Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico
A sala de jantar não estava muito cheia, todos ainda não tinham descido para o café da manhã, quando Ucker fez o anúncio.
— Anahí e eu vamos nos casar — ele falou muito calmamente, colocando o guardanapo sobre seu colo.
— Era para ser uma surpresa? — perguntou Gabriel, que estava vestido em roupa de combate, como se pretendesse treinar depois da refeição. Ele pegara todo o bacon da mesa, e Henry estava olhando para ele tristemente. — Vocês já não estão noivos?
— A data do casamento estava marcada para dezembro — Ucker explicou, procurando a mão de Anahí por baixo da mesa para dar um aperto tranquilizador — mas nós mudamos de ideia. Pretendemos nos casar amanhã.
O efeito foi imediato. Henry se engasgou com o chá e Maite teve que bater em suas costas, parecendo estar sem palavras. Gideon largou a xícara em seu pires com um barulho, e mesmo Gabriel parou o garfo a meio caminho da boca. Sophie, que tinha acabado de chegar da cozinha com um bule, ofegou.
— Mas vocês não podem! — ela falou. — O vestido da senhorita Portilla ficou em ruínas, e o novo ainda nem foi começado!
— Ela pode usar qualquer vestido — Ucker respondeu — não tem que usar o dourado dos Caçadores de Sombras, porque ela não é uma Caçadora de Sombras. Ela tem vários vestidos bonitos, pode escolher seu favorito — ele acenou a cabeça timidamente para Anahí — quer dizer, se estiver tudo bem para você.
Anahí não respondeu, pois naquele momento Poncho e Cecily surgiram na porta.
— Eu tenho cada torcicolo no pescoço — Cecily estava dizendo com um sorriso — mal posso acreditar que consegui adormecer em tal posição...
Ela parou quando ambos pareceram sentir o clima da sala e olhou ao redor. Poncho parecia mais descansado que no dia anterior, e a satisfação e bom humor que ele sentia por Cecily, no entanto, evaporou claramente quando ele olhou em volta para as expressões da outras pessoas na sala.
— O que está acontecendo? — Poncho perguntou. — Aconteceu alguma coisa?
— Anahí e eu decidimos adiantar a nossa cerimônia de casamento — Ucker repetiu — vai ser nos próximos dias.
Poncho não falou nada, e sua expressão não mudou, mas ele estava muito branco. Ele não olhou para Anahí.
— Ucker, a Clave — Maite lembrou, parando de bater nas costas de Henry e levantando-se com um olhar de agitação em seu rosto — eles não aprovaram seu casamento ainda. Você não pode ir contra eles...
— Nós não podemos esperar por eles também — Ucker respondeu — poderia demorar meses, um ano... você sabe como eles preferem adiar do que dar uma resposta que temem que você não vá gostar.
— E não é como se o nosso casamento pudesse ser o foco no momento — Anahí apontou — Benedict Lightwood, o exame nos papéis de Mortmain, tudo devem ter prioridade. Mas este é um assunto pessoal.
— Não há questões pessoais para a Clave — Poncho falou. Sua voz soava oca e estranha, como se estivesse a uma grande distância. Uma veia pulsava em sua garganta. Anahí pensou na relação delicada que tinham começado a construir durante os últimos dias, e se perguntou se isto iria destruí-la, quebrando-se em pedaços como uma frágil embarcação batendo nas rochas. — Minha mãe e pai...
— Existem leis sobre o casamento com mundanos. Não existem sobre o casamento entre um Nephilim e o que Anahí é. E se eu tiver, como seu pai, desistirei de ser um Caçador de Sombras para isso.
— Christopher...
— Eu teria pensado que você, de todas as pessoas, iria entender — Ucker falou, o olhar que lançou para Poncho um tanto perplexo e magoado.
— Não estou dizendo que não entendo. Estou apenas pedindo-lhe para pensar...
— Eu tenho pensado — Ucker sentou-se — tenho uma autorização de casamento mundano, legalmente adquirida e assinada. Poderíamos entrar em qualquer igreja e nos casar hoje. Eu prefiro muito mais que todos estejam lá, mas se não puderem, vamos fazer isso de qualquer maneira.
— Casar com uma garota só para deixar-lhe viúva — disse Gabriel Lightwood — muitos poderiam dizer que não é muito gentil.
Ucker ficou rígido ao lado de Anahí, sua mão dura na dela. Poncho começou a avançar, mas Anahí Já estava de pé, fuzilando Gabriel Lightwood com os olhos.
— Não ouse falar sobre isso como se a escolha fosse totalmente de Ucker e não a minha — ela disse, sem tirar os olhos do rosto dele — este compromisso não me foi forçado, nem eu tenho quaisquer ilusões sobre a saúde de Ucker. Eu optei ficar com ele pelos muitos dias ou minutos que lhe forem concedidos, e me sinto abençoada por tê-los.
