Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico
Estava escurecendo no momento em que Cecily e Gabriel voltaram para o Instituto. Estar fora na cidade com alguém além de Maite ou seu irmão fora uma experiência única para Cecily, e ela estava atônita com quão boa a companhia de Gabriel Lightwood era. Ele a fez rir, embora ela tivesse feito o seu melhor para esconder, e muito gentilmente levara todos os pacotes, embora Cecily tivesse esperado que ele protestasse por ter sido tratado como um servo.
Era verdade que ele provavelmente não deveria ter jogado aquele ser das fadas pela janela – ou no canal Limehouse depois disso. Mas ela não podia culpá-lo. Sabia perfeitamente que não era o fato de que o sátiro tinha lhe mostrado imagens impróprias que fizera seu temperamento subir, mas sim a lembrança de seu pai.
Era estranho, pensou ela enquanto subiam os degraus do Instituto, quão oposto de seu irmão ele era. Cecily gostara perfeitamente de Gideon desde que havia chegado a Londres, mas encontrou-o quieto e contido. Ele não falava muito, e embora às vezes ajudasse Poncho com a sua formação, era distante e atencioso com todos, menos Sophie. Com ela, era possível ver flashes de humor nele. Ele podia ser muito engraçado ou seco quando queria, e tinha uma natureza sombriamente observadora lado a lado com sua alma tranquila.
Por pedaços recolhidos de Anahí, Poncho e Maite, Cecily montara a história dos Lightwood e começara a entender por que Gideon era tão silencioso. De certa forma, como Poncho e ela mesma, ele tinha deliberadamente virado as costas para sua família, e carregava as cicatrizes da perda. A escolha de Gabriel tinha sido diferente. Ele ficara ao lado de seu pai e vira a lenta deterioração de seu corpo e mente. O que ele pensou enquanto estava acontecendo? Em que ponto ele percebeu que a escolha que tinha feito era a errada?
Gabriel abriu a porta do Instituto e Cecily passou. Eles foram recebidos pela voz de Bridget flutuando para baixo nas escadas.
“Oh, não o vejo acolá na estrada estreita,
Assaltado violentamente por espinhos e sarças?
É o caminho da justiça,
Apesar de poucos o seguirem.
E você não vê aquela estrada bem larga
Do outro lado dos lírios?
É o caminho da maldade,
Apesar de alguns chamarem de estrada para o Céu.”
— Ela está cantando — Cecily falou, começando a subir as escadas — mais uma vez.
Gabriel, equilibrando os pacotes com agilidade, fez um ruído uniforme.
— Estou morrendo de fome. Será que ela vai me espantar da cozinha com pouco de frango frio e pão se eu disser que não me importo com as músicas?
— Todo mundo se importa com as músicas.
Cecily olhou para o lado, ele tinha um fino perfil. Gideon tinha boa aparência também, mas Gabriel tinha todos os ângulos agudos; o queixo, as maçãs do rosto, que ela pensava ser mais elegante.
— Não é culpa sua, você sabe — ela falou abruptamente.
— O que não é culpa minha?
Eles viraram nas escadas para o corredor do segundo andar. Parecia escuro para Cecily, com as pedras enfeitiçadas brilhando lá em baixo. Ela podia ouvir Bridget, ainda cantando:
“Era uma noite escura, escura, não havia estrelas,
E eles caminharam com sangue vermelho até os joelhos;
Pois todo o sangue entornado na terra
Corre pelas nascentes daquele país.”
— Seu pai — Cecily explicou.
O rosto de Gabriel ficou apertado. Por um momento, Cecily pensou que ele ia retrucar com raiva, mas ao invés disso, ele apenas respondeu:
— Pode ser ou não minha culpa, mas eu escolhi fechar os olhos para seus crimes. Acreditei nele quando era errado fazê-lo, e ele desgraçou o nome Lightwood.
Cecily ficou em silêncio por um momento.
— Eu vim aqui porque acreditava que Caçadores de Sombras eram monstros que tinham roubado meu irmão. Acreditava porque meus pais acreditavam. Mas eles estavam errados. Nós não somos nossos pais, Gabriel. Não temos que carregar o fardo de suas escolhas e seus pecados. Você pode fazer o nome Lightwood brilhar novamente.
— Essa é a diferença entre mim e você — ele falou com amargura — você escolheu vir para cá. Eu fui expulso da minha casa... perseguido até aqui pelo monstro que uma vez foi o meu pai.
— Bem — Cecily disse gentilmente — não perseguido até aqui. Apenas nos limites de Chiswick, pensei.
— O que...
Ela sorriu.
— Sou irmã de Poncho Herrera. Você não pode esperar que eu seja séria o tempo todo.
A expressão dele foi tão engraçada que Cecily riu, ela ainda estava rindo quando eles empurraram a porta da biblioteca e entraram – e então pararam.
