Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico
Eles caminharam até o centro da ponte, onde Anahí inclinou-se contra um parapeito de granito e olhou para baixo.
O Tâmisa era preto ao luar. A extensão de Londres estendia-se em ambas as margens, a grande cúpula da Catedral de São Paulo pairando por trás dela como um fantasma branco, e tudo envolto na névoa suave que estendia um véu suavemente indefinido sobre as duras linhas da cidade.
Anahí olhou para o rio. O cheiro de sal, sujeira e podridão saía da água, misturando-se com a neblina. Ainda assim, havia algo solene sobre o rio de Londres, como se ele carregasse o peso do passado em suas correntes. Um trecho de poesia antiga lhe veio à cabeça.
— Doce Tâmisa, corre suavemente até eu terminar a minha canção — ela recitou baixinho.
Normalmente, ela nunca teria citado poesia em voz alta na frente de ninguém, mas havia algo sobre Ucker que a fazia sentir que, fosse o que ela fizesse, ele não a julgaria.
— Eu já ouvi esse trecho antes — foi tudo o que ele disse — Poncho o citou para mim. O que é?
— Spenser. Prothalamion —Anahí franziu o cenho — Poncho parece ter uma afinidade estranha pela poesia para alguém tão... tão...
— Poncho lê constantemente, e tem uma memória excelente — disse Ucker — há muito pouco que ele não se lembre.
Havia algo na voz dele que dava peso à sua afirmação além da mera declaração do fato.
— Você gosta de Poncho, não é? — Anahí perguntou. — Quero dizer, você é afeiçoado a ele.
— Eu o amo como se fosse meu irmão — Ucker concordou sem rodeios.
— Você pode dizer isso. Por mais horrível que ele seja com todo mundo, ele ama você. Ele é gentil com você. O que você fez para fazê-lo tratá-lo de forma tão diferente de todo o resto?
Ucker inclinou-se lateralmente contra o parapeito, seu olhar sobre ela, mas ainda distante. Ele batia os dedos ponderadamente contra o topo de jade de sua bengala. Tirando partido da sua clara distração, Anahí deixou-se olhar para ele, admirando um pouco sua estranha beleza na luz do luar. Ele era todo prata e cinza, não como as cores fortes de azul e preto e dourado de Poncho.
Finalmente, ele disse:
— Eu não sei, realmente. Eu costumava pensar que era porque nós dois não tínhamos pais e, portanto ele achava que éramos parecidos...
— Eu sou órfã — Anahí comentou — Jessamine também. Ele não acha que é como nós.
— Não. Não acha — os olhos de Ucker estavam cautelosos, como se houvesse algo que ele não estava dizendo.
— Eu não o entendo. Ele pode ser gentil em um momento e absolutamente terrível em outro. Não consigo decidir se ele é gentil ou cruel, amável ou odiável...
— Será que isso importa? É necessário você tomar tal decisão?
— Na outra noite — ela prosseguiu — em seu quarto, quando Poncho entrou. Ele disse que tinha bebido a noite toda, mas então, mais tarde, quando você... mais tarde ele pareceu ficar sóbrio num piscar de olhos. Eu já vi meu irmão bêbado. Sei que não desaparece assim em um instante; mesmo minha tia jogando um balde de água fria no rosto de Nate não o teria despertado do torpor, não se ele estivesse realmente embriagado. E Poncho não cheirava a álcool, ou parecia mal na manhã seguinte. Mas por que ele mentiria e diria que estava bêbado, se não estava?
Ucker parecia resignado.
— E aí está o mistério essencial de Poncho Herrera. Eu costumava me perguntar a mesma coisa. Como alguém poderia beber tanto quanto ele dizia e sobreviver, ainda mais lutar tão bem quanto ele? Então, uma noite, eu o segui.
— Você o seguiu?
Ucker sorriu torto.
— Sim. Ele saiu, alegando um encontro ou algo assim, e eu o segui. Se eu soubesse o que esperar, teria usado sapatos resistentes. Ele caminhou a noite inteira pela cidade, da Catedral de São Paulo ao Mercado Spitalfields à Rua Alta Whitechapel. Desceu para o rio e perambulou pelo cais. Ele não parou para falar com uma única alma. Era como seguir um fantasma. Na manhã seguinte, ele estava pronto com algum conto obsceno de aventuras falsas, e eu nunca exigi a verdade. Se ele deseja mentir para mim, então deve ter uma razão.
— Ele mente para você, e você ainda confia nele?
— Sim. Eu confio nele.
— Mas...
— Ele mente consistentemente. Sempre inventa a história que vai fazê-lo parecer pior.
— Então, ele lhe contou o que aconteceu com seus pais? Seja verdade ou mentira?
— Não inteiramente. Fragmentos — Ucker disse após uma longa pausa — sei que seu pai deixou os Nephilins. Antes de Poncho nascer. Ele se apaixonou por uma garota mundana, e quando o Conselho se recusou a fazer dela uma Caçadora das Sombras, ele deixou a Clave e se mudou com ela para uma parte muito remota do País de Gales, onde eles pensavam que não seriam encontrados. A Clave ficou furiosa.
