Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico
Gabriel Lightwood estava encostado na parede interna do Instituto, sem seu casaco; a camisa e as calças encharcadas em escarlate. Lá fora, pelas portas abertas, Anahí podia ver a carruagem dos Lightwood, com seu brasão de chamas ao lado, parada no fim da escadaria. Gabriel deve ter conduzido ele mesmo.
— Gabriel — Maite disse calmamente, como se tentasse acalmar um cavalo selvagem — Gabriel, conte-nos o que aconteceu, por favor.
Gabriel, alto e esguio, o cabelo castanho pegajoso com sangue tinha em seu rosto um olhar selvagem. Suas mãos estavam cheias de sangue também.
— Onde está meu irmão? Preciso falar com meu irmão.
— Ele está descendo. Enviei Henry para procurá-lo, e Cyril para deixar a carruagem do Instituto pronta. Gabriel, você está ferido? Precisa de uma iratze? — Maite tinha uma atitude materna, como se o garoto nunca tivesse encarado-a por trás da cadeira de Benedict Lightwood, e nunca conspirara com seu pai para tirar o Instituto dela.
— Há bastante sangue aí — disse Anahí, dando um passo a frente — Gabriel, ele não é todo seu, é?
Gabriel olhou para ela. Era a primeira vez, Anahí pensou, que o vira se comportar sem postura. Havia apenas um medo aturdido em seus olhos, medo e confusão.
— Não… é sangue deles…
— Deles? Quem são eles? — Era Gideon perguntando, descendo apressadamente pelas escadas, com uma espada em sua mão direita.
Junto com ele vinha Henry e Ucker, e atrás deles, Poncho e Cecily. Ucker parou nos degraus em um sobressalto, e Anahí percebeu que ele a observava em seu vestido de casamento. Seus olhos se arregalaram, mas os outros estavam a caminho, então ele foi levado abaixo da escadaria, como uma folha levada pelo vento.
— O pai está ferido? — Gideon continuou, andando até parar em frente ao seu irmão. — Você está ferido?
Ele ergueu a mão e colocou no rosto de seu irmão, pegando o queixo de Gabriel e virando a cabeça dele. Embora Gabriel fosse mais alto, o olhar de irmão mais novo era claro em seu rosto: alívio por seu irmão estar lá, e uma centelha de ressentimento por seu tom autoritário.
— O pai… — Gabriel começou — o pai é um verme.
Poncho soltou uma risada rápida. Ele estava em trajes de luta como se tivesse saído da sala de treinamento, o cabelo grudado em suas têmporas. Ele não olhou para Anahí, mas ela há havia se acostumado a isso. Poncho raramente olhava para ela a não ser que precisasse.
— Bom ver que você chegou à conclusão certa das coisas, Gabriel, mas essa é uma forma não usual de anunciar isso.
Gideon lançou um olhar de reprovação antes de se voltar para seu irmão.
— O que você quer dizer, Gabriel? O que o pai fez?
Gabriel balançou a cabeça.
— Ele é um verme — repetiu, sem emoção na voz.
— Eu sei. Ele trouxe vergonha ao nome Lightwood, e mentiu para nós dois. Envergonhou e destruiu nossa mãe. Mas não precisamos ser como ele.
Gabriel se livrou da mão de seu irmão, seus dentes repentinamente brilhando em uma carranca raivosa.
— Você não está me escutando. Ele é um verme. Uma grande e maldita coisa rastejante. Desde que Mortmain parou de mandar o medicamento, ele está ficando pior. Mudando. Aquelas feridas em seus braços, elas começaram a cobri-lo inteiro. Suas mãos, seu pescoço, seu r-rosto… — os olhos verdes de Gabriel fitaram Poncho — é a varíola, não é? Você sabe tudo sobre isso, não sabe? Não é algum tipo de especialista?
— Bem, não precisa falar como se eu tivesse inventado tudo — disse Poncho — só porque eu acreditava que a varíola existe. Há registros sobre isso, histórias antigas na biblioteca…
— Varíola demoníaca? — Cecily perguntou, seu rosto se contorcendo em confusão — Poncho, do que ele está falando?
Poncho abriu a boca, e suas bochechas coraram ligeiramente.
Anahí escondeu um sorriso. Passarem-se semanas desde que Cecily chegara ao Instituto, e sua presença ainda incomodava e perturbava Poncho. Ele parecia não saber se comportar perto de sua irmã mais nova, que não era mais a criança que ele lembrara, e cuja presença ele insistia que não era bem-vinda. E ainda assim, Anahí o via seguindo Cecily pelos lugares com os olhos, com a mesma expressão protetora e amorosa que às vezes lançava a Ucker. Certamente a existência de varíola demoníaca e como alguém a contraía era a última coisa que ele gostaria de explicar para Cecily.
— Nada que você precisasse saber — ele murmurou.
