Fanfics Brasil - O Laço Anjo Mecânico [FINALIZADA]

Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico


Capítulo: O Laço

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Enquanto elas desciam juntas, Miranda andando com sua marcha desajeitada e cortada, Anahí levantou s mão para tocar a corrente em torno de sua garganta, onde o anjo mecânico pendia. Era um hábito – algo que ela fazia cada vez que era forçada a ver as Irmãs Sombrias. De alguma forma, a sensação do pingente em seu pescoço tranquilizava-a. Continuou segurando-o enquanto elas passavam patamar após patamar.


Havia vários níveis de corredores na Casa Sombria, embora Anahí não tivesse visto nada deles exceto os aposentos das Irmãs Sombrias, os corredores e escadas, e seu próprio quarto.


Finalmente elas chegaram ao obscurecido porão. Era frio e úmido, as paredes pegajosas com desagradável umidade, embora, aparentemente, as Irmãs não se importassem. Seu escritório era na frente, através de um conjunto de amplas portas duplas. Um estreito corredor conduzia para longe na outra direção, desaparecendo na escuridão; Anahí não tinha ideia do que tinha naquele corredor, mas algo sobre a densidade das sombras a deixou feliz de nunca ter descoberto.


As portas do escritório das Irmãs estavam abertas. Miranda não hesitou, mas se arrastou para dentro, Anahí seguindo após ela com grande relutância. Ela odiava esta sala mais do que qualquer outro lugar na Terra.


Para começar, estava sempre quente e úmida por dentro, como um pântano, mesmo quando o céu lá fora estava cinzento e chuvoso. As paredes pareciam filtrar umidade, e o estofamento nas cadeiras e sofás estava sempre florescendo com mofo. Cheirava estranho também, como as margens do Hudson em um dia quente: água, lixo e lodo.


As Irmãs já estavam lá, como sempre sentadas atrás de sua enorme mesa de recepção. Estavam em suas coloridas vestimentas, Sra. Black em um vestido rosa-salmão vibrante e Sra. Dark em uma toga azul-pavão. Acima dos cetins brilhantemente coloridos, seus rostos eram como balões cinza vazios. Ambas usavam luvas apesar do calor da sala.


— Deixe-nos agora, Miranda — disse a Sra. Black, que estava girando o pesado globo de metal que mantinham na mesa com um dedo roliço coberto pela luva branca.


Anahí tinha tentado muitas vezes obter uma visão melhor do globo – algo sobre a forma que os continentes estavam estabelecidos nunca pareceu muito correto para ela, especialmente o espaço no centro da Europa – mas as Irmãs sempre a mantiveram longe.


— E feche a porta atrás de você.


Inexpressiva, Miranda fez o que foi pedido.


Anahí tentou não estremecer quando a porta fechou atrás dela, barrando a pouca brisa que havia neste lugar sem ar.


Sra. Dark inclinou sua cabeça para o lado.


— Venha aqui, Anahí Giovanna.


Das duas mulheres, ela era a mais gentil – mais propensa a adular e persuadir do que sua irmã, que gostava de convencer com tapas e sibilar ameaças.


— E pegue isso.


Ela segurava alguma coisa: um pedaço estragado de tecido rosa amarrado em um laço, o tipo que pode ser usado como um laço de cabelo de garota.


Ela estava acostumada a receber coisas das Irmãs Sombrias agora. Coisas que outrora tinham pertencido a pessoas: alfinetes de gravata e relógios, joias de luto, brinquedos infantis. Uma vez os cadarços de uma bota, outra um único brinco, manchado de sangue.


— Pegue isso — a Sra. Dark repetiu, uma pitada de impaciência em sua voz — e transforme-se.


Anahí pegou o laço. Ele estava em sua mão, leve como uma asa de mariposa, e as Irmãs Sombrias olharam impassivelmente para ela. Se lembrou de livros que tinha lido, romances em que personagens foram a julgamento, de pé trêmulos no banco dos réus e rezando por um veredito de inocente. Muitas vezes sentia que estava ela própria em julgamento nesta sala, sem saber de que crime era acusada.


