Fanfics Brasil - Yanlou Anjo Mecânico [FINALIZADA]

Fanfic: Anjo Mecânico [FINALIZADA] | Tema: Anahi, Alfonso, Christopher, Suspense, Anjo Mecânico


Capítulo: Yanlou

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A única luz no quarto vinha da janela e de uma luminária de pedra enfeitiçada na mesa de cabeceira. Ucker esta deitado sob as cobertas da alta cama entalhada. Estava tão branco quanto sua roupa de dormir, as pálpebras de seus olhos fechados estavam azul-escuras. Encostada ao lado da cama estava sua bengala com ponta de jade. De algum modo ela havia sido consertada e estava inteira novamente, brilhando como nova.


Ucker virou o rosto em direção ao som da porta, sem abrir os olhos.


— Poncho?


Poncho fez algo então que surpreendeu Anahí. Ele forçou seu rosto em um sorriso, e disse, em um tom animado razoável:


— Eu a trouxe, como você pediu.


Os olhos de Ucker se abriram; Anahí estava aliviada em ver que eles haviam retornado à sua cor usual. Ainda assim, eles tinham a aparência de buracos sombreados em seu rosto pálido.


— Anahí — ele disse — eu sinto muitíssimo.


Anahí olhou para Poncho – para permissão ou orientação, ela não tinha certeza, mas ele estava com o rosto para frente. Claramente ele não seria de ajuda alguma. Sem outro olhar para ele, ela se apressou através do quarto e afundou na cadeira ao lado da cama de Ucker.


— Ucker — ela falou em voz baixa — você não deveria sentir muito, ou estar se desculpando para mim. Eu deveria estar me desculpando a você. Você não fez nada de errado. Eu era o alvo daquelas coisas mecânicas, não você — ela afagou o cobertor gentilmente; querendo tocar na mão dele, mas não ousando — se não fosse por mim, você nunca teria sido ferido.


— Ferido — Ucker falou a palavra em uma exalação, quase com desgosto — eu não fui ferido.


— Christophe — o tom de Poncho continha uma nota de aviso.


— Ela deve saber, Alfonso. Caso contrário pensará que tudo foi culpa dela.


— Você estava doente — disse Poncho, sem olhar para Anahí enquanto falava — não é culpa de ninguém. — Ele pausou. — Apenas acho que você deveria ser cuidadoso. Você ainda não está bem. Falar irá apenas lhe cansar.


— Há coisas mais importantes do que ser cuidadoso.


Ucker se esforçou para sentar, os tendões em seu pescoço retesando enquanto ele se levantava, apoiando suas costas contra os travesseiros. Quando ele falou de novo, estava ligeiramente sem fôlego.


— Se você não gosta, Poncho, não precisa ficar.


Anahí ouviu a porta abrir e fechar atrás dela com um clique macio. Sabia sem olhar que Poncho havia ido. Ela não pôde evitar – uma leve angústia correu por ela, do jeito que sempre parecia fazer quando ele deixava um aposento.


Ucker suspirou.


— Ele é tão teimoso.


— Ele estava certo — Anahí disse — pelo menos, estava certo de que você não precisa me contar nada que não queira. Eu sei que nada disso foi culpa sua.


— Culpa não tem nada a ver com isso. Apenas acho que você poderia muito bem ter a verdade. Escondê-la raramente ajuda em alguma coisa.


Ele olhou em direção à porta por um momento, como se suas palavras tivessem sido meio ditas para o ausente Poncho. Então ele suspirou de novo, passando a mão por seu cabelo.


— Você sabe que durante a maior parte de minha vida eu morei em Xangai com meus pais? Que eu fui criado no Instituto de lá?


— Sim — Anahí respondeu, imaginando se ele ainda estava um pouco atordoado — você me contou, na ponte. E me disse que um demônio havia matado seus pais.


— Yanluo — disse Ucker. Havia ódio em sua voz — o demônio tinha um rancor contra minha mãe. Ela havia sido responsável pela morte de um número de sua prole demoníaca. Eles tiveram um covil em uma pequena cidade chamada Lijiang, onde se alimentavam de crianças locais. Minha mãe queimou o covil e escapou antes que o demônio a encontrasse. Yanluo esperou sua vez por anos – Demônios Maiores vivem para sempre – mas ele nunca esqueceu. Quando eu tinha onze anos, Yanluo encontrou um ponto fraco nas barreiras que protegiam o Instituto e cavou um túnel até o lado de dentro. O demônio matou os guardas e fez minha família prisioneira, prendendo-nos todos em cadeiras no grande salão da casa. Então ele começou a trabalhar. Yanluo me torturou em frente aos meus pais — Ucker disse, sua voz vazia — muitas e muitas vezes ele me injetou um veneno demoníaco que queimava minhas veias e dilacerava minha mente. Por dois dias, eu entrei e saí de alucinações e sonhos. Eu vi o mundo afogado em rios de sangue, e ouvi os gritos de todos os mortos e moribundos através da história. Eu vi Londres queimando, e grandes criaturas de metal andando a passos largos aqui e ali como aranhas enormes...


Ele pegou fôlego. Estava muito pálido, seu camisão de dormir colado ao seu peito com suor, mas desconsiderou a expressão de preocupação de Anahí com um gesto.


