Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico
Capítulo 22 - Trovão na trombeta
Pois até que venha o trovão na trombeta,
A alma pode se separar do corpo, mas nós não
Nos separaremos um do outro.
– Algernon Charles Swinburne, Laus Veneris
Criaturas mecânicas tiraram Anahí das brumas negras. O fogo corria por suas veias, e, quando ela olhou para baixo, estava com a pele rachada e cheia de bolhas, e substância dourada escorria em rios por seus braços. Ela viu os infinitos campos do Paraíso, viu um céu constantemente ardente com um brilho que cegaria qualquer humano. Viu nuvens prateadas nas beiradas, como lâminas, e sentiu o vazio gelado dos corações dos anjos.
— Anahí. — Era Poncho; ela reconheceria seu jeito de falar em qualquer lugar. —Anahí, acorde, acorde. Anahí, por favor.
Pôde ouvir a dor na voz dele, e queria alcançá-lo, mas, ao levantar os braços, as chamas se elevavam e queimavam seus dedos. Suas mãos viraram cinzas e voaram ao vento quente.
Anahí se debateu na cama em um delírio de febre e pesadelos. Os lençóis, retorcidos sobre ela, estavam ensopados de suor, os cabelos grudados às têmporas. A pele, sempre pálida, quase transparente, mostrava o mapeamento das veias e a forma dos ossos. O anjo mecânico estava em seu pescoço; vez ou outra, ela o pegava e gritava com uma voz perdida, como se o toque doesse.
— Ela está em tanta agonia — Maite mergulhou um pano em água fria e o pressionou contra a testa ardente de Anahí.
A menina emitiu um ruído de protesto contra o toque, mas não tentou bater na mão de Maite, que gostaria de acreditar que era porque os panos molhados estavam ajudando, mas sabia que era mais provável que Anahí estivesse simplesmente exausta.
— Não há mais nada que possamos fazer?
O fogo do anjo está deixando seu corpo. O Irmão Enoch, ao lado de Maite, falou com seu sussurro sombrio e onidirecional. Vai demorar o tempo que demorar. Ficará livre da dor quando acontecer.
— Mas ela vai sobreviver?
Sobreviveu até aqui. O Irmão do Silêncio soou severo. O fogo deveria tê-la matado. Teria matado qualquer ser humano normal. Mas ela é parte Caçadora de Sombras, parte demônio, e era protegida pelo anjo cujo fogo clamou. Ele a protegeu mesmo naqueles últimos momentos enquanto ardia e queimava a própria forma corpórea.
Maite não pôde deixar de se lembrar da sala circular sob Cadair Idris, de Anahí avançando e se transformando de garota a chamas, ardendo como uma coluna de fogo, os cabelos passando de fios a faíscas, a luz ofuscante e assustadora. Ajoelhada no chão, ao lado do corpo de Henry, Maite ficou imaginando como anjos podiam arder daquele jeito e viver.
Quando o anjo deixou Anahí, ela caiu, com as roupas penduradas em farrapos e a pele coberta por marcas, como se ela tivesse sido queimada. Vários Caçadores de Sombras correram para o lado dela entre autômatos abatidos, apesar de ter sido tudo um borrão para Maite – eram cenas vistas através das lentes trêmulas do terror que sentia por Henry: Poncho levantou Anahí em seus braços; a fortaleza do Magistrado começou a se fechar, portas bateram enquanto corriam pelos corredores, e o fogo azul de Christian iluminou uma rota de fuga. A criação de um segundo Portal. Mais Irmãos do Silêncio aguardando no Instituto, com mãos e faces cheias de cicatrizes, bloqueavam Maite enquanto se fechavam em torno de Henry e Anahí. Poncho olhando para Ucker, com a expressão apavorada. Ele recorreu ao parabatai.
— Christopher — dissera. — Pode descobrir... o que estão fazendo com ela... se vai sobreviver...
Mas o Irmão Enoch se colocou entre eles.
O nome dele não é Christopher Uckermann, dissera. Agora é Zacarias.
O olhar de Poncho, a maneira como abaixou a mão...
— Deixe que ele fale por si próprio.
Mas Ucker apenas se virou, se afastou de todos eles, e saiu do Instituto. Poncho o observou sair, incrédulo, e Maite se lembrou da primeira vez em que os meninos se encontraram: está mesmo morrendo? Sinto muito.
Foi Poncho, espantado e incrédulo, que explicou a todos eles, pausadamente, a história de Anahí: a função do anjo mecânico, o conto dos desafortunados Starkweather, e a forma não ortodoxa pela qual ela foi concebida. Aloysius tinha razão, pensou Maite. Anahí era sua bisneta. Uma descendente que ele jamais conheceria, pois fora morto no massacre do Conselho.
