Fanfics Brasil - Guarda-Sol Anjo Mecânico [FINALIZADA]

Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico


Capítulo: Guarda-Sol

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— Jessamine, você já leu The Lamplighter?


— Certamente não. Garotas não devem ler romances — Jessamine respondeu, no tom de alguém recitando algo que ela havia ouvido em algum outro lugar — de qualquer forma, Srta. Portilla, tenho uma proposta para você.


— Anahí — Anahí corrigiu automaticamente.


— Claro, pois nós já somos melhores amigas, e devemos logo ser ainda mais.


Anahí observou a outra garota com confusão.


— O que você quer dizer?


— Como estou certa de que o horrível Poncho já lhe disse, meus pais, meus queridos papai e mamãe, estão mortos. Mas eles me deixaram uma considerável quantia de dinheiro. Foi colocado em uma poupança para mim até meu aniversário de dezoito anos, que é em questão de meses. Você vê o problema, é claro.


Anahí, que não via o problema, perguntou:


— Vejo?


— Eu não sou uma Caçadora de Sombras, Anahí. Desprezo tudo sobre os Nephilins. Nunca quis ser uma, e meu maior desejo é deixar o Instituto e nunca mais falar com uma alma que reside lá.


— Mas pensei que seus pais fossem Caçadores de Sombras...


— Uma pessoa não tem que ser um Caçador de Sombras se não quiser — Jessamine estourou — meus parentes não queriam. Eles deixaram a Clave quando eram novos. Mamãe sempre foi perfeitamente enfática. Ela nunca quis os Caçadores de Sombras perto de mim. Dizia que nunca ia desejar uma vida daquelas para uma garota. Queria outras coisas pra mim. Que eu fizesse minha festa de debutante, conhecesse a Rainha, achasse um bom marido, e tivesse encantadores bebezinhos. Uma vida normal— ela disse as palavras com um tipo selvagem de fome — existem outras garotas nessa cidade exatamente agora, Anahí, outras garotas da minha idade, que não são tão bonitas quanto eu, que estão dançando, flertando, rindo e capturando maridos. Elas têm aulas de francês. Eu tenho aulas de horrorosas línguas demoníacas. Não é justo.


— Você ainda pode se casar — Anahí estava confusa — qualquer homem iria...


— Eu poderia me casar com um Caçador de Sombras — Jessamine cuspiu a palavra — e viver como Maite, tendo que me vestir como um homem e lutar como um homem. É repugnante. Mulheres não devem se comportar assim. Nós devemos dirigir graciosamente lares amáveis. Decorá-los de uma maneira que seja agradável para nossos maridos. Animá-los e confortá-los com nossa presença gentil e angelical.


Jessamine não soava nem gentil nem angelical, mas Anahí absteve-se de mencionar isso.


— Não vejo como eu...


Jessamine segurou o braço de Anahí ferozmente.


— Você não vê? Eu posso deixar o Instituto, Anahí, mas não posso viver sozinha. Não seria respeitável. Talvez se eu fosse viúva, mas sou só uma garota. Isso apenas não é feito. Mas se eu tivesse uma companhia – uma irmã...


— Você quer que eu finja ser sua irmã? — Anahí guinchou.


— Por que não? — Jessamine indagou, como se essa fosse a sugestão mais razoável do mundo. — Ou poderia ser minha prima da América. Sim, isso iria funcionar. Percebe — ela adicionou, de um modo mais prático — não é como se você tivesse outro lugar para ir, não é? Tenho quase certeza de que capturaríamos maridos em pouquíssimo tempo.


Anahí, cuja cabeça tinha começado a doer, desejou que Jessamine cessasse de falar de “capturar” maridos do jeito que alguém pega uma gripe, ou um gato que fugiu.


— Eu poderia lhe apresentar às melhores pessoas — Jessamine continuou — haveria bailes, e jantares... — Ela parou, olhando ao redor em repentina confusão. — Mas... onde estamos?


Anahí olhou em volta. O caminho havia estreitado. Agora era uma trilha escura passando por entre árvores altas. Anahí não podia mais ver o céu, nem ouvir o som de vozes. Ao lado dela, Jessamine havia parado. Seu rosto se contraiu com medo súbito.


— Nós nos desviamos do caminho — ela murmurou.


— Bem, nós podemos achar o caminho de volta, não podemos? — Anahí girou, procurando por um espaço entre as árvores, um caminho de luz do sol — acho que nós viemos de lá...


Jessamine segurou o braço de Anahí de repente, seus dedos como garras. Algo – não, alguém – havia aparecido diante delas no caminho.


A figura era pequena, tão pequena que por um momento Anahí pensou que estivessem encarando uma criança. Mas quando a forma deu um passo à frente em direção à luz, ela viu que era um homem – um homem arqueado, decaído, vestido como um mercador, em roupas puídas, um chapéu gasto enfiado em sua cabeça. Seu rosto era enrugado e branco, como uma maçã velha coberta de bolor, e seus olhos eram de um preto brilhante entre pesadas dobras de pele.


Ele riu, mostrando dentes tão afiados quanto lâminas.