Maite, Henry e Gideon estavam sentado em torno de uma das mesas compridas. Christian estava a distância, perto da janela, as mãos cruzadas atrás dele. Suas costas estavam rígidas e eretas. Henry parecia pálido e cansado, Maite chorosa. O rosto de Gideon era uma máscara. O riso morreu nos lábios de Cecily.
— O que é isso? Tiveram notícias? É Poncho...?
— Não é Poncho — disse Maite — é Ucker.
Cecily mordeu o lábio enquanto seu batimento cardíaco diminuiu com alívio culpado. Ela tinha pensado primeiro em seu irmão, mas é claro que era seu parabatai que estava em perigo mais iminente.
— Ucker — ela repetiu.
— Ele ainda está vivo — Henry falou, em resposta a sua pergunta não formulada.
— Bom, então. Temos tudo — Gabriel disse, colocando os pacotes em cima da mesa — tudo o que Christian pediu – Damiana, cabeça de morcego arraigada...
— Obrigado — Christian falou da janela, sem se virar.
— Sim, obrigada — disse Maite — fizeram tudo o que pedi, e sou grata. Mas temo que seu trabalho foi em vão — ela olhou para baixo, para os pacotes, e então de volta para cima novamente. Ficou claro que estava tomando um grande esforço para falar — Ucker tomou uma decisão. Ele quer que deixemos de buscar por uma cura. Tomou a última dose do yin fen; não há mais, e é uma questão de horas agora. Eu chamei os Irmãos do Silêncio. É hora de dizer adeus.
•••
Estava escuro na sala de treinamento. As sombras era longas no chão e o luar entrava pelas elevadas janelas arqueadas. Cecily se sentou em um dos gastos bancos e olhou para os padrões do luar no chão de madeira lascada.
Sua mão direita tocava preocupada o pingente vermelho em torno de sua garganta. Ela não podia deixar de pensar em seu irmão. Parte de sua mente estava no Instituto, mas o resto estava com Poncho: no lombo de um cavalo, lançando-se contra o vento, com dores de cavalgada nas estradas que saíam de Londres para Dolgellau. Se perguntava se ele estava assustado. Se perguntava se o veria novamente.
Estava tão imersa em pensamentos que só despertou com o rangido da porta se abrindo. Uma longa sombra foi lançada pelo chão, e ela ergueu a cabeça para ver Gabriel Lightwood piscando para ela com surpresa.
— Escondida aqui, não é? Isso é... estranho.
— Por quê? — Ela ficou surpresa com quão normal sua voz soou, igualmente calma.
— Porque eu tinha a intenção de me esconder aqui.
Cecily ficou em silêncio por um momento. Gabriel realmente parecia um pouco incerto, diferente – ele geralmente era tão confiante. Apesar de ser uma confiança mais frágil que a de seu irmão. Estava escuro demais para ela ver a cor de seus olhos ou cabelos, e pela primeira vez pôde realmente ver a semelhança entre ele e Gideon. Eles tinham o mesmo queixo determinado, os mesmos olhos bem espaçados e postura cuidadosa.
— Você pode se esconder aqui comigo — ela falou — se assim o desejar.
Ele acenou com a cabeça e atravessou a sala até onde ela estava sentada, mas em vez de se juntar a Cecily, moveu-se para a janela e olhou para fora.
— A carruagem dos Irmãos do Silêncio está aqui — ele disse.
— Sim — Cecily concordou.
Ela sabia de sua leitura do Códex que os Irmãos do Silêncio eram os médicos e sacerdotes do mundo dos Caçadores de Sombras, podia-se esperar encontrá-los igualmente em leitos de morte, enfermarias e partos.
— Pensei que eu deveria ver Ucker. Por Poncho. Mas eu não... eu não pude me forçar a ir. Sou uma covarde — acrescentou. Não era algo que já tinha pensado de si.
— Então eu também sou — respondeu ele.
A luz da lua caía em um lado de seu rosto, fazendo parecer como se ele estivesse usando uma meia máscara.
— Eu vim aqui para ficar sozinho – e, francamente, para ficar longe dos Irmãos, eles me dão arrepios. Pensei que poderia jogar paciência. Poderíamos, se você quiser, jogar rouba monte.
— Como Pip e Estela em Grandes esperanças — disse Cecily, com um lampejo de diversão — mas não, eu não sei jogar cartas. Minha mãe tentou manter os baralhos longe de casa, já que meu pai... tinha uma fraqueza por eles — ela olhou para Gabriel — sabe, em alguns aspectos, somos iguais. Nossos irmãos mais velhos se foram e estávamos sozinhos, sem irmão ou irmã, com um pai que estava se deteriorando. O meu ficou um pouco louco por um tempo depois que Poncho se foi e Ella morreu. Levou anos para recuperar-se e, depois de um tempo perdemos nossa casa. Assim como você perdeu Chiswick.