Maite não conseguia deixar de imaginar como teria sido quando as portas do Conselho se abriram e os autômatos invadiram. Não era obrigatório que o Conselho se reunisse sem armas, mas não estavam preparados para o combate. E a maioria dos Caçadores de Sombras jamais havia enfrentado um autômato. Só de imaginar o ataque, teve calafrios. Sentia-se oprimida pela enormidade da perda para o mundo dos Caçadores de Sombras, embora pudesse ter sido bem pior se Anahí não tivesse feito o sacrifício. Todos os autômatos sucumbiram com a morte de Mortmain, mesmo aqueles nos salões do Conselho, e a maioria dos Caçadores de Sombras sobreviveu, apesar de ter havido muitas baixas – incluindo o Cônsul.
— Parte demônio e parte Caçadora de Sombras — murmurava Maite agora, olhando para Anahí — o que isso faz dela?
Sangue Nephilim é dominante. Uma nova espécie de Caçadores de Sombras. Novo nem sempre é ruim, Maite.
Foi por causa desse sangue Nephilim que foram longe a ponto de tentar aplicar runas em Anahí, mas as Marcas simplesmente afundaram em sua pele e desapareceram, como palavras escritas em água. Maite agora esticava o braço para tocar a clavícula da menina, onde o símbolo fora marcado. Sua pele estava quente ao toque.
— O anjo mecânico — observou Maite — parou de bater.
A presença do anjo o deixou. Ithuriel está livre, e Anahí sem proteção, embora com a morte do Magistrado e pelo fato de ser uma Nephilim, provavelmente ela esteja segura. Contanto que não tente se transformar em anjo outra vez. Isso certamente a mataria.
— Há outros perigos.
Todos devemos enfrentar perigos, disse o Irmão Enoch. Era a mesma voz fria, mental e imperturbável que utilizou ao informá-la que Henry viveria, mas não voltaria a andar.
Na cama, Anahí se mexeu, gritando com a voz seca. Enquanto dormia, desde a batalha, chamava nomes. Chamou Nate, a tia e Maite.
— Ucker — sussurrou agora, agarrando a colcha.
Maite deu as costas para Enoch ao pegar novamente o pano e passá-lo na testa de Anahí. Sabia que não deveria perguntar, mas...
— Como ele está? Nosso Ucker? Ele está... se adaptando à Irmandade?
Sentiu a reprovação de Enoch.
Sabe que não posso falar disso. Ele não é mais seu Ucker. Agora é o Irmão Zacarias. Precisa se esquecer dele.
— Esquecê-lo? Não posso esquecê-lo — respondeu Maite. — Ele não é como seus outros Irmãos, Enoch; sabe disso.
Os rituais que fazem um Irmão do Silêncio são nossos segredos mais profundos.
— Não estou pedindo para saber dos rituais — argumentou — mas sei que a maioria dos Irmãos do Silêncio rompe os laços com suas vidas mortais antes de ingressarem na Irmandade. Christopher não pôde fazer isso. Ele ainda tem aquela característica que o prende a este mundo — olhou para Anahí, cujas pálpebras tremiam enquanto respirava asperamente — é uma corda que os prende, um ao outro, e, a não ser que seja dissolvida adequadamente, temo que possa ferir os dois.
nandacolucci uma hora ele teria que morrer, agora a Annie não tem como ser normal depois de tudo... ou sim?
fran espero que tu não tenha morrido depois de todas emoções que tu demostrou aqui kkk`. Fran eu acho que o amor vai bem além de dizer que ama a pessoa e sim você só pode saber se a pessoa ama ou não a pessoa pelos seus atos, até porque diz que ama uma pessoa é muito fácil demostrar que é complicado, agora te pergunto a Annie parece que ama o Alfonso sim ou não?
Milla o Ucker teve que "morrer" pra virar um Irmão Do Silêncio e sinceramente eu acho que ser um Irmão é pior que morrer ele teve que abdicar de tudo pra virar um Irmão.
Autor(a): Alien AyA
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“Ela vem, minha, meu doce;Passos tão graciosos,Meu coração a ouviria e bateria,Se fosse a terra de um canteiro;Meu mundo de terra a ouviria e bateria,Se eu tivesse passado um século morto;Tremeria sob seus pésE floresceria em roxo e vermelho.” — Céus — disse Henry, irritado, enquanto puxava as mangas su ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 325
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nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03
que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43
adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53
que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12
adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss
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Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54
Chorei :/ Adeus não viu Adri..
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10
chorrei bastante viu... ;(
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37
nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..
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Postado em 23/09/2015 - 13:52:16
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.
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franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41
Nossa....