Ela virou o laço em sua mão, lembrando-se da primeira vez que as Irmãs Sombrias tinham-lhe entregue um objeto – uma luva de mulher, com botões de pérola no pulso. Tinham gritado para ela se transformar, deram-lhe tapas e sacudiram-na enquanto ela dizia-lhes uma e outra vez com crescente histeria que não tinha ideia do que elas estavam falando, nenhuma ideia do que estavam pedindo para fazer.


Não tinha chorado, embora quisesse. Anahí odiava chorar, principalmente na frente de pessoas que não confiava. E as duas únicas pessoas no mundo em que ela confiava, uma estava morta e a outra presa. Lhe disseram isso, as Irmãs Sombrias, disseram que elas tinham Nate, e se não fizesse o que ordenavam, ele morreria. Lhe mostraram o anel dele, o que tinha sido de seu pai – manchado com sangue agora – para provar. Não a deixaram segurá-lo ou tocá-lo, apanharam de volta enquanto ela alcançava-o, mas ela reconheceu. Era de Nate.


Depois disso, Anahí fez tudo o que pediram. Bebera as poções que lhe foram oferecidas, fizera as horas de exercícios agonizantes, se forçado a pensar do jeito que elas queriam. Disseram-lhe para imaginar-se como argila, sendo moldada no prato giratório do oleiro, sua forma amorfa e mutável. Elas disseram-lhe para pegar os objetos, imaginá-los como seres vivos, para tirar o espírito que os animava.


Levou semanas, e a primeira vez que ela havia se transformado tinha sido tão absurdamente doloroso que ela vomitou e desmaiou. Quando acordou, estava deitada em uma das cadeiras apodrecidas na sala das Irmãs Sombrias, um pano úmido sendo passado em seu rosto. A Sra. Black estava inclinada sobre ela, sua respiração amarga como vinagre, seus olhos acesos.


— Você fez bem hoje, Anahí Giovanna. Muito bem.


Naquela noite, quando Anahí foi para seu quarto, havia presentes para ela, dois novos livros sobre sua mesa de cabeceira. De alguma forma, as Irmãs Sombrias tinham percebido que a leitura e os romances eram a paixão de Anahí. Havia uma cópia de Grandes Esperanças e – de todas as coisas – Mulherzinhas. Anahí tinha abraçado os livros e, sozinha e sem ninguém para olhar em seu quarto, tinha se permitido chorar.


Tinha ficado mais fácil desde então, a transformação. Anahí ainda não entendia o que acontecia dentro dela para tornar isso possível, mas tinha memorizado a série de passos que as Irmãs Sombrias lhe ensinaram, do jeito que uma pessoa cega pode memorizar o número de passos que leva para andar de sua cama até a porta de seu quarto. Ela não sabia o que estava em torno dela no estranho lugar escuro que pediram-na para viajar, mas conhecia o caminho através dele.


Chamou essas memórias agora, intensificando seu aperto no pequeno farrapo de tecido cor-de-rosa que segurava. Ela abriu a mente e deixou a escuridão descer, deixou a conexão que a prendia à fita de cabelo e o espírito dentro dela – o eco fantasmagórico da pessoa que a tinha possuído uma vez – desemaranhar como um fio dourado que conduz através das sombras.



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Autor(a): Alien AyA

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A sala em que ela estava, o calor opressivo, a respiração ruidosa das Irmãs Sombrias, tudo caiu por terra enquanto ela acompanhava o fio, enquanto a luz ficava mais intensa e Anahí se embrulhava nela como se estivesse envolvendo-se em um cobertor. Sua pele começou a formigar e picar com milhares de pequenos choques. Esta tinha sido a pior ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 325



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  • nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03

    que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43

    adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53

    que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12

    adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss

  • Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54

    Chorei :/ Adeus não viu Adri..

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10

    chorrei bastante viu... ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37

    nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21

    sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..

  • Postado em 23/09/2015 - 13:52:16

    sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.

  • franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41

    Nossa....


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