— Chiswick foi tirado de nós — Gabriel falou com uma pontada ácida de amargura — e para ser honesto, eu sinto falta e não sinto. Minhas memórias do lugar... — ele estremeceu. — Meu pai se trancou em seu escritório uma noite antes de eu vir aqui pedir ajuda. Eu deveria ter vindo antes, mas era muito orgulhoso. Não queria admitir que estava errado sobre o pai. Foram duas semanas em que mal dormi. Bati na porta do escritório e implorei para meu pai para sair, falar comigo, mas tudo o que ouvia eram ruídos desumanos. Tranquei minha porta à noite, e pela manhã, havia sangue nas escadas. Disse a mim mesmo que os servos tinham fugido, mas eu sabia melhor. Então, não, nós não somos os mesmos, Cecily, porque você os deixou. Você foi corajosa. Eu permaneci até que não havia escolha a não ser sair. Fiquei mesmo sabendo que estava errado.
— Você é um Lightwood. Ficou porque é fiel ao nome de sua família. Não é covardia.
— Não é? A lealdade ainda é uma qualidade louvável quando mal direcionada?
Cecily abriu a boca, e depois fechou novamente.
Gabriel estava fitando-a, seus olhos brilhando ao luar. Ele parecia genuinamente desesperado para ouvir sua resposta. Ela se perguntou se ele não tinha mais ninguém com quem conversar. Podia ver como poderia ser aterrorizante obter respostas de alguém tão escrupulosamente moral quanto Gideon, ele parecia tão firme, como se nunca tivesse se questionado em sua vida e não entendia quem o fazia.
— Eu acho — ela falou, escolhendo as palavras com cuidado — que qualquer impulso pode ser transformado em algo maligno. Olhe para o Magistrado. Ele faz o que faz porque odeia os Caçadores de Sombras, por lealdade a seus pais, que cuidaram dele, e que foram mortos. Não é algo além do não entendimento. E ainda não há desculpas para isso. Acho que quando fazemos escolhas, cada uma é diferente das escolhas que fizemos antes, devemos examinar não apenas nossas razões para tomá-las, mas em que elas resultarão, e se pessoas boas vão ser feridas por nossas decisões.
Houve uma pausa.
— Você é muito sábia, Cecily Herrera.
— Não se arrependa muito das escolhas que fez no passado, Gabriel — disse, consciente de que estava usando seu nome de batismo, sem ser capaz de evitar — apenas faça as mais acertadas no futuro. Sempre somos capazes de mudar e sempre podemos melhorar.
— Isso não é o que o meu pai queria que eu fosse, e apesar de tudo, encontro-me relutante em dispensar a esperança da sua aprovação.
Cecily suspirou.
— Nós podemos fazer o nosso melhor, Gabriel. Eu tentei ser a criança meus pais queriam, a senhorita que queriam que eu fosse. Deixei de tentar levar Poncho de volta porque pensei que era a coisa certa a fazer. Eu sabia que eles estavam tristes que Poncho tivesse escolhido um caminho diferente – e é o caminho certo para ele, por mais que seja de uma forma estranha. É o seu caminho. Não escolha o que seu pai teria feito ou o que seu irmão escolheria. Seja o Caçador de Sombras que você deseja ser.
Ele parecia muito jovem quando perguntou:
— Como você sabe que eu vou fazer a escolha certa?
Lá fora, os cascos dos cavalos sobre as lajes do pátio ecoaram pela janela. Os Irmãos do Silêncio estavam saindo. Ucker, Cecily pensou, com uma pontada no coração. Seu irmão sempre o olhara como uma espécie de estrela do norte, uma bússola que jamais iria apontá-lo na direção certa novamente.
Ela nunca pensara em seu irmão como afortunado antes, e certamente não teria esperado fazê-lo hoje em dia – ainda mais com tudo o que acontecera. Sempre ter alguém a quem recorrer assim, e não se preocupar constantemente que estivesse olhando para as estrelas erradas. Ela tentou fazer sua voz tão firme e forte quanto podia, tanto para si mesmo quanto para o garoto na janela.
— Talvez, eu tenha fé em você, Gabriel Lightwood.
Até Mais!
Autor(a): Alien AyA
Este autor(a) escreve mais 8 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Capítulo 14 - Parabatai Paz, paz! Ele não está morto, não está dormindo,Acordou do sonho da vida;Somos nós que, perdidos em visões tempestuosas, mantemosCom fantasmas um conflito inútil,E em um transe louco, atacamos com a faca do nosso espíritoVários nadas invulneráveis. DecompondoComo corpos em u ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 325
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03
que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(
-
franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43
adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!
-
franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53
que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!
-
franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12
adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss
-
Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54
Chorei :/ Adeus não viu Adri..
-
franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10
chorrei bastante viu... ;(
-
franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37
nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.
-
franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..
-
Postado em 23/09/2015 - 13:52:16
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.
-
franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41
Nossa....