Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico
A carruagem do Cônsul era um landó com os vidros de um vermelho brilhante com os quatro Cs da Clave na lateral, puxada por um par de impecáveis garanhões cinza. Era um dia de chuva, garoa fraca; seu condutor estava encolhido no banco na frente, quase totalmente escondido sob um chapéu oleado e capa.
Com uma carranca, o Cônsul, que tinha não falara uma palavra desde que haviam deixado a sala do café da manhã no Instituto, conduziu Gideon e Gabriel para dentro da carruagem, subiu depois deles e trancou a porta.
Quando o transporte passou ao lado da igreja, Gabriel virou-se para olhar pela janela. Havia uma leve queimação no fundo de seus olhos e em seu estômago. Tinha ido e vindo desde o dia anterior, às vezes chegando com tanta força que ele pensou que poderia estar doente.
Um verme gigantesco... os últimos estágios da astriola... A varíola demônio.
Quando Maite e o resto deles fizeram as acusações contra seu pai, ele não queria acreditar. A deserção de Gideon parecia ser loucura, uma deslealdade tão monstruosa que poderia ser explicada apenas pela insanidade. Seu pai havia prometido que Gideon iria repensar suas ações, que ele voltaria para ajudar com o funcionamento da casa e do negócio Lightwood. Mas ele não tinha voltado, e os dias tinham se tornado cada vez mais curtos e escuros. Gabriel via seu pai cada vez menos, então começou a acreditar e, em seguida, ter medo.
Benedict foi caçado e morto.
Caçado e morto. Gabriel rolou a palavras em torno de sua mente, mas não fizeram nenhum sentido. Ele havia matado um monstro, como crescera sendo treinado para fazer, mas o monstro não era seu pai. Seu pai ainda estava vivo em algum lugar, e a qualquer momento, Gabriel olharia pela janela e o veria caminhando pela calçada, seu longo casaco cinza balançando ao vento, os traços fortes de seu perfil delineado contra o céu.
— Gabriel — era a voz de seu irmão, cortando a névoa da memória e devaneio — Gabriel, o Cônsul fez-lhe uma pergunta.
Gabriel olhou para cima. O Cônsul estava virado para ele, seus olhos escuros de expectativa. A carruagem estava seguindo através da Rua Fleet, jornalistas, advogados e vendedores ambulantes correndo para lá e para cá no trânsito.
— Eu te perguntei — o Cônsul disse — como você estava desfrutando da hospitalidade do Instituto.
Gabriel piscou. Pouco se destacou por entre o nevoeiro dos últimos dias. Maite colocando os braços ao redor dele. Gideon lavando o sangue de suas mãos. O rosto de Cecily como uma brilhante flor com raiva.
— Estava tudo bem, eu acho — ele respondeu em uma voz rouca — mas não é a minha casa.
— Bem, a mansão Lightwood é magnífica — o Cônsul comentou — construída sobre sangue e despojos, é claro.
Gabriel fitou-o, sem entender. Gideon estava olhando para fora da janela, sua expressão levemente enjoada.
— Pensei que quisesse falar conosco sobre Tatiana — disse ele.
— Eu conheço Tatiana — o Cônsul falou — nenhum do senso de seu pai e nada da bondade da sua mãe. Um mau negócio para ela, temo. Seu pedido de reparações será recusado, é claro.
Gideon girou em seu assento e olhou para o Cônsul, incrédulo.
— Se dá tão pouco crédito a ela, porque estamos aqui?
— Para eu poder falar com vocês sozinhos — o Cônsul revelou — entendam, quando entreguei o Instituto a Maite, pensei que o toque de uma mulher seria ser bom para o lugar. Granville Perroni era um dos homens mais rigorosos que conheci, e embora seguisse com o Instituto dentro da Lei, era um lugar frio, pouco acolhedor. Londres, a maior cidade do mundo, e um Caçador de Sombras não podia se sentir em casa — ele encolheu os ombros — pensei que dar a administração do local para Maite poderia melhorar.