— A mãe de Poncho era uma mundana? Quer dizer que ele é apenas meio Caçador de Sombras?
— Sangue Nephilim é dominante — Ucker explicou — é por isso que existem três regras para aqueles que deixam a Clave. Primeira, você deve cortar o contato com todo e qualquer Caçadores de Sombras que já conheceu, mesmo sua própria família. Eles nunca podem falar com você de novo, nem você pode falar com eles. Segunda, você não pode invocar a Clave por ajuda, não importa qual o seu perigo. E terceira...
— Qual a terceira?
— Mesmo se você deixar a Clave, eles ainda podem reivindicar seus filhos.
Um pequeno arrepio passou por Anahí. Ucker ainda estava olhando para o rio, como se pudesse ver Poncho em sua superfície prateada.
— A cada seis anos, até que a criança tenha dezoito anos, um representante da Clave vem à sua família e pergunta à criança se ela gostaria de deixar sua família e se juntar aos Nephilins.
— Eu não consigo imaginar que alguém iria — disse Anahí, estarrecida — quero dizer, você nunca seria capaz de falar com sua família novamente, seria?
Ucker balançou a cabeça.
— E Poncho concordou com isso? Ele se juntou aos Caçadores de Sombras apesar de tudo?
— Ele se recusou. Por duas vezes, ele se recusou. Então, um dia... Poncho tinha uns doze anos... houve uma batida na porta do Instituto e Maite atendeu. Ela devia ter dezoito então, eu acho. Poncho estava ali de pé na escada. Ela me disse que ele estava coberto de poeira e sujeira de estrada, como se tivesse dormido em sebes. Ele disse, “Eu sou um Caçador de Sombras. Um de vocês. Você tem que me deixar entrar. Eu não tenho mais para onde ir.”
— Ele disse isso? Poncho? “Eu não tenho mais para onde ir”?
Ele hesitou.
— Você compreende, tudo isso é informação que eu ouvi de Maite. Poncho nunca mencionou uma palavra de nada disso para mim. Mas é isso que ela alega que ele disse.
— Eu não entendo. Os pais dele... estão mortos, não estão? Ou eles teriam vindo à procura dele.
— Eles vieram — Ucker respondeu calmamente — algumas semanas depois que Poncho chegou, Maite me disse, seus pais o seguiram. Vieram até a porta da frente do Instituto e bateram nela, chamando por ele. Maite foi até o quarto de Poncho para perguntar se ele queria vê-los. Ele havia se arrastado para debaixo da cama e tinha as mãos nos ouvidos. Não queria sair, não importava o que ela fizesse, ele não iria vê-los. Acho que Maite finalmente desceu e mandou-os embora, ou eles foram de própria vontade, não tenho certeza...
— Mandou-os embora? Mas seu filho estava dentro do Instituto. Eles tinham um direito...
— Eles não tinham direito — Ucker falou delicado o suficiente, pensou Anahí, mas havia algo em seu tom que o colocou tão longe dela quanto a lua — Poncho optou por se juntar aos Caçadores de Sombras. Uma vez que ele fez essa escolha, eles não tinham mais direito sobre ele. Era direito e responsabilidade da Clave mandá-los embora.
— E você nunca perguntou a ele o porquê?
— Se ele quisesse que eu soubesse, teria me dito. Você perguntou por que eu acho que ele me tolera melhor do que às outras pessoas. Imagino que é exatamente porque eu nunca lhe perguntei por quê.
Ele sorriu para ela, ironicamente. O ar frio havia colocado cor em seu rosto e seus olhos estavam brilhantes. Suas mãos estavam próximas umas das outras sobre o parapeito. Por um momento breve, meio confuso, Anahí pensou que ele talvez estivesse prestes a colocar sua mão sobre a dela, mas seu olhar deslizou por ela, e ele franziu a testa.
— Pouco tarde para um passeio, não é?
Seguindo seu olhar, ela viu as figuras sombrias de um homem e uma mulher se aproximando deles pelo outro lado da ponte. O homem usava um chapéu de feltro de trabalhador e um casaco de lã escura; a mulher tinha a mão em seu braço, o rosto inclinado em sua direção.
Até Mais ;)
Autor(a): Alien AyA
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— Eles provavelmente acham a mesma coisa sobre nós — disse Anahí. Ela olhou para os olhos de Ucker — e você, veio para o Instituto porque não tinha mais para onde ir? Por que você não ficou em Xangai? — Meus pais dirigiam o Instituto lá — Ucker respondeu — mas eles foram assassinados por um d ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 325
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nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03
que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43
adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53
que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!
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franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12
adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss
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Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54
Chorei :/ Adeus não viu Adri..
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10
chorrei bastante viu... ;(
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37
nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.
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franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..
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Postado em 23/09/2015 - 13:52:16
sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.
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franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41
Nossa....