— A cada poucas horas, eu iria voltar à realidade por tempo o suficiente para ouvir meus pais gritando por mim. Então no segundo dia, eu voltei e ouvi apenas minha mãe. Meu pai havia sido silenciado. A voz de minha mãe estava quebrada e rouca, mas ela ainda estava dizendo meu nome. Não meu nome em inglês, mas o nome que ela havia me dado quando eu nasci: Jian. Eu ainda posso ouvi-la algumas vezes, chamando por mim.


As mãos dele estavam apertadas no travesseiro que ele segurava, apertadas com tanta força que o tecido havia começado a rasgar.


— Ucker — Anahí disse suavemente — você pode parar. Não precisa me contar tudo agora.


— Você lembra quando eu disse que Mortmain provavelmente havia feito sua fortuna contrabandeando ópio? — ele perguntou. — Os britânicos levam ópio para a China às toneladas. Eles fizeram uma nação de viciados. Em chinês nós o chamamos de “lama estrangeira” ou “fumaça negra”. De certo modo, Xangai, minha cidade, é construída no ópio. Ela não existiria como é sem ele. A cidade é cheia de antros onde homens de olhos vazios morrem de fome porque tudo o que eles querem é a droga, mais da droga. Eles darão qualquer coisa por ela. Eu costumava desprezar homens assim. Eu não conseguia entender como eles eram tão fracos.


Ele respirou profundamente.


— Quando o Enclave de Xangai ficou preocupado com o silêncio do Instituto e o invadiu para nos salvar, meus pais já estavam mortos. Eu não me lembro de nada disso. Eu estava gritando e delirando. Eles me levaram aos Irmãos do Silêncio, que curaram meu corpo tão bem quanto podiam. Houve uma coisa que eles não podiam consertar, porém. Eu havia ficado viciado na substância com que o demônio havia me envenenado. Meu corpo era dependente dela do jeito que o corpo de um viciado em ópio é dependente da droga. Eles tentaram me separar dela, mas ficar sem ela me causa uma dor terrível. Mesmo quando eles eram capazes de bloquear a dor com feitiços de feiticeiros, a falta da droga levava meu corpo à beira da morte. Após semanas de experimentação, eles decidiram que não havia nada a ser feito: eu não podia viver sem a droga. A droga por si própria significava uma morte lenta, mas me tirar dela iria significar uma muito rápida.


— Semanas de experimentação? — Anahí ecoou. — Quando você tinha onze anos de idade? Isso parece cruel.


— Bondade... bondade de verdade, tem sua própria forma de crueldade — Ucker respondeu, olhando para outro ponto — ali, ao seu lado na mesinha de cabeceira, há uma caixa. Você pode me dar?


Anahí levantou a caixa. Era feita de prata, sua tampa ornada com uma cena esmaltada que retratava uma mulher magra em robes brancos, descalça, jogando água de um vaso em um riacho.


— Quem é ela? — perguntou, dando a caixa para Ucker.


— Kwan Yin. A deusa da piedade e compaixão. Dizem que ela ouve cada oração e cada choro de sofrimento e faz o que pode para responder. Eu pensei que, talvez, se eu mantivesse a causa do meu sofrimento em uma caixa com a imagem dela, isso poderia fazer o sofrimento um pouco menor.


Ele abriu o trinco da caixa e a tampa se abriu.




Até Mais


 



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Autor(a): Alien AyA

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Ele abriu o trinco da caixa e a tampa se abriu. Dentro havia uma grossa camada do que Anahí primeiramente pensou serem cinzas, mas a cor era muito brilhante. Era uma camada de grosso pó prateado quase do mesmo prateado brilhante dos olhos de Ucker. — Esta é a droga. Ela vem de um negociante feiticeiro que nós conhecemos em Limehouse. Eu tom ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 325



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  • nandacolucci Postado em 27/09/2015 - 09:05:03

    que tristeza vc não vai postar mais fic :( poncho morreu que final em <3 :´(

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:54:43

    adri...eu quase morri de tanto chorra...poncho morreu...isso acabou comigo...ai deus ai deus...eu to mal...nao quero que vc pare de postar!!!!!!!!!!!! plis!!!!!!!!!!!!!!

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 14:01:53

    que lindo!!!!!!!!!!!!!!!!!

  • franmarmentini♥ Postado em 25/09/2015 - 13:25:12

    adri...mas achei os outros livros..vc tem que postar os outros doissssssssssssssssssss

  • Mila Puente Herrera Postado em 24/09/2015 - 00:56:54

    Chorei :/ Adeus não viu Adri..

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:25:10

    chorrei bastante viu... ;(

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 14:15:37

    nossa...cara que tristeza eu vendo poncho viu...ele só sofre...o melhor amigo se foi...e a mulher que ele ama..ama outro.

  • franmarmentini♥ Postado em 23/09/2015 - 13:53:21

    sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho..

  • Postado em 23/09/2015 - 13:52:16

    sinceramente...não gostei..desse negocio da any ainda continuar haver o ucker...pelo jeito se fosse pra ela escolher ela sempre iria ficar com ele e não o poncho.

  • franmarmentini♥ Postado em 22/09/2015 - 22:32:41

    Nossa....


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