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Capítulo: 9? Capítulo

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CAPÍTULO IX


 


        -Levante-se e mexa-se.


        Dulce ouviu as palavras, erguendo a cabeça e resmungou. Em seguida deitou-se de bruços e enterrou a cabeça no travesseiro.


        _Estamos no meio da noite_ ela protestou.


        _São nove horas_ Chris informou-a, divertido. _ Tome seu café na cama e depois iremos às montanhas para um piquenique.


        Dulce não sabia se estava mais surpresa com o café na cama ou...


        _Piquenique?_ Perguntou. Encarou-a. _ Você está louco, Chris?


        Podia ser primavera mais ainda fazia frio. Nas montanhas a temperatura estava sempre alguns graus abaixo da temperatura da cidade.


        Ela sentiu o aroma do café, das torradas, e... havia bacon também? Suco de laranja, sem dúvida.


        Sentou-se na cama e pôs um travesseiro nas costas.


        _Essa história de piquenique está fora de moda, Chris. _ Ela aproximou a bandeja e começou a se servir. _ O que você está querendo, afinal?


        Ele também sentou-se na cama e acompanhou-a.


        _Será que não posso preparar um café da manhã para você e servi-lo na coma por vontade minha, sem outro interesse?


        Ele já estava vestido e parecia cheio de vida àquela hora da manhã, enquanto ela se sentia um trapo. Os cabelos em desordem, nua, precisando de ao menos outra hora de sono.


        _Não, não pode_ ela respondeu de mau modo.


        _Está sendo injusta comigo. Lembro-me de ter trazido café na cama para você uma série de vezes no passado.


        _Concordo. Mas foi para me manter na cama e não para me persuadir a levantar.


        _Achei que poderíamos passar o dia fora para variar nossa rotina.


        Talvez até fosse bom, Dulce pensou. Poderia afastar Belinda de sua mente.


        _Nada de telefonemas, de interrupções, de pressões_ ele continuou.


        _Mas cada um de nós tem seu celular.


        _Podemos deixar que os recados fiquem na caixa postas.


        _Faz frio nas montanhas, Chris.


        _Posso mudar de idéia se você prefere ficar na cama.


        _Não, não, um piquenique me parece uma boa idéia.


        Qual seria a alternativa? Ir ao clube jogar tênis, se houvesse vaga em alguma quadra?, Dulce refletiu. Ou trabalhar no computador?


        Além disso, um dia inteiro passado sozinha com Chris talvez fizesse melhor as perspectivas do futuro.


        Que perspectivas?, Dulce se perguntava enquanto tomava banho, vestia um jeans e uma blusa de malha.


        Voltara a morar com Chris havia nove dias e já dormiam no mesmo quarto, na mesma cama. Apesar de seus juramentos.


        O que significa aquilo? Que tinha vontade fraca, que era maleável? Ou simplesmente que usufruía das vantagens desse relacionamento?


        Não, nada daquilo era verdade.


        E o que desejava Belinda, afinal?


        Dulce não estava gostando nada do curso de seus pensamentos, e com resolução pôs um suéter nas costas amarrando as mangas na frente.


        Tentaria aproveitar o dia o melhor que pudesse.


        Partiram. Passaram por várias aldeias que pareceram ter surgido nos últimos tempos. Compraram no caminho pães, fruta, uma garrafa de água e desceram pelos vales. Pararam junto a uma cachoeira onde pretendiam almoçar.


        Chris estendeu um tapete na relva e começaram a comer, em silêncio.


        Fazia frio, muito mais, muito mais frio do que em Sydney, porém a paz e a tranqüilidade eram contraste à vida da cidade. Seria possível quase ouvir o silêncio além do murmúrio da água borrifando sobre o rochedo.


        O isolamento era completo. A evolução do homem se adiantara muito no século XXI, mas a beleza da natureza continuava como sempre, simples... a lembrança de um poder primário.


        Dulce acabou de comer e agradeceu a Chris.


        _Obrigada_ disse.


        _Por trazê-la aqui?


        _Sim.


        Ela podia sentir a tensão das últimas semanas sumindo, e uma paz a invadia. A cidade parecia distante, como distante estava o stress da vida diária. As exigências de Pablo... Belinda. Mesmo suas agressões com Chris cessaram temporariamente de existir.


