Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico
Capítulo 23 - Do que qualquer mal
Venha, deixe-nos ir: suas bochechas estão pálidas;
Mas metade da minha vida deixo para trás:
Me parece que meu amigo é vastamente cultuado;
Mas vou passar; meu trabalho vai falhar...
Ouço agora, e o tempo todo,
Eternas saudações aos mortos;
E “Ave, Ave, Ave” disse,
“Adeus, adeus” eternamente.
– Alfred, Lord Tennyson, In Memoriam A.H.H.
Anahí estremeceu; a água fria passou por ela na escuridão. Achou que pudesse estar caída no fundo do universo, onde o rio do esquecimento dividia o mundo em dois, ou talvez ela ainda estivesse no riacho onde sucumbiu após cair da carruagem da Irmã Sombria, e tudo que aconteceu desde então não passou de um sonho.
Cadair Idris, Mortmain, o exército mecânico, os braços de Poncho à sua volta... Culpa e tristeza a apunhalaram como uma lança, e ela se esticou para trás, com as mãos procurando apoio na escuridão.
O fogo correu por suas veias, milhares de riachos de agonia. Ela arfou em busca de ar e, de repente, sentiu algo frio nos dentes, abrindo seus lábios, e a boca se encheu de amargura gélida. Engoliu em seco, engasgando...
E sentiu o fogo nas veias baixar. Gelo passou por ela. Seus olhos se abriram enquanto o mundo girava e se ajeitava. A primeira coisa que viu foi um par de mãos pálidas e esguias puxando um frasco – o frio na boca, o gosto amargo na língua – e os contornos de seu quarto no Instituto.
— Anahí — disse uma voz familiar — isso vai mantê-la lúcida por um tempo, mas você não deve se permitir cair de volta na escuridão dos sonhos.
Ela congelou, sem ousar olhar.
— Ucker? — perguntou num sussurro.
O som do frasco sendo colocado sobre a cabeceira. Um suspiro.
— Sim — respondeu — Anahí. Pode olhar para mim?
Ela se virou e olhou. E respirou fundo.
Era Ucker e não era.
Estava com a túnica de um Irmão do Silêncio, aberta na garganta, mostrando o colarinho de uma camisa comum. O capuz estava para trás, revelando seu rosto. Ela pôde ver as mudanças nele, que mal enxergou com todo o barulho e a confusão da batalha em Cadair Idris. Suas bochechas delicadas estavam marcadas com os símbolos que ela havia notado anteriormente, um em cada, longos traços de cicatrizes que não pareciam Marcas comuns de Caçadores de Sombras. O cabelo não era mais puramente prateado – tinha mechas escurecidas, preto-amarronzadas, sem dúvida a cor original. Os cílios também se tornaram negros. Pareciam traços finos de seda contra a pele pálida – apesar de não ser mais tão pálida quanto outrora.
— Como é possível? — sussurrou ela. — Que você esteja aqui?
— Fui chamado da Cidade do Silêncio pelo Conselho. — A voz também não era a mesma. Havia um tom de frieza, algo novo. — Influência de Maite, pelo que me disseram. Posso passar uma hora com você, não mais.
— Uma hora — repetiu Anahí, chocada.
Levantou a mão para tirar o cabelo do rosto. Como devia estar péssima sua aparência, com a camisola amarrotada, os cabelos descuidados, os lábios secos e rachados. Alcançou o anjo mecânico no pescoço; um gesto familiar e habitual, que buscava conforto, mas o anjo não estava mais ali.
— Ucker, achei que estivesse morto.
— Sim — disse ele, e continuava com a voz remota, uma distância que lembrava os icebergs que ela viu a bordo do Main, massas de gelo flutuando ao longe. — Desculpe. Desculpe, por alguma razão... não consegui lhe contar.
— Achei que estivesse morto — repetiu Anahí. — Não consigo acreditar que você seja real, agora. Sonhei com você milhares de vezes. Havia um corredor escuro, e você se afastava de mim e, por mais que eu chamasse, não podia ou não queria virar para me olhar. Talvez seja apenas outro sonho.
— Não é sonho.