— Maite e Henry — Gideon corrigiu.
— Henry é um zero a esquerda — disse o Cônsul — nós todos sabemos que, como diz aquele ditado, a égua é melhor que o cavalo no casamento. Henry nunca teve a intenção de interferir, e ele não o faz. Mas não é assim com Maite. Era para ela ser dócil e obedecer meus desejos, algo que tem me desapontado profundamente.
— Você a apoiou contra o nosso pai — Gabriel deixou escapar, e imediatamente se arrependeu.
Gideon lhe lançou um olhar penetrante, e Gabriel cruzou as mãos enluvadas firmemente em seu colo, apertando os lábios. As sobrancelhas do Cônsul subiram.
— Por que seu pai teria sido dócil? Havia dois finais ruins, e escolhi o melhor deles. Eu ainda tinha esperança de controlá-la. Mas agora...
— Senhor — Gideon interrompeu, em sua melhor voz educada — por que está dizendo isso?
— Ah — disse o Cônsul, olhando os riscos de chuva na janela — aqui estamos — ele bateu na janela da carruagem — Richard! Pare no Argent Rooms.
Gabriel desviou os olhos para o seu irmão, que deu de ombros em perplexidade. O Argent Rooms era um notório salão de música de cavalheiros em Piccadilly Circus. Senhoras de má reputação frequentavam o lugar, e havia rumores de que o negócio era de propriedade de Seres do Submundo, e que em algumas noites os “shows de mágica” apresentavam magia real.
— Eu costumava vir aqui com seu pai — o Cônsul falou, uma vez que os três estavam na calçada.
Gideon e Gabriel observaram através da garoa a entrada bastante sem gosto do teatro italiano que claramente fora enxertada entre os edifícios mais modestos que estiveram ali antes. Era uma galeria de três andares pintada de azul e sem adornos.
— Uma vez a polícia revogou a licença do Alhambra porque a gerência tinha permitido que o cancan fosse dançado no palco. Desde então, o Alhambra é dirigido por mundanos. Isto é muito mais satisfatório. Vamos entrar? — Seu tom não deixou espaço para discordância.
Gabriel seguiu o Cônsul através da arcada de entrada, onde o dinheiro mudou mãos e um bilhete foi comprado para cada deles. Gabriel olhou para o bilhete com alguma perplexidade. Era na forma de uma propaganda, prometendo “o melhor entretenimento de Londres!”
— Atos de força — ele leu para Gideon enquanto fizeram o seu caminho por um longo corredor — animais treinados, mulheres halterofilistas, acrobatas, números circenses e cantores cômicos.
Gideon estava murmurando sob a respiração.
— E contorcionistas — Gabriel acrescentou brilhantemente — parece que aqui há uma mulher que pode colocar o pé em cima da cabeça...
— Pelo Anjo, este lugar é apenas um bicheiro de tostões melhorado — disse Gideon — Gabriel, não olhe para nada a menos que eu diga que está tudo bem.
Gabriel revirou os olhos enquanto seu irmão pegou seu cotovelo e empurrou-o para dentro do que era claramente o grande salão – uma enorme sala cujo teto foi pintado com reproduções de grandes mestres italianos, incluindo O nascimento de Vênus, de Botticelli, porém agora manchado de fumo e desgastada. Lustres dourados pendiam do teto de gesso, enchendo a sala com uma luz de cor amarelada.
As paredes estavam alinhadas com bancos de veludo, onde figuras escuras amontoadas – cavalheiros, cercados por mulheres cujos vestidos eram muito brilhantes e o riso era alto demais.
Música vertia a partir da frente do salão. O Cônsul se dirigiu para lá, sorrindo. Uma mulher usando cartola e casaca se movia cima e para baixo do palco, cantando uma canção intitulada “É malcriado, mas é bom.” Quando ela se virou, seus olhos brilharam verdes com a luz do lustre.
