Fanfics Brasil - A Perfeição É Monótona Anjo Mecânico [FINALIZADA]

Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico


Capítulo: A Perfeição É Monótona

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Anahí havia se retirado do salão sem que ninguém percebesse. Até mesmo Maite, sempre atenta, estava distraída, sentada ao lado de Henry em sua cadeira de rodas, com a mão na dele, sorrindo para os músicos.


Anahí não demorou para encontrar Poncho. Imaginava onde ele estaria, e acertou – na escadaria do Instituto, sem casaco nem chapéu, deixando a neve cair-lhe na cabeça e nos ombros. Havia uma camada branca por todo o jardim, como açúcar, congelando a fileira de carruagens que ali esperavam, os portões de ferro negro, as pedras onde Jessamine morreu. Poncho olhava fixamente para a frente, como se tentasse identificar alguma coisa através dos flocos.


— Poncho — disse Anahí, e ele se virou para olhar para ela.


Ela havia trazido um xale de seda, mas nada mais pesado, e sentiu a ferroada fria dos flocos de neve na pele nua do pescoço e dos ombros.


— Devia ter sido mais educado com Elias Uckermann — disse Poncho como resposta.


Olhava para o céu, onde uma pálida lua crescente surgia entre nuvens espessas e névoa. Flocos brancos de neve caíram e se misturaram aos cabelos negros de Poncho. As bochechas e lábios estavam ruborizados pelo frio. Ele estava mais bonito que nunca.


— Em vez disso, me comportei como teria feito... antes.


Anahí entendeu o que ele quis dizer. Para Poncho, só existia um antes e depois.


— Tem direito de se aborrecer — disse ela. — Já falei, não quero que seja perfeito. Só que seja Poncho.


— Que nunca será perfeito.


— A perfeição é monótona — Anahí replicou, e desceu o último degrau para se colocar ao lado dele. — Estão jogando “complete a citação poética”. Você poderia ter dado um show. Acho que ninguém lá dentro é capaz de desafiar seus conhecimentos literários.


— Além de você.


— De fato, seria uma competição difícil. Talvez pudéssemos formar uma equipe e dividir os lucros.


— Não parece uma boa forma — falou Poncho distraído, inclinando a cabeça para trás. A neve o contornava, como se ele estivesse no fundo de um redemoinho. — Hoje, quando Sophie Ascendeu...


— Sim?


— Não é algo que gostaria? — Ele se virou para olhar para ela, brancos flocos de neve presos nos cílios escuros. — Para você?


— Sabe que é impossível para mim, Poncho. Sou feiticeira. Ou, pelo menos, é o mais próximo do que sou. Jamais posso ser completamente Nephilim.


— Eu sei. — Ele olhou para as mãos, abrindo os dedos para deixar os flocos se ajustarem, derretendo, sob suas palmas. — Mas em Cadair Idris você disse que torcia para ser Caçadora de Sombras, que Mortmain havia destruído suas esperanças...


— Na época, era verdade — admitiu ela. — Mas quando me tornei Ithuriel, quando me Transformei e destruí Mortmain, como pude odiar algo que me permitiu proteger as pessoas que amo? Não é fácil ser diferente, muito menos ser única. Mas começo a achar que nunca poderia ter tido um caminho fácil.


Poncho riu.


— Um caminho fácil? Não, não para você, minha Anahí.


— Sou sua Anahí? — Ela apertou o xale, fingindo que o tremor era por causa do frio. — Você se incomoda pelo que sou, Poncho? Por não ser como você?


As palavras se colocaram entre eles, não pronunciadas: não há futuro para um Caçador de Sombras que se envolve com feiticeiros.


Poncho empalideceu.


— As coisas que eu disse no telhado, há tanto tempo... sabe que não foram sinceras.


— Eu sei...


— Não quero que seja diferente do que é, Anahí. Você é o que é, e eu a amo. Não amo só as partes que estão em conformidade com a Clave...


Ela ergueu as sobrancelhas.


— Está disposto a suportar o resto?


Ele passou a mão pelo cabelo escuro e molhado.


— Não. Não estou me explicando direito. Não há nada em você que eu possa me imaginar não amando. Realmente acha que é tão importante para mim que seja Nephilim? Minha mãe não é Caçadora de Sombras. E quando a vi se Transformar no anjo, quando a vi arder com o fogo divino, foi glorioso, Annie — ele deu um passo em direção a ela — o que você é, o que consegue fazer, é como um grande milagre, como fogo ou flores ou a expansão do mar. Você é única no mundo, assim como é única em meu coração, e jamais haverá um tempo em que não a amarei. Eu a amaria mesmo que não fosse Caçadora de Sombras...


Ela deu um sorriso trêmulo.