Ele se levantou e se colocou diante dela, as mãos pálidas entrelaçadas à frente do corpo, e ela não conseguia se esquecer de como ele havia pedido sua mão em casamento: de pé, enquanto ela estava sentada na cama, olhando para ele, incrédula, como agora.
Ele abriu as mãos lentamente, e sobre suas palmas, assim como nas bochechas, ela viu símbolos negros marcados. Não tinha tanta intimidade com o Códex para reconhecê-los, mas soube instintivamente que não eram os símbolos de um Caçador de Sombras comum. Falavam de um poder além do deles.
— Você me disse que era impossível — sussurrou Anahí — que não podia se tornar um Irmão do Silêncio.
Ele se virou de costas para ela. Alguma coisa em seus movimentos era diferente agora, algo da suavidade deslizante dos Irmãos do Silêncio. Era ao mesmo tempo adorável e melancólico. O que ele estava fazendo? Não suportava olhar para ela?
— Falei o que acreditava — respondeu, com o rosto voltado para a janela.
De perfil, ela pôde ver que parte da magreza dolorosa do rosto de Ucker havia sumido. As bochechas não eram mais tão acentuadas, e as concavidades das têmporas não eram mais tão escuras.
— E o que era verdadeiro. Que o yin fen no meu sangue impedia que os símbolos dos Irmãos do Silêncio fossem aplicados em mim — ela viu o peito dele subir e descer sob a túnica, e quase se espantou: parecia tão humana, a necessidade de respirar — todo o esforço já feito para me livrar aos poucos do yin fen quase me matou. Quando parei de tomar porque acabou, senti meu corpo começar a quebrar, de dentro para fora. E achei que não tivesse mais nada a perder. — A intensidade na voz de Ucker a aqueceu: seria um tom de humanidade ali, uma rachadura na armadura da Irmandade? — Implorei que Maite chamasse os Irmãos do Silêncio e pedisse que eles aplicassem as Marcas da Irmandade no último momento, quando a vida estivesse me deixando. Sabia que os símbolos poderiam me fazer morrer em agonia. Mas era a única chance.
— Você disse que não desejava se tornar um Irmão do Silêncio. Não queria viver eternamente...
Ele dera uns passos pelo quarto e agora estava ao lado da penteadeira. Ele esticou a mão e alcançou algo metálico e brilhante de um recipiente raso. Anahí percebeu com um choque de surpresa que era seu anjo mecânico.
— Ele não bate mais — disse Ucker.
Ela não conseguiu interpretar sua voz; estava distante, tão lisa e fria quanto uma pedra.
— O coração se foi. Quando me Transformei no anjo, libertei-o da prisão mecânica. Ele não mora mais aí dentro. Não me protege mais.
A mão de Ucker fechou em torno do anjo, as asas afundaram na carne da palma.
— Devo lhe dizer — contou — quando recebi a ordem de Maite de vir até aqui, foi contra minha vontade.
— Você não queria me ver?
— Não. Não queria que você me olhasse como está olhando agora.
— Ucker...
Ela engoliu em seco, sentindo na língua a amargura da tisana que ele lhe deu. Um turbilhão de lembranças, a escuridão sob Cadair Idris, a cidade em chamas, os braços de Poncho envolvendo-a... Poncho. Mas ela acreditava que Ucker estivesse morto.
— Ucker — repetiu. — Quando eu o vi ali, vivo, sob Cadair Idris, pensei que fosse um sonho ou uma mentira. Achei que estivesse morto. Foi o momento mais negro da minha vida. Acredite em mim, por favor, acredite em mim, que minha alma se alegra em vê-lo novamente quando nunca achei que isso fosse acontecer. É só que...
Ele soltou o anjo metálico, e ela viu as linhas de sangue na mão dele, onde as pontas das asas o cortaram, rasgando os símbolos na palma.
— Sou estranho a você. Não sou humano.
— Sempre será humano para mim — sussurrou ela — mas não consigo ver meu Ucker em você agora.
Ele fechou os olhos. Ela estava acostumada a sombras escuras em suas pálpebras, mas estas não estavam mais ali.
— Não tive escolha. Você tinha sido levada, e Poncho tinha ido procurá-la. Não temia a morte, mas temia deixá-los. Este, então, foi meu último recurso. Viver, levantar e lutar.
