Fanfics Brasil - O Príncipe Mecânico Anjo Mecânico [FINALIZADA]

Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico


Capítulo: O Príncipe Mecânico

230 visualizações Denunciar


Poncho. Poncho, acorde.


Era a voz de Anahí, sem dúvida, e Poncho sentou-se ereto na sela. Ele apanhou a crina de Balios para se firmar e olhou ao redor com olhos turvos.


Verde, cinza, azul. A vista do campo galês espalhado diante dele. Ele passara por Welshpool e pela fronteira da Inglaterra com o País de Gales por volta do amanhecer. Lembrava pouco de sua jornada, apenas uma contínua progressão tortuosa de lugares: Norton, Atcham, Emstrey, Weeping Cross, desviando o cavalo ao redor de Shrewsbury e, finalmente, finalmente a fronteira e as montanhas galesas à distância. Eles estavam fantasmagóricos à luz da manhã, tudo envolto em névoa que lentamente desaparecia enquanto o sol tinha se erguia.


Supôs que estava em algum lugar perto de Llangadfan. Era uma estrada bonita, num velho atalho romano, mas quase vazio de habitações além de uma fazenda ocasional, e parecia infinitamente longa, mais comprida que o céu cinza que se estendia por cima. No Cann Office Hotel, ele obrigou-se a parar e comer um pouco, mas apenas por uns momentos. A viagem era o que importava.


Agora que estava no País de Gales, podia sentir aquilo – o magnetismo em seu sangue para o lugar onde ele tinha nascido. Apesar as palavras de Cecily, ele não sentia a conexão até agora – respirar o ar galês, ver as cores do País de Gales: o verde dos morros, o cinza da ardósia e do céu, a palidez de pedra caiada casas, os pontos brancos das ovelhas contra a grama. Pinheiros e carvalhos eram esmeralda escuro na distância, e mais acima, mas perto da estrada, a vegetação crescia verde acinzentada e ocre.


Enquanto se movia mais para o coração do país, as verdes colinas suaves cresceram potencialmente, o caminho ficou mais íngreme, e o sol começou a afundar em direção à borda da distante montanha.


Ele sabia onde estava, agora, soube quando passou para o Vale do Dyfi, e as montanhas na frente corriam para o alto, fortes e irregulares. O pico Car Afron estava a sua esquerda, uma queda de ardósia cinza e cascalho como teias de aranha cinza em toda a lateral. O caminho era íngreme e longo, e quando Poncho incitou Balios, ele caiu para frente na sela e, contra sua vontade, derivou para fora de sua consciência.


Sonhava com Cecily e Ella subindo e descendo colinas e não muito diferente destas, chamando por ele, Poncho! Venha correr com a gente, Poncho! E ele sonhou com Anahí e as mãos estendidas para ele, e soube que não podia parar, não conseguiria parar até que a alcançasse. Mesmo que ela nunca olhasse por ele em vigília, mesmo que a suavidade em seus olhos fosse para outra pessoa. E algumas, vezes, como agora, sua mão escorregaria para o bolso e se fecharia em torno do pingente de jade ali.


Algo acertou-lhe com força na lateral; ele derrubou o pingente quando ele caiu asperamente sobre a grama rochosa ao lado da estrada. A dor subiu-lhe no braço, e ele rolou para o lado a tempo de evitar Balios atingindo a terra ao lado dele.


Levou um momento para ele, ofegante, perceber que eles não tinham sido atacados. Seu cavalo, exausto demais para dar outro passo, desabou debaixo dele. Poncho ficou de joelhos e rastejou até Balios. O cavalo preto estava coberto por espuma, os olhos revirando para Poncho enquanto o Caçador de Sombras se aproximou dele e colocou um braço ao redor de seu pescoço. Para seu alívio, o pulso do cavalo era firme e forte.


— Balios, Balios — ele sussurrou, acariciando o crina do animal — sinto muito. Eu não devia ter montado você desse jeito.


Ele lembrou-se de quando Henry comprara os cavalos e estava tentando decidir como nomeá-los. Poncho quem escolhera os nomes: Balios e Xanthos, como os cavalos imortais de Aquiles. Nós dois podemos voar tão rápido quanto Zéfiro, que dizem ser o mais veloz dos ventos.


Mas aqueles cavalos eram imortais, e Balios não. Mais forte do que um cavalo comum, e mais rápido, porém toda criatura tem seus limites. Poncho deitou, a cabeça girando, e olhou para o céu – como um lençol cinza puxado com firmeza, alguns toques de nuvens negras aqui e ali.