— Mas fico feliz em sê-lo, ainda que só metade — ela falou — pois significa que posso ficar com você, aqui no Instituto. A família que encontrei aqui pode continuar a ser minha família. Maite disse que, se eu quisesse, poderia deixar de ser Portilla e assumir o nome que deveria ter sido da minha mãe antes de casar. Poderia ser uma Starkweather. Poderia ter um verdadeiro nome de Caçadora de Sombras.


Ela ouviu Poncho exalar. Soltou uma lufada branca no frio. Os olhos dele estavam azuis, arregalados e claros, fixos em seu rosto. Tinha a expressão de um homem que havia se preparado para fazer algo assustador e estava fazendo.


— Claro que pode ter um verdadeiro nome de Caçadora de Sombras — disse Poncho — pode ter o meu.


Anahí o encarou, toda em preto e branco, contra o preto e branco da neve e da pedra.


— Seu nome?


Poncho deu um passo até estarem frente a frente. Em seguida, pegou a mão dela e retirou a luva, que guardou no bolso. Segurou a mão despida de Anahí na dele, curvando os dedos sobre os dela. A mão dele era quente e calejada, e o toque a fez tremer. Seus olhos estavam firmes e azuis; eram tudo que Poncho era: verdadeiros e ternos, aguçados e inteligentes, amorosos e generosos.


— Case comigo. Case comigo, Annie. Case comigo e seja Anahí Herrera. Ou seja Anahí Portilla. Ou o que quiser se chamar, mas case comigo, fique comigo e nunca me deixe, pois não posso suportar viver mais um dia em que você não faça parte da minha vida.


A neve caía em volta deles, branca, fria e perfeita. As nuvens no céu haviam partido, e, pelos buracos, ela via as estrelas.


— Ucker me contou o que Ragnor Fell falou sobre meu pai — prosseguiu Poncho. — Que meu pai só amou uma mulher, e era ela ou nada. Você é isso para mim. Eu te amo e só amarei você até morrer...


— Poncho!


Ele mordeu o lábio. O cabelo estava cheio de neve, os cílios marcados por flocos.


— Foi uma declaração grandiosa demais? Eu a assustei? Sabe como sou com palavras...


— Ah, eu sei.


— Lembro-me do que me disse uma vez — continuou ele — que as palavras têm o poder de nos transformar. Suas palavras me transformaram, Annie, me fizeram um homem melhor. A vida é um livro, e há mil páginas que ainda não li. Leria com você, quantas pudesse, antes de morrer...


Ela pôs a mão no peito dele, acima do coração, e sentiu a batida na palma, um ritmo único e próprio.


— Só queria que não falasse sobre morrer — disse ela. — Mas mesmo por isso, sim, sei como é com palavras, e, Poncho... amo todas elas. Cada palavra que diz. As bobas, as loucas, as lindas e as que são só para mim. Amo as palavras e amo você.


Poncho começou a falar, mas Anahí tapou sua boca com a mão.


— Amo suas palavras, meu Poncho, mas guarde-as por um instante — disse ela, e sorriu para os olhos dele. — Pense em todas as palavras que guardei dentro de mim por todo esse tempo enquanto não conhecia suas intenções. Quando me procurou na sala de estar e falou que me amava, mandá-lo embora foi a coisa mais difícil que já tive de fazer. Você disse que amava as palavras do meu coração, a forma da minha alma. Eu lembro. Lembro cada palavra que disse daquele dia até hoje. Jamais esquecerei. São tantas que gostaria de dizer a você, e tantas que gostaria de ouvi-lo dizer para mim. Espero que tenhamos todas as nossas vidas para dizê-las um para o outro.


— Então, vai se casar comigo? — Poncho perguntou espantado, como se não conseguisse acreditar na própria sorte.


— Sim — respondeu, a última, a mais simples e a mais importante de todas as palavras.


E Poncho, que tinha palavras para todas as ocasiões, abriu e fechou a boca, em silêncio, e, em vez de falar, puxou-a para perto de si. O xale caiu na escada, mas os braços de Poncho a aqueciam, com a boca quente na dela enquanto ele baixava a cabeça para beijá-la. Tinha gosto de neve e vinho, como inverno e Poncho em Londres. Tinha a boca suave contra a dela, passava as mãos por seus cabelos, derrubando os enfeites brancos pelos degraus de pedra. Anahí agarrou Poncho enquanto a neve girava ao redor. Pelas janelas do Instituto, era possível ouvir o singelo som da música tocando no salão: o piano, o violoncelo, e sobressaindo-se, como faíscas saltando para o céu, as notas doces e alegres do violino.



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Autor(a): Alien AyA

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 325



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  • nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03

    que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43

    adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53

    que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12

    adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss

  • Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54

    Chorei :/ Adeus não viu Adri..

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10

    chorrei bastante viu... ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37

    nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21

    sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..

  • Postado em 23/09/2015 - 13:52:16

    sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.

  • franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41

    Nossa....


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