Lobisomem, Gabriel pensou.
— Esperem por mim aqui um momento, meninos — pediu o Cônsul, e ele desapareceu na multidão.
— Que encantador — Gideon murmurou, e puxou Gabriel quando uma mulher em um vestido de cetim justo passou por eles. Ela cheirava a gim e outra coisa, algo escuro e doce, um pouco como o cheiro de açúcar queimado de Christopher Uckermann.
— Quem diria que o Cônsul era um festeiro? — Gabriel comentou. — Ele não podia esperar até depois de nos levar para a Cidade do Silêncio?
— Ele não está nos levando para a Cidade do Silêncio — a boca de Gideon estava apertada.
— Não?
— Não seja bobo, Gabriel. Claro não. Ele quer algo de nós. Não sei o que ainda. Ele nos trouxe aqui para nos perturbar – e não teria feito isso se não tivesse bastante certeza de que tem algo sobre nós que vai nos impedir de contar a Maite ou alguém onde estivemos.
— Talvez ele costumasse vir aqui com o pai.
— Talvez, mas não é por isso que estamos aqui agora — Gideon disse com determinação. Ele apertou o braço do irmão quando o Cônsul reapareceu, carregando consigo uma pequena garrafa do que parecia ser água gaseificada, mas o que Gabriel adivinhou que provavelmente tinha algo misturado.
— O que, nada para nós? — Gabriel perguntou, e foi recebido com um olhar atravessado de seu irmão e um sorriso amargo do Cônsul. Gabriel percebeu que não tinha ideia se o Cônsul tinha uma família, ou filhos. Ele era apenas o Cônsul.
— Vocês tem alguma ideia, meninos, de que tipo de perigo estão correndo?
— Perigo? De quem, Maite? — Gideon parecia incrédulo.
— Não de Maite — o Cônsul voltou seu olhar para eles — seu pai não só infringiu a Lei, ele blasfemou. Não apenas lidou com demônios, deitou-se com eles. Vocês são os Lightwoods – são tudo o que resta dos Lightwoods. Não têm primos, nem tios ou tias. Eu poderia tirar a sua família dos registros Nephilim e deixar vocês e sua irmã na rua para morrer de fome ou implorar a vida entre os mundanos, e estaria dentro dos direitos da Clave e do Conselho fazê-lo. E quem acham que iria se levantar por vocês? Quem poderia falar em sua defesa?
Gideon tinha ficado muito pálido, e seus nós dos dedos, onde ele agarrara o braço de Gabriel, estavam brancos.
— Isso não é justo. Nós não sabíamos. Meu irmão confiou em meu pai. Ele não pode ser responsabilizado...
— Confiou nele? Ele deu o golpe mortal, não foi? — o Cônsul indagou. — Oh, todos contribuíram, mas foi o golpe dele que matou seu pai, o que indica que ele sabia exatamente o que o seu pai era.
Gabriel estava ciente de Gideon olhando-o com preocupação. O ar na Argent Rooms estava quente e abafado, roubando sua respiração. A mulher no palco estava agora cantando uma canção chamada “All through obliging a lady” e caminhando para cima e para baixo, batendo a bengala no chão ao final de cada verso, fazendo o chão estremecer.
— Os pecados dos pais, crianças. Vocês podem e serão punidos pelos crimes dele, se eu decidir assim. O que você vai fazer, Gideon, enquanto seu irmão e Tatiana têm suas runas retiradas? Você vai cruzar os braços e assistir?
A mão direita de Gabriel estremeceu, tinha certeza de que estenderia o braço e agarraria o Cônsul pela garganta se Gideon não tivesse segurado seu pulso primeiro.
— O que quer de nós? — perguntou Gideon, sua voz controlada. — Não nos trouxe aqui apenas para nos ameaçar, a menos que queira algo em troca. E se fosse algo pudesse perguntar fácil ou legalmente, teria feito isso na Cidade do Silêncio.