Ele pensou uma vez, nos breves instantes entre o “fim” da maldição e a descoberta de que Ucker e Anahí estavam noivos, em trazer Anahí para Gales a fim de mostrar os lugares de sua infância. Pensou em levá-la a Pembrokenshire para andar em volta de Saint David’s Head e ver as flores do topo da colina, o mar azul de Tenby e encontrar conchas nas linhas da maré. Tudo agora parecia um sonho distante de criança. Havia apenas a estrada à frente, mais cavalgada e mais cansaço, e uma provável morte no fim.


Com outro afago tranquilizante no pescoço do cavalo, Poncho ficou de pé. Lutando contra a tontura, mancou até o topo da colina e olhou para baixo.


Havia um pequeno vale, no qual se encontrava uma pequena vila de pedra, um pouco maior do que um vilarejo. Pegou a estela do cinto e desenhou um símbolo de Visão no pulso esquerdo. Aquilo lhe deu poder suficiente para enxergar que a vila tinha uma praça e uma pequena igreja. Certamente teria alguma pousada onde poderia descansar à noite.


Tudo em seu coração o incentivava a seguir, a concluir a missão – não podia estar a mais de 30 quilômetros do objetivo – mas continuar significaria matar o cavalo, e sabia que chegar sozinho em Cadair Idris consistiria em não ter condições de combater ninguém. Voltou-se novamente para Balios e, com uma aplicação cuidadosa de carinhos e punhados de aveia, conseguiu levantar o cavalo. Pegando as rédeas e cerrando os olhos para o pôr do sol, começou a conduzir Balios pela colina, em direção à vila.


•••


A cadeira em que Anahí estava sentada tinha um encosto alto e esculpido, com pregos imensos cujas pontas cutucavam-lhe as costas. Diante dela havia uma mesa ampla, com livros em uma das pontas. E sobre a mesa havia papel, um pote de tinta e uma pena. Ao lado do papel, o relógio de bolso de John Shade.


De cada lado, havia dois enormes autômatos. Pouco esforço fora empregado em fazê-los parecer humanos. Eram quase triangulares, com braços grossos se projetando de cada lado do corpo e cada braço culminando em uma lâmina afiada. Eram um tanto assustadores, mas Anahí não podia deixar de sentir que, se Poncho estivesse ali, comentaria que pareciam nabos, e talvez fizesse uma música sobre isso.


— Pegue o relógio — disse Mortmain. — E Transforme-se.


Ele estava sentado diante dela, em uma cadeira semelhante a sua, com o mesmo encosto alto e curvo. Estavam em outra sala cavernosa, para a qual ela fora levada por autômatos. A única luz vinha de uma lareira gigante, grande o bastante para assar uma vaca. O rosto de Mortmain estava encoberto por sombras, os dedos sob o queixo.


Anahí ergueu o relógio. Era pesado e frio em suas mãos. Ela fechou os olhos. Contava apenas com a palavra de Mortmain de que ele enviaria o yin fen; no entanto, ela acreditava. Ele não tinha razão para não fazê-lo, afinal. Que diferença faria se Ucker Uckermann vivesse um pouco mais? Aquilo fora apenas um instrumento de barganha para levá-la às mãos dele, e aqui estava, com ou sem yin fen.


Ouviu a respiração de Mortmain chiar entre os dentes, e firmou os dedos sobre o relógio. De repente, ele pareceu pulsar em sua mão, como o anjo mecânico fazia às vezes, parecendo que tinha uma própria vida. Sentiu a mão se mexer, e, de repente, a Transformação tomou conta dela – sem precisar se esforçar como normalmente fazia. Engasgou um pouco ao sentir a Transformação dominá-la como um vento forte, puxando-a para baixo. De repente, John Shade estava ao seu redor, sua presença se sobrepondo à dela. A dor passou por seu braço, e ela soltou o relógio, que caiu ruidosamente sobre a mesa, mas a Transformação não podia ser contida. Seus ombros alargaram sob o vestido, os dedos ficaram verdes, a cor se espalhou pelo corpo como verdete sobre cobre.


A cabeça dela se levantou. Ela parecia pesada, como se um peso enorme a pressionasse. Olhando para baixo, viu que tinha os braços fortes de um homem, uma pele verde, escura e texturizada, as mãos grandes e curvadas. Uma sensação de pânico a dominou, mas era uma faísca pequena, mínima em um imenso golfo de escuridão. Jamais havia se perdido tanto em uma Transformação.


Mortmain havia sentado ereto. Encarava-o com os lábios comprimidos, e os olhos brilhavam com uma luz escura e rígida.


— Pai — disse ele.


Anahí não respondeu. Não pôde responder. A voz que veio de dentro dela não lhe pertencia; era de Shade.


— Meu príncipe mecânico — disse Shade.