Os olhos de Gabriel eram frios como o mar ao longo da costa da Terra Nova.
— Eu estava apenas preocupado com o seu bem-estar, senhorita Portilla.
— É melhor se preocupar com o seu próprio — Anahí estalou.
Aqueles olhos verdes se estreitaram.
— Como assim?
— Acredito que a senhorita quis dizer — Poncho não se demorou — que ela não foi quem matou o próprio pai. Ou você se recuperou tão rápido disso que não precisamos nos preocupar com seus sentimentos, Gabriel?
Cecily engasgou. Gabriel ficou de pé, e em sua expressão Anahí viu novamente o menino que tinha desafiado Poncho a combate individual na primeira vez que ela o conheceu, cheio arrogância, rigidez e ódio.
— Se você alguma vez se atrever... — ele começou.
— Parem — Maite ordenou – e então ela se interrompeu, pois através das janelas veio o som dos portões enferrujados do Instituto se abrindo e o trotar de cascos de cavalo no pavimento — oh, pelo Anjo. Jessamine — Maite ficou de pé, descartando o guardanapo em seu prato — venham. Devemos ir para baixo cumprimentá-la.
A chegada inoportuna em outros aspectos, provou-se, pelo menos, ser uma excelente distração. Houve um ligeiro tumulto, e uma dose de confusão da parte de Gabriel e Cecily, que não sabiam precisamente quem Jessamine era ou o papel que ela tinha representado na vida do Instituto.
Eles passaram pelo corredor em uma fila desordenada, Anahí ficando um pouco para trás. Ela se sentia sem fôlego, como se o espartilho tivesse sido atado com muita força. Pensou na noite anterior, abraçando Ucker na sala de música enquanto se beijavam e sussurravam por horas do casamento que teriam, o matrimônio que viria a seguir, como se tivessem todo o tempo em todo o mundo. Que se casar iria conceder-lhe a imortalidade, embora ela soubesse que não o faria.
Quando começou a descer as escadas em direção à entrada, ela tropeçou, distraída. Uma mão em seu braço estabilizou-a. Ela olhou para cima e viu Poncho. Eles ficaram ali por um momento, congelados juntos como uma estátua. Os outros já estavam em seu caminho descendo as escadas, suas vozes se dissipando como fumaça. A mão de Poncho era gentil no braço de Anahí, embora seu rosto fosse quase inexpressivo, parecendo esculpido em granito.
— Você não concorda com o resto deles, não é? — ela perguntou, de maneira mais acentuada do que pretendia. — Que eu não deveria me casar com Ucker agora. Você me perguntou se eu o amava o suficiente para me casar com ele e fazê-lo feliz, e eu lhe disse que sim. Não sei se posso fazê-lo feliz por completo, mas posso tentar.
— Se alguém pode, é você — ele falou, os olhos presos nos dela.
— Os outros pensam que eu tenho ilusões sobre sua saúde.
— Esperança não é ilusão — as palavras foram encorajadoras, mas havia algo em sua voz, algo morto que a assustava.
— Poncho — ela pegou no pulso dele — você não vai me abandonar agora... me deixar sendo a única que ainda procura uma cura? Eu não posso fazer isso sem você.
Ele respirou fundo, semicerrando os olhos azuis sombreados.
— Claro que não. Eu nunca poderia desistir dele, ou de você. Vou ajudar. Continuarei. É só... — ele parou, virando o rosto. A luz que entrava pela janela alta iluminava seu rosto, o queixo e a curva de sua mandíbula.
— É só o quê?
— Você se lembra o que mais te falei naquele dia na sala de estudos? Quero que você seja feliz, assim como ele. E ainda assim quando você caminhar pela nave para encontrá-lo e se unir para sempre a ele, você irá fazer um caminho sobre cacos invisíveis em meu coração, Anahí. Eu daria a minha própria vida por qualquer um de vocês. Daria a minha vida por sua felicidade. Quando você disse que não me amava, pensei que talvez os meus sentimentos fossem diminuir e acabar, mas eles não têm feito isso. Têm crescido a cada dia. Neste momento, eu te amo mais desesperadamente do que já amei antes, e em uma hora te amarei mais do que isso. É injusto contar, eu sei, quando você não pode fazer nada sobre isso — ele deu um suspiro trêmulo — como você deve me desprezar.
Anahí sentiu como se o chão sumisse debaixo de seus pés. Lembrou-se do que pensara na noite anterior: certamente os sentimentos de Poncho por ela haviam desaparecido. Durante os anos, sua dor seria menor do que a dela. Ela tinha acreditado. Mas agora...
— Eu não te desprezo, Poncho. Você não tem sido nada mais que honroso... mais honroso do que eu nunca poderia ter lhe pedido para ser...
— Não — ele disse amargamente — você não espera nada de mim, eu acho.
