Fanfics Brasil - Vá Atrás Dela Anjo Mecânico [FINALIZADA]

Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico


Capítulo: Vá Atrás Dela

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Capítulo 11 - Temer a noite


Apesar de minha alma viver na escuridão, se erguerá em plena luz.
Amei demais as estrelas para temer a noite.
– Sarah Williams, The old astronomer


— Poncho?


Depois de tanto tempo em silêncio, de apenas as respirações de Ucker, entrando e saindo irregularmente, Poncho pensou por um momento que estivesse imaginando a voz de seu melhor amigo falando com ele de penumbra. Quando Ucker soltou o pulso de Poncho, ele afundou na poltrona ao lado da cama. Seu coração estava batendo, meio com alívio e meio com um medo doentio.


Ucker virou a cabeça na direção dele, encostando a cabeça contra o travesseiro. Seus olhos estavam escuros, o prata engolido pelo preto. Por um momento, os dois rapazes apenas se olharam. Ele estava calmo, tal qual numa batalha, Poncho pensou, quando o pensamento fugia e inevitabilidade assumia.


— Poncho — Ucker disse novamente, e tossiu levando a mão à boca. Quando ele a tirou, havia sangue em seus dedos — e-eu estive sonhando?


Poncho começou a sentar-se ereto. Ucker tinha soado tão claro, tão certo – o que Christian quis dizer quando te perguntou se eu sabia que você estava apaixonado por Anahí? – Mas era como se essa explosão de força tivesse fugido dele, e agora ele parecia tonto e confuso.


Ucker tinha realmente ouvido o que Christian falara com ele? E se tivesse, havia qualquer possibilidade de que pudesse ser passado como um sonho, uma alucinação febril? O pensamento encheu Poncho com uma mistura de alívio e desapontamento.


— Sonhando com o quê?


Ucker olhou para sua mão manchada com sangue e lentamente a fechou em um punho.


— A luta no pátio. A morte de jasmim. E eles a tomaram, não é? Anahí?


— Sim — Poncho sussurrou, e ele repetiu as palavras que Maite tinha-lhe dito mais cedo. Elas não lhe trouxeram nenhum conforto, mas talvez trouxessem a Ucker. — Sim, mas não acho que eles vão machucá-la. Lembre-se, Mortmain a desejava ilesa.


— Nós temos que encontrá-la. Você sabe que sim, Poncho. Devemos...


Ucker lutou para se sentar, e imediatamente começou a tossir novamente. Sangue respingou na colcha branca. Poncho segurou os ombros frágeis e trêmulos de Ucker até que a tosse deixou de sacudir a sua estrutura, em seguida, pegou um dos lenços umedecidos da mesa-de-cabeceira e começou a limpar as mãos de Ucker. Quando foi limpar o sangue do rosto de seu parabatai, Ucker retirou o pano suavemente de suas mãos e olhou para ele gravemente.


— Eu não sou uma criança, Poncho.


— Eu sei.


Poncho afastou as mãos. Ele não tinha se limpado desde a luta no pátio, e sangue seco de Jessamine se misturava com o sangue fresco de Ucker em seus dedos.


Ucker respirou fundo. Tanto ele quanto Poncho esperaram para ver se ele teria outro espasmo de tosse e, quando isso não aconteceu, Ucker falou.


— Christian disse que estava apaixonado por Anahí. É verdade?


— Sim — Poncho respondeu, com a sensação de que estava caindo de um penhasco — sim, é verdade.


Os olhos de Ucker estavam arregalados e luminosos na escuridão.


— E ela te ama?


— Não — a voz de Poncho quebrou — eu contei a ela que a amava, e ela nunca vacilou. É você que ela ama.


O aperto da mão de Ucker sobre o lenço em suas mãos relaxou um pouco.


— Você contou a ela que estava apaixonado por ela.


— Ucker...


— Quando foi isso, e que excesso de desespero poderia ter te levado a fazer isso?


— Foi antes de eu saber que ela era sua noiva. Foi no dia que descobri que não havia maldição sobre mim — Poncho falou pausadamente — fui até Anahí e disse que eu a amava. Ela foi tão cuidadosa quanto podia ser ao me dizer que amava a você e não a mim, e que você dois estavam noivos — Poncho baixou o olhar — não sei se isso vai fazer alguma diferença para você, Christopher, mas eu realmente não tinha ideia que você gostava dela. Eu estava inteiramente obcecado com minhas próprias emoções.


Ucker mordeu o lábio inferior, trazendo cor à pele branca.


