era o mesmo que levava para a sala de treinamento. Ela tinha visto Sophie e Gideon desaparecerem ali minutos atrás. Só que não tinham desaparecido, ainda estavam lá. A luz era fraca, e eles eram apenas sombras na penumbra, mas Anahí podia vê-los claramente: Sophie, de pé contra a parede e Gideon apertando sua mão.
Anahí deu um passo para trás, seu coração batendo forte no peito. Nenhum deles a viu. Pareciam completamente concentrados um no outro. Gideon inclinou-se, então, murmurando alguma coisa para Sophie, gentilmente afastando uma mecha de cabelo de seu rosto. O estômago de Anahí ficou tenso, e ela se virou e se arrastou para longe, tão silenciosamente quanto podia.
O céu estava um tom mais escuro quando ela voltou às escadas. Cyril estava lá, assobiando sem ritmo, e se interrompeu abruptamente quando viu a expressão de Anahí.
— Está tudo bem, senhorita? Conseguiu o que queria?
Anahí pensou em Gideon movendo o cabelo de Sophie para longe de seu rosto. Ela se lembrou das suaves mãos de Poncho em sua cintura e a suavidade do beijo de Ucker em sua bochecha, e sentiu como se sua mente estivesse girando. Quem era ela para dizer a Sophie ter cuidado, mesmo em silêncio, quando estava ela própria tão perdida?
— Sim — ela mentiu — eu consegui o que queria. Obrigado, Cyril.
•••
O armazém era um grande edifício de pedra calcária rodeado por uma cerca de ferro forjado preto. As janelas estavam bloqueadas e um cadeado mantinha os portões da frente fechados, que continham as palavras Companhia Mortmain em letras negras, porém mal se podia notar com tanta ferrugem.
Os Caçadores de Sombras deixaram a carruagem no meio-fio com um encantamento para escondê-la dos olhares mundanos, evitando que fosse roubada ou incomodada por de passantes, pelo menos até que Cyril chegasse e esperasse ali.
Uma inspeção mais detalhada do cadeado mostrou a Poncho que o cadeado fora aberto e lubrificado recentemente. Fazendo uma runa para “abrir”, Poncho e outros deslizaram para dentro, fechando o portão por trás deles.
Outra runa destrancou a porta da frente, levando-os em um conjunto de escritórios. Apenas um ainda estava mobiliado, com mesa, uma lâmpada verde e um sofá floral com um encosto alto.
— Sem dúvida, era onde Jessamine e Nate faziam a maior parte de seu namoro — Poncho observou alegremente.
Ucker fez um som de nojo e cutucou o sofá com a bengala. Maite estava debruçada sobre a mesa, vasculhando apressadamente as gavetas.
— Eu não sabia que você tinha tomado uma postura anti-namoro — Poncho comentou.
— Não em princípio. O pensamento de Nate Portilla tocar alguém... — Ucker fez uma careta — e Jessamine tão convencida de que ele a ama. Se pudesse vê-la, acho que até mesmo você teria pena dela, Poncho.
— Eu não faria isso. Amor não correspondido é um estado ridículo, e isso faz com que as pessoas se comportem de forma ridícula — ele puxou o curativo no braço como se tivesse causando dor — Maite? A escrivaninha?
— Nada — ela fechou a última gaveta — alguns papéis que listam os preços do chá e as horas dos leilões de chá, mais nada, nada de mortos, somente teias de aranha.
— Que romântico — murmurou Poncho.
Ele se esquivou por trás de Ucker, que se encaminhou para o escritório adjacente, usando a bengala para varrer longe as teias de aranha. Os quartos seguintes estavam vazios, e o último aberto dava para o segundo piso do armazém.
Era um grande espaço escuro, seu teto desaparecendo na escuridão. Frágeis degraus de madeira levavam a uma galeria do segundo andar. Sacos de estopa estavam escorados contra as paredes, olhando para todos das sombras, como corpos caídos. Poncho ergueu a luz enfeitiçada, enviando raios de luz através da sala enquanto Henry passou a investigar um dos sacos. Ele estava de volta em um momento, encolhendo os ombros.
