Fanfics Brasil - Jessamine Anjo Mecânico [FINALIZADA]

Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico


Capítulo: Jessamine

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Estava frio na escadaria do Instituto, onde Poncho se encontrava sem casaco ou chapéu, olhando para a noite congelada. O vento soprava pequenas lufadas de neve contra suas bochechas, as mãos nuas, e ele ouviu, como sempre fazia, a voz de Ucker no fundo da mente, dizendo para não ser ridículo, para voltar para dentro antes de pegar uma gripe.


O inverno sempre pareceu a estação mais pura para Poncho – mesmo a fumaça e a sujeira de Londres, no frio, congelavam, duras e limpas. Naquela manhã, ele havia quebrado uma camada de gelo que se formou em seu jarro de água, antes de jogar o líquido gélido no rosto e tremer ao se olhar no espelho, com os cabelos molhados pintando o rosto com linhas negras. Primeira manhã de Natal sem Ucker em seis anos. O frio mais puro, trazendo a dor mais pura.


— Poncho. — A voz foi um sussurro, muito familiar.


Virou a cabeça, uma imagem da Velha Molly subindo em sua mente, mas fantasmas raramente iam para longe de onde tinham morrido ou sido enterrados, e além disso, o que ela poderia querer com ele agora?


Um olhar encontrou o seu, firme e escuro. O restante dela não era tão transparente, mas sim contornado em prata: o cabelo louro, o rosto de boneca, o vestido branco com o qual tinha morrido. Sangue, vermelho como uma flor, no peito.


— Jessamine — disse ele.


— Feliz Natal, Poncho.


O coração dele, que havia parado por um instante, começou a bater novamente, o sangue correndo veloz pelas veias.


— Jessamine, por que... O que faz aqui?


Ela fez beicinho.


— Estou aqui porque morri aqui — explicou, e a voz se fortaleceu.


Não era incomum que um fantasma adquirisse mais massa e poder auditivo quando estava perto de um humano, principalmente um que pudesse ouvi-los. Apontou para o jardim em volta, onde Poncho a segurou enquanto morria, o sangue correndo nas pedras.


— Não está feliz em me ver, Poncho?


— Deveria? — perguntou ele. — Jessie, normalmente, quando vejo fantasmas é porque existe algum assunto não concluído ou alguma tristeza que os prende a esse mundo.


Ela levantou a cabeça, olhando para a neve. Apesar de cair ao seu redor, não caía nela, como se estivesse sob um vidro.


— E se eu tivesse uma tristeza, me ajudaria a curá-la? Jamais gostou muito de mim quando eu era viva.


— Gostei — disse Poncho. — E sinto muito se dei a impressão de não gostar de você ou odiá-la, Jessamine. Acho que você fazia com que eu me lembrasse de mim mesmo mais do que gostaria de admitir, e, portanto, eu a julguei com a mesma severidade com que teria me julgado.


Com isso, ela olhou para ele.


— Nossa, sinceridade direta, Poncho? Você mudou mesmo. — Ela deu um passo para trás, e ele viu que seus pés não deixaram marcas na camada de neve sobre os degraus. — Estou aqui porque em vida não quis ser Caçadora de Sombras, proteger os Nephilim. Agora sou encarregada da guarda do Instituto pelo tempo que precisar ser guardado.


— E não se importa? — perguntou. — Estar aqui, conosco, quando poderia ter atravessado...


Ela franziu o nariz.


— Não quis atravessar. Exigiram tanto de mim em vida, sabe o Anjo como teria sido depois. Não, estou feliz aqui, olhando por vocês, quieta, pairando e invisível — seus cabelos prateados brilhavam ao luar enquanto ela inclinava a cabeça para ele — mas você está quase me enlouquecendo.


— Eu?


— Sim. Sempre disse que você seria um péssimo pretendente, Poncho. E agora está me provando isso.


— Sério? — perguntou Poncho. — Voltou do mundo dos mortos, como o fantasma do Velho Marley, para me importunar em relação às minhas chances românticas?


— Que chances? Já levou Anahí em tantos passeios de carruagem que imagino que ela seja capaz de desenhar um mapa de Londres de cabeça, mas já a pediu em casamento? Não. Uma dama não pode se pedir em casamento, Alfonso, e ela não pode dizer que o ama se não deixar claras suas intenções!


Poncho balançou a cabeça.


— Jessamine, você é incorrigível.


— E tenho razão — observou. — Do que tem medo?


— Que, se declarar minhas intenções, ela vai dizer que não me ama, não como amava Ucker.


— Ela não vai amá-lo como amava Ucker. Ela vai amá-lo como ama a você, Poncho, uma pessoa completamente diferente. Gostaria que ela não tivesse amado Ucker?


— Não, mas também não quero me casar com alguém que não me ama.


— Precisa perguntar a ela para descobrir — falou Jessamine. — A vida é cheia de riscos, a morte é mais simples.


— Por que não a vi antes, se esteve aqui o tempo todo? — perguntou.


— Ainda não posso entrar no Instituto, e, quando você está no jardim, está sempre com alguém. Já tentei atravessar as portas, mas uma espécie de força me impede. Mas é melhor do que antes. Primeiro, só conseguia subir alguns degraus. Agora estou como me vê — indicou sua posição na escadaria — um dia, conseguirei entrar.


