Fanfic: Má Combinação | Tema: Romance, Roubo
Aquele com certeza era o pior dia de todos os piores dias da história do planeta. Aqui estava eu, a própria Kimberly Hall num bairrozinho de periferia com um homem que eu nunca vi na vida, com o celular roubado e o pior de tudo, com um salto quebrado. Será que aquele taxista de quinta sabe quanto custa um salto daquele? É claro que não.
Virei-me para ver se as criaturas recém saídas do filme do Chuck Norris ainda estavam nos olhando mas, o meu salvador misterioso não permitiu que eu terminasse o movimento me segurando firmemente.
–Ainda estão nos observando – disse ele baixinho quase como um sussurro que fez meus pelinhos se arrepiarem – continue andando normalmente.
–Fácil para você dizer – resmunguei no mesmo tom de voz. Não é você que está com um pé descalço.
Ele apenas me olhou e balançou a cabeça rindo.
–Vem cá – disse ele abruptamente me erguendo no colo.
–O que? Não, me põe no chão! – bradei exasperada.
–Fale mais baixo ou vai nos colocar em problemas – reclamou, o forte sotaque colorindo a sua voz.
–Quem é você? – perguntei resignada enquanto dobrávamos a rua saindo do campo de visão da dupla nada amigável – e porque está me ajudando?
–Dubois, Jean Dubois ao seu dispor – disse ele sorrindo de maneira charmosa – e você é?
Sim, o senhor Dubois era um homem razoavelmente bonito, com olhos e cabelos negros e aquela atitude despreocupada. Claro, se o cabelo estivesse devidamente arrumado e a barba feita, ele seria mais apresentável.
–Kimberly Hall.
–Bom senhorita Hall, chegamos - disse ele parando diante de um prédio todo pichado.
–Chegamos aonde exatamente? – perguntei aturdida – ao presídio de segurança máxima?
Ele revirou os olhos.
–Se preferir, pode ficar aí fora e tentar encontrar o caminho de casa enquanto salta num pé só.
Eu o olhei em silêncio por alguns momentos pesando as minhas opções que afinal de contas não eram muitas. Eu podia ficar no frio, sem celular, num bairro que eu não conheço e que por sinal é bastante perigoso ou, poderia aceitar a ajuda desse estranho misterioso de sorriso agradável que bem poderia ser um assassino ou algo do tipo.
Dei de ombros e respondi.
–Tudo bem.
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A “casa” do Jean, se é que aquilo pode ser chamado desse modo, se resumia a um pequeno apartamento todo bagunçado e sem nenhuma decoração. Como alguém poderia viver num lugar assim? Nem os cachorros do meu pai aguentariam um ambiente como aquele.
Ele apontou para um sofá antigo.
–Sente-se – e atravessou um pequeno corredor onde não poderiam passar duas pessoas ao mesmo tempo.
A contragosto eu me sentei, mas não antes de dar uma boa olhada e ver se não estava sujo. Retirei o meu sapato e massageei os meus pés que estavam muito doloridos. Matt e Peggy iam ver só uma coisa quando eu os encontrasse.
Levantei os olhos quando ouvi os calculados passos de Jean retornando com uma caneca de algo quente na mão.
–Chocolate – ele disse respondendo a minha pergunta que não fora feita – enquanto esperamos os nossos amigos irem embora.
Como eu estava mesmo com frio aceitei a bebida de bom grado. Enquanto eu bebia, ele pegou uma cadeira e se sentou na minha frente, tamborilando com seus longos dedos o braço do móvel.
–Então senhorita Hall, como veio parar aqui?
Apertei a caneca em minhas mãos, regozijando-me com sensação de calor que substituiu o desconfortável frio que eu sentia.
–Estava indo para casa de táxi e tive a “brilhante” ideia de pedir ao motorista que cortasse caminho – respondi, mau humor retornando – mas o táxi teve problemas e parou logo aqui.
–E por que o taxista abandonou você aqui? – perguntou ele franzindo o cenho.
–Bom nós tivemos uma discussão e eu acho que o insultei – eu disse, omitindo que a parte em que eu xingara o homem deliberadamente – Ele entrou no carro e arrancou levando minha bolsa junto e fazendo com que eu tropeçasse e quebrasse meu salto!
Ele sorriu intrigado.
–Você parece estar mais aborrecida com o fato de ter quebrado o salto do que de ter perdido a bolsa.
–A bolsa é o de menos – respondi.
–De menos? – disse ele surpreso – não havia nada lá? Celular, documentos?
–Era só um celular – afirmei – além disso, eu nunca saio com documentos, principalmente para boates.
Ele parecia cada vez mais confuso.
–Você não leva documentos ao sair de casa – disse um outro homem surgindo do corredor com cara de sono – e se você for confundida com alguma traficante ou algo do tipo? Como vai provar sua identidade?
–Damien, você é mesmo um poço de educação – comentou Jean balançando a cabeça.
O que se chamava Damien ficou encostado na parede sorrindo. Eu o respondi um pouco indignada.
–Kimberly Hall nunca é confundida. Ainda mais com uma traficante.
Pude ver que Jean revirou os olhos.
–Kimberly este é Damien, um amigo.
Damien não se preocupou com as apresentações. Apenas perguntou.
–E se você sofrer um acidente e ficar com o rosto desfigurado? Não vão poder identificar o seu corpo sem documentos.
Bufei irritada. Que bobagem!
–Tudo bem, chega de conversa – disse Jean percebendo minha irritação – vamos, eu vou levá-la para casa. Os cães de guarda já devem ter ido
Alegria me invadiu. Até que enfim!
Descemos as escadas até uma garagem improvisada onde havia uma moto estacionada. Parecia bem cara para alguém que vivia num lugar como aquele, mas eu resolvi não perguntar. Era como aquele ditado de fazendeiro “cavalo dado não se olha os dentes”
Ele ficou de braços cruzados, me encarando de um jeito estranho por uns bons minutos até que eu perguntei nervosa.
–O que foi?
–Você ainda está com esse sapato? – disse ele apontando para a meu pé.
–Mas é claro! –respondi – quer que eu ande descalça nesse bairro sujo?
Ele apenas se abaixou e puxou os sapatos dos meus pés diante dos meus protestos, me deixando descalça, e os arremessou longe enquanto se ajeitava na moto.
–Bem melhor – afirmou ele sorrindo.
Dúzias de nomes bem feios para xingá-lo pairavam sob meus lábios mas, desisti de dizê-los quando lembrei do episódio do taxista.
Os franceses são sensíveis. Pensei, enquanto a moto arrancava a toda velocidade.
Autor(a): Tynna
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