Um pouco de cor tingiu a voz de Ucker: havia paixão ali, sob aquele desapego frio dos Irmãos do Silêncio.
— Mas eu sabia o que ia perder — falou. — Certa vez você entendeu minha música. Agora olha para mim como se não me conhecesse. Como se jamais houvesse me amado.
Anahí deixou as cobertas e se levantou. Um erro. De repente, ficou tonta, com os joelhos bambos. Esticou a mão para segurar um dos postes da cama, mas, em vez disso, se viu agarrada à túnica de Ucker. Ele foi em direção a ela com a graça silenciosa dos Irmãos, como fumaça se desenrolando, e os braços dele agora a envolviam, sustentando-a.
Ela ficou parada nos braços de Ucker. Ele estava próximo, o suficiente para que ela pudesse sentir o calor do corpo dele, mas não sentiu. O cheiro habitual de fumaça e açúcar queimado havia sumido. Havia apenas um vago aroma de algo seco e frio como pedra ou papel. Anahí pôde sentir as batidas abafadas do coração de Ucker, ver a pulsação na garganta. Ela o encarou, maravilhada, memorizando as linhas e ângulos do seu rosto, as cicatrizes nas bochechas, a seda espessa dos cílios, o arco da boca.
— Anahí — a palavra soou como um resmungo, como se ela o tivesse atingido. Havia um leve traço de cor em suas bochechas, sangue sob a neve. — Meu Deus — disse ele, e enterrou o rosto na curva do pescoço dela, onde começava o ombro, tocando a bochecha no cabelo dela. Estava com as mãos esticadas sobre as costas dela, pressionando-a ainda mais forte contra si.
Anahí o sentiu tremer.
Por um instante, ela se sentiu leve com o alívio da sensação de Ucker sob suas mãos. Talvez você não acreditasse, de fato, em alguma coisa até poder tocá-la. E cá estava Ucker, que ela imaginava morto, abraçando-a, respirando, vivo.
— A sensação é a mesma — disse ela — mas sua aparência é tão diferente. Você está diferente.
Com isso, ele se desvencilhou dela, e o esforço o fez morder o lábio e enrijecer os músculos da garganta. Segurando-a gentilmente pelos ombros, ele a conduziu novamente para a cama. Quando a soltou, cerrou as mãos em punhos. Deu um passo para trás. Ela pôde ver a respiração de Ucker, a pulsação na garganta.
— Estou diferente — falou com a voz baixa — eu mudei. E de forma irreversível.
— Mas ainda não é inteiramente um deles — disse. — Consegue falar... e ver...
Ele exalou lentamente. Continuava encarando o poste da cama, como se ali estivessem os segredos do universo.
— Existe um processo. Uma série de rituais e procedimentos. Não, ainda não sou exatamente um Irmão do Silêncio. Mas, em breve, serei.
— Então, o yin fen não impediu.
— Quase. Senti... dor quando fiz a transição. Muita dor, que quase me matou. Eles fizeram o possível. Mas eu jamais serei como os outros Irmãos do Silêncio — ele olhou para baixo, os cílios cobrindo seus olhos — não serei... exatamente como eles. Serei menos poderoso, pois existem alguns símbolos ainda que não consigo suportar.
— Certamente agora já podem esperar até que o yin fen deixe seu organismo por completo?
— Não deixará. Meu corpo ficou preso no estado em que se encontrava quando puseram estes primeiros símbolos em mim — rle indicou as cicatrizes no rosto — por causa disso, não poderei alcançar algumas habilidades. Levarei mais tempo para dominar a visão e a fala mental.
— Isso significa que não tirarão seus olhos, nem costurarão seus lábios?
— Não sei — a voz de Ucker agora era suave, quase inteiramente a voz do Ucker que ela conhecia. Anahí viu um rubor nas bochechas dele e pensou em uma coluna clara de mármore oco enchendo-se lentamente com sangue humano — estarei com eles por muito tempo. Talvez para sempre. Não sei o que vai acontecer. Entreguei-me a eles. Meu destino agora está em suas mãos.
— Se pudéssemos libertá-lo...
