Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico
O ar da noite estava frio, o nevoeiro formando poças intermitentes de luz amarelo-esverdeada sob as lâmpadas a gás enquanto Poncho fazia o seu caminho pela avenida principal até o endereço que Christian lhe havia dado em Cheyne Walk, perto do Chelsea Embankment. Poncho já podia sentir o cheiro familiar do lodo do rio, com a água suja e podre.
Estava tentando manter seu coração estável dentro do peito para que ele não batesse tão forte durante o caminho. Encontrara o bilhete de Christian dobrado em uma bandeja sobre a mesa ao lado de sua cama. Ele não escrevera nada mais além de um endereço rabiscado secamente: Cheyne Walk, 16. Poncho estava familiarizado com a caminhada na área em torno dessa rua.
Chelsea, um lugar perto do rio, era muito frequentado por artistas e literatos, e as janelas das pensões brilhavam amarelo-claras dando boas-vindas a quem passava. Ele apertou o casaco em torno de di quando virou uma esquina, fazendo seu caminho para o sul.
As costas e pernas ainda doíam dos ferimentos que tinha sofrido, e apesar das iratzes, ele estava dolorido, como se tivesse sido picado por dezenas de abelhas. Mas mal sentia. Sua mente estava cheia de possibilidades. O que Christian tinha descoberto? Certamente ele não iria chamar Poncho se não houvesse conseguido nada.
Seu corpo estava cheio da sensação e do cheiro de Anahí. Seu coração e mente não se concentravam na memória de seus lábios na noite do baile, mas na forma como ela tinha se inclinado contra ele esta noite, a cabeça em seu ombro, a respiração suave contra seu pescoço, como se ela confiasse totalmente nele.
Ele teria dado tudo o que tinha no mundo e tudo o que ele jamais teria só para poder deitar ao seu lado na cama da enfermaria, apoiá-la e acariciá-la enquanto dormia. Afastando os pesadelos dela e puxando para sua própria pele, mas ele teve que sair.
Da maneira como sempre tinha que fazer. Do jeito que sempre se afastava do que queria.
Mas talvez, depois desta noite... Ele atirou o pensamento para longe antes que germinasse em sua mente. Melhor não pensar nisso, melhor não esperar e se decepcionar.
Ele olhou em volta. Estava na Cheyne Walk, agora, com as suas belas casas e suas fachadas georgianas. Parou em frente ao número 16. A casa era alta, com uma cerca de ferro forjado ao redor e uma janela com sacada proeminente. Ele empurrou o portão ricamente trabalhado, estava aberto, e entrou fazendo o seu caminho até a porta da frente, onde tocou a campainha.
Para sua grande surpresa, a porta não foi aberta por um lacaio, mas por Woolsey Scott, seu cabelo loiro emaranhado até os ombros. Ele usava roupão verde escuro de brocado chinês sobre um par de calças escuras e um peito nu. Um monóculo de aro dourado estava empoleirado em um olho. Ele carregava um cachimbo na mão esquerda, e quando examinou Poncho, ele exalou, enviando uma nuvem de cheiro doce de fumo.
— Finalmente você assumiu que está apaixonado por mim, não é? — falou para Poncho. — Eu aprecio muito essas declarações-surpresa da meia-noite. — Ele encostou-se à moldura da porta e acenou com a mão lânguida cheia de anéis. — Tudo bem, pode entrar.
Somente uma vez Poncho ficou sem palavras. Não era uma posição em que encontrou-se muitas vezes, mas foi forçado a admitir que não gostava.
— Ah, deixe-o, Woolsey — disse uma voz familiar de dentro da casa.
Christian apressava-se pelo corredor. Ele tinha os punhos da camisa dobrados e seu cabelo negro era um emaranhado despenteado.
— Eu disse que Poncho viria.
Poncho olhou de Christian para Woolsey. Christian estava descalço, assim como o lobisomem. Woolsey tinha uma corrente de ouro brilhando no pescoço. Dali pendia um pingente em forma de pegada de lobo que dizia Beati Bellicosi, ou “Bem-aventurados são os guerreiros.” Scott viu Poncho observando-o e sorriu.
— Gosta do que vê? — perguntou.
— Woolsey — Christian alertou.
— Seu bilhete para mim tinha algo a ver com a convocação de um demônio, não é? — Poncho perguntou, olhando para Christian. — Esse não é um... chamado para te ajudar, é?
Christian balançou a cabeça.
— Não. São apenas negócios, nada mais. Woolsey foi gentil o suficiente para me deixar ficar com ele enquanto eu decidia o que fazer em seguida.