        Dulce levantou-se e Chris tomou-lhe a mão.


        _Não há presa. _ Ele a fez sentar-se de novo, a seu lado. _ Descanse um pouco.


        Ela estava de fato cansada, e talvez se fechasse os olhos por uma meia hora...


 


        _Hora de partirmos. Choverá em alguns minutos.


        Ela abriu os olhos, viu o céu encoberto e levantou-se.


        _Que horas são?


        Muito mais tarde do que imagina. Dormira durante mais de uma hora.


        Uma chuva fina podia ser vista circundando as montanhas e logo Chris deu início à viagem de volta. A folhagem verde adquirira um tom mais escuro, mas quando chegaram ao vale abaixo, o sol estava brilhando no céu.


        Por alguma razão Dulce não desejava retornar a casa.


        _Que acha de comermos uma pizza?_ Chris sugeriu.


        _Ótimo.


        E foi um prazer percorrer o local à procura de um restaurante. Pararam em um que acharam interessante e comeram a melhor pizza que já haviam experimentado na vida, regada de um bom vinho.


        Um sentindo de antecipação de como acabaria o dia ocupou a mente de Dulce quando Chris estacionou o carro na garagem.


        Entraram em casa juntos. Num acordo sem palavras tomaram banho juntos e juntos deitaram-se na cama. Dulce rolou por cima do marido.


        Aquela noite seria dele, Dulce decidiu, iria agradá-lo e levá-lo ao auge do prazer. Ela beijou-lhe a boca e foi descendo os lábios pelo pescoço, descendo até a parte mais vulnerável da anatomia do homem.


        Chris deu um gemido rouco facilitando-lhe os movimentos, e Dulce deixou-o quase louco, quase sem controle algum.


        Depois foi ela quem gemeu quando Chris retribuiu-lhe as carícias, demorando-se até ela suplicar pela posse total.


        Mais tarde, muito mais tarde, deitaram-se lado a lado, as pernas enroscadas, Dulce com a cabeça no ombro de Chris enquanto ele beijava-lhe os cabelos.


 


        Era manhã alta quando Dulce verificou seus recados no telefone: de Siobhnan, que sugeria almoçarem algum dia durante a semana, de Pablo, pedindo que lhe telefonasse com urgência, seguido de outro similar pedido, de Luigi, que queria almoçar com ela para conversarem sobre negócios, e de duas amigas também sugerindo almoço.


        Dulce respondeu a todos e começou a trabalhar. Distribuindo tarefas, delegando poderes, retardando serviços quando necessário, com uma eficiência que faria o orgulho de Fernado. Um fax fora enviado de Melbourne a cerca de seus planos e ela deu preferência a isso, verificando detalhes e a montante verba com extremo cuidado.


        Saiu do escritório às cinco horas mas imaginou que chegaria em casa somente às seis horas, devido ao tráfego intenso.


        Portanto, haveria pouco tempo para um banho repousante, comer alguma coisa e se preparar para o balé planejado.


        Feito isso, pôs um vestido com três camadas de “chifon” nas cores vermelha, ciclâmen e rosa, cores que iriam bem com a cor de seus cabelos.


        Depois de maquiada pegou a bolsa e foi ao encontro de Chris que  a aguardava embaixo, elegante como sempre em seu terno escuro, camisa branca e gravata borboleta preta.


        Sô em vê-lo sentiu uma corrente elétrica de sensualidade percorrer-lhe o corpo. O sorriso dele a fez desejar ser tocada.


        Jantaram rapidamente num restaurante em Double Bay e seguiram para o teatro, chegando antes de começar o primeiro ato.


        O lago do Cisne foi muito bem interpretado. A música linda, os dançarinos perfeitos.


        Quando a cortina fechou após o último ato, Dulce enxugou disfarçadamente as lágrimas.


        Entraram no carro e foram tomar café num pequeno bar. Por sinal, num lugar onde ela e Chris se encontraram muitas vezes durante o namoro e o casamento.


        Havia sido muito feliz, e pareciam querer encompridar o dia por ter sido tão prazeroso. O amor que haviam feito antes fora muito agradável, pois houvera intimidade, companheirismo, além de simplesmente sexo.