— Então o yin fen que permanece em mim voltaria a queimar, e eu voltaria a ser o que era. Um viciado, morrendo. Foi minha escolha, Anahí, pois a alternativa era a morte. Você sabe disso. Não quero deixá-la. Mesmo sabendo que me tornando um Irmão do Silêncio eu poderia garantir minha sobrevivência, lutei contra a possibilidade, como se fosse uma prisão. Irmãos do Silêncio não podem se casar. Não podem ter um parabatai. Só podem viver na Cidade do Silêncio. Não riem. Não podem tocar música.
— Ah, Ucker. Talvez não possam tocar música, mas os mortos também não. Se esta era a única forma de conservá-lo vivo, então minha alma se alegra por você, mesmo que meu coração sofra.
— Eu a conheço bem demais para achar que você pudesse se sentir de outra maneira.
— E eu o conheço bem demais para saber que está se sentindo culpado. Mas por quê? Não fez nada de errado.
Ele inclinou a cabeça de modo que a testa ficou apoiada no poste da cama. Fechou os olhos.
— Era por isso que eu não queria vir.
— Mas não estou brava...
— Não achei que fosse ficar brava — disparou Ucker, e foi como gelo de uma cachoeira congelada quebrando, liberando uma torrente. — Estávamos noivos, Anahí. Um pedido, uma oferta de casamento, é uma promessa. Uma promessa de amor e cuidado, para sempre. Não pretendia quebrar a minha. Mas era isso ou morrer. Quis esperar, casar com você, viver com você durante anos, mas não foi possível. Eu estava morrendo depressa demais. Teria desistido de tudo para ser casado com você por um único dia. Um dia que jamais viria. Você é um lembrete... um lembrete de tudo que estou perdendo. Da vida que não terei.
— Abrir mão da vida por um dia de casamento... não valeria a pena — respondeu Anahí.
Seu coração batia com uma mensagem que falava dos braços de Poncho ao seu redor, seus lábios nos dela na caverna sob Cadair Idris. Não merecia as confissões generosas de Ucker, a penitência, o desejo.
— Ucker, preciso confessar uma coisa.
Ele olhou para ela. Anahí viu o preto nos olhos dele, traços pretos sobre a prata, lindo e estranho.
— É sobre Poncho. Sobre Poncho e eu.
— Ele a ama — disse Ucker — sei que a ama. Conversamos sobre isso antes de ele partir — apesar de a frieza não ter voltado para a voz de Ucker, ele soava estranhamente calmo.
Anahí ficou chocada.
— Não sabia que tinham conversado. Poncho não me disse.
— E você também não me contou sobre os sentimentos dele, apesar de já saber há meses. Todos guardamos segredos por não querermos machucar a quem nos ama.
Havia um tom de alerta em sua voz ou ela estava só imaginando?
— Não quero mais esconder nada de você — disse Anahí — achei que estivesse morto. Tanto eu quanto Poncho. Em Cadair Idris...
— Você me amou? — interrompeu ele.
Parecia uma pergunta estranha, contudo ele perguntou, sem implicações nem hostilidade, e esperou em silêncio por uma resposta.
Olhou para ele, e as palavras de Woolsey voltaram até ela, como o sussurro de uma oração. A maioria das pessoas nunca encontra um grande amor na vida. Você encontrou dois. Por um instante, ela deixou de lado a confissão.
— Sim, eu o amei. Ainda amo. Também amo Poncho. Não consigo explicar. Não sabia quando aceitei me casar com você. Eu o amava, ainda amo, nunca o amei menos, mesmo com todo o amor que sinto por ele. Parece loucura, mas se alguém é capaz de entender...
— Eu entendo — disse Ucker — não há necessidade de me contar mais sobre você e Poncho. Nada do que possam ter feito poderia me fazer deixar de amar qualquer um dos dois. Poncho é parte de mim, é minha alma, e, se não posso ter seu coração, não poderia escolher ninguém melhor para desfrutar desta honra. E quando eu me for, você deverá ajudar Poncho. Isso será... será difícil para ele.
Anahí investigou o rosto de Ucker. Não havia mais rubor nas bochechas; ele estava pálido, porém recomposto. O maxilar estava firme. Aquilo dizia tudo que ela precisava entender: não me diga mais. Não quero saber.
