Fanfic: Má Combinação | Tema: Romance, Roubo

—Isso é uma delícia! — gemeu Matt enquanto levava o garfo à boca.

—Matt, você está falando de boca cheia! — Peggy  repreendeu horrorizada o amigo.

Em outras circunstâncias eu teria apoiado a Peggy, mas eu também estava extasiada com a refeição. Como estávamos em Paris, havíamos decidido pedir um prato tradicional francês e, por sugestão do chef, um sujeito muito agradável, escolhemos o famoso Coq au Vin que segundo ele era uma receita que tinha séculos de existência criada para i imperador Júlio César quando ele conquistou a Gália. Eu só podia dizer que Júlio César era um homem de muito bom gosto.

—Eu não sei como vocês conseguem comer essa coisa — ela continuou resmungando fazendo uma careta engraçada — isso é um atentado terrorista à dieta de qualquer um!

Revirei os olhos, mas foi Matt quem respondeu.

—Estamos de férias Peggy. Aproveite um pouco mais, se entregue aos prazeres da vida! — ele enfatizou levantando o garfo como um troféu.

Ela enrugou o nariz.

—Eu me entrego aos prazeres da minha salada francesa.

—Esse monte de mato? — Matt retrucou — isso não serve para nada além de reforçar a minha opinião de que você é uma vaca.

Eu não pude deixar de rir da expressão contrariada da minha amiga.

—Kim! — ela reclamou.

—Confesse Peg — brinquei — às vezes você é uma vaca.

—Vocês estão insuportáveis hoje! — ela ficou de pé largando sua preciosa sala de lado —quer saber? Eu estou saindo!

Ela levantou-se fazendo um movimento excessivamente dramático com a cabeça e saiu deixando-nos surpresos e curiosos.

—Saindo? Para onde? —indaguei.

Jogando os cabelos para trás ela respondeu sem se virar.

—Quando vocês estiverem com um humor melhor, talvez eu conte — e saiu fechando a porta num movimento decidido.

—O que deu nela? — Matt perguntou, a boca ainda aberta pela atitude da amiga.

—É só a Peg querendo chamar atenção — resmunguei — nada de mais.

Ele me fitou por um instante, seus olhos cinzentos se estreitando.

—O que você tem?

Pisquei um pouco surpresa antes de responder.

—O que? Eu não tenho nada.

—Nada? — o tom dele deixava claro que sabia que eu não estava sendo cem por cento sincera — Kim, vamos lá, você tem estado estranha desde que saímos da tal recepção do Tarik. Tem alguma coisa te incomodando.

Na verdade sim, haviam algumas coisa me incomodando e muito. Eu queria saber o que George esteve prestes a me dizer sobre Tarik mais desistiu, assim como queria saber o que Jean tinha pego no escritório. Dinheiro? Provavelmente. De qualquer forma eu achava especialmente perigoso para alguém tentar roubar alguém como Tarik Rozala. Aquele tal Jean não sabia no que estava se metendo e iria acabar se metendo numa furada. Ah, se ia.

E você aí se preocupando com ele.  Minha diabinha interior latiu. Nos últimos dias eu tinha vivido um eterno conflito interno entre duas partes completamente opostas. Era quase como uma anjinha e uma diabinha debatessem pelas minhas decisões.

—Kim? Você está me escutando pelo menos? — Matt chamou e pelo seu tom não era a primeira vez.

—Eu só estou pensando .

O cantos de sua boca se curvaram.

—Pensando em quem? No George ou no bad boy?

—Nenhum dos dois — foi minha resposta categórica — na verdade tem uma coisa que está me incomodando.

—O que?

—Você sabia que o Tarik conhece o George?

Ele soou confuso.

—Não, mas homens de negócio como ele devem se encontrar vez por outra. Por quê? Você descobriu algo?

—Não — me apressei em dizer — é só que isso me deixou...sei lá.

—Você vai descartar o cara da sua lista de possíveis relacionamentos só porque ele conhece um sujeito que você não vai com a cara?

—Não foi o que eu quis dizer — argumentei —é só que parece que o George também não gosta dele e eu queria saber o motivo.

—Convida ele para sair. Assim você pode matar a sua curiosidade.

Soltei um suspiro. Talvez fosse uma boa ideia, mas eu sabia que não ia ser uma tarefa fácil. George não tinha nenhum interesse de compartilhar o que quer que fosse sobre aquele assunto. Mas eu não era do tipo que desistia fácil.

—Tem razão, vou fazer isso.

Depois da minha saborosa refeição fiquei no sofá assistindo um programa de TV qualquer. Não que eu estivesse assistindo realmente, mas fingir que prestava atenção em algo era melhor do que ficar sem fazer nada.

Aquela situação era surpreendente. Quando eu decidi fazer essa viagem eu achei que ia ser uma movimentação só. Festas, desfiles... que eu iria viver um estado constante de diversão, mas desde que eu cheguei as coisas têm se mostrado muito mais complicadas. Eu me sentia um pouco apática, sem nenhuma vontade de aproveitar a tão sonhada viagem a Paris.

O som da marcha imperial de Star Wars avisou que meu pai estava ligando. Eu estava até surpresa que ele tivesse esperado tanto para fazer esta ligação. Ponto para ele.

—Olá papai — atendi.

—Querida? — a voz de Bernard Hall soava preocupada do outro lado da linha — como você está?

—Estou bem — respondi — você que não parece muito bem. O que houve?

—N...nada eu só queria saber de você mesmo. Fiquei sabendo que encontrou Tarik, é verdade?

Franzi o cenho.

—Sim, eu o encontrei. Como você soube?

—Nós conversamos e acho que ele mencionou a sua presença na festa que ele deu. Eu não sabia que você pretendia ir nessa festa — seu tom era de reprimenda.

—Eu não pretendia — respondi — na verdade a Peggy me arrastou para lá. Se quer saber eu detesto esses eventos. Mas porque isso te incomoda? O Tarik é seu amigo, certo?

—Isso não existe no mundo dos negócios Kimberly — ele respondeu de forma neutra — somos parceiros, apenas isto.

—Entendi.

—Quando você volta? — foi mais uma exigência que uma pergunta, mas ainda assim eu não retruquei.

—Vou ficar mais um dias, eu acho.

—Ok — ele não gostou da resposta, mas seu  recompôs rapidamente — Se cuide querida.

—Eu vou.

Encerrei a ligação e fiquei pensando nas palavras de meu pai. Quanto mais eu refletia sobre o assunto, mais eu queria saber sobre este misterioso homem que me causava arrepios. Tinha algo de muito errado com Tarik Rozala, algo que faziam com que meus alarmes internos disparassem e eu tinha uma intuição forte demais para ignorar. Chega de ficar evitando os problemas. Eu iria desvendar esse mistério.

Peguei o meu celular e disquei o número decidida a ouvir meus instintos e saber o havia de errado.