Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico
No momento em que chegaram ao pátio da frente da mansão Lightwood, o pescoço e as costas de Anahí doíam. Ela estava com o espartilho firmemente atado sob o pesado vestido de casamento, e uma Tatiana soluçante se apoiava dolorosamente em seu ombro esquerdo. Anahí ficou aliviada ao avistar as carruagens, mas também assustada. A cena no pátio era tão pacífica – as charretes onde tinham-nas deixado, os cavalos pastando, a fachada da casa sem perturbação alguma.
Depois de meio carregar, meio arrastar Tatiana até a primeira carruagem, Anahí escancarou a porta e a ajudou, estremecendo quando as unhas afiadas da outra menina cravaram seus ombros. Ela entrou e ajeitou as saias no espaço fechado.
— Oh, Deus — Tatiana gemeu — a desonra, a terrível desonra. Que a Clave saiba o que se abateu sobre o meu pai. Por piedade, ele não podia ter pensado em mim, mesmo por um momento?
Anahí piscou.
— Aquela coisa. Não acho que era capaz de pensar em ninguém, senhora Blackthorn.
Tatiana olhou-a atordoada, e por um momento Anahí envergonhou-se do ressentimento que sentia em relação a outra garota. Ela não gostou de ser mandada embora dos jardins, onde poderia, talvez, ter ajudado, mas Tatiana tinha acabado de ver o marido em pedaços, estraçalhado por seu próprio pai. Ela merecia mais simpatia de Anahí. Anahí fez sua voz mais suave.
— Eu sei que você teve um grande choque. Se quiser se deitar...
— Você é muito alta — Tatiana interrompeu — os cavalheiros não se queixam disso?
Anahí encarou-a.
— E você está vestida como uma noiva — Tatiana continuou — isso não é muito estranho? A roupa de combate não lhe serviria melhor para a tarefa? Eu entendo que ela é desfavorável às mulheres e precisa de muitos ajustes, mas...
Houve um alto estrondo súbito. Anahí saiu da carruagem e olhou em volta; o som vinha de dentro do casa. Henry, pensou. Henry deve ter ido para dentro da casa sozinho. Claro que a criatura estava nos jardins, mas não obstante, era a casa de Benedict. Ela pensou no salão do baile, cheio de demônios na última vez que fora Anahí lá, e recolheu as saias com ambas as mãos.
— Permaneça aqui, senhora Blackthorn. Irei descobrir a causa desse ruído.
— Não! — Tatiana sentou-se ereta. — Não me deixe!
— Sinto muito — Anahí se afastou, sacudindo a cabeça — eu preciso. Por favor, fique dentro da carruagem!
Tatiana gritou algo atrás dela, mas Anahí já estava correndo. Ela abriu caminho pelas portas da frente e surgiu em um grande hall ladrilhado com quadrados alternados de mármore preto e branco, como um tabuleiro de xadrez gigante. Um lustre enorme pendia no teto, embora nenhuma de suas velas estivessem acesas, a única iluminação do lugar vinha da luz do dia inundando através das janelas altas. Uma grande escadaria curvava-se em seu caminho para cima.
— Henry! — Anahí gritou. — Henry, onde está você?
Um grito de resposta e outro estrondo vieram do andar de cima. Anahí seguiu para as escadas, tropeçando quando seu pé ficou preso na bainha do vestido e fez uma costura arrebentar. Ela tirou a saia do caminho impacientemente e continuou correndo, passando por um longo corredor cujas paredes eram pintadas de azul e dezenas de gravuras com molduras douradas decoravam o espaço a cada duas portas, até chegar a uma sala.
Era com toda a certeza o quarto de um homem, uma biblioteca ou um escritório: as cortinas eram de um tecido pesado e escuro, pinturas a óleo de grandes navios de guerra estavam penduradas nas paredes. Um rico papel de parede verde circundava o lugar, ainda que parecesse estar salpicado de manchas escuras ímpares. Havia um cheiro estranho no lugar, como aquele que flutuava nas margens do Tâmisa, onde coisas estranhas apodreciam à luz do dia. E sobre isso, havia o cheiro acobreado de sangue.
A estante estava derrubada, uma confusão de vidro e madeira quebradas. Sobre o tapete persa, ao lado dos estilhaços, estava Henry, preso em uma luta com uma coisa de pele cinza e um número inquietante de armas. Henry estava gritando e chutando com suas longas pernas, e a coisa – um demônio, sem dúvida - rasgava a roupa de luta de Henry com as garras, seu focinho de lobo mordendo seu rosto.
