Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico
Eles voltaram para o Instituto em silêncio, a chuva fustigando as janelas da charrete. Maite tentou várias vezes falar com Gideon, mas ele ficou em silêncio, olhando para a paisagem turva das ruas que passava. Anahí não podia dizer se ele estava com raiva, se estava arrependido de suas ações ou até mesmo aliviado. Ele estava impassível como sempre, até mesmo quando Maite explicou-lhe que haveria sempre um quarto para ele no Instituto, e que mal podiam expressar a sua gratidão pelo o que ele tinha feito. Por fim, quando eles chegaram à Strand, ele disse:
— Eu tinha pensado que Gabriel viria comigo. Uma vez que ele soubesse de Mortmain...
— Ele não entende ainda — disse Maite — dê-lhe tempo.
— Como você sabia? — Poncho olhou para Gideon intensamente. — Nós descobrimos agora o que aconteceu com sua mãe. E Sophie disse que você não tinha ideia.
— Pedi para Cyril entregar dois bilhetes — Maite explicou — um para Benedict e outro para Gideon.
— Ele me entregou quando meu pai não estava olhando — Gideon concordou — eu tinha acabado de lê-lo quando vocês entraram.
— E você escolheu acreditar em nós? — Anahí perguntou. — Tão rápido?
Gideon olhou para a chuva batendo na janela. Sua mandíbula estava definida em uma linha dura.
— A história que meu pai contou sobre a morte de minha mãe nunca fez sentido para mim. Esta fazia mais.
Gideon estava a pouca distância de Anahí, e apesar da charrete estar úmida e lotada, ela sentiu uma estranha vontade de tocá-lo e dizer-lhe que também tinha um irmão, a quem amara e perdera para algo pior que a morte, e que ela entendia. Podia ver agora o que Sophie tinha gostado nele – a vulnerabilidade sob o semblante impassível, a honestidade sólida sob os ossos de seu rosto bonito.
Ela não disse nada, no entanto, percebendo que não seria bem-vindo. Poncho, por sua vez, sentou-se ao lado dela, era um feixe de energia. De vez em quando ela conseguia pegar um flash de azul quando ele olhava para ela, ou a ponta de um sorriso surpreendentemente doce, e Anahí sentiu algo como vertigem, coisa que nunca antes associou com Poncho. Era como se ele estivesse contando uma piada particular só para ela, só que ela não tinha certeza de que sabia do que se tratava a brincadeira.
Ainda assim, sentiu a tensão que emanava dele tão profundamente que a sua própria calma – ou o que havia dela – foi totalmente arrancada no momento em que, finalmente, chegaram ao Instituto.
Cyril, sempre tão amigável, deu a volta na charrete para abrir as portas. Ele ajudou a Maite primeiro, e depois Anahí. Então Poncho estava ao seu lado, pulando da charrete e por pouco não caiu em uma poça. Tinha parado de chover. Poncho olhou para o céu e tomou o braço de Anahí.
— Venha — ele sussurrou, conduzindo-a para a porta do Instituto.
Anahí olhou por cima do ombro, onde Maite ficou ao pé da escada, e finalmente tinha conseguido que Gideon falasse com ela. Ela estava gesticulando animadamente, usando suas mãos.
— Nós temos que esperar por eles, não devemos ir à frente... — Anahí começou.
Poncho balançou a cabeça com determinação.
— Maite ficará conversando com ele um pouco mais para encontrar um quarto para ele, dizer o quanto está grata por seu auxílio, e tudo o que quero é falar com você.
Anahí olhou para ele quando entraram no Instituto. Poncho queria falar com ela. Ele tinha dito isso antes, é verdade, mas falar tão diretamente era muito diferente dele.
Um pensamento tomou conta dela. Ucker tinha lhe contado de seu compromisso? E ele estava com raiva, pensando que ela não era digna de seu amigo? Mas quando foi que ele e Ucker tiveram uma chance de conversar? Talvez, enquanto ela se vestia, mas Poncho não parecia irritado.
— Eu não posso esperar para contar a Ucker sobre nossa reunião — ele falou enquanto subiam as escadas — ele nunca vai acreditar sobre de Gideon se desligar de seu pai assim! Uma coisa é contar em segredo para Sophie, outra é renunciar à fidelidade a toda sua família. No entanto, ele rejeitou o seu anel de família.
— É como você disse — Anahí falou enquanto eles subiram as escadas e foram em direção ao corredor. A mão enluvada de Poncho estava quente em seu braço — Gideon está apaixonado por Sophie. As pessoas fazem qualquer coisa por amor.
Poncho olhou para ela como se suas palavras tivessem sacudido-o e depois sorriu, o mesmo sorriso irritantemente doce que ele tinha dado a ela na charrete.
