Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico
Quando eu estiver na escuridão, pensarei no colar com você, na luz.
Anahí estava sentada contra os travesseiros que Sophie havia ajeitado para ela (as duas se abraçaram, e Sophie escovou os emaranhados do cabelo de Anahí e disse “bênção, bênção” tantas vezes que Anahí precisou pedir que parasse antes que as duas começassem a chorar), e olhava para o pingente de jade nas mãos.
Sentia-se como se fosse dividida em duas pessoas diferentes. Uma que o tempo todo valorizava a própria sorte por Ucker estar vivo, por saber que ele voltaria a ver o sol nascer e porque a droga que havia tanto o fazia sofrer não queimaria mais sua vida. A outra...
— Annie? — Uma voz suave na entrada; ela levantou o olhar, e viu Poncho ali, contornado pela luz que vinha do corredor.
Poncho. Pensou no menino que entrou em seu quarto na Casa Sombria e a distraiu de seu pavor conversando sobre Tennyson, ouriços e rapazes lindos que faziam resgates, e sobre como eles jamais se enganavam. Naquele instante, ela o achou bonito, mas agora pensava nele como algo completamente diferente. Era Poncho, com toda a sua imperfeição perfeita; Poncho, cujo coração podia partir tão facilmente quanto ser guardado com cuidado; Poncho, que não amava sabiamente, mas completamente e dando tudo de si.
— Annie — repetiu ele, hesitando diante do silêncio dela, e entrou, fechando a porta atrás de si. — Eu... Maite disse que queria falar comigo...
— Poncho — disse ela, consciente de que estava pálida demais e com a pele manchada de lágrimas, os olhos ainda vermelhos, mas não tinha importância, porque era Poncho, e ela estendeu as mãos, e ele imediatamente se aproximou e pegou-as, envolvendo-as em seus próprios dedos quentes e cheios de cicatrizes.
— Como está se sentindo? — perguntou, e seus olhos examinaram o rosto de Anahí. — Preciso falar com você, mas não quero cansá-la enquanto não estiver completamente recuperada.
— Estou bem — respondeu ela, retribuindo o aperto dos dedos dele. — Falar com Ucker me acalmou. E para você, também foi reconfortante?
Os olhos dele desviaram dos dela, apesar de não ter relaxado o aperto da mão.
— Foi, e não foi.
— Sua mente acalmou — disse ela — mas não seu coração.
— Isso. Isso. Exatamente isso. Você me conhece tão bem, Annie — ele deu um sorriso pesaroso. — Ele está vivo e, por isso, sou grato. Mas escolheu um caminho de muita solidão. A Irmandade... eles comem, caminham, acordam e enfrentam a noite; fazem tudo isso sozinhos. Eu o pouparia disso, se pudesse.
— Você o poupou de tudo que pôde — respondeu Anahí em voz baixa. — Assim como ele fez com você, e todos nós tentamos poupar um ao outro desesperadamente. No fim, devemos fazer nossas próprias escolhas.
— Está dizendo que não devo sofrer?
— Não. Sofra. Nós dois devemos. Sofra, mas não se culpe, pois não tem nenhuma responsabilidade sobre isso.
Ele olhou para as mãos entrelaçadas. Muito gentilmente, acariciou as juntas de Anahí com os polegares.
— Talvez não — falou. — Mas existem outras coisas sobre as quais tenho responsabilidade.
Anahí respirou breve e superficialmente. A voz dele havia diminuído, e continha uma aspereza que ela não ouvia desde...
O hálito suave e quente contra a pele dela, até que ela estivesse respirando com a mesma intensidade, as mãos acariciando-o nos ombros, nos braços, nas laterais...
Ela piscou apressadamente e afastou as mãos das dele. Não estava olhando para ele agora, mas para a luz do fogo contra as paredes da caverna, e ouvia a voz de Poncho ao seu ouvido, e na hora tudo pareceu um sonho, momentos extraídos da vida real, como se acontecessem em outro mundo. Mesmo agora mal conseguia acreditar que tinha acontecido.
— Anahí? — A voz de Poncho soou hesitante, as mãos dele continuavam esticadas.
Parte dela queria pegá-las, puxá-lo para perto e beijá-lo, se perder em Poncho como fez antes. Pois ele era tão eficaz quanto qualquer droga. E então se lembrou dos olhos turvos de Poncho no covil de ópio, nos sonhos de felicidade que se arruinaram assim que passaram os efeitos da fumaça. Não. Algumas coisas só podiam funcionar se fossem encaradas. Ela respirou fundo e olhou para Poncho.
