Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico
“Ela vem, minha, meu doce;
Passos tão graciosos,
Meu coração a ouviria e bateria,
Se fosse a terra de um canteiro;
Meu mundo de terra a ouviria e bateria,
Se eu tivesse passado um século morto;
Tremeria sob seus pés
E floresceria em roxo e vermelho.”
— Céus — disse Henry, irritado, enquanto puxava as mangas sujas de tinta do robe — não pode ler algo menos deprimente? Alguma coisa com uma boa batalha.
— É Tennyson — respondeu Poncho, e deslizou os pés para fora do divã perto do fogo. Estavam na sala de estar, a cadeira de Henry perto da lareira e um caderno aberto em seu colo. Ele continuava pálido desde a batalha em Cadair Idris, apesar de estar começando a recuperar a cor. — Vai expandir sua mente.
Antes que Henry pudesse responder, a porta se abriu e Maite entrou, parecendo exausta, as mangas bordadas do vestido com manchas de água. Poncho imediatamente pousou o livro, e Henry também levantou os olhos do caderno.
Maite olhou de um para o outro e notou o livro sobre a mesa ao lado do chá.
— Andou lendo para Henry, Poncho?
— Sim, uma porcaria cheia de poesia
O marido segurava uma caneta e tinha papéis espalhados pelo colo e sobre a coberta.
Henry recebeu com a força habitual a notícia de que nem a cura dos Irmãos do Silêncio o faria voltar a andar. E com a convicção de que precisava construir uma cadeira, como uma espécie de cadeira de banho, mas melhor, com rodas que se guiassem sozinhas e vários outros equipamentos. Estava determinado a conseguir subir e descer escadas, para poder continuar acessando suas invenções no porão. Durante toda a hora em que Poncho leu Maud, ele rabiscara desenhos da cadeira, pois poesia nunca fora um de seus interesses.
— Bem, Poncho, você está liberado de suas obrigações, e, Henry, das poesias — disse Maite — se quiser, querido, posso ajudá-lo a reunir as anotações...
Ela contornou a cadeira do marido e esticou o braço por cima do ombro dele, ajudando a juntar os papéis em uma pilha. Ele a segurou pelo pulso enquanto ela se movia e olhou para ela: um olhar de tanta confiança e adoração que fez Poncho ter a impressão de que pequenas facas cortavam-lhe a pele.
Não que invejasse Maite e Henry pela felicidade compartilhada – longe disso. Mas não podia deixar de pensar em Anahí. Nas esperanças que cultivou e depois reprimiu. Imaginava se algum dia ela o olharia assim. Achava que não. Empenhou-se tanto em destruir sua confiança e, apesar de tudo, queria ter uma chance verdadeira de refazê-la, não podia deixar de temer...
Poncho afastou os pensamentos sombrios e se levantou, prestes a explicar que pretendia ver Anahí. Antes que pudesse falar, ouviu uma batida à porta, e Sophie entrou, parecendo muito ansiosa. A ansiedade foi explicada logo depois quando o Inquisidor a seguiu para dentro da sala.
Poncho, acostumado a vê-lo com túnicas cerimoniais em reuniões do Conselho, quase não reconheceu o homem severo com o casaco cinza e as calças escuras. Tinha uma cicatriz na bochecha que não estava ali antes.
— Inquisidor Whitelaw — Maite se esticou, com a expressão subitamente séria — a que devo a honra da visita?
— Maite — disse o Inquisidor, e estendeu a mão. Trazia uma carta com o selo do Conselho — trouxe um recado para você.
Maite o olhou, espantada.
— Não podia ter enviado?
— Esta carta é de suma importância. É imperativo que a leia agora.
Lentamente, Maite esticou o braço e a pegou. Puxou a dobra, em seguida, franziu o rosto e atravessou a sala para pegar um abridor de cartas da escrivaninha.
Poncho aproveitou a oportunidade para olhar dissimuladamente para o Inquisidor. O homem estava com o rosto franzido para Maite e ignorou Poncho solenemente. Poncho não pôde deixar de imaginar se a cicatriz seria uma relíquia da batalha do Conselho com os autômatos de Mortmain.
Ele não tivera dúvida de que todos morreriam juntos, sob a montanha, e então Anahí voou em toda a glória do anjo e atingiu Mortmain como um raio caindo em uma árvore. Foi uma das coisas mais impressionantes que já vira, mas o assombro logo foi consumido pelo terror quando ela caiu após a Transformação, sangrando e inconsciente, por mais que ele tentasse acordá-la.
