Fanfic: Má Combinação | Tema: Romance, Roubo
Merde! Foi a primeira palavra que me veio a mente depois que aquele maldito celular começou a tocar pela enésima vez. Suspirando para tentar evitar que um sonoro PORRA saísse dos meus lábios eu atendi, soando calmo mesmo que minha expressão não fizesse o mesmo:
–Oui? –
–Olá gatinho – a voz macia e lânguida de Mabelle fazendo com que meus ombros ficassem tensos.
–O que há Mabelle – respondi frio.
–Hum... você parece nervoso. Algum problema?
Esfreguei os meus olhos impaciente. Nas últimas semanas Mabelle estava carinhosa demais e eu temia que ela estivesse naquele momento em que as mulheres começam a dizer que querem algo mais que a diversão casual de sempre, um sinal claro que já estava na hora de pular fora. O único problema era que minha “amizade” com ela me rendera ótimos frutos. Eu duvidava que existisse em toda a Paris alguém melhor relacionado que ela. Culpa minha, por misturar negócios e prazer.
–Não chérie. Só estou cansado – respondi em tom neutro
–Entendo – ela respondeu – tenho uma boa notícia para você.
–Ah é? Qual?
–Um amigo meu quer que você faça um serviço.
–Que serviço? – disse, meu humor começando a melhorar.
– Que tal você vir aqui e eu te explico? – ela falou naquele tom cheio de malícia – aí nos poderíamos sabe, conversar...
–A grana é boa? – indaguei. O dinheiro era a única coisa que me interessava no momento.
–Oh sim, você vai ver. Uma bolada.
Pela primeira vez naquele dia eu sorri. Finalmente as coisas estavam melhorando.
–Estou indo agora mesmo.
Desliguei o celular sem dizer mais nada e fui tomar um banho rápido. O apartamento onde eu morava era pequeno, e não tinha banheiro no quarto. Para poder fazer minha higiene eu tinha que atravessar o estreito corredor, passando pelo quarto de Damien, de onde saía uma ruiva descabelada e com o rosto muito vermelho. Ao me ver, ela ficou ainda mais vermelha e se apresou para tentar arrumar o seu vestido verde todo amarrotado.
Eu sorri, divertido com sua vergonha e ela passou por mim como um raio em direção à saída.
–Bom dia Jean – saudou-me Damien aparecendo na porta do quarto apenas de bermuda
Damien era o meu amigo mais antigo. Meu único amigo para ser sincero. Eu o havia conhecido no orfanato quando ainda éramos apenas crianças e desse dia em diante nunca mais nos separamos, era como se fosse meu irmão caçula. Ele era magro, de cabelos encaracolados e olhos verdes que sempre faziam o maior sucesso entre as mulheres. E alguns homens também
Éramos parceiros nos negócios e dividíamos os nossos lucros meio a meio. Apesar disso, ele sempre me pedia dinheiro emprestado, pois era um jogador inveterado que acabava perdendo tudo nas mesas de pôquer.
–Melhor para você – respondi, olhando na direção em que a ruiva tinha ido.
–É só uma amiga que conheci ontem – disse ele dando de ombros.
Revirei os olhos.
–Claro, como a que veio antes dela. E a outra.
Ele riu e deu um tapinha no meu ombro.
–Não seja chato meu companheiro. Além disso, sabemos bem que você é tão terrível quanto eu. Ou vai dizer que nunca enfeitou a cabeça da Mabelle?
–Não estamos namorando, não tem como eu colocar chifres nela – respondi irritado. Até mesmo Damien estava pensando que eu e Mabelle tínhamos algo sério. Sim, isso era um claro sinal que eu tinha que pular fora.
–Tudo que você disser mon ami – disse ele piscando de leve e voltando para o quarto.
Bufei irritado e segui em direção ao banheiro.
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–E então? O que você acha? – dizia Mabelle.