Os olhos de Gabriel se fixaram em Cecily, e seus lábios se partiram em surpresa. Anahí podia vê-lo analisando Cecily. Os pais de Poncho deveriam ser muito bonitos, Anahí pensou, pois Cecily era bonita e Poncho e era lindo, com o mesmo cabelo preto brilhoso e surpreendentes olhos azuis. Cecily lançou um olhar audacioso para ele, sua expressão curiosa; ela deveria estar imaginando quem era esse garoto, que parecia não gostar de seu irmão.
— O pai está morto? — Gideon perguntou, sua voz se elevando. — A varíola demoníaca o matou?
— Ele não está morto — Gabriel respondeu — está mudado. Aquilo o mudou. Algumas semanas atrás nos mudamos para Chiswick. Ele não quis dizer o porquê. Então se trancou em seu escritório. Ele nunca saía, nem mesmo para comer. Essa manhã fui para lá tentar animá-lo. A porta havia sido arrancada das dobradiças. Havia um… um rastro de algum material viscoso levando até o salão principal. Segui o rastro até lá em baixo, até os jardins — Gabriel olhou em volta para a entrada agora silenciosa — ele havia se tornado um verme. É isso o que eu estou tentando te dizer!
— Suponho que não seria possível — disse Henry, cortando o silêncio — alguém... hã… ter pisado nele?
Gabriel olhou para ele com repugnância.
— Eu procurei pelos jardins. Encontrei alguns dos serviçais. E quando digo que encontrei alguns deles, quero dizer que encontrei partes deles. Eles estavam... despedaçados! — Ele engoliu em seco e olhou para suas roupas cheias de sangue. — Ouvi um som, um barulho alto. Me virei e vi aquilo vindo em minha direção. Um grande verme cego como um dragão saído de uma lenda. Ele deslizou até mim, mas pulei até a carruagem, e a conduzi pelos portões. A criatura – papai – não me seguiu. Acho que ele teme ser visto em público.
— Ah — Henry comentou — é grande demais para que possamos pisar nele, então.
— Eu não deveria ter corrido — Gabriel continuou, olhando para seu irmão — deveria ter ficado lá e lutado contra a criatura. Talvez aquilo possa raciocinar. Talvez o pai ainda esteja lá dentro em algum lugar.
— E talvez ele tivesse te partido ao meio — Poncho apontou — o que você está descrevendo, essa transformação em demônio, é a última fase da varíola.
— Poncho! — Maite exclamou, gesticulando as mãos. — Por que você não contou isso antes?
— Você sabe, os livros sobre varíola demoníaca estão na biblioteca — Poncho disse com um tom ofendido — eu não estava impedindo ninguém de lê-los.
— Sim, mas se Benedict ia se transformar em uma enorme serpente, você poderia ao menos ter mencionado isso! É uma questão de interesse geral.
— Em primeiro lugar — Poncho replicou — eu não sabia que ele ia se transformar em um verme gigante. A etapa final da varíola demoníaca o está transformando em um demônio. Poderia ser de qualquer tipo. Em segundo, é preciso semanas para que o processo de transformação ocorra. Eu teria pensado que até mesmo um idiota declarado como o Gabriel aqui teria percebido isso e avisado alguém.
— Avisado quem? — perguntou Ucker, sensatamente.
Ele havia se aproximado de Anahí enquanto a conversa continuava. Como eles estavam lado a lado, suas mãos quase se tocavam.
— A Clave. O carteiro. Nós. Qualquer pessoa — Poncho respondeu, dando um olhar irritado para Gabriel, que estava começando a ter um pouco da sua cor de volta e parecia furioso.
— Eu não sou um idiota declarado…
— A falta da declaração não prova inteligência... — Poncho murmurou.
— E como eu disse, o pai se trancou em seu escritório na última semana…
— E você não pensou em tomar nenhuma atitude especial sobre isso? — Poncho perguntou.
— Você não conhece nosso pai — Gideon interviu com o tom de voz comedido que usava algumas vezes, quando a conversa sobre sua família era inevitável.
Ele se voltou para o irmão e colocou as mãos sobre os ombros de Gabriel, falando baixinho, de modo que nenhum deles podia ouvir.
Ucker, do lado de Anahí, passou seu dedo mindinho pelo dela, prendendo os dois. Era um gesto de afeição habitual, um que Anahí se acostumara ao longo dos últimos meses, o suficiente para fazê-la colocar sua própria mão sem pensar quando estava parado ao seu lado.
— Esse é o seu vestido de noiva? — ele perguntou em voz baixa.
Anahí foi salva de responder pelo aparecimento de Bridget, carregando trajes de luta, e Gideon subitamente se voltou para o resto deles e disse:
— Chiswick. Nós devemos ir. Gabriel e eu, ninguém mais.
