Fanfic: Má Combinação | Tema: Romance, Roubo
—Pode me explicar de novo? —pedi, disfarçando muito mal o meu aborrecimento — porque eu estou tendo muita dificuldade em entender o motivo de estarmos nessa droga de festa de gente chata, velha e sem graça.
Estávamos todos numa das salas de reunião do imenso prédio para que pudéssemos conversar, digo discutir melhor o porquê de nossa amiga Peggy ter arrastado a mim e ao Matt para o que ela dizia ser uma festa legal e só depois explicado que a “festa” era na verdade um tipo de recepção dada pelo mais novo cliente do pai dela. Tradução: ela tinha me enganado. De novo.
Peggy alisou o vestido rosa de maneira metódica enquanto me respondia.
—Kim, é um pedido do meu pai. Ele queria alguém para representá-lo ou algo do tipo. E vocês estão aqui —gesticulou — porque são meus amigos.
O pai da Peggy era ninguém menos que Harrison Bard, um dos advogados mais famosos dos EUA. Um homem de poucas palavras, mas com um talento incrível para fazer dinheiro. Pelo que Peg havia me contado, ele estava querendo expandir horizontes e por isso estava na Europa fazendo novos contatos, entre eles o dono da festa, Tarik Rozala.
Enruguei meu nariz ao me lembrar desse nome. Eu o havia conhecido há alguns anos atrás numa viagem de férias que minha família havia feito para Abu Dhabi, pouco antes do falecimento de minha mãe. Ele tinha algo muito estranho, uma personalidade meio que tenebrosa que naquela época, minha mente infantil não conseguia compreender e isso sempre fez com que eu tivesse um pouco de medo dele. Eu sabia que Rozala e meu pai se viam com frequência por causa de alguns negócios que tinham juntos e procurava evitá-lo ao máximo. Se a Peggy não tivesse me enganado, eu não teria posto meus pés neste lugar.
—É bom que tenha alguém da nossa idade por aqui Peg — ameaçou Matt — não quero passar a noite inteira de pé, feito um poste naquele salão.
Peggy revirou os olhos.
—Qual é Matt! Eu só tenho que cumprimentar o tal Tarik e ficar uns minutinhos. Depois damos o fora e vamos para uma festa de verdade. Está bom assim?
—Melhor — disse Matt ainda zangado.
Ela se virou para mim.
—E você Kim? De acordo?
Dei de ombros.
—Contanto que eu não tenha que ficar naquele salão... — ou perto do senhor Rozala, pensei.
—Você pode ficar aqui, na sala de reuniões. A festa é lá embaixo, ninguém vai vir te incomodar. Quando eu terminar, venho te buscar.
Estreitei meus olhos antes de responder.
—Acho bom.
Ele entendeu a minha clara referência ao incidente de dias atrás e se encolheu.
—Matt, você vem?
Matt falou comigo antes de responder.
—Tem certeza de que não quer vir Kim? Ficar naquele salão não pode ser pior que ficar enclausurada nessa sala.
Ele estava redondamente enganado.
—Vou ficar bem. Só quero ficar só, um pouco.
Eles saíram e me deixaram naquela imensa sala. Era bom que a Peggy tivesse acesso fácil a lugares como aquele. Ali, eu tinha certeza que ninguém viria me incomodar.
Mexi na minha bolsa, procurando pelo meu celular e comecei a ler minhas mensagens despreocupadamente, assustando-me quando o móvel começou a vibrar.
—Alô? — atendi.
—Olá Kimberly — a voz grave de George saudou-me educadamente. Nós não tínhamos nos visto novamente depois da festa dois dias atrás, mas apesar disso trocávamos mensagens com uma certa frequência. Eu tinha que admitir que George estava se esforçando bastante para atender o meu pedido de não apressar as coisas e simplesmente ver aonde essa “amizade” iria nos levar —como você está?
—Entediada — respondi com sinceridade.
—Eu imaginei — respondeu ele — essas recepções não são mesmo muito divertidas.
Minhas sobrancelhas subiram em surpresa.
—Como você sabe onde eu estou?
—Digamos que um passarinho me contou...
Revirei os olhos.
—Um passarinho de vestido rosa?
Ele riu. O som era contagiante.
—É. A propósito onde você está? Isso, sua amiga não disse.
—Estou no último andar, numa sala de reuniões.
Ele não esperou um convite.