— Incrível não é?
Anahí fez como se fosse responder, mas eles tinham chegado à sala de estudo.
Entraram ali, o lugar parecia brilhante; as tochas de pedra de enfeitiçada reluziam e a lareira emanava calor. As cortinas foram abertas, mostrando pedaços de um céu de chumbo.
Anahí tirou o chapéu e as luvas e estava colocando-os em um pequeno banco marroquino quando viu que Poncho tinha seguido-a e estava passando o trinco na porta.
Anahí piscou.
— Poncho, por que você está trancando a p...
Ela nunca terminou a frase. Cobrindo o espaço entre eles em dois passos largos, Poncho chegou a ela e pegou-a em um abraço. Ela ofegou de surpresa quando ele a pegou pelos braços, empurrando-a para trás, até que colidiu com a parede e sentiu seu vestido reclamar.
— Poncho — ela falou, surpresa, mas ele estava prendendo-a à parede com seu corpo, suas mãos deslizando por seus ombros, no cabelo úmido, a boca quente sobre a dela.
Ela tentou girar, mas se afogou em seu beijo, seus lábios eram macios e seu corpo estava duro contra ela, e ele tinha gosto de chuva.
O calor espalhou-se pela boca do estômago com seus lábios se movendo sobre os dela com urgência, e a resposta dela foi igual.
O rosto de Ucker brilhou contra suas pálpebras fechadas. Anahí colocou as mãos espalmadas contra o peito de Poncho e empurrou-o para longe, tão difícil que quase não pôde. Sua respiração saiu em uma exalação violenta:
— Não.
Poncho deu um passo para trás com surpresa. Sua voz, quando falou, era gutural e sussurrante.
— Mas e noite passada? Na enfermaria? Eu... você me abraçou.
— Eu fiz?
Com um choque agudo ela percebeu que o que tinha tomado como um sonho tinha sido real, afinal. Ou ele estava mentindo? Mas não. Não havia forma de ele saber o que ela havia sonhado. Ela tropeçou em suas palavras.
— Eu... p-pensei que estivesse sonhando...
O olhar de desejo estava rapidamente desaparecendo de seus olhos, substituído por dor e confusão. Ele quase gaguejou:
— Mas hoje... pensei que você... você disse que estava tão ansiosa para estar a sós comigo como eu.
— Imaginei que você queria um pedido de desculpas! Você salvou a minha vida no armazém de chá, e sou grata por isso, Poncho. Pensei que você queria que eu fizesse isso.
Poncho olhou como se ela o tivesse esbofeteado.
— Eu não salvei a sua vida para que você ficasse grata!
— Então, o quê? — A voz dela se ergueu. — Você fez isso porque é o seu trabalho? Porque a Lei diz...
— Eu fiz isso porque te amo! — Ele meio que gritou, e então, como se registrasse o olhar chocado no rosto dela, ele continuou em uma voz mais suave — eu te amo, Anahí, te amei quase desde o momento em que te conheci.
Anahí estava segurando suas mãos. Elas estavam geladas.
— Pensei que você não podia ser mais cruel do que naquele dia no telhado. Eu estava errada. Isto é mais cruel.
Poncho ficou imóvel. Então ele balançou a cabeça lentamente, de lado a lado, como um paciente negando o diagnóstico mortal de um médico.
— Você... não acredita em mim?
— É claro que eu não acredito em você. Depois das coisas que você me disse, do jeito que me tratou.
— Eu tinha que fazer isso — ele respondeu — uu não tinha escolha. Anahí, ouça.
Ela começou a se mover em direção à porta. Ele lutou para bloquear seu caminho, seus olhos azuis em chamas.
— Por favor, ouça. Por favor.
Anahí hesitou. A maneira como ele disse “por favor”... o tom em sua voz, não era como aconteceu no telhado. Naquele momento, ele mal tinha sido capaz de olhar para ela. Agora ele estava fitando-a desesperadamente, como se não pudesse permanecer com o desejo sozinho. A voz dentro dela que gritava que Poncho iria machucá-la, que ele não era sincero, ficou mais suave, enterrada sob uma voz sempre traiçoeira que lhe dzia para ficar. Para ouvi-lo.
— Anahí — Poncho passou as mãos pelos cabelos negros, seus dedos magros tremendo de agitação. Anahí lembrou-se de como era tocar aquele cabelo, ter os dedos passando por ele, como seda contra sua pele — o que eu vou te dizer... eu nunca contei a outra alma viva além de Christian, e isso foi apenas porque eu precisava da ajuda dele. Eu nem sequer contei a Ucker — Poncho respirou fundo — quando eu tinha doze anos, e morava com meus pais no País de Gales, encontrei uma Pyxis no escritório do meu pai.
