Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico

Capítulo 11 - Poucos são anjos

Mas nós todos somos todos homens,
De natureza frágil e sujeitos à carne;
Muito poucos serão anjos
– Shakespeare, Rei Henrique VIII

Anahí gritou.

Não um grito humano, mas o de um vampiro. Ela mal reconheceu o som que saiu de sua própria garganta – soou como vidro quebrando. Apenas depois ela percebeu que estava gritando palavras. Ela teria pensado que gritaria o nome de seu irmão, mas não gritou.

— Poncho! — ela gritou. — Poncho, agora! Faça isso agora!

Um sobressalto percorreu a sala. Dúzias de rostos brancos viraram em direção a Anahí. Seu grito havia atravessado o desejo de sangue deles. De Quincey estava imóvel no palco; mesmo Nathaniel estava olhando para ela, atordoado e encarando, como se perguntando se os gritos dela eram um sonho nascido de sua agonia.

Poncho, seu dedo no botão do fósforo, hesitou. Seus olhos encontraram os de Anahí do outro lado da sala. Foi apenas por uma fração de segundo, mas de Quincey viu o olhar deles. Como se pudesse lê-lo, a expressão em seu rosto mudou, e ele ergueu sua mão para apontar diretamente para Poncho.

— O garoto — ele cuspiu — parem-no!

Poncho tirou os olhos de Anahí. Os vampiros já estavam ficando de pé, indo em direção a ele, seus olhos brilhando com raiva e fome. Poncho olhou atrás deles, para de Quincey, que estava encarando Poncho furioso. Não havia medo no rosto de Poncho quando olhou nos olhos do vampiro – nem hesitação, nem surpresa.

— Eu não sou um garoto. Sou Nephilim.

E apertou o botão.

Anahí se preparou para um clarão de pedra enfeitiçada branca. Ao invés disso, houve um grande fhoosh quando as chamas dos candelabros dispararam em direção ao teto. Faíscas voaram, espalhando brasas ardentes pelo chão, pegando as cortinas e a barra dos vestidos das mulheres. De repente a sala estava cheia de fumaça preta e gritos – agudos e horríveis.

Anahí não podia mais ver Poncho. Ela tentou lançar-se para frente, mas Christian – ela quase esquecera que ele estava lá – a segurou firme pelo pulso.

— Srta. Portilla, não — ele disse, e quando ela respondeu puxando mais forte, ele acrescentou — Srta. Portilla! Você é uma vampira agora! Se você pegar fogo, queimará como gravetos de madeira...

Como se para ilustrar seu argumento, naquele momento uma faísca perdida aterrissou em cima da peruca branca de Lady Delilah. A peruca explodiu em chamas. Com um grito, ela tentou tirá-la da cabeça, mas quando suas mãos entraram em contato com as chamas, elas também pegaram fogo, como se fossem feitas de papel em vez de pele. Em menos de um segundo ambos os braços ardiam como tochas. Uivando, ela correu para a porta, mas o fogo foi mais rápido do que ela. Em poucos segundos uma fogueira apareceu onde ela estava. Anahí podia ver o contorno de uma criatura enegrecida se contorcendo e gritando dentro dela.

— Você vê o que eu quero dizer? — Christian gritou no ouvido de Anahí, esforçando-se para fazer-se ouvir sobre os uivos dos vampiros, que estavam mergulhando desta forma e daquela, tentando evitar as chamas.

— Deixe-me ir! — Anahí gritou.

De Quincey havia saltado para a luta; Nathaniel estava caído sozinho no palco, aparentemente inconsciente, apenas suas algemas segurando-o na cadeira.

— Aquele é o meu irmão lá em cima. Meu irmão!

Christian olhou para ela. Aproveitando-se de sua confusão, Anahí soltou seu braço e começou a correr em direção ao palco. A sala estava um caos: vampiros correndo para lá e para cá, muitos deles fugindo com medo em direção à porta. Os vampiros que chegaram à porta estavam empurrando para passar primeiro, outros tinham mudado a direção e corriam para as portas de vidro que davam para o jardim.

Anahí desviou de uma cadeira caída e quase foi de encontro com a vampira ruiva de vestido azul que a tinha encarado mais cedo. Ela parecia aterrorizada agora. Ela mergulhou em direção a Anahí – então pareceu tropeçar. Sua boca se abriu em um grito, e sangue jorrou como uma fonte. Seu rosto enrugou-se, dobrando sobre si mesmo, a pele virando pó e caindo como chuva dos ossos de seu crânio. Seu cabelo vermelho murchou e virou cinza, a pele dos braços derreteu e transformou-se em pó, e com um último grito desesperado a vampira caiu em uma pilha pegajosa de ossos e poeira em cima de um vestido de cetim vazio.

Anahí sufocou, arrancou seus olhos dos restos, e viu Poncho. Ele estava diretamente na frente dela, segurando uma longa faca de prata; a lâmina estava manchada de sangue escarlate. Seu rosto estava ensanguentado também, seus olhos selvagens.

— Que diabos você ainda está fazendo aqui? — ele gritou para Anahí. — Sua inacreditavelmente estúpida...

Anahí ouviu o barulho antes de Poncho, um som agudo e fino, como uma peça de máquina quebrada. O garoto loiro da jaqueta cinza – o servo humano de quem Lady Delilah tinha bebido mais cedo – estava correndo para Poncho, um som estridente de choro vindo de sua garganta, o rosto manchado com sangue e lágrimas. Ele estava carregando uma perna de cadeira quebrada numa das mãos; a ponta era áspera e afiada.

— Poncho, cuidado! — Anahí gritou, e Poncho virou.

nandacolucci e Mila Puente Herrera postando queridas ♥

fran eu entendo, boa viajem pra você :)