A luz nos olhos de Mortmain se expandiu. Ele se inclinou para a frente, empurrando os papéis para Anahí, ansiosamente.


— Pai — falou. — Preciso de sua ajuda, e depressa. Tenho uma Pyxis. Tenho os mecanismos para abri-la. Tenho os corpos dos autômatos. Só preciso do feitiço que criou, o de ligadura. Escreva-o para mim e terei a última peça do quebra-cabeça.


A pequena chama de pânico dentro de Anahí estava crescendo e dominando-a. Este não era um reencontro tocante entre pai e filho. Era algo que Mortmain queria e precisava do feiticeiro John Shade. Ela começou a lutar, a tentar escapar da Transformação, mas estava presa por uma garra que parecia de ferro. Desde que passou a ser treinada pelas Irmãs Sombrias, aprendeu a se livrar de uma Transformação, mas apesar de John Shade estar morto, Anahí podia sentir seu controle firme sobre ela, mantendo-a aprisionada em seu corpo e forçando aquele corpo a agir. Horrorizada, ela viu a própria mão alcançar a pena, mergulhar a ponta na tinta e começar a escrever.


A pena arranhou o papel. Mortmain se inclinou para a frente. Arfava como se estivesse correndo. Atrás dele, o fogo estalava, alto e alaranjado na lareira.


— É isso — disse ele, e a língua lambeu o lábio superior. — Vejo como funcionaria, sim. Finalmente. É exatamente isso.


Anahí encarou. O que vinha da caneta parecia uma enxurrada de bobagens: números, sinais e símbolos que não compreendia. Novamente tentou lutar, conseguindo apenas borrar a página. Lá se ia a pena outra vez – tinta, papel, mais rabiscos. A mão que segurava a pena tremia violentamente, mas os símbolos continuavam fluindo. Anahí começou a morder o lábio: forte e depois mais forte. Sentiu gosto de sangue na boca. Parte do sangue pingou na página. A pena continuou escrevendo através dele e espalhou um líquido escarlate pela folha.


— É isso — disse Mortmain. — Pai...


A ponta da pena estalou, tão barulhenta quanto um tiro, ecoando nas paredes da caverna. A pena quebrou na mão de Anahí, e ela caiu sobre a cadeira, exausta. O verde desbotava da pele, o corpo encolhia. Seus próprios cabelos castanhos caíam soltos sobre os ombros. Ainda sentia o gosto do sangue na boca.


— Não — ela engasgou e se esticou para pegar os papéis — não...


Mas seus movimentos foram lentos em consequência da dor e da Transformação, e Mortmain foi mais rápido. Rindo, ele arrancou os papéis da mão dela e se levantou.


— Muito bem. Obrigado, minha pequena feiticeira. Você me deu tudo que eu precisava. Autômatos, levem a Srta. Portilla de volta ao quarto.


A mão metálica se fechou nas costas do vestido de Anahí e a levantou. O mundo parecia balançar entorpecidamente diante dela. Ela viu Mortmain esticar o braço e levantar o relógio dourado que caíra sobre a mesa.


Ele sorriu para o objeto, um sorriso selvagem e vil.


— Vou deixá-lo orgulhoso, pai — falou. — Nunca duvide disso.


Anahí, sem conseguir mais assistir, fechou os olhos. O que eu fiz?, pensou enquanto o autômato começava a empurrá-la de lá. Meu Deus, o que fiz?




Até Mais!


 



Compartilhe este capítulo:

Autor(a): Alien AyA

Este autor(a) escreve mais 8 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?

+ Fanfics do autor(a)
Prévia do próximo capítulo

Capítulo 17 - É nobre ser bom Seja como for, me parece,É nobre ser bom.Corações generosos são mais que coroas,E a simples fé é mais do que o sangue normando.– Alfred, Lord Tennyson, Lady Clara Vere de Vere A cabeça escura de Maite estava curvada sobre uma carta quando Gabriel entrou na sala de estar. ...


  |  

Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 325



Para comentar, você deve estar logado no site.

  • nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03

    que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43

    adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53

    que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12

    adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss

  • Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54

    Chorei :/ Adeus não viu Adri..

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10

    chorrei bastante viu... ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37

    nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21

    sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..

  • Postado em 23/09/2015 - 13:52:16

    sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.

  • franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41

    Nossa....


ATENÇÃO

O ERRO DE NÃO ENVIAR EMAIL NA CONFIRMAÇÃO DO CADASTRO FOI SOLUCIONADO. QUEM NÃO RECEBEU O EMAIL, BASTA SOLICITAR NOVA SENHA NA ÁREA DE LOGIN.


- Links Patrocinados -

Nossas redes sociais