— Folhas de chá trituradas e despedaçadas — disse ele.
Mas Ucker estava balançando a cabeça, olhando em volta.
— Estou disposto a aceitar que este ponto era um local de comércio ativo de chá. Está claramente fechado há anos, desde que Mortmain decidiu interessar-se em mecanismos. Ainda assim, o piso está livre de poeira — ele segurou o pulso de Poncho, orientando o feixe da pedra enfeitiçada sobre o chão liso de madeira — houve mais atividades aqui, além de Jessamine e Nate simplesmente se reunirem em um escritório em desuso.
— Há mais escritórios dessa forma — Henry falou, apontando para o final da sala — Maite e eu vamos vasculhá-los. Poncho, Ucker, vocês examinam o segundo andar.
Era um momento raro quando Henry dava ordens; Poncho olhou para Ucker e sorriu, começando a fazer seu caminho até a madeira frágil das escadas. Os degraus rangeram sob a pressão, e sob o peso mais leve de Ucker atrás de Poncho. A pedra enfeitiçada na mão de Poncho formou padrões afiados de luz contra a parede quando ele chegou ao degrau mais alto.
Se viu em uma galeria, uma plataforma onde talvez arcas de chá tivessem sido armazenadas ou onde encarregados ficavam observando o andar de baixo. Ela estava vazia agora, exceto por uma única figura, deitada no chão. O corpo de um homem, magro e jovem, e quando Poncho chegou mais perto, seu coração começou a bater loucamente, porque ele tinha visto aquilo antes, teve essa visão antes, o corpo flácido, o cabelo de prata e roupas escuras, os olhos fechados e machucados com os cílios prata.
— Poncho? — Era Ucker, atrás dele.
Ele olhou em silêncio para o rosto atordoado de Poncho e passou por ele, ajoelhando-se ao lado do homem no chão. Tomou o pulso do homem enquanto Maite chegava ao topo da escadaria. Poncho olhou para ela com surpresa, o rosto dela estava molhado com suor, e ela parecia um pouco enjoada.
Ucker falou:
— Ele tem um pulso. Poncho?
Poncho chegou mais perto e ajoelhou-se ao lado do amigo. A esta distância, era fácil ver que o homem no chão não era Ucker. Ele era mais velho, e caucasiano, crescia um pouco de barba prateada no queixo e nas bochechas, e seus traços eram mais amplos e menos definidos. Os batimentos cardíacos de Poncho desaceleraram quando os olhos do homem se abriram. Eram discos de prata, como os de Ucker.
Em um momento, Poncho o reconheceu. Ele cheirava a queima agridoce das drogas de bruxos, sentiu o calor em suas veias e sabia que tinha visto esse homem antes, e sabia onde.
— Você é um lobisomem. Um dos viciados, você compra yin fen dos ifrits na parte baixa da Whitechapel. Não é você?
Os olhos do lobisomem percorram os dois, e se prenderam em Ucker. Suas pálpebras se estreitaram, e sua mão disparou, agarrando Ucker pelas lapelas.
— Você — ele ofegou — você é um de nós. Por favor, deve ter alguma coisa com você...
Ucker recuou. Poncho segurou o lobisomem pelo pulso e puxou a mão dele. Não foi difícil, não havia força naqueles dedos paralisados.
— Não o toque — Poncho ouviu a própria voz como se à distância, recortada e fria — ele não tem nenhum do seu pó imundo. Não é uma droga para os Nephilim como é para você.
— Poncho — havia uma súplica na voz de Ucker. Seja mais cuidadoso.
— Você trabalha para Mortmain. Diga-nos o que faz para ele. Diga-nos onde ele está.
O lobisomem riu. Sangue espirrou sobre os lábios e escorreu pelo queixo. Um pouco espirrou na roupa de Ucker.
— Como se... eu soubesse onde... tá o Magistrado — chiou — tolos sanguinários, todos vocês. Nephilim inútil e cruel. Se eu tivesse forças, eu quebraria suas costelas estúpidas.
— Mas você não tem — Poncho era implacável — e talvez nós tenhamos um pouco de yin fen.
