Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico
— É este, então? O Nephilim?
Poncho não sabia quanto tempo ficou sentado ali, caído contra a parede do estábulo, ficando cada vez mais molhado com a chuva, quando a voz rosnada saiu da escuridão. Ele ergueu a cabeça, tarde demais para se desvencilhar da mão estendida na direção dele. Um momento mais tarde, ela tinha agarrado seu colarinho e o arrastado de pé.
Ele olhou ofuscado pela chuva e pela dor enquanto um grupo de lobisomens formava um semicírculo ao seu redor. Havia talvez cinco deles, incluindo o que tinha erguido-o contra a parede do estábulo, uma mão fechada em sua camisa sangrenta. Eles estavam todos vestidos da mesma forma, em trajes pretos tão molhados com a chuva que brilhavam como se tivessem sido oleados. Todos estavam sem chapéu, os cabelos – usados longos pelos lobisomens – grudados em suas cabeças.
— Tire as mãos de mim — disse Poncho — os Acordos proíbem tocar um Nephilim sem provocação...
— Sem provocação? — O lobisomem a sua frente puxou-o e bateu as costas dele contra a parede novamente.
Em circunstâncias comuns, Poncho provavelmente não teria se ferido, mas estas não eram circunstâncias comuns. A dor física pela runa parabatai desaparecida havia sumido, mas todo o seu corpo estava seco e oco, todo o significado sugado do centro dele.
— Eu diria que foi provocado. Se não fosse por vocês Nephilim, o Magistrado nunca teria vindo até nós com suas drogas sujas e suas mentiras imundas...
Poncho olhou para os lobisomens com uma emoção no limite da hilaridade. Será que eles realmente achavam que poderiam machucá-lo, após o que tinha perdido? Durante cinco anos, fora a sua verdade absoluta. Ucker e Poncho. Poncho e Ucker. Poncho Herrera vivia, portanto, Ucker Uckermann vivia também. Quod erat demonstrandum. Perder um braço ou uma perna seria doloroso, ele imaginava, mas perder a verdade central da vida era... fatal.
— Drogas sujas e mentiras imundas — Poncho observou — isso soa pouco higiênico. Embora, diga-me, é verdade que em vez de tomar banho, licantropos só se lambem uma vez por ano? Ou vocês se lambem uns aos outros? Porque isso foi o que eu ouvi.
A mão em sua camisa apertou mais.
— Você quer ser um pouco mais respeitoso, Caçador de Sombras.
— Não — Poncho respondeu — não, eu realmente não quero.
— Ouvimos tudo sobre você, Poncho Herrera — disse um dos outros lobisomens — sempre rastejando para os Seres do Submundo pedindo por ajuda. Gostaríamos de vê-lo engatinhar agora.
— Vai ter que me cortar na altura dos joelhos, então.
— Isso — o lobisomem falou — pode ser arranjado.
Poncho explodiu em ação. Ele bateu com a cabeça na cara do lobisomem que o segurava. Ouviu e sentiu craque oco ao quebrar o nariz do lobisomem, sangue quente jorrando no rosto dele enquanto cambaleava para trás através do pátio e caía de joelhos nos paralelepípedos. Suas mãos estavam pressionadas no rosto, tentando conter o fluxo de sangue. Uma mão agarrou o ombro de Poncho, garras perfurando o tecido da camisa molhada de Poncho. Ele girou para enfrentar o lobisomem e viu na mão deste segundo um brilho prateado ao luar, o reflexo de uma faca afiada.
Os olhos de seu atacante reluziram em meio à chuva, ouro esverdeados e ameaçador.
Eles não vieram aqui para me insultar ou ferir, Poncho percebeu. Eles vieram aqui para me matar.
Por um momento obscuro, Poncho ficou tentado a deixá-los. O pensamento parecia ser um alívio enorme, toda a dor desapareceu, todas as responsabilidades se foram em uma simples submersão em morte e esquecimento. Ele ficou imóvel enquanto a faca girava em sua direção. Tudo parecia estar acontecendo muito lentamente, a lâmina balançando em sua direção, o rosto sarcástico do lobisomem turvo por causa da chuva. O quadro que ele tinha sonhado na noite anterior passou diante de seus olhos: Anahí, correndo numa encosta verde para ele. Anahí.
A mão de Poncho se ergueu automaticamente e agarrou o pulso do lobisomem enquanto ele se abaixava sob o golpe, balançando sob o braço do lobo. Ele baixou o braço com força, quebrando o osso com uma fragmentação selvagem. O licantropo gritou e uma onda escura de alegria atravessou Poncho. O punhal caiu no paralelepípedo enquanto Poncho chutou as pernas seu oponente, em seguida, deu uma cotovelada em sua têmpora. O lobo caiu no chão em uma pilha e não se moveu novamente.
Poncho pegou o punhal e se virou para enfrentar os outros. Havia apenas três deles de pé agora, e eles olhavam menos seguros de si do que antes. Poncho sorriu, frio e terrível, e provou o gosto metálico de chuva e sangue em sua boca.
— Venham e me matem. Venham se acham que são capazes — ele chutou o lobisomem inconsciente a seus pés — terão que fazer melhor do que os seus amigos.
Eles se lançaram para Poncho, as garras de fora, e o Caçador de Sombras caiu com força sobre os paralelepípedos, a cabeça batendo forte nas pedras. Garras atingiram seu ombro, ele rolou de lado sob uma saraivada de golpes e atacou para cima com sua adaga. Houve um grito alto de dor que terminou em um gemido, e o corpo em cima de Poncho, que esteve se movendo lutando, ficou mole. Poncho rolou-o para o lado e pôs-se de pé, girando.
