Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico

Ucker estava olhando para ela com olhos prateados pensativos; algo sobre a intensidade de seu olhar a deixava quase desconfortável.

— Quão claramente você pode ver os pensamentos dos mortos? Por exemplo, se eu lhe der um item que tenha pertencido a meu pai, você saberia o que ele estava pensando quando morreu?

Foi a vez de Poncho parecer alarmado.

— Christophe, eu não acho... — ele começou, mas parou quando a porta da biblioteca se abriu e Maite entrou na sala.

Ela não estava sozinha. Havia pelo menos uma dúzia de homens seguindo-a, estranhos que Anahí nunca tinha visto antes.

— O Enclave — sussurrou Poncho, e gesticulou para Ucker e Anahí se esconderem atrás de uma das estantes de três metros.

Eles observaram de seu esconderijo enquanto a sala se enchia de Caçadores de Sombras – a maioria deles homens. Mas Anahí viu, enquanto entravam na sala, que entre eles estavam duas mulheres. Ela não podia deixar de olhar para elas, lembrando o que Poncho tinha dito sobre Boadiceia, que as mulheres poderiam ser guerreiras também.

A mais alta das mulheres – e ela devia ter quase um metro e noventa de altura – tinha cabelos brancos presos em uma coroa na parte de trás da cabeça. Ela parecia estar bem em seus sessenta anos, e sua presença era real. A segunda das mulheres era mais jovem, com cabelos escuros, olhos felinos, e um comportamento reservado.

Os homens eram um grupo mais misto. O mais velho era um homem alto, vestido todo em cinza. Seus cabelos e pele eram cinzentos também, seu rosto ossudo e aquilino, com um nariz fino e forte, queixo pontudo. Havia linhas duras nos cantos dos olhos e depressões escuras embaixo das maçãs do rosto. Seus olhos eram rodeados de vermelho. Ao lado dele estava o mais novo do grupo, um garoto com menos de um ano de diferença com Ucker ou Poncho. Ele era bonito em uma espécie de forma angular, com características definidas, mas comuns, cabelos castanhos desgrenhados, e uma expressão alerta.

Ucker fez um barulho de surpresa e desagrado.

— Gabriel Lightwood — ele murmurou baixinho para Poncho — o que ele está fazendo aqui? Pensei que ele estava na escola em Idris.

Poncho não se moveu. Ele estava encarando o menino de cabelos castanhos com as sobrancelhas levantadas, um sorriso brincando nos lábios.

— Só não entre em uma briga com ele, Poncho — Ucker acrescentou apressadamente — não aqui. Isso é tudo o que peço.

— Um pouco demais para se pedir, você não acha? — Poncho replicou sem olhar para Ucker.

Poncho tinha se inclinado para fora da estante, e estava assistindo Maite enquanto ela conduzia todos para a mesa grande na frente da sala. Ela parecia estar pedindo a todos que se instalassem nas cadeiras ao redor da mesa.

— Frederick Ashdown e George Penhallow, aqui, se vocês fizerem o favor — disse Maite — Lilian Highsmith, se você sentar ali perto do mapa...

— E onde está Henry? — perguntou o homem grisalho com um ar de brusca educação. — O seu marido? Como um dos chefes do Instituto, ele realmente deveria estar aqui.

Maite hesitou por uma fração de segundo antes de fixar um sorriso em seu rosto.

— Ele está a caminho, Sr. Lightwood — ela respondeu, e Anahí percebeu duas coisas – a primeira, que o homem de cabelos grisalhos era provavelmente o pai de Gabriel Lightwood, e a segunda, que Maite estava mentindo.

— É melhor que ele esteja — Sr. Lightwood murmurou — uma reunião do Enclave sem o chefe do Instituto presente – que coisa mais irregular — ele se virou então, e embora Poncho tivesse se movido para trás da estante alta, já era tarde demais. Os olhos do homem estreitaram — e quem está ali atrás, então? Saia e mostre-se!

Poncho olhou para Ucker, que encolheu os ombros com eloquência.

— Não há por que se esconder até que eles nos arrastem para fora, não é?

— Fale por si mesmo — Anahí sibilou — eu não preciso de Maite com raiva de mim se não era para nós estarmos aqui.

— Não fique nervosa com isso. Não há nenhuma razão para que você tivesse alguma ideia sobre a reunião do Enclave, e Maite está perfeitamente consciente disso. Ela sempre sabe exatamente quem culpar — Poncho sorriu — eu viraria você de volta, se você me entende. Não há necessidade de dar um choque tão grande às velhas constituições grisalhas deles.

— Oh!

Por um momento, Anahí tinha quase esquecido que ela ainda estava disfarçada de Camille. Rapidamente ela começou a trabalhar em despojar a transformação, e quando os três saíram de trás da estante, ela era ela mesma novamente.

— Poncho — Maite suspirou ao vê-lo, e balançou a cabeça em direção a Anahí e Ucker — eu disse que o Enclave teria uma reunião aqui às quatro horas.

— Você disse? — Poncho perguntou. — Devo ter esquecido. Que horror — seus olhos deslizaram de lado, e ele sorriu — e aí, Gabriel.

O garoto de cabelos castanhos retornou o olhar de Poncho com um olhar furioso. Ele tinha olhos verdes muito brilhantes, e sua boca, enquanto olhava para Poncho, estava dura com nojo.

— Alfonso — disse ele, finalmente, e com algum esforço. Ele virou seu olhar sobre Ucker — e Christophe. Vocês não são um pouco jovens para estar à espreita em reuniões do Enclave?

— Você não é? — Ucker rebateu.

— Eu fiz dezoito anos em junho — disse Gabriel, inclinando-se tanto para trás em sua cadeira que as pernas da frente saíram do chã — tenho todo o direito de participar das atividades do Enclave agora.

— Que fascinante para você — disse a mulher de cabelos brancos que Anahí tinha pensado parecer régia — então esta é ela, Lottie? A garota feiticeira sobre a qual você estava nos falando? — A pergunta era dirigida a Maite, mas o olhar da mulher repousava sobre Anahí. — Ela não parece grande coisa.

— Nem Christian Chávez na primeira vez que o vi — opinou o Sr. Lightwood, dobrando um olhar curioso sobre Anahí — vamos ver então. Mostre-nos o que você pode fazer.

— Eu não sou uma feiticeira — Anahí protestou furiosamente.

— Bem, você certamente é algo, minha menina — disse a mulher mais velha — se não uma feiticeira, então o quê?

Até Mais ;)