Ela não tinha certeza do que esperava Poncho dizer, mas isso não era tudo.
— Uma Pyxis? Mas por que seu pai mantinha uma Pyxis?
— Para manter a lembrança de seus dias como Caçador de Sombras? Quem pode adivinhar? Mas você se lembra do Códex dizendo como se podem lançar maldições? Bem, quando eu abri a caixa, liberei o demônio Marbas... e ele me amaldiçoou. Ele jurou que qualquer pessoa que me amasse estaria condenado a morrer. Eu não acreditava... Eu não era treinado em magia, mas minha irmã mais velha morreu naquela noite, horrivelmente. Pensei que fosse o início da maldição. Fugi da minha família vim para cá. Pareceu-me a única maneira de mantê-los seguros e não causar suas mortes. Eu não tinha percebido que estava entrando em uma segunda família. Henry, Maite, até mesmo a maldita Jessamine... Eu tinha que ter certeza de que ninguém aqui nunca poderia me amar, ou isso iria colocá-los em perigo mortal. Durante anos, tenho feito tudo o que é possível para me manter afastado, mas, não consegui me afastar totalmente.
Anahí olhou para ele. As palavras ecoaram em sua cabeça. Manter todos a uma distância... Pensou em suas mentiras, ele se escondendo, fazendo dissabores com Maite e Henry, as crueldades que pareciam forçadas, até mesmo a história de Tatiana e cujos afetos ele havia esmagado. E depois houve...
— Ucker — ela sussurrou.
Ele olhou para ela miseravelmente.
— Ucker é diferente — ele sussurrou.
— Ucker está morrendo. Você ficou com Ucker porque ele já estava perto da morte? Pensou que a maldição não o afetaria?
— E a cada ano que passou e ele sobreviveu, isso parecia mais provável. Pensei que eu poderia aprender a viver assim. Pensei que quando Ucker se fosse, depois que eu fizesse 18, eu iria viver por mim mesmo, não infligindo a mim ou a minha maldição sobre alguém... mas depois tudo mudou. Por sua causa.
— Eu? — Anahí repetiu, em uma voz calma e atordoada.
O fantasma de um sorriso tocou sua boca.
— Quando te conheci, pensei que você era diferente de qualquer outra coisa que já tinha conhecido. Você me fez rir. Não da forma como Ucker me faz rir, bom Deus, faz cinco anos. E você fez isso como se não fosse nada, como respirar.
— Você não me conhece. Poncho...
— Pergunte a Christian. Ele vai lhe dizer. Depois daquela noite no telhado, eu fui até ele. Eu te magoei porque pensei que você tinha começado a perceber como eu me sentia sobre você. No Santuário naquele dia, quando pensei que estava morta, percebi que você tinha sido capaz de lê-lo no meu rosto. Eu estava apavorado. Eu tinha que te fazer me odiar, Anahí. Então, eu tentei. E aí eu queria morrer. Pensei que poderia suportar se você me odiasse, mas eu não podia. Percebi que você iria permanecer no Instituto, e a cada vez que eu te via, era como estar no telhado novamente, fazendo com que você me desprezasse e sentindo como se eu fosse sufocar em veneno. Fui para Christian e exigi que ele me ajudasse a encontrar o demônio que me amaldiçoou, em primeiro lugar, para que a maldição fosse quebrada. Se fosse, pensei, eu poderia tentar novamente. Ela pode ser lenta, dolorosa e quase impossível, mas pensei que poderia fazer você se importar comigo de novo, se eu pudesse dizer-lhe a verdade. Que eu poderia ganhar a sua confiança de volta, construir alguma coisa com você, lentamente.
— Está me dizendo que a maldição acabou? Que ela se foi?
— Não há nenhuma maldição sobre mim, Anahí. O demônio me enganou. Nunca houve uma maldição. Todos esses anos eu tenho sido um tolo. Tão idiota que eu não percebi que a primeira coisa que eu precisava fazer era dizer como eu me sentia.
Autor(a): Alien AyA
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Ele deu mais um passo para a frente, e desta vez Anahí não se moveu para trás. Ela estava observando-o, a pele pálida, quase translúcida sob seus olhos, o cabelo escuro enrolando nas têmporas e na nuca, o azul de seus olhos e a curva de sua boca. Olhando para ele do jeito que só podia olhar para alguém amado, e ela n&ati ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 325
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nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03
que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43
adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53
que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12
adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss
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Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54
Chorei :/ Adeus não viu Adri..
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10
chorrei bastante viu... ;(
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37
nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..
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Postado em 23/09/2015 - 13:52:16
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.
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franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41
Nossa....