O licantropo que ele tinha esfaqueado estava de olhos abertos, morto em uma poça de sangue e água da chuva. Os dois lobisomens restantes estavam esforçando-se para levantar, sujos de lama e encharcados. Poncho estava com seu ombro sangrando onde um deles tinha cavado sulcos profundos com as garras, a dor era maravilhosa. Ele riu através do sangue e da lama enquanto a chuva lavava o sangue da lâmina de sua adaga.
— De novo — disse ele, e mal reconheceu sua própria voz, tensa, afiada e mortal — de novo.
Um dos lobisomens girou e saiu correndo. Poncho riu de novo e se moveu para o último deles, que estava congelado, as mãos estendidas – com bravura ou terror, Poncho não tinha certeza, e não se importava. A adaga era como uma extensão de seu pulso, parte de seu braço. Um bom golpe e um empurrão para cima, e ele iria atingir o osso e a cartilagem, rasgando em direção ao coração...
— Pare!
A voz era forte, imponente, familiar. Poncho moveu os olhos para o lado. Parado do outro lado do pátio, os ombros curvados contra a chuva, a expressão furiosa, estava Woolsey Scott.
— Eu comando você, todos vocês, pare neste instante!
O lobisomem deixou os braços caírem instantaneamente, suas garras desaparecendo. Ele curvou a cabeça, o gesto clássico de submissão.
— Mestre...
A maré fervente de raiva derramou-se sobre Poncho, obliterando a racionalidade, os sentidos... tudo, menos a raiva. Ele estendeu a mão e puxou o lobisomem para si, o braço envolvendo o pescoço do homem, a lâmina contra sua garganta.
Woolsey, a poucos metros de distância, ficou de pé, os olhos verdes atirando punhais.
— Chegue mais perto — Poncho disse — e eu vou cortar a garganta de seu pequeno licantropo.
— Eu mandei parar — Woolsey falou em um tom medido. Ele estava vestindo, como sempre, um terno de bom corte, um casaco de equitação brocado por cima, tudo agora encharcado com a chuva. Seu cabelo curto estava colado ao rosto e ao pescoço, estava incolor com água — os dois.
— Mas eu não tenho que te ouvir! — Poncho gritou. — Eu estava ganhando!Ganhando!
Ele olhou em volta para os três corpos dos licantropos espalhados pelo pátio, dois inconscientes, um morto.
— Sua alcateia me atacou sem motivo. Eles quebraram os Acordos. Eu estava me defendendo. Eles quebraram a Lei! — Sua voz se ergueu, dura e irreconhecível. — Me devem seu sangue, e eu vou tê-lo!
— Sim, sim, baldes de sangue — disse Woolsey — e o que você faria com ele se o tivesse? Você não se importa com o lobisomem. Deixe-o ir.
— Não.
— Pelo menos liberte-o para que ele possa lutar com você.
Poncho hesitou, em seguida, soltou o lobisomem que segurava. O licantropo olhou para o líder de sua matilha, apavorado. Woolsey estalou seus dedos na direção do lobo.
— Corra, Conrad. Rápido. Agora.
O lobisomem não precisou ouvir duas vezes; ele girou nos calcanhares e correu para longe, desaparecendo por trás dos estábulos. Poncho voltou-se para Woolsey com um sorriso de escárnio.
— Portanto, os membros de sua matilha são todos covardes. Cinco contra um Caçador de Sombras? Assim que é?
— Eu não lhes mandei vir aqui atrás você. Eles são jovens e estúpidos. E impetuosos. E metade da matilha foi morta por Mortmain. Eles culpam a sua espécie — Woolsey aproximou-se mais, seus olhos movendo-se para baixo em Poncho, frios como gelo verde — assumo que seu parabatai está morto, então — ele adicionou com naturalidade chocante.
Poncho não estava pronto para ouvir aquelas palavras depois de tudo, nunca estaria pronto. A batalha limpou a dor de sua cabeça por um momento. Agora ela ameaçou voltar, englobando tudo, aterrorizante. Ele arquejou como se Woolsey tivesse dado um soco nele, e Poncho deu um passo involuntário para trás.
— E você está tentando se matar por causa disso, jovem Nephilim? É isso o que está acontecendo?
Poncho tirou o cabelo molhado do rosto e olhou para Woolsey com ódio.
— Talvez eu esteja.
— É assim que você respeita a sua memória?
— O que isso importa? Ele está morto. Nunca vai saber o que eu faço ou deixo de fazer.
— Meu irmão está morto — disse Woolsey — eu ainda luto para realizar seus desejos, continuar o Praetor Lupus por sua memória, viver como ele gostaria que eu vivesse. Acha que eu sou o tipo de pessoa que jamais se encontraria em um lugar como este, consumindo as sobras dos porcos e bebendo vinagre, com lama até os joelhos, assistindo um tedioso Caçador de Sombras pirralho destruir ainda mais a minha já debilitada matilha, se não fosse pelo fato de que sirvo a um propósito maior do que meus próprios desejos e tristezas? E você também, Caçador de Sombras. E você também.
— Oh, Deus — o punhal caiu da mão de Poncho e caiu na lama a seus pés — o que eu faço agora? — Ele sussurrou.
Ele não tinha ideia do porque estava perguntando a Woolsey, exceto que não havia mais ninguém no mundo para perguntar. Nem mesmo quando ele pensou que era amaldiçoado tinha se sentido tão sozinho. Woolsey olhou para ele friamente.
— Faça o que seu irmão teria desejado — falou, depois virou-se e foi na direção da estalagem.
Até Mais!
Autor(a): Alien AyA
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 325
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nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03
que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43
adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53
que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12
adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss
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Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54
Chorei :/ Adeus não viu Adri..
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10
chorrei bastante viu... ;(
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37
nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..
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Postado em 23/09/2015 - 13:52:16
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.
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franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41
Nossa....