— Irem sozinhos? — Anahí perguntou, assustada o suficiente para falar do nada. — Mas por que vocês não chamam outros para ir com vocês…
— A Clave — Poncho respondeu, seus olhos azuis perspicazes — ele não quer que a Clave saiba sobre seu pai.
— Você quereria — Gabriel rebateu com veemência — se fosse a sua família? — Seus lábios se curvaram. — Deixe pra lá. Não é como se você soubesse o significado de lealdade…
— Gabriel — a voz de Gideon era uma repreensão — não fale dessa forma com Poncho.
Gabriel pareceu surpreso, e Anahí não podia culpá-lo. Gideon sabia da maldição de Poncho, da crença que tinha causado sua hostilidade e suas maneiras grossas, como todos no Instituto sabiam, mas a história era privada para eles e não haviam contado para ninguém de fora.
— Nós vamos com você. É claro que vamos — Ucker falou, soltando a mão de Anahí e dando um passo à frente — Gideon nos ajudou. Nós não esquecemos, esquecemos, Maite?
— Claro que não — ela respondeu, virando-se — Bridget, o traje de luta…
— Eu sou já estou em trajes de luta, convenientemente — Poncho apontou, enquanto Henry tirou seu casaco e trocou por uma jaqueta de luta e um cinto de armas.
Ucker fez o mesmo, e de repente a porta de entrada estava repleta de movimentos – Maite falando baixinho com Henry, sua mão pairando bem acima de seu estômago. Anahí desviou o olhar por ser um momento íntimo e viu uma cabeça escura curvada próxima de uma clara. Ucker estava ao lado de Poncho desenhando com sua estela, traçando uma runa na garganta de Poncho.
Cecily olhou para seu irmão e fez uma careta.
— Eu também convenientemente já estou com trajes de luta — anunciou ela.
Poncho levantou a cabeça, fazendo Ucker fazer um som de protesto irritado.
— Cecily, absolutamente não.
— Você não tem direito de me dizer sim ou não — os olhos dela brilharam — eu vou.
Poncho sacudiu sua cabeça para Henry, que deu de ombros se desculpando.
— Ela tem o direito. Treinou por quase dois meses…
— Ela é uma garotinha!
— Você estava fazendo o mesmo com 15 anos — Ucker apontou tranquilamente, e Poncho girou sua cabeça de volta para ele.
Por um momento, todos pareciam segurar a respiração, até mesmo Gabriel. O olhar Ucker ficou fixo no de Poncho, e não foi a pela primeira vez que Anahí teve a sensação de palavras não ditas transitando entre eles.
Poncho suspirou e semicerrou os olhos.
— Anahí vai ser a próxima a querer vir...
— É claro que eu vou — Anahí respondeu — posso não ser uma Caçadora de Sombras, mas também tenho treinado. Ucker não vai sem mim.
— Você está em seu vestido de casamento — Poncho protestou.
— Bem, agora que todos vocês já viram, não posso usar para me casar — disse Anahí — má sorte, você sabe.
Poncho grunhiu algo ininteligível em galês, mas era claramente o tom de um homem derrotado. Do outro lado da sala, Ucker deu a Anahí um sorriso leve e preocupado. A porta do Instituto então se abriu, o sol do outono iluminando uma faixa na entrada. Cyril estava na soleira, sem fôlego.
— A segunda carruagem já está pronta. Quem vai, então?
•••
Para: Cônsul Josiah Wayland
De: O Conselho
Caro senhor,
Como está, sem dúvidas, consciente, o seu tempo de serviço como Cônsul, depois de dez anos, está chegando ao fim. Chegou a hora de nomear um sucessor.
Quanto a nós, estamos dando sérias considerações à nomeação de Maite Branwell, nome de solteira, Perroni. Ela fez um bom trabalho como a guardiã do Instituto de Londres, e acreditamos que ela tenha a sua aprovação, já que foi indicada por você após a morte de seu pai.
Como a sua opinião e consideração são para nós do mais alto valor, agradeceríamos qualquer opinião que você possa ter sobre o assunto.
Com nossa mais alta consideração,
Victor Whitelaw, Inquisidor, em nome do Conselho.
Até Mais!
Autor(a): Alien AyA
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Capítulo 2 - O verme conquistador E muito de loucura, e ainda mais de pecado,E horror, a alma do enredo.– Edgar Allan Poe, O verme conquistador Enquanto a carruagem do Instituto passava pelos portões da mansão Lightwood em Chiswick, Anahí foi capaz de apreciar o lugar – algo que não fez na primeira vez que esteve l&a ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 325
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nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03
que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43
adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53
que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12
adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss
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Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54
Chorei :/ Adeus não viu Adri..
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10
chorrei bastante viu... ;(
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37
nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..
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Postado em 23/09/2015 - 13:52:16
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.
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franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41
Nossa....