— Você não possui. Acha que eu não sei? — Os olhos do lobisomem vagaram. — Quando uso, vejo coisas, o yin fen me faz ver uma grande cidade com torres de cristal no céu.
Outro acesso de tosse e espasmos tomaram conta dele. Mais sangue respingou. Ele tinha um brilho prateado, como de mercúrio. Poncho trocou um olhar com Ucker. A cidade de cristal. Ele não podia deixar de pensar em Alicante, embora nunca tivesse estado lá.
— Pensei que estávamos indo viver lá, mas ao invés disso trabalhávamos noite e dia, e usando a droga nunca nos cansávamos. Então começamos a morrer, um por um. A droga te mata, porém não consigo viver sem ela. Voltei aqui para ver se ainda havia algo escondido. Mas não há. Não existe nenhum lugar para ir. Estou morrendo agora. Poderia muito bem morrer em qualquer lugar.
— Ele sabia o que estava fazendo quando lhe deu essa droga — Ucker falou — sabia que iria matá-lo. Ele não merece o seu segredo. Diga-nos o que ele estava fazendo, no que estava mantendo vocês trabalhando toda a noite e dia.
— Juntávamos as peças: aqueles homens de metal. Eles me davam arrepios, mas o dinheiro era bom e as drogas eram melhores.
— E o que você vai fazer com todo esse dinheiro agora? — Ucker perguntou, sua voz estranhamente amarga. — Quantas vezes ele fazia você usar? O pó de prata?
— Seis, sete vezes por dia.
— Não é à toa que a droga está se esgotando na Whitechapel — Poncho murmurou — Mortmain está controlando a venda.
— Você não deveria usá-la assim — Ucker falou — quanto mais você toma, mais rápido morre.
O lobisomem fixou seu olhar em Ucker. Seus olhos estavam cheio de veias vermelhas.
— E você, quanto tempo mais lhe resta?
Poncho virou a cabeça. Maite estava imóvel atrás dele no topo da escada, olhando. Ele levantou a mão para ela com um gesto.
— Maite, nós podemos levá-lo para baixo, talvez os Irmãos do Silêncio possam fazer algo para ajudá-lo. Se você pudesse...
Mas Maite, para surpresa de Poncho, tinha ficado com o rosto verde de tão pálido. Ela colocou a mão na boca e correu para baixo.
— Maite! — Poncho chamou, porém não se atreveu a gritar. — Oh, diabos. Tudo bem, Ucker. Você pegas as pernas, eu o seguro pelos ombros.
— Não há necessidade, Poncho — voz de Ucker era calma — ele está morto.
Poncho se virou para trás. Na verdade, os olhos de prata estavam abertos e vítreos, fixados no teto, o peito deixou de subir e descer. Ucker ia fechar suas pálpebras, mas Poncho segurou seu amigo pelo pulso.
— Não.
— Eu não ia dar-lhe a bênção, Poncho. Somente fechar os olhos.
— Ele não merece isso. Ele estava trabalhando com o Magistrado! — o sussurro de Poncho já estava subindo para um grito.
— Ele é como eu — Ucker falou simplesmente — um viciado.
Poncho olhou para ele sobre suas mãos unidas.
— Ele não é como você. E você não vai morrer assim.
Os lábios de Ucker se separaram em surpresa.
— Poncho...
Ambos ouviram o som de uma porta se abrindo e uma voz chamando o nome de Jessamine. Poncho agarrou Ucker e ambos se agacharam, avançando para a borda da galeria para ver o que estava acontecendo no piso inferior do armazém.
Autor(a): Alien AyA
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Capítulo 16 - Fúria mortal Ao ver a cruel mão do tempo apagarDos ricos o orgulho graças à decadência da idade;Quando, por vezes, as altas torres são destruídas,E o eterno escravo do metal entregue à mortal ira;– Shakespeare, Soneto 64 Era uma experiência peculiar andar pelas ruas de Londres como ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 325
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nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03
que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43
adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53
que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12
adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss
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Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54
Chorei :/ Adeus não viu Adri..
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10
chorrei bastante viu... ;(
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37
nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..
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Postado em 23/09/2015 - 13:52:16
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.
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franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41
Nossa....