— Eu esperava tudo de você, Poncho — ela sussurrou — mais do que você jamais esperava de si mesmo. Mas você tem dado mais do que isso — a voz dela vacilou — eles dizem que você não pode dividir o seu coração, e ainda assim...
— Poncho! Anahí! — Era a voz de Maite, chamando-os a eles a partir da entrada. — Parem de enrolar! E um de vocês pode buscar Cyril? Podemos precisar de ajuda com a carruagem se os Irmãos do Silêncio pretenderem ficar, depois de tudo.
Anahí olhou impotente para Poncho, mas o momento entre eles havia se partido, sua expressão tinha se fechado, o desespero que estampava seu rosto um momento antes tinha ido embora. Ele tinha se trancado como se mil portas bloqueadas estivessem entre eles.
— Você vai para baixo. Eu estarei lá em breve — Poncho falou sem inflexão, virou-se e correu para cima.
Anahí apoiou uma mão contra a parede enquanto fazia seu caminho, entorpecida, pelas escadas. O que ela quase tinha feito? O que ela quase falara a Poncho?
E ainda assim eu te amo.
Mas Deus do céu, o que de bom isso faria, que benefício traria para qualquer um dizer essas palavras? Apenas o mais terrível fardo sobre ele, saber o que ela sentia, mas não ser capaz de agir sobre isso. Seria o mesmo que prendê-lo a ela, não libertá-lo para buscar o amor em outra pessoa, alguém que não estava noiva de seu melhor amigo.
Alguém para amar. Ela saiu para as escadas da frente do Instituto, sentindo o vento cortar através de vestido como uma faca. Os outros estavam lá, reunidos nos degraus um pouco sem jeito, especialmente Gabriel e Cecily, que pareciam estar se perguntando o que diabos estavam fazendo lá. Anahí mal os notou. Sentiu seu interior gelado e sabia que não era o frio. Era a ideia Poncho se apaixonar por outra pessoa.
Mas isso era puro egoísmo. Se Poncho encontrasse alguém para amar, ela sofreria por isso, mordendo os lábios em silêncio, como ele tinha sofrido com seu noivado com o Ucker. Ela devia-lhe muito, pensou, enquanto uma carruagem escura conduzida por um homem com vestes cor de pergaminho dos Irmãos do Silêncio sacudia entre os portões abertos. Ela devia a Poncho um comportamento tão honrado quanto o seu próprio.
A carruagem balançou até o pé da escada e parou. Anahí sentiu Maite movimentando-se desconfortavelmente atrás dela.
— Outra carruagem — ela anunciou, e Anahí seguiu seu olhar para ver que de fato havia uma segunda carruagem, toda negra e sem ornamentos, seguindo silenciosamente a primeira.
— Uma escolta — disse Gabriel — talvez os Irmãos do Silêncio estejam preocupados que ela vá tentar escapar.
— Não — disse Maite, perplexidade tingindo sua voz — ela não...
O Irmão do Silêncio que conduzia a primeira carruagem baixou as rédeas e desmontou, movendo-se para a porta do transporte. Naquele momento, ao ouvir a segunda carruagem atrás dele, e ele se virou. Anahí não podia ver sua expressão, uma vez que seu rosto estava escondido pelo capuz, mas algo em sua reação corporal denotava surpresa.
Anahí estreitou olhos, havia algo estranho sobre os cavalos da segunda carruagem: seus corpos não brilhavam como a pele de animais normais, mas como metal, e seus movimentos eram anormalmente rápidos.
O condutor da segunda carruagem saltou de seu assento, aterrissando com um baque surdo, e Anahí viu o brilho de metal quando sua mão foi para o colarinho de suas vestes cor de pergaminho e arrancou-as.
Ali embaixo estava um corpo de metal reluzente com uma cabeça oval, sem olhos, rebites de cobre fixando as articulações dos cotovelos, joelhos e ombros. Seu braço direito, se é que podia chamá-lo assim, terminava em uma besta de bronze. Ele levantou o braço e o flexionou. Uma flecha de aço, forjada com metal negro, voou através do ar e atingiu o peito do primeiro Irmão do Silêncio, tirando-o de seus pés e fazendo-o voar alguns metros até o outro lado do pátio antes que ele atingisse o chão, sangue encharcando o peito das familiares vestes.
Autor(a): Alien AyA
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Capítulo 9 - Esculpido em metal O metal líquido que ele escoava,Em formas ajustadas preparava; do qual formavaPrimeiro, as próprias ferramentas; em seguida, o que pudesse ser fundidoFuzil ou esculpido em metal.– John Milton, Paraíso perdido Os Irmãos do Silêncio, Anahí viu com um choque gélido, sangravam ver ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 325
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nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03
que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43
adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53
que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12
adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss
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Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54
Chorei :/ Adeus não viu Adri..
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10
chorrei bastante viu... ;(
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37
nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..
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Postado em 23/09/2015 - 13:52:16
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.
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franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41
Nossa....