— Me perdoe por perguntar, mas... isto não é algo passageiro, uma paixão passageira... — ele parou de falar, olhando para o rosto de Poncho — não — ele murmurou — posso ver que não é.


— Eu a amo o suficiente para que, quando ela me garantiu que seria feliz com você, jurei a mim mesmo que nunca falaria dos meus desejos, nunca mais mostraria meus sentimentos com palavras ou gestos, nunca agiria ou diria qualquer coisa para estragar sua felicidade. Meus sentimentos não mudaram, e ainda assim gosto de vocês o suficiente para não dizer uma palavra que ameaçasse o que você encontrou.


As palavras derramaram-se dos lábios de Poncho, não via nenhuma razão para mantê-las consigo. Se Ucker fosse odiá-lo, iria odiá-lo pela verdade e não pela mentira.


Ucker olhou chocado.


— Eu sinto muito, Poncho. Estou muito, muito triste. Eu desejava ter sabido antes...


Poncho desabou na poltrona.


— O que você poderia ter feito?


— Eu poderia ter desmanchado o noivado...


— E quebrado ambos os corações? Como isso teria me beneficiado? Você é tão querido para mim quando uma outra metade de minha alma, Ucker. Eu não poderia ser feliz enquanto você estava infeliz. E Anahí, ela te ama. Que tipo de monstro horrível que eu seria, deleitando-me ao fazer com que as duas pessoas que eu mais amo no mundo fiquem em agonia, que satisfação eu poderia ter por saber que, se Anahí não pudesse ser minha, ela não seria de mais ninguém?


— Mas você é meu parabatai. Se você estiver em dor, quero diminuí-la...


— Essa — disse Poncho — é a única coisa em que você não pode me confortar.


Ucker balançou a cabeça.


— Mas como pude não notar? Eu te disse, percebi que o muro em volta do seu coração estava sumindo. Eu pensei... pensei que sabia o porquê, eu lhe disse que sempre soube que você carregava um fardo, e sabia que você tinha ido ver Christian. Pensei que talvez você tivesse feito uso de alguma magia para se libertar dessa culpa imaginária. Se algum dia eu soubesse que era por causa de Anahí, saiba Poncho, eu nunca teria mostrado os meus sentimentos a ela.


— Como você poderia ter adivinhado? — Poncho miseravelmente sentiu-se livre, como se um pesado fardo tivesse sido tirado dele. — Fiz tudo o que pude para esconder e negar. Você nunca escondeu seus sentimentos. Olhando para trás, estava claro e simples, e ainda assim eu nunca percebi. Fiquei surpreso quando Anahí me contou que estavam noivos. Você sempre foi a fonte na minha vida das coisas boas, Christopher. Nunca pensei que seria a fonte de dor, e assim, de forma errada, nunca pensei em seus sentimentos. E é por isso que eu estava tão cego.


Ucker fechou os olhos. As pálpebras pareciam tão finas quanto pergaminho, eram azul-sombreadas.


— Estou triste por causa de a sua dor. Mas estou feliz que a ame.


— Você está feliz?


— Torna mais fácil — disse Ucker — pedir-lhe o que eu gostaria de fazer: me deixe, e vá atrás de Anahí.


— Agora? Assim?


Ucker, inacreditavelmente, sorriu.


— Não era isso o que você estava fazendo quando eu peguei o seu pulso?


— Mas eu não acreditava que você iria recuperar a consciência. Isto é diferente. Eu não posso deixá-lo assim, enfrentar sozinho o que você tem que enfrentar...


A mão de Ucker surgiu, e por um momento, Poncho pensou que ele ia pegar a sua mão, mas ele apenas prendeu seus dedos no material da manga em seu lugar.


— Você é meu parabatai. Você disse que eu podia te pedir qualquer coisa.


— Mas eu jurei ficar com você. Se alguma coisa além da morte me separar de ti...


— A morte vai nos separar.


— Você sabe que as palavras do juramento vêm de uma passagem mais longa — Poncho respondeu — “Não me instes para que te deixe e me obrigue a não seguir-te;porque aonde quer que fores, irei eu.”


Ucker gritou com toda a sua restante força:


— Você não pode me seguir para onde eu estou indo! Nem eu quero isso para você!


— Nem eu posso ir embora e deixá-lo morrer!


Ali. Poncho tinha dito aquilo, falara a palavra, admitiu a possibilidade. morrer.


— Ninguém pode ter certeza disso — os olhos de Ucker estavam brilhantes, febris, quase selvagens — acha que eu não sei que se você não for atrás dela, ninguém irá? Acha que não me mata que eu não posso ir, ou pelo menos ir com você?