— E, quando entrar, vai descobrir que seu quarto continua como sempre, e suas bonecas também — disse Poncho.


Jessamine deu um sorriso que fez Poncho imaginar se ela teria sido sempre tão triste ou se a morte a transformara mais do que ele achava que fantasmas podiam se transformar. Mas, antes que voltasse a falar, uma expressão de alarme atravessou seu rosto, e ela desapareceu em um turbilhão de neve.


Poncho virou para ver o que a assustou. As portas do Instituto se abriram, e Christian aparecera. Estava com um casaco de lã e uma cartola de seda já marcada pelos flocos de neve.


— Eu devia saber que o encontraria aqui, fazendo o possível para virar picolé — disse Christian, descendo os degraus até estar ao lado de Poncho, olhando para o jardim.


Poncho não quis mencionar Jessamine. Por alguma razão, sentiu que ela não gostaria que o fizesse.


— Estava deixando a festa? Ou só me procurando?


— As duas coisas — respondeu Christian, vestindo um par de luvas brancas — aliás, estou saindo de Londres.


— Saindo de Londres? — repetiu Poncho, espantado. — Não pode estar falando sério.


— Por que não? — Christian apontou um dedo para um floco de neve errante. Brilhou azul e desapareceu. — Não sou londrino, Poncho. Estou na casa de Woolsey há algum tempo, mas ela não é minha, e eu e ele cansamos da companhia um do outro rapidamente.


— Para onde vai?


— Nova York. Um Novo Mundo! Uma nova vida, um novo continente. — Christian lançou as mãos para cima. — Talvez até leve seu gato comigo. Maite disse que ele anda triste desde que Ucker se foi.


— Bem, ele morde todo mundo. Pode ficar com ele. Acha que vai gostar de Nova York?


— Quem sabe? Vamos descobrir juntos. O inesperado é o que me impede de estagnar.


— Nós, que não vivemos eternamente, não gostamos de mudança tanto quanto vocês, que vivem. Estou cansado de perder pessoas — disse Poncho.


— Eu também — concordou Christian. — Mas é como falei, não é? Você aprende a suportar.


— Certa vez, ouvi dizer que os homens que perdem um braço ou uma perna podem continuar sentindo dor nesses membros, apesar de não existirem mais. Às vezes, é assim. Sinto Ucker comigo, apesar de ele ter nos deixado, e é como se faltasse um pedaço de mim.


— Mas não falta — disse Christian. — Ele não está morto, Poncho. Está vivo porque você o deixou ir. Ele teria ficado com você e morrido, se você pedisse, mas você o amava o bastante para preferir que ele vivesse, ainda que uma vida separada. E isso, acima de tudo, prova que você não é Sidney Carton, Poncho, que o seu amor não é o tipo de amor que só pode ser obtido pela destruição. Foi o que vi em você, o que sempre vi em você, o que me fez querer ajudá-lo. Que você não está se desesperando. Que tem uma capacidade infinita de se alegrar. — Pôs uma mão enluvada sob o queixo de Poncho e levantou sua cabeça. Havia poucas pessoas para as quais Poncho tinha de levantar a cabeça para olhar no olho, mas Christian era uma delas. — Estrela brilhante — disse Christian, com olhos pensativos, como se lembrasse de alguma coisa ou de alguém. — Vocês, que são mortais, ardem tão ferozmente. E você é mais feroz do que a maioria, Poncho. Jamais vou esquecê-lo.


— Nem eu — respondeu Poncho — devo muito a você. Quebrou minha maldição.


— Você não era amaldiçoado.


— Sim, era. Era. Obrigado, Christian, por tudo que fez por mim. Se não agradeci antes, faço isso agora. Obrigado.


Christian abaixou a mão.


— Acho que nenhum Caçador de Sombras me agradeceu antes.


Poncho deu um sorriso torto.


— Eu tentaria não me acostumar. Não somos uma espécie muito grata.


— Não — Christian riu. — Não vou me acostumar. — Seus olhos felinos cerraram. — Deixo-o em boas mãos, acredito, Poncho Herrera.


— Está falando de Anahí.


— Estou falando de Anahí. Ou nega que ela é a dona do seu coração?


Christian já havia começado a descer as escadas. Parou e olhou para Poncho.


— Não nego — respondeu Poncho. — Mas ela ficará triste que tenha saído sem se despedir.


— Ah — disse Christian, virando na base da escada com um sorriso curioso. — Acho que não será necessário. Diga que voltarei a encontrá-la.


Poncho assentiu. Christian virou, as mãos nos bolsos do casaco, e caminhou para os portões do Instituto. Poncho observou até a figura desbotar na brancura da neve.



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Autor(a): Alien AyA

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 325



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  • nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03

    que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43

    adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53

    que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12

    adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss

  • Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54

    Chorei :/ Adeus não viu Adri..

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10

    chorrei bastante viu... ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37

    nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21

    sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..

  • Postado em 23/09/2015 - 13:52:16

    sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.

  • franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41

    Nossa....


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