— Sei o que ia dizer — falou. — Está pensando no que aconteceu entre nós dois em Cadair Idris, pois acreditávamos que Ucker estivesse morto, e que nós também íamos morrer. Você é um homem honrado, Poncho, e sabe o que devemos fazer agora. Você precisa me pedir em casamento.
Poncho, que estava completamente parado, provou que ainda conseguia surpreendê-la e riu. Uma risada suave e pesarosa.
— Não esperava que fosse ser tão direta, mas suponho que deveria ter imaginado. Conheço minha Anahí.
— Sou sua Anahí — disse ela. — Mas, Poncho, não quero que fale agora. Sobre casamento ou sobre promessas eternas...
Ele se sentou na beira da cama. Vestia roupas de treino, a camisa folgada puxada para cima dos cotovelos, o colarinho aberto, e ela viu as cicatrizes da batalha, que já se curavam, o lembrete branco das Marcas de cura. Também viu um princípio de dor nos olhos dele.
— Você se arrepende do que aconteceu entre nós?
— Alguém pode se arrepender de uma coisa que, por menos sábia que tenha sido, foi linda? — respondeu ela, e a dor nos olhos dele se suavizou, se transformando em confusão.
— Anahí, se teme que eu me sinta relutante, obrigado...
— Não — ela levantou as mãos — é que acho que seu coração está uma mistura de dor, desespero, alívio, felicidade e confusão, e não quero que faça promessas nesse estado tão sobrecarregado. E não me diga que não está oprimido, pois enxergo em você, e sinto o mesmo. Ambos estamos angustiados, Poncho, e nenhum de nós está em condições de tomar decisões.
Por um instante, ele hesitou. Seus dedos pairaram sobre o coração, onde se situava o símbolo parabatai, tocando-o levemente – Anahí imaginou se ele tinha consciência do gesto – e, em seguida, falou:
— Às vezes, temo que seja sábia demais, Anahí.
— Bem — disse ela. — Um de nós tem de ser.
— Não há nada que eu possa fazer? Prefiro não sair de perto de você. A não ser que queira que eu vá.
Anahí voltou os olhos para a mesa de cabeceira, onde os livros que vinha lendo antes do ataque dos autômatos – parecia que fazia mil anos – estavam empilhados.
— Pode ler para mim — disse ela. — Se não se importar.
Com isso, Poncho levantou o olhar e sorriu. Um sorriso cru, estranho, porém, real, e era Poncho. Anahí retribuiu.
— Não me importo — respondeu. — Nem um pouco.
E por isso, cerca de quinze minutos depois, Poncho estava sentado em uma
poltrona, lendo David Copperfield, quando Maite abriu silenciosamente a porta do quarto de Anahí e espiou seu interior. Ela não podia conter a ansiedade – o menino parecia tão desesperado no chão da sala de treinamento, tão sozinho, e ela se lembrou do medo que sempre nutriu, de que, se Ucker partisse, levaria consigo o melhor de Poncho. E Anahí também continuava tão frágil...
A voz suave de Poncho preenchia o aposento, junto ao brilho mudo da luz do fogo na lareira. Anahí estava deitada de lado, os cabelos castanhos espalhados sobre o travesseiro, observando Poncho, cuja face estava inclinada sobre as páginas, com uma expressão doce no rosto, uma ternura espelhada na suavidade da própria voz enquanto ele lia. Uma ternura tão íntima e profunda que Maite se afastou imediatamente, deixando a porta se fechar em silêncio atrás de si.
Mesmo assim, a voz de Poncho a acompanhou pelo corredor enquanto ela se afastava, com o coração muito mais leve do que há poucos instantes.
— ... e não pode cuidar dele, se não for muito ousado dizer isso, tão bem quanto eu. Mas se alguma fraude ou truque forem praticados contra ele, espero que o simples amor e a verdade sejam fortes o bastante no fim. Espero que o verdadeiro amor e a verdade sejam mais fortes no fim, do que qualquer outro mal ou infortúnio no mundo...
Até o próximo e último capitulo ;)
Autor(a): Alien AyA
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Capítulo 24 - A medida do amor A medida do amor é amar sem medida.– atribuída a Santo Agostinho A sala do Conselho estava cheia de luz. Um grande círculo duplo tinha sido pintado sobre o pódio na frente do salão, e no espaço entre os círculos havia símbolos: de ligação, de sabedoria, de ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 325
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nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03
que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43
adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53
que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12
adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss
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Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54
Chorei :/ Adeus não viu Adri..
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10
chorrei bastante viu... ;(
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37
nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..
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Postado em 23/09/2015 - 13:52:16
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.
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franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41
Nossa....