Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico
Capítulo 14 - Parabatai
Paz, paz! Ele não está morto, não está dormindo,
Acordou do sonho da vida;
Somos nós que, perdidos em visões tempestuosas, mantemos
Com fantasmas um conflito inútil,
E em um transe louco, atacamos com a faca do nosso espírito
Vários nadas invulneráveis. Decompondo
Como corpos em uma câmara mortuária; medo e dor
Nos convulsionam e consomem dia a dia,
E esperanças frias se acumulam como vermes em nosso barro vivo.
– Percy Bysshe Shelley, Adonais: Elegia pela morte de John Keats
O pátio da pousada Green Man Inn era uma confusão de lama quando Poncho e seu cavalo exausto chegaram ali. O cavaleiro deslizou de cima de Balios. Ele estava cansado, duro e com dores da sela. Com o mau estado das estradas e a exaustão de si próprio e do cavalo, percorreram as últimas horas em um tempo péssimo. Já estava bastante escuro, e ele ficou aliviado ao ver um rapaz esticando o braço em direção a ele, as botas salpicadas com lama até os joelhos e carregando uma lamparina que trazia um brilho amarelo e quente.
— Oi, é uma noite bem molhada, senhor — comentou o menino alegremente enquanto se aproximava.
Sua aparência era a de um menino humano comum, mas havia algo de travesso e um pouco de duende sobre ele – sangue das fadas, às vezes, transmitido ao longo de gerações, poderia se expressar em seres humanos e até mesmo Caçadores de Sombras no formato dos olhos ou no brilho luminoso da pupila. É claro que o menino tinha a Visão. O Green Man era um posto de parada bem-conhecido pelos Seres do Submundo. Poncho teve a esperança de alcançá-lo ao anoitecer. Estava cansado de fingir na frente de mundanos, cansado de estar encantado, cansado de se esconder.
— Molhado? Você acha? — Poncho murmurou enquanto a água pingava de seu cabelo nos cílios.
Estava com os olhos na porta da frente da pousada, através da qual a luz amarela de boas-vindas derramava-se. No alto, quase toda a luz havia sumido do céu. Pesadas nuvens negras surgiam, com a promessa de mais chuva.
O menino levou Balios pela rédea.
— Você tem um daqueles cavalos mágicos — ele exclamou.
— Sim — Poncho limpou a espuma na lateral do cavalo — ele precisa de uma limpeza e um cuidado especial.
O garoto acenou com a cabeça.
— É um Caçador de Sombras, então? Nós não temos muitos deles por aqui. Há pouco tempo vieram uns, mas eram velhos desagradáveis...
— Escute — Poncho interrompeu — existem quartos disponíveis?
— Não tenho certeza se há algum privado, senhor.
— Bem, eu quero um privado, se tiver, melhor. E um estábulo para o cavalo passar a noite, uma casa de banho e uma refeição. Corra com o cavalo e arrume as coisas para ele, vou ver o que o senhorio diz.
O senhorio foi totalmente prestativo e como o menino, não fez comentários sobre as Marcas nas mãos de Poncho ou em sua garganta, apenas perguntou as questões comuns:
— Irá querer a sua refeição em uma sala privada ou comerá no salão comum, senhor? E prefere ter o banho antes de seu jantar, ou depois?
Poncho, que se sentia envolto em lama, optou pelo banho primeiro, porém concordou em jantar no salão comum. Ele tinha trazido uma boa quantia de dinheiro mundano com ele, mas uma sala privada para um jantar seria despesa desnecessária, especialmente quando não se importava com o que estava comendo. Comida era combustível para a viagem, e isso era tudo.
Embora o proprietário tivesse achado pouco do fato de Poncho ser um Nephilim, os outros na área comum da pousada o notaram. Quando Poncho se inclinou contra o balcão, um grupo de jovens licantropos próximo a grande lareira, que estivera bebendo cerveja barata na maior parte do dia, murmuraram entre si. Poncho tentou não prestar atenção enquanto encomendava baldes de água quente para si e um mingau para seu cavalo, como qualquer jovem cavalheiro arrogante faria, mas os olhos penetrantes sobre ele eram ávidos, absorvendo cada detalhe, de seu cabelo molhado e botas lamacentas até o pesado casaco que não mostrava sinais se ele carregava ou não o cinto de armas costumeiro dos Nephilim.
