Fanfic: Má Combinação | Tema: Romance, Roubo
Definitivamente, não era aquilo que eu tinha em mente quando resolvi caminhar hoje. Mas com certeza eu não podia de dizer que era de todo ruim. Eu até que estava me divertindo bastante tendo a senhorita “nunca sou confundida” se agarrando firmemente em minha cintura como se sua vida dependesse disso. Eu deveria estar indo mesmo muito rápido, pensei enquanto disfarçava o enorme sorriso que se formava em minha boca.
Mas, o mais estranho era a minha atitude. Afinal, o que estava acontecendo comigo? Desde quando eu saía por aí ajudando pessoas de graça? Nunca mesmo. Jean Dubois não era do tipo que fazia caridade, não para pessoas ricas e arrogantes como aquela garota. Mesmo que ela fosse absurdamente bonita. Eu tinha experiência com aquele tipo de garota. Era o tipo que te metia em problemas, problemas com “P” maiúsculo.
–Estamos quase lá, dobre a esquerda – disse ela de maneira autoritária.
Não pude deixar de escapar um leve bufo aborrecido. Será que ela não se cansava de dar ordens?
Como uma leve vingança, inclinei um pouco mais a moto durante a curva. Consequentemente ela se agarrou ainda mais em mim, o que eu não achava possível, enquanto tentava abafar seu gritinho.
–É aqui – ela avisou, sua voz soando trêmula.
O “aqui” era simplesmente uma das residências alugáveis mais caras de toda a Paris. Eu já devia saber. A tal Kimberly não tinha o nariz tão em pé por nada.
Ela saltou da moto levemente pálida e desgrenhada, tentando se equilibrar de maneira desajeitada. Eu permaneci sentado divertindo-me com a situação.
–Bom senhorita, chegamos – murmurei educadamente.
Ela me olhou com a raiva, mas acabou agradecendo.
–Obrigada – ela praticamente cuspiu a palavra, enquanto caminhava direção à porta.
–Ei! – chamei-a de volta. Se aquela seria a última vez que eu veria a não muito doce senhorita Hall, pelo menos faria isso do jeito divertido.
Ela se aproximou com uma sobrancelha arqueada.
–O que você quer?
–Não acha que seria mais civilizado apertarmos as mãos ao nos despedirmos? Não fizemos isso quando nos conhecemos, mas nunca é muito tarde, certo? – falei com o mais encantador dos sorrisos no rosto.
Recebi um olhar cauteloso, mas ela acabou cedendo e esticando a sua pequena mão em minha direção.
–Que seja – foi a sua resposta sem humor.
Apertamos as mãos de maneira educada, mas eu não soltei a sua mão da minha, mesmo notando sua surpresa. Ao invés disso a puxei para perto de mim beijando-a suavemente nos lábios. Ela se assustou e me empurrou furiosa.
–Seu cretino!
Não dei tempo para que ela continuasse a me xingar. Acelerei a moto deixando as palavras de Kimberly Hall se perderem no vento.
********************
O maldito celular está tocando. De novo. Porque será que as pessoas só me ligam quando eu não tenho a mínima vontade de atender?
–Oui?! – atendi ainda sonolento.
–Não dormiu direito mon cher? – disse Mabelle do outro lado da linha.
Sentei-me na cama e peguei o relógio. Cinco da manhã. Mas que droga!
–Não muito – respondi sincero – e você, por acaso não dorme?
–Não quando tenho assuntos para resolver – disse ela calmamente – não quer abrir a porta? Está frio aqui fora.
Revirei os olhos e me levantei desanimado. Isso era bem o estilo dela, aparecer sem avisar na minha porta nas piores horas possíveis. No entanto, quando Mabelle fazia isso geralmente era porque tinha notícias importantes. Caminhei em direção à porta e encontrei Damien já vestido saindo do quarto.
–Mabelle? – disse ele animado.
–É.
Ele me olhou dos pés a cabeça e cruzou os braços.
–Não quer vestir uma camisa?
–Não quer se meter na sua vida? – retruquei impaciente.