— Eu digo para irmos a Roma — disse Scott — eu adoro Roma.
— Tudo bem, tudo bem, mas primeiro preciso usar um quarto. De preferência um com pouco ou nada dentro dele.
Scott tirou o monóculo e olhou para Christian.
— E o que você vai fazer neste quarto? — Seu tom era mais do que sugestivo.
— Vamos convocar o demônio Marbas — Christian respondeu, piscando com um sorriso.
Scott engasgou com seu cachimbo.
— Acho que todos nós temos nossas ideias sobre o que constitui uma noite agradável...
— Woolsey — Christian passou as mãos ásperas pelo cabelo preto — eu odeio falar disso, mas você me deve. Hamburgo? 1863?
Scott jogou as mãos para cima.
— Ah, muito bem. Você pode utilizar o quarto do meu irmão. Ninguém o usa desde que ele morreu. Aproveite. Vou estar na sala de desenho com uma taça de xerez e algumas xilogravuras impertinentes que importei da Romênia.
Com isso, ele se virou e caminhou pelo corredor. Christian gesticulou para que Poncho entrasse, e ele entrou com alegria, o calor da casa envolvendo-o como um cobertor. Como não havia criado, ele deslizou seu casaco azul de lã e colocou-o sobre o braço enquanto Christian observava-o com um olhar curioso.
— Poncho, vejo que você não perdeu tempo depois leu a minha carta. Eu não estava te esperando até amanhã.
— Você sabe o que isto significa para mim. Realmente acha que eu ia atrasar?
Os olhos de Christian procuraram seu rosto.
— Você está preparado caso isso não funcione? Caso não seja o demônio correto? Caso a convocação de errado?
Por um longo momento, Poncho não pôde se mover. Ele conseguia ver seu próprio rosto no espelho que estava pendurado ao lado da porta. Ficou horrorizado quando se olhou, como se não houvesse mais nenhum muro entre o mundo e os desejos de seu próprio coração.
— Não. Eu não estou preparado.
Christian balançou a cabeça.
— Poncho... — ele suspirou. — Venha comigo.
Ele virou-se com uma graça felina e fez o seu caminho pelo corredor, subindo depois os degraus de madeira. Poncho o seguiu através da escada sombria. A escada era coberta por tapetes persa que abafavam seus passos. Nichos definidos nas paredes continham estátuas de mármore polido de corpos entrelaçados. Poncho olhou para longe deles apressadamente, e depois de volta. Não era como se Christian tivesse prestando atenção ao que Poncho estava fazendo, e ele honestamente nunca imaginou que duas pessoas pudessem ficar em uma posição como aquela, muito menos fazer com que parecesse artística.
Eles chegaram ao segundo patamar, e Christian seguiu pelo corredor abrindo as portas enquanto murmurava algo para si mesmo. Finalmente encontrando a porta correta, ele a abriu e fez um gesto para Poncho segui-lo.
O quarto do irmão falecido de Woolsey Scott era escuro e frio, e o ar cheirava a poeira. Poncho automaticamente se moveu para pegar uma pedra enfeitiçada, mas Christian acenou com uma mão dispensando-o, acendendo um fogo azul de seus dedos.
Fogo rugiu de repente na lareira, iluminando o quarto. Estava mobiliado, embora tudo estivesse coberto com panos brancos: a cama, o armário e as cômodas. Quando Christian andou pelo quarto, dobrando as mangas da camisa e gesticulando com as mãos, os móveis começaram a deslizar para as laterais. A cama virou-se e ficou contra a parede, as cadeiras, mesas e pia voaram para os cantos da sala.
Poncho assobiou. Christian sorriu.
— Facilmente impressionado — disse Christian, embora soasse um pouco sem fôlego.
Ele ajoelhou-se no centro da sala, agora vazio, e rapidamente desenhou um pentagrama. Em cada ponto do símbolo ele rabiscou uma runa, porém não uma que Poncho conhecia.
Autor(a): Alien AyA
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Christian levantou os braços e os estendeu sobre o pentagrama. Começou a cantar e abriu cortes em seus pulsos, derramando sangue no centro da estrela. Poncho ficou tenso quando o sangue caiu no chão e começou a queimar com um estranho brilho azul. Christian dali, ainda cantando e enfiou a mão no bolso retirando o dente do demônio. Qua ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 325
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nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03
que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43
adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53
que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12
adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss
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Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54
Chorei :/ Adeus não viu Adri..
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10
chorrei bastante viu... ;(
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37
nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..
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Postado em 23/09/2015 - 13:52:16
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.
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franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41
Nossa....