Fanfics Brasil - Jean Dubois Má Combinação

Fanfic: Má Combinação | Tema: Romance, Roubo


Capítulo: Jean Dubois

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Depois que saí do apartamento de Mabelle fui até a loja de Michel, surpreendendo-me ao notar que não era ele quem estava no balcão, mas sim sua nova esposa Lorraine, uma mulher magra e pouco atraente, porém com um sorriso encantador.


–Jean, faz tempo que você não aparece! – disse ela pondo os cotovelos no balcão exibindo um decote demasiado grande.


–Andei ocupado – respondi esquivo – cadê o Michel?


–Está gripado – respondeu, dando de ombros – provavelmente por causa daquela vache da ex dele. Tenho certeza que é uma bruxa


Eu sorri. Michel era um homem de quase cinquenta anos, barba grande e castanha e olhos azuis e desconfiados como qualquer dono de loja de penhores devia ter. Já fora casado uma cinco vezes, e suas mulheres antigas ou atuais estavam sempre em pé de guerra.


–Então eu passo aqui depois. Avisa a ele que eu tenho uma peça nova – fui dizendo enquanto me virava para ir embora.


–Espera! Ela chamou.


Voltei e ela sorriu maliciosa.


–Não notou nada diferente não? – disse apontando para o decote – coloquei 250 ml em cada. Que tal?


Tentei segurar o riso, restringindo-me apenas a um leve curvar dos lábios.


–Parece bom.


Ela pareceu ficar muito contente com isso e eu me despedi. Pobre Michel, eu pensei. Essa daí vai deixá-la liso bem rápido.


Resolvi voltar para casa e descansar um pouco. Ficar ansioso não iria adiantar muita coisa, tudo que eu podia fazer é esperar notícias do meu mais novo amigo cheio de dinheiro. Quando cheguei ao apartamento, notei que as luzes estavam acesas. Entrei sem me surpreender sabendo que Damien devia estar assistindo TV.


–Você demorou –disse ele desligando a TV e me encarando curiosamente – estava com a Mabelle?


Oui – respondi sucinto – temos um trabalho novo.


–E você demorou esse tempo todo falando de um trabalho novo ?– perguntou ele sorrindo descaradamente.


–Não comece Damien – avisei – não estou com um humor muito bom hoje.


Ele ignorou meu aviso e continuou falando:


–Sabe desse jeito vocês vão acabar casando – comentou ele colocando as mão juntas como se tivesse preso – e eu que achava que nenhuma mulher colocaria algemas em você.


–Não diga bobagens, - reclamei – você sabe muito bem eu não sou o tipo que se pode botar na coleira.


–Será? – insistiu.


Me joguei na pequena poltrona resolvendo apenas ignorar as brincadeira do meu amigo ao invés de simplesmente tentar discutir com ele. Eu andava muito cansado ultimamente, e isso me surpreendia. Talvez eu estivesse doente...


–Só espero que esse novo trabalho pague bem – a voz de Damien encerrou meus devaneios - eu estou precisando mesmo de grana.


Ergui minha cabeça para encará-lo e notei que apesar de tentar parecer calmo e brincalhão como sempre, seu olhar estava apreensivo. Franzi o cenho.


–Quanto? – não era preciso ser um gênio para saber exatamente o que estava acontecendo.


Ele riu, embora em seus olhos não houvesse nenhum humor.


–Essa pergunta não é minha?


–Não tente me enrolar Damien, quanto é que você está devendo?


Ele me olhou por uns minutos e suspirou, respondendo a seguir.


–Sessenta.


Arregalei os olhos.


–Isso não... – balbuciei incrédulo – tudo isso no jogo?


–Pois é – ele respondeu tendo o bom sendo de parecer envergonhado.


–Já te falei para você não ficar se metendo com o pessoal do italiano merde! Você sabe bem que não tem como ganhar deles. Mas o que é que você tem na cabeça?


Lorenzo Marcuci era o proprietário de um dos maiores cassinos de Paris, além de ser o líder de uma gangue, cujos integrantes eram todos funcionários do cassino. É claro uma fachada para encobrir as suas práticas ilícitas. Um homenzinho gorducho de tez rosada, com olhos cheios de malícia.


–Eu sei Jean! – grunhiu Damien - mas o Lorenzo disse que não era apostado e depois simplesmente mudou de ideia!


–Devia evitar esses caras! – tentei não gritar, mas a essa altura já era impossível – e não jogar com eles!


–Eu sei cara, desculpa – disse ele baixando os olhos.


Eu não consegui dizer nada. Estava muito irritado, mas com Damien eu sabia que não ia adiantar. Ele é uma criança grande, sem nenhum juízo naquela cabeça. Suspirei


–Olha tudo bem – estiquei o braço e passei a mão no cabelo dele bagunçando-o – a gente da um jeito ok? Vamos pegar cem mil pelo próximo trabalho.


–Jura? – disse ele parecendo esperançoso.


Oui. Nós pagamos o Lorenzo e ainda sobra uma boa grana – respondi.


–Você é o melhor mon ami– disse ele contente.


Eu afundei na poltrona novamente, como se minhas últimas forças tivessem sido depositadas naquela conversa. Peguei o maço de cigarros no meu bolso e acendi um, tentando relaxar um pouco. Problemas. Essa é a única palavra boa o bastante para definir o estado em que eu me encontrava naquele momento. Eu estava afundado até o pescoço em problemas. Não que eu não estivesse acostumado com isso, de maneira nenhuma. A minha vida tem sido assim desde que eu me entendo por gente e eu nunca reclamei disso, pelo contrário, existir não teria nenhuma graça sem enganar algum imbecil e correr feito louco dos tiras. Mas ultimamente isso já não era tão divertido quanto antes. Damien e eu não éramos mais garotinhos encrenqueiros de antes e o Bleu Jardins já não era o bairro dos ladrõezinhos de carteira. Tipos cada vez mais perigosos iam parar ali atraídos pelas “oportunidades”encontradas com facilidade, Talvez estivesse na hora de mudar de ares.


–Olá? Terra para Jean!


Esfreguei os olhos, me dando conta que conta que estava jogado numa posição bastante desconfortável, encarando o teto. Damien estava de pé me encarando, uma sobrancelha levemente arqueada.


–O que foi? – perguntei, mau humor colorindo o meu tom. Ótimo, uma dor de coluna para completar tudo.


–Bom mon ami, essa pergunta me pertence, já que é você que está aí com essa cara de bobo encarando o teto há horas.


–Horas?! – falei surpreso. Não era possível. Eu estava ali há apenas alguns minutos... não estava?


Ele percebeu a minha surpresa e sua expressão ficou preocupada.


–É melhor você ir dormir cara, você está com uma cara péssima.


Eu me levantei e peguei um casaco me dirigindo à porta.


–Dormir não vai melhorar. Preciso sair por aí, andar um pouco ver a Lua.


Damien sorriu balançando a cabeça.


–Você não é um ladrão Jean, é um poeta. Ver a lua? De onde saiu essa?


Não pude evitar que um pequeno sorriso se formasse nos meus lábios.


–Não sou qualquer ladrão caro amigo, sou o ladrão.


Saí do apartamento e fechei a porta rapidamente, antes que a almofada que Damien atirou me atingisse.



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Autor(a): Tynna

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 1



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  • mirelly_perroni Postado em 15/06/2015 - 13:58:24

    Amando a Fanfic! Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa Please, Please. Beijooos.


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