Ele se inclinou em direção a Poncho. Sua pele estava tão pálida quanto o vidro fosco que encobria uma lamparina e, tal qual a lamparina, luz parecia brilhar através dele de alguma fonte interior. Ele deslizou as mãos pela colcha.


— Pegue as minhas mãos, Poncho.


Entorpecido, Poncho fechou as mãos ao redor das de Ucker. Ele imaginou que podia sentir um lampejo de dor na runa parabatai em seu peito, como se soubesse algo que ele não tinha conhecimento e estava advertindo-o de uma dor, uma dor tão grande que ele não podia imaginar que suportaria viver. Ucker é meu grande pecado, ele dissera Christian, e este, agora, era o castigo por isso. Tinha pensado que perder Anahí era a sua penitência, não tinha pensado em como seria quando perdesse ambos.


— Poncho. Por todos esses anos eu tentei te dar o que você não podia dar a si mesmo.


As mãos de Poncho apertaram as de Ucker, que eram tão finas como um feixe de varas.


— E o que que é isso?


— Fé. Que você era melhor do que pensava que era. Perdão, que você não precisava sempre se punir. Eu sempre te amei, Poncho, do seu jeito. E agora preciso que faça por mim o que não posso fazer por mim mesmo. Que seja meus olhos quando eu não enxergar. Seja minhas mãos quando eu não puder usar as minhas próprias. Seja o meu coração, quando o meu parar de bater.


— Não — Poncho interrompeu descontroladamente — não, não, não. Eu vou não ser essas coisas. Seus olhos vão ver, suas mãos vão sentir, o seu coração vai continuar a bater.


— Mas se não, Poncho...


— Se eu pudesse me rasgar ao meio, eu iria... iria dar metade de mim para você e a outra parte para Anahí...


— Metade de você não seria bom para qualquer um nós. Não há mais ninguém que eu poderia confiar para ir atrás dela, ninguém que daria a própria vida como eu daria para salvar a dela. Eu teria lhe pedido para completar esta missão mesmo que não conhecesse seus sentimentos, mas estando certo de que você a ama como eu... Poncho, eu confio em você acima de tudo, e acredito em você, acima de tudo, sabendo que, como sempre, o seu coração está com o meu neste assunto. Wo men shi jie bai xiong di – somos mais que irmãos, Poncho. Faça esta viagem, e a complete não só para si mesmo, mas para nós dois.


— Eu não posso deixá-lo sozinho para enfrentar a morte — Poncho sussurrou, mas sabia que ele fora vencido; seus argumentos tinham acabado.


Ucker tocou a runa parabatai em seu ombro, através do material fino da camisola.


— Eu não estou sozinho — disse ele — onde quer que estejamos, somos como um só.


Poncho levantou-se lentamente a seus pés. Ele não podia acreditar que estava fazendo isso, mas ficou claro que estava, tão claro como a borda prata em torno da pupila negra de Ucker.


— Se existe uma vida depois desta, deixe-me conhecê-lo, Christopher Uckermann.


— Haverá outras vidas.


Ucker agarrou a sua mão, e por um momento elas se apertaram, como haviam feito durante o seu ritual parabatai, usando anéis gêmeos de fogo para entrelaçar seus dedos.


— O mundo é uma roda. Quando nós subirmos ou cairmos, vamos fazer isso juntos.


Poncho que apertou a mão de Ucker.


— Bem, então — ele falou, engolindo um nó na garganta — desde que você disse que haverá outra vida para mim, vamos rezar para que eu não faça uma bagunça colossal nesta presente.


Ucker deu aquele sorriso que sempre, até mesmo nos dias mais negros de Poncho, aliviava seus pensamentos.


— Acho que há esperança para você, Poncho Herrera.


— Vou tentar aprender a tê-la sem que você me mostre.


— Anahí — Ucker falou — ela conhece o desespero, e a esperança também. Vocês podem ensinar um ao outro. Encontre-a, Poncho, e diga a ela que eu a amarei sempre. A minha bênção, por tudo o que vale a pena, está sobre vocês dois.


Seus olhos se encontraram e prenderam-se. Poncho não podia se forçar a dizer adeus, ou qualquer coisa. Ele só apertou a mão de uma Ucker última vez e levantou-se. Em seguida, virou-se e saiu pela porta.



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Autor(a): Alien AyA

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 325



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  • nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03

    que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43

    adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53

    que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12

    adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss

  • Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54

    Chorei :/ Adeus não viu Adri..

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10

    chorrei bastante viu... ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37

    nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21

    sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..

  • Postado em 23/09/2015 - 13:52:16

    sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.

  • franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41

    Nossa....


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