— Calma, rapazes — disse o mais alto do grupo.
Ele sentou-se mais próximo da lareira, lançando seu rosto na sombra pesada, embora o fogo delineasse seus longos dedos enquanto ele retirava a mão de uma fina caixa majólica de charutos e fechava pensativamente a fechadura — eu o conheço.
— Você o conhece? — Um dos licantropos mais jovens perguntou, incrédulo. — O Nephilim? É seu amigo, Scott?
— Oh, não um amigo. Não exatamente — Woolsey Scott acendeu a ponta de seu charuto com um fósforo e considerou o rapaz do outro lado da sala, um sorriso brincando em sua boca — mas é muito interessante que ele esteja aqui. Muito interessante.
•••
— Anahí!
A voz ecoou em seus ouvidos, um grito irregular. Ela sentou-se na margem do rio, seu corpo tremendo.
— Poncho?
Ela ficou de pé e olhou em volta. A lua tinha ido para trás de uma nuvem. O céu estava cinza escuro marmóreo, atravessado por veias de preto. O rio corria à sua frente, escuro na pouca luz, e olhando em volta, Anahí viu apenas as árvores retorcidas, o penhasco íngreme por onde tinha caído, uma ampla amostra de campo estendendo-se na outra direção – campos e cercas de pedra, distantes luzes pontilhando onde havia uma fazenda ou habitação. Não podia ver nada como uma vila ou cidade, nem mesmo um conjunto de luzes que poderia indicado um pequeno vilarejo.
— Poncho — ela sussurrou de novo, puxando os braços sobre si mesma.
Ela tinha certeza de que tinha sido sua voz chamando seu nome. A voz de mais ninguém mais parecia a dele. Mas era ridículo. Ele não estava aqui. Não poderia estar. Talvez, como Jane Eyre, que ouvira Rochester chamando-a nos pântanos, ela estivesse meio sonhando.
Pelo menos foi um sonho que a puxou de sua inconsciência. O vento era como uma faca gelada, cortando através de suas roupas – ela usava apenas um vestido fino, para ficar dentro de casa, sem casaco ou chapéu – até sua pele. As saias ainda estavam molhadas com a água do rio, o vestido e a meia rasgados e manchados de sangue. O anjo salvara sua vida, ao que parecia, mas não a protegera de uma lesão.
Ela tocou-o agora, esperando orientações, mas ele estava tão quieto e mudo como sempre. Quando tirou a mão da garganta, entretanto, ouviu a voz de Poncho em sua cabeça: algumas vezes, quando eu tenho de fazer algo que não quero fazer, finjo que sou um personagem de um livro. É mais fácil saber o que eles iriam fazer.
Um personagem de um livro, Anahí pensou, um bom, um sensível, iria seguir o fluxo. Um personagem de um livro saberia que habitações humanas e cidades são muitas vezes construídas perto da água, e iria procurar ajuda em vez de tropeçar para a floresta.
Resolutamente, ela colocou os braços em volta de si e começou a marchar para a jusante.
Autor(a): Alien AyA
Este autor(a) escreve mais 8 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
No momento em que Poncho – banhado, barbeado e vestindo uma camisa limpa com colarinho – voltou para o salão comum para jantar, o lugar contava com várias pessoas. Bem, não exatamente pessoas. Enquanto escolhia um lugar, passou por mesas onde trolls se debruçavam em conjunto com canecas de cerveja, parecendo velhos retorcidos tentando ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 325
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03
que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(
-
franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43
adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!
-
franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53
que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!
-
franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12
adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss
-
Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54
Chorei :/ Adeus não viu Adri..
-
franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10
chorrei bastante viu... ;(
-
franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37
nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.
-
franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..
-
Postado em 23/09/2015 - 13:52:16
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.
-
franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41
Nossa....