Christian, exausto, mal deu conta de abrir um Portal para o Instituto com a ajuda de Henry, e Poncho lembrava-se apenas de um borrão depois disso, um borrão de fadiga, sangue e medo, mais Irmãos do Silêncio convocados para atender os feridos, e a notícia do Conselho de que todos foram mortos na batalha, antes dos autômatos se desintegrarem com a morte de Mortmain. E Anahí... Anahí sem falar, sem acordar, sendo carregada para o quarto pelos Irmãos do Silêncio, e ele sem poder acompanhá-la. Por não ser irmão nem marido, só podia ficar parado e esperar, abrindo e fechando as mãos sujas de sangue. Jamais havia se sentido tão desamparado.
E quando se virou para encontrar Ucker, para compartilhar seu medo com a única pessoa no mundo que amava Anahí tanto quanto ele – Ucker se fora, de volta à Cidade do Silêncio, por ordens dos Irmãos. Ele se fora sem dizer nada, sem se despedir.
Apesar de Cecily ter tentado confortá-lo, Poncho estava irritado – irritado com Ucker e com o Conselho, e com a própria Irmandade, por permitirem que ele se tornasse um Irmão do Silêncio apesar de Poncho saber que isso era injusto, que a escolha tinha sido de Ucker e que foi a única forma de mantê-lo vivo. No entanto, desde o retorno ao Instituto, Poncho se sentia constantemente nauseado – como se há anos vivesse em um navio ancorado e, de repente, tivesse sido solto para navegar pelas marés, sem saber que direção seguir. E Anahí...
O som de papel rasgando interrompeu seus pensamentos enquanto Maite abria a carta e a lia, empalidecendo. Ela levantou os olhos e encarou o Inquisidor.
— Isso é alguma brincadeira?
A carranca do Inquisidor se intensificou.
— Não é brincadeira, garanto a você. Tem uma resposta?
— Lottie — disse Henry, olhando para a esposa, e até seus cabelos ruivos irradiavam ansiedade e amor — Lottie, o que foi? Qual é o problema?
Ela olhou para ele, depois para o Inquisidor.
— Não — respondeu. — Não tenho uma resposta. Ainda não.
— O Conselho não quer... — começou, e em seguida pareceu notar Poncho pela primeira vez. — Se eu puder conversar com você em particular, Maite.
Maite se empertigou.
— Não vou pedir que Henry e Poncho se retirem.
Os dois homens se entreolharam, com olhares firmes. Poncho sabia que Henry o fitava com ansiedade. Depois do desentendimento entre Maite e o Cônsul, todos esperaram impacientemente que o Conselho entregasse alguma espécie de avaliação. O controle sobre o Instituto parecia precário. Poncho percebeu isso no singelo tremor das mãos e na rigidez da boca de Maite.
De repente, desejou que Ucker ou Anahí estivessem aqui, alguém com quem pudesse falar, para quem pudesse perguntar o que poderia fazer por Maite, a quem tanto devia.
— Tudo bem — disse ele, levantando. Queria ver Anahí, mesmo que ela não abrisse os olhos e não o reconhecesse. — Estava mesmo de saída.
— Poncho... — protestou Maite.
— Tudo bem, Maite — repetiu Poncho, e passou pelo Inquisidor, seguindo para a porta.
Uma vez no corredor, apoiou-se contra a parede por um instante, para se recuperar. Não pôde deixar de se lembrar de suas próprias palavras; meu Deus, parecia que tinha sido há um milhão de anos e não tinha mais nenhuma graça: o Cônsul? Interrompendo nosso café da manhã? Quem será o próximo? Os Inquisidor para o chá?
Se o Instituto fosse tirado de Maite...
Se todos perdessem a casa...
Se Anahí...
Não conseguiu concluir o pensamento. Anahí viveria; tinha de viver.
Enquanto ele partia pelo corredor, pensou nos azuis, verdes e cinza de Gales. Talvez pudesse voltar para lá, com Cecily, se o Instituto fosse perdido, podiam constituir uma vida em seu país natal. Não seria igual à de Caça às Sombras, mas sem Maite, sem Henry, sem Ucker, Anahí, Sophie ou até mesmo os malditos Lightwood, ele não queria ser Caçador de Sombras. Eram sua família, e eram preciosos para ele – e apenas tarde demais, pensou, compreendeu isso.
Autor(a): Alien AyA
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— Anahí. Acorde. Por favor, acorde. Agora era a voz de Sophie, cortando a escuridão. Anahí lutou, forçando os olhos a se abrirem por uma fração de segundos. Viu seu quarto no Instituto, a mobília familiar, as cortinas abertas, a fraca luz do sol projetando quadrados no chão. Ela fez um esforço para se ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 325
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nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03
que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43
adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53
que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12
adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss
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Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54
Chorei :/ Adeus não viu Adri..
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10
chorrei bastante viu... ;(
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37
nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..
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Postado em 23/09/2015 - 13:52:16
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.
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franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41
Nossa....