— Garoto inteligente. Quero que façam uma coisa para mim. Façam isso, e verei para que, embora tenham a mansão Lightwood confiscada, manterão sua honra e nome, as terras em Idris, e seu lugar como Caçadores de Sombras.
— O que quer que façamos?
— Eu gostaria que observassem Maite. Especificamente sua correspondência. Diga-me que cartas que recebe e envia, especialmente para Idris.
— Quer que nós a espionemos — a voz de Gideon era controlada.
— Eu não quero mais surpresas como a de seu pai — disse o Cônsul — ela nunca deveria ter mantido a doença em segredo, tinha que ter me contado.
— Ela tinha que manter segredo — Gideon respondeu — era uma condição do acordo que eles fizeram...
Os lábios do Cônsul estavam apertados.
— Maite Branwell não tem o direito de fazer acordos de tal âmbito sem me consultar. Eu sou seu superior. Ela não deve e não pode passar por cima de mim dessa maneira. Ela e o grupo do Instituto se comportam como se estivessem em seu próprio país e tivessem suas próprias leis. Olha o que aconteceu com Jessamine Lovelace. Ela traiu a todos nós, quase até nossa destruição. Christopher Uckermann é um viciado em drogas que está morrendo. Aquela garota Portilla é uma Transformadora ou uma feiticeira e não tem lugar no Instituto, o noivado ridículo que se dane. E Poncho Herrera... Poncho Herrera é um mentiroso e uma criança mimada que vai crescer e se tornar um criminoso, isso se crescer — o Cônsul fez uma pausa, respirando com dificuldade — Maite pode ter dirigido aquele lugar como um feudo, mas não é. É um Instituto e deve fazer relatórios para o Cônsul. E assim será.
— Maite não fez nada para merecer tal traição de mim — disse Gideon.
O Cônsul apontou um dedo para ele.
— Isso é exatamente o que eu digo. Sua lealdade não é para com ela, não pode ser para ela. Trata-se de mim. Deve ser para mim. Entendeu?
— E se eu disser que não?
— Então, você perde tudo. Casa, terras, nome, linhagem, propósito.
— Nós vamos fazer isso — Gabriel respondeu, antes de Gideon pudesse falar novamente — vamos observá-la para você.
— Gabriel... — Gideon começou.
Gabriel virou-se para o irmão.
— Não. É demais. Você não quer ser um mentiroso, eu entendo isso. Mas a nossa lealdade vem em primeiro lugar com a família. Os Blackthorn jogariam Tati nas ruas, e ela não iria durar um momento, ela e a criança...
Gideon empalideceu.
— Tatiana vai ter um filho?
Apesar do horror da situação, Gabriel sentiu um lampejo de satisfação por saber algo que seu irmão não tinha conhecimento.
— Sim. Você poderia saber, se ainda fizesse parte da nossa família.
Gideon olhou ao redor da sala como se à procura de um rosto familiar, em seguida, olhou irremediavelmente de volta, para seu irmão e o Cônsul.
— Eu...
Cônsul Wayland sorriu friamente para Gabriel, e, em seguida, para seu irmão.
— Já temos um acordo, senhores?
Depois de um longo momento, Gideon assentiu.
— Nós vamos fazê-lo.
Gabriel não iria esquecer tão cedo do olhar que se espalhou sobre o rosto do Cônsul à declaração. Havia satisfação nele, mas não surpresa. Ficou claro que ele não esperava nada mais dos garotos Lightwood
Autor(a): Alien AyA
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Comentários da Fanfic 325
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nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03
que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43
adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53
que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12
adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss
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Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54
Chorei :/ Adeus não viu Adri..
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10
chorrei bastante viu... ;(
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37
nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..
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Postado em 23/09/2015 - 13:52:16
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.
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franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41
Nossa....