Ele balançou a cabeça e se apressou para abrir a porta. Eu apenas me joguei no sofá enquanto eles se cumprimentavam.
–Olá Ma Belle – brincou ele galante.
–Olá Damien – sorriu ela – é bom vê-lo.
Ela caminhou até mim sentando-se ao meu lado e acariciando meu rosto.
–Algum problema? – perguntou.
–Só estou cansado.
–Noite difícil – disse Damien num tom cheio de coisas não ditas.
Mabelle olhou para ele e depois para mim unindo suas negras sobrancelhas intrigada.
–Aconteceu algo? – ela perguntou mais para Damien do que para mim, no entanto eu respondi depois de lançar um olhar feroz na direção do meu amigo de língua grande.
–Nada de mais, as mesmas confusões de sempre.
–Bom, isso não importa agora – disse ela por fim – aqui está a pasta com as informações do nosso alvo.
Ela me entregou uma pequena pasta de cor escura enquanto Damien se sentava do meu lado.
–Infelizmente, eu não posso ficar mais, tenho que ver uma pessoa e não posso me atrasar.
–E a data? – perguntou Damien – já temos uma data?
–Em dois dias– respondeu ela enquanto se dirigia à porta – durante um evento que irá acontecer no local. Já arranjei convites para vocês.
–Como assim?– indagou meu amigo franzindo o cenho - não é assim que fazemos. Isso é alguma brincadeira? Sou um ladrão e não o Ethan Hunt na versão francesa. Apesar de ser tão bonito quanto ele.
–Não gosto disso – argumentei, concordando com meu amigo – nossos clientes não se metem com os métodos. Eles querem o produto, independente do modo como o conseguimos.
–Dominic não é um qualquer – retrucou Mabelle – ele tem planos para vocês meninos. Encarem o trabalho como um teste. Se passarem ele vai querer fazer outro negócio com vocês.
Ela caminhou rapidamente para a saída, evitando nossos olhares questionadores.
–Tenham paciência – disse ela me lançando um beijo antes da porta se fechar.
Abri a pasta e comecei a ler as informações em voz alta enquanto Damien me ouvia atentamente.
–Não vai ser fácil – disse Damien quando eu terminei de ler.
–Se fosse fácil não seria divertido - comentei.
–Você não já dormiu com a filha desse cara? – indagou ele .
– Sobrinha– corrigi, recordando-me da semana mais louca da minha vida.
–Isso pode nos ajudar.
–Duvido muito – respondi – lembra da última vez que nós a vimos? Ela tentou me matar com aquela... o que era aquilo mesmo?
–Um secador de cabelo? – disse Damien.
Caímos na risada.
–Você realmente não acerta com as mulheres cara. – comentou Damien abafando o riso – e por falar nisso e a tal Kimberly?
–O que tem ela? – perguntei desconfiado.
–A qual é! Não rolou nada? Quando vocês chegaram aqui eu fiquei com medo de aparecer na sala e encontras vocês... sabe, “ocupados”.
–O que? – minhas sobrancelhas subiram em surpresa.
–Ora vamos Jean, não banque o ofendido – murmurou ele – não lembra daquela porto-riquenha que você trouxe para cá?
–Que história é essa?! Você trouxe a porto-riquenha! E para a minha cama – disse enquanto o socava no estômago.
Ele riu.
–Ei! a minha estava muito bagunçada, o que queria que eu fizesse? – respondeu ele revidando os socos.
Quando terminamos, caímos no chão rindo feito dois idiotas.
–Então não aconteceu nada com a riquinha?
–Nada – respondi.
–Nem um beijinho? – insistiu ele.
–Talvez – por alguma razão eu não estava com vontade de falar sobre aquilo
–Imagino que ela não tenha te dado o colar então – comentou ele apontando para o objeto em cima da mesinha.
Eu havia pego o colar quando roubei um beijo da senhorita Hall. Era uma peça muito bonita, delicada como a sua dona. Quer dizer, ex-dona.
–E então – perguntou ele – vai vender?
Fechei a mão em torno do objeto.
–Não. Esse aqui é meu
Autor(a): Tynna
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