Estávamos os três sentados nas confortáveis poltronas do luxuoso apartamento de Mabelle. O terceiro participante da nossa “reunião” fora quem tinha pedido pelos meus serviços. Um sujeito alto, de porte elegante, pele morena e olhos cinzentos e astutos.
–Me deixa ver se eu entendi direito – respondi – você quer que eu entre em um dos prédios mais bem vigiados da cidade para roubar uma porcaria de uma pasta? Geralmente eu roubo joias e artefatos caros.
–Exato – disse o homem de terno – eu posso dizer que o dinheiro vale a “mudança” no seu estilo.
Aquele cara estava começando a me irritar. Aquele corte social ridículo e aquela postura superior, como se ele pudesse simplesmente me dar ordens, eu odiava aquilo. Mas se ele pagasse bem...
–Quanto?
–100 mil euros. Metade agora, metade depois que completar o serviço. – foi a resposta clara.
– O que tem na pasta? – perguntei. Apesar de eu querer muito a grana não iria simplesmente me enfiar num lugar sem saber o que estava fazendo.
–Você não precisa saber – retrucou o homem alisando o terno impecável.
–É aí que você se engana monsieur. Eu não sou o tipo que se arrisca sem saber o por que. Então, ou você me diz o que você quer com essa tal pasta ou nada feito.
Ele trocou um olhar com Mabelle e passou a mão pelos cabelos, visivelmente aborrecido. Pude ver que ele usava um rolex muito caro no pulso.
–Tudo bem – disse ele suspirando – a pasta contém informações muito importantes a respeito de uma pessoa.
–Que pessoa? – perguntei.
–O nome dele é Tarik Rozala. Ele é um empresário muito rico do ramo petrolífero. Mas por trás dessa fachada de “homem de negócios” ele comanda uma rede de tráfico internacional.
–Entendo. Mas, que informações são essas?
–Não acha que já sabe o suficiente? – ele retrucou – você nem disse se aceita o serviço ou não.
–Eu aceito – foi a minha resposta.
Ele sorriu:
–Ótimo, ótimo. Eu vou lhe dar as informações necessárias quando chegar o momento. Esteja preparado.
Ao pude evitar que um sorriso sarcástico me escapasse:
– Monsieur, eu estou sempre preparado.
Ele levantou-se e me lançou um olhar com algo que eu poderia chamar de admiração.
–Foi um prazer conhecê-lo senhor Dubois – disse ele estendendo a mão que eu apertei com um leve pestanejar.
–Eu sei que foi senhor ...
–Me chame de Dominic – completou ele.
–Dominic – disse testando a palavra.
Ele se virou para Mabelle que também estava de pé.
–Mabelle minha querida, você nunca me decepciona – disse o tal Dominic beijando-a no rosto.
–Ora Don, isso não é novidade – respondeu ela sorrindo cordialmente.
Depois que o engravatado fora embora eu me joguei no sofá. Mabelle fechou a porta e veio sentar-se ao meu lado.
–E então – perguntou ela acariciando meu braço – o que você achou dele?
–Sinceramente? Um imbecil. Mas, um imbecil rico e é o que importa não é verdade?
Ela riu:
–Eu achei que não iria gostar mesmo dele. Mas, por cem mil euros? Não há muito que se discutir.
–Mas não pense que eu não vou ficar de olho nele – comentei – não confio nesse cara.
–Nem deve. No ramo em que nós trabalhamos confiar é uma palavra em desuso.
–De qualquer forma – sorri, erguendo o relógio – eu tenho uma coisinha para sempre me lembrar do nosso novo amigo.
–Você não vale nada – Mabelle disse balançando a cabeça.
Enlacei meus braços em torno de sua cintura:
–Achei que fosse esse o motivo de você gostar tanto de mim.
Ela pôs as mãos nos meus ombros me puxando para mais perto até nossas bocas estarem muito próximas:
–Esse é um dos motivos querido. Um dos motivos...
Autor(a): Tynna
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