Anahí olhou em volta freneticamente, agarrou o atiçador que estava junto à lareira apagada e o ergueu. Tentou manter em mente todas as horas de seu treinamento – Gideon falando de calibração, velocidade e aderência – mas no final, foi puro instinto dirigir a longa barra de aço no tronco da criatura, onde haveria uma caixa torácica se fosse um animal deste planeta.
Ela ouviu algo quebrar dentro dele. O demônio uivou como um cão e rolou de cima de Henry, e o atiçador caiu no chão. Sangue preto foi borrifado, enchendo a sala com o cheiro da fumaça e podridão.
Anahí cambaleou para trás, o calcanhar prendendo na ponta rasgada de seu vestido. Ela caiu no chão enquanto Henry pulou no demônio, murmurando uma maldição, e cortou sua garganta com uma adaga cuja lâmina brilhava com runas. O demônio soltou um grito borbulhante e se enrugou como papel.
Henry pôs-se em pé, o cabelo ruivo emaranhado de sangue. Sua roupa estava rasgada num ombro, o líquido escarlate escorrendo a partir de uma ferida.
— Anahí! — Exclamou, e então estava ao lado dela, ajudando-a a se levantar. — Pelo Anjo, nós somos um dupla e tanto! — Henry falou pesaroso, com o rosto preocupado. — Você não está machucada, não é?
Anahí olhou para si mesma e viu o que ele quis dizer: seu vestido estava molhado com um borrifo negro, e havia um corte feio em seu antebraço, onde ela tinha caído sobre os estilhaços de vidro. Não doía muito, ainda, mas havia sangue.
— Estou bem. O que aconteceu, Henry? O que era aquela coisa e por que estava aqui?
— Um demônio guardião. Eu estava procurando Benedict, e devo ter movido ou tocado em algo que o acordou. Uma fumaça preta começou a sair da gaveta, e tornou-se aquilo. Ele investiu contra mim...
— E arranhou-lhe — Anahí disse, preocupada — você está sangrando...
— Não, eu fiz isso sozinho. Caiu em cima do meu punhal — Henry respondeu timidamente, puxando uma estela do cinto — não conte a Maite.
Anahí quase sorriu, então, lembrando-se, ela atravessou a sala e abriu as cortinas de uma das altas janelas. Ela podia os jardins, mas não, frustrantemente, o jardim italiano, pois eles estavam do lado errado da casa para isso. A cerca viva e a grama aparada que começava a mudar para marrom com o inverno estendia-se diante dela.
— Eu tenho que ir — ela falou — Poncho, Ucker e Cecily, eles estavam lutando contra a criatura. Ela já matou o marido de Tatiana Blackthorn. Eu tinha que trazê-la para a carruagem, já que estava perto desmaiar.
Houve um silêncio. Então:
— Anahí — Henry chamou em uma voz estranha, e ela se virou para vê-lo no ato de aplicar uma iratze no interior do braço.
Ele estava olhando para a parede a sua frente, a que Anahí pensara anteriormente que era estranhamente manchada e marcada com sangue. Ela viu que agora houve uma confusão. Letras de trinta centímetros de altura se estendiam por todo o papel de parede, escritas com o que parecia ser sangue negro seco.
AS PEÇAS INFERNAIS NÃO TÊM COMPAIXÃO.
AS PEÇAS INFERNAIS NÃO TÊM REMORSO.
AS PEÇAS INFERNAIS NÃO TÊM LIMITAÇÕES.
AS PEÇAS INFERNAIS NUNCA VÃO PARAR DE CHEGAR.
E ali, sob os esboços, estava uma última sentença – pouco legível, como se quem tivesse escrito perdera o uso de suas mãos. Ela imaginou Benedict preso naquele quarto, se transformando lentamente, rabiscando as palavras na parede com seu próprio sangue negro.
QUE DEUS TENHA PIEDADE DE NOSSAS ALMAS.
Autor(a): Alien AyA
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 325
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nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03
que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43
adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53
que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12
adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss
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Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54
Chorei :/ Adeus não viu Adri..
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10
chorrei bastante viu... ;(
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37
nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..
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Postado em 23/09/2015 - 13:52:16
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.
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franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41
Nossa....