—Eu vou subir.
—Você pode? — indaguei — eu só consegui vir para cá porque a Peggy tem passe livre pelo prédio. É melhor eu descer.
—Eu te espero — disse ele antes que eu desligasse.
Coloquei o celular na bolsa e segui para fora. O lugar estava vazio, e eu, sem pressa andei pelos corredores daquele andar imenso. Era estranho como esses prédios executivos eram todos parecidos, pensei. Impecavelmente limpo, com móveis cromados por todo o lugar parecendo um estiloso salão futurista.
Antes de chegar ao elevador, passei pela enorme porta cujo nome “presidente” estava estampado numa placa de metal de onde saía um homem cujo rosto era estranhamente familiar.
Ele não e mostrou surpreso ou incomodado por ter sido pego saindo de uma sala que COM CERTEZA não tinha permissão para entrar, apenas sorriu e acenou para mim, divertimento brilhando em seu olhar.
—Senhorita Hall — disse ele, seu sotaque provocado um ligeiro arrepio — que enorme surpresa.
Usava um smoking bem ajustado que parecia ter sido feito sob medida, mas o seu cabelo ainda estava bagunçado como da última vez que eu o vira, dando-lhe um ar rebelde. Ele enganaria qualquer um vestido daquele jeito, mas eu já sabia bem que tipo de pessoa ele era.
—Como entrou aqui? É óbvio que você não tem um convite.
Ele pôs uma mão no peito como que atingido fisicamente pelas minhas ácidas palavras.
—Assim a senhorita me ofende — respondeu ele, seu tom de voz não parecendo nem um pouco ofendido — eu fui convidado.
Rá! Isso era definitivamente uma piada de mau gosto.
—Você não me engana seu ladrãozinho de quinta — avancei para ele furiosa — onde está o meu colar? O que mais você veio roubar?
Um sorriso surgiu em seus lábios
—Que colar?
—O meu! O que você pegou quando...
O maldito deu um passo para frente nos aproximando mais ainda.
—Quando? —indagou, desafiando-me a responder.
Apertei os punhos. Ele mantinha uma sobrancelha levemente arqueada e uma sombra de riso no rosto. Furiosa, comecei a mexer nos seus bolsos.
Ele se assustou com minha reação.
—Ei! O que está fazendo?
Até eu estava surpresa com minha reação. Mas agora, eu não podia voltar atrás.
— O que você roubou?
Sem parecer incomodado com a situação, levantou os braços como que para me dar livre acesso.
—O que é isso? — perguntei quando minhas mãos tocaram o que parecia ser um envelope de tamanho médio do lado direito encaixado no cós da calça.
Ainda de mãos erguidas, ele respondeu.
—Bom, isso é um pacote. Mas eu duvido que seja do seu interesse. O que você realmente deve estar procurando está um pouco mais ao sul...
Demorei uns segundos para entender, e quando o fiz me afastei abruptamente, quase caindo com isso.
—Nojento! — vociferei, torcendo para que eu não estivesse tão vermelha quanto acreditava.
—Sim, claro. Nojento, ladrão, cretino... — ele abanou as mãos impaciente — você já me chamou de tudo isso no nosso último encontro, não lembra?
O som de passos no corredor fizeram com que eu esquecesse minha resposta.
Jean deu uma olhada na direção do barulho e voltou-se para mim.
—Está na minha hora petite poupée. Sem beijo de despedida dessa vez?
—Seu! — mas antes que eu terminasse ele já tinha entrado no elevador.
Um homem alto de terno se aproximou segundos depois.
—Senhora, com quem estava conversando?
Eu já o tinha visto. Era o mesmo homem a quem Peggy havia avisado que ficaríamos na sala de reuniões. Pelo visto, ele vigiava aquele andar. Muito mal, digas-se de passagem.
—Com ninguém! — respondi irritada antes de acrescentar —e é senhorita!
Maldito seja Jean e sua habilidade de me irritar. E de que diabos ele havia me chamado?
Autor(a): Tynna
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Eu estava absolutamente satisfeito. Encontrar com a doce (ok, talvez não tão doce assim) senhorita Hall sempre fazia maravilhas para o meu humor. Além disso, conseguir o tal pacote tinha sido muito fácil. Assobiando uma canção alegre eu pacientemente esperei que o elevador chegasse ao térreo, onde um homem com pinta de pr&iac ...
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