Alguns segredos, ela pensou, deviam ser contados; outros ficavam melhor como fardos de seus guardiões, para não machucarem ninguém. Foi por isso que não revelou a Poncho que o amava quando não havia nada que nenhum dos dois pudesse fazer a respeito.
Ela fechou a boca e conteve o que pretendia contar. Em vez disso, falou:
— Não sei como vou ficar sem você.
— Tenho as mesmas dúvidas em relação a mim. Não quero deixá-la. Mas se eu ficar, morrerei.
— Não. Não pode ficar. Não vai ficar. Ucker. Prometa que vai embora. Seja um Irmão do Silêncio e viva. Eu lhe diria que o odeio, se você acreditasse, desde que isso o fizesse ir. Quero que viva. Mesmo que isso signifique que nunca mais poderei vê-lo.
— Vai me ver — respondeu ele em voz baixa, levantando a cabeça — aliás, existe uma chance... apenas uma chance, mas...
— Mas o quê?
Ele fez uma pausa; hesitou e pareceu tomar uma decisão.
— Nada. Tolice.
— Ucker.
— Vai voltar a me ver, mas não com frequência. Acabei de começar minha jornada, e existem muitas Leis que regem a Irmandade. Vou me afastar da minha vida prévia. Não posso dizer quais habilidades ou cicatrizes terei. Não sei como serei diferente. Temo que vá me perder e perder minha música. Temo me tornar algo não completamente humano. Sei que não serei seu Ucker.
Anahí só conseguiu balançar a cabeça.
— Mas os Irmãos do Silêncio... eles visitam, se misturam a outros Caçadores de Sombras... Você não pode...
— Não durante meu treinamento. E mesmo quando acabar, será raro. Vocês nos veem quando alguém está doente ou morrendo, quando uma criança nasce, nos rituais das primeiras Marcas ou nas cerimônias de parabatai... mas não visitamos casas de Caçadores de Sombras sem convocação.
— Então, Maite irá convocá-lo.
— Ela me chamou aqui desta vez, mas isso não pode ficar se repetindo, Anahí. Um Caçador de Sombras não pode chamar um Irmão do Silêncio sem motivo.
— Mas não sou Caçadora de Sombras — respondeu Anahí — não de verdade.
Fez-se um longo silêncio enquanto se olhavam. Ambos teimosos. Ambos imóveis. Finalmente, Ucker falou:
— Lembra-se de quando estivemos juntos na Ponte Blackfriars? — perguntou suavemente, e seus olhos eram como aquela noite, pretos e prateados.
— Claro que me lembro.
— Foi quando descobri que a amava — Ucker continuou — farei uma promessa. Todo ano, Anahí, em algum dia, eu a encontrarei naquela ponte. Virei da Cidade do Silêncio e a encontrarei, e estaremos juntos, ainda que por apenas uma hora. Mas não pode contar a ninguém.
— Uma hora por ano — sussurrou Anahí — não é muito — então se recolheu e respirou fundo — mas você vai estar vivo. Vai viver. É isso que importa. Não vou visitar seu túmulo.
— Não. Não por muito tempo — falou, e a distância voltou à sua voz.
— Então, isso é um milagre — disse Anahí. — E milagres não se questionam, nem reclamamos quando não são exatamente como gostaríamos — ela levantou a mão e tocou o pingente de jade no pescoço — devo devolver isso?
— Não. Não vou me casar com mais ninguém. E não levarei o presente de noivado de minha mãe para a Cidade do Silêncio — ele esticou o braço e a tocou levemente no rosto, deixando pele contra pele — quando eu estiver na escuridão, quero pensar no colar com você, na luz — falou, e se recompôs, virando-se para a porta.
A túnica de Irmão do Silêncio se moveu com ele. Anahí o observou, paralisada, cada batida do coração ecoando o que não podia dizer: adeus. Adeus. Adeus.
Ele parou na entrada.
— Nos encontraremos na Ponte Blackfriars, Anahí.
E foi embora.
Autor(a): Alien AyA
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 325
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nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03
que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43
adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53
que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12
adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss
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Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54
Chorei :/ Adeus não viu Adri..
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10
chorrei bastante viu... ;(
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37
nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..
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Postado em 23/09/2015 - 13:52:16
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.
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franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41
Nossa....