— Garotas bonitas.


Anahí olhou de relance para Jessamine; a outra garota estava rígida e encarando, sua boca uma linha branca.


— Nós devemos ir — Anahí murmurou, e puxou o braço de Jessamine.


Vagarosamente, como se ela estivesse sonhando, Jessamine permitiu que Anahí a virasse de forma que elas encarassem de novo o caminho pelo qual tinham vindo... E o homem estava na frente delas novamente, bloqueando o caminho de volta ao parque. Longe, longe na distância, Anahí pensou que podia ver o parque, um tipo de clareira, cheia de luz. Parecia impossivelmente longe.


— Vocês saíram do caminho — disse o estranho. A voz dele era monótona, rítmica — garotas bonitas, saíram do caminho. Sabem o que acontece com garotas como vocês.


Ele deu um passo à frente.


Jessamine, ainda rígida, estava agarrando seu guarda-sol como se ele fosse uma corda de salvamento.


— Goblin — ela disse — duende, o que quer que você seja... nós não temos nenhuma rixa com ninguém do Povo Justo. Mas se você nos tocar...


— Vocês saíram do caminho — cantou o homenzinho, chegando mais perto. Enquanto o fazia, Anahí viu que seus sapatos brilhantes não eram sapatos no fim das contas, mas cascos resplandecentes — Nephilim tola, vir a esse lugar sem estar marcada. Essa terra é mais antiga que qualquer Acordo. Aqui há terra estranha. Se seu sangue de anjo cair sobre ela, videiras douradas irão crescer imediatamente no lugar, com diamantes em suas extremidades. E eu o reivindico. Reivindico seu sangue.


Anahí puxou o braço de Jessamine.


— Jessamine, nós deveríamos...


— Anahí, fique quieta — liberando seu braço com uma sacudida, Jessamine apontou seu guarda-sol para o duende — você não quer fazer isso. Você não quer...


A criatura saltou. Enquanto ele se jogava em direção a elas, a boca dele pareceu descascar-se aberta, sua pele partindo-se, e Anahí viu a face por baixo – cheia de presas e malícia. Ela gritou e tropeçou para trás, seu sapato prendendo numa raiz de uma árvore. Caiu no chão enquanto Jessamine levantou seu guarda-sol, e com leve toque do pulso de Jessamine, o guarda-sol se abriu como uma flor.


O duende gritou. Ele gritou e caiu para trás e rolou no chão, ainda gritando. Sangue escorreu de uma ferida em sua bochecha, manchando a áspera jaqueta cinza dele.


— Eu lhe disse — Jessamine falou. Ela estava se esforçando para respirar, seu tórax subindo e descendo como se ela tivesse corrido pelo parque — eu lhe disse pra nos deixar em paz, sua criatura imunda...


Ela golpeou o duende novamente, e agora Anahí podia ver que as beiras do guarda-sol de Jessamine brilhavam em um estranho dourado esbranquiçado, e eram tão afiadas quanto lâminas. Sangue havia respingado sobre o material florido.


O duende uivou, levantando seus braços para se proteger. Ele se parecia com um velho homenzinho arqueado agora, e apesar de Anahí saber que era uma ilusão, ela não podia evitar sentir certa pena.


— Piedade, senhora, piedade...


— Piedade? — Jessamine cuspiu. — Você queria fazer flores do meu sangue! Duende imundo! Criatura nojenta!


Ela o cortou novamente com o guarda-sol, e de novo o duende gritou e se debateu. Anahí se levantou, sacudindo a sujeira para fora de seu cabelo, e se equilibrou sobre os próprios pés. Jessamine ainda estava gritando, o guarda-sol voando, a criatura no chão tendo espasmos a cada pancada.


— Eu te odeio! — Jessamine gritou, sua voz fina e tremendo. — Odeio você e todos como você... Seres do Submundo... nojentos, nojentos...


— Jessamine!


Anahí correu até a outra garota e a envolveu, imobilizando os braços de Jessamine contra seu corpo. Por um momento, Jessamine lutou e Anahí notou que não havia maneira de segurá-la. Ela era forte, os músculos sob a pele macia e feminina dela enrolados e mais tensos que um chicote. E, de repente, Jessamine ficou mole, caindo contra o corpo de Anahí, sua respiração se normalizando enquanto o guarda-sol caía em sua mão.


— Não — ela choramingou — não. Eu não queria. Eu não pretendia. Não...


Anahí olhou pra baixo. O corpo do duende estava dobrado e imóvel aos pés delas. Sangue se espalhava pelo chão do lugar onde ele estava deitado, correndo pela terra como vinhas negras. Segurando Jessamine enquanto ela chorava, Anahí não conseguia deixar de se perguntar o que cresceria ali agora.




Até Mais ;)


 



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Autor(a): Alien AyA

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 325



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  • nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03

    que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43

    adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53

    que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12

    adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss

  • Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54

    Chorei :/ Adeus não viu Adri..

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10

    chorrei bastante viu... ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37

    nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21

    sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..

  • Postado em 23/09/2015 - 13:52:16

    sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.

  • franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41

    Nossa....


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