        _Bons pensamentos?_ Chris lhe perguntou, ainda no restaurante.


        _Variados_ ela respondeu.


        _Vamos?


        Chris pagou a conta e de mãos dadas foram para o carro.


        Era quase meia-noite quando chegaram em casa, e Dulce pouco protestou no instante em que Chris a despiu e a levou para a cama, nos braços.


        O amor que fizeram foi vagaroso, gentil, que terminou com um nos braços do outro, dormindo até de manhã.


        Chris já havia saído quando Dulce acordou. Ela se vestiu, tomou café rapidamente e foi para a Saviñon.


        Apanhou o computador e começou a trabalhar, franzindo a testa cada vez que o telefone a fazia interromper seus cálculos.


        Quando o telefone tocou de novo, atendeu secamente:


        _Alô!


        _Precisamos almoçar juntos.


        Dulce reconheceu a voz de seu mio irmão, e retrucou:


        _Não vejo razão para isso. Além do mais, tenho compromisso para almoço com um colega de trabalho. _ Uma pequena mentira que Luigi adoraria ouvir.


        _Possuo uma informação interessante sobre Chris_ Pablo declarou.


        _Que me contara dependendo do preço que eu pagar?


        _Me conhece bem, não?


        Bem demais.


        _Se quiser saber sobre os movimentos de Chris, contrataria um detetive particular.


        _Por que contratar um profissional se tem a mim, querida?_ ele retrucou com suavidade.


        _Adeus, Pablo_ ela encerrou a conversa.


        _Chris está em Brisbane com Belinda.


        Um coração podia parar de bater para depois sair na disparada? Ela poderia jurar que o seu fizera isso. Chris não lhe dissera nada sobre esse vôo a Brisbane. Também pouco avisara que chegaria tarde no jantar.


        _Ligue para o escritório dele se duvidar de mim.


        _Não tenho tempo para isso.


        _Mas está curiosa, não, querida?


        Curiosidade não era o que sentia. Ódio seria um sentimento mais próximo.


        _Tem o número de meu celular, Dulce, caso precise.


        Ela deu o telefonema por terminado mas não conseguiu mais se concentrar no trabalho. Ligou para Chris na linha normal e ouviu a resposta gravada pedindo que se comunicasse através do celular.


        O que significava quer ele estava fora do escritório.


        Com esforço voltou a atenção para o trabalho, mas ligou uma hora mais tarde recebendo a mesma resposta.


        Ligou uma terceira vez e Chris atendeu ao segundo toque.


        _Dulce, algo errado?_ disse.


        _Pablo está negociando comigo uma informação_ ela declarou sem preâmbulos.


        _E você resolveu vir direto à fonte.


        _Sim.


        _Tomei o primeiro vôo da manhã para ir a Brisbane com meu advogado a fim de cuidar pessoalmente de assuntos legais.


        _Com Belinda.


        _Sim.


        _Obrigada por ter esclarecido_ ela disse com voz gelada e cortou a ligação.


        Segundos mais tarde o telefone tocou, e Dulce recusou atender.


Terminou seu trabalho, limpou a mesa, pegou o computador portátil e saiu do escritório bem antes da hora habitual, surpreendida por sua calma.


        Foi direto ao Hotel Ritz.


        Uma noite sozinha não transgredia o testamento de Fernado, ela concluiu ao ver a luxuosa suíte. Poderia trabalhar lá com seu computador, pedir uma refeição, e apanhar os telefonemas de seu celular na caixa de mensagens.


        Sentia prazer em imaginar Chris chegando em casa e não a encontrando. Quando ele faria o primeiro telefonema? Às sete?


        Passaram quinze minutos. Dulce despiu-se, telefonou para a mãe, pediu ao hotel que lhe fornecesse um robe, e pediu uma refeição levar no quarto.


        Veio o primeiro toque que ela recusou atender lendo apenas o recado posteriormente. A voz de Chris soou seca e controlada.


        Meia hora mais tarde ele ligou de novo, e dessa vez a fúria era evidente na entonação da voz.


        Por certo já havia ligado para Blanca que de acordo com as instruções da filha, informara não saber do paradeiro de Dulce.


        Quando irá ele desistir?, Dulce se perguntou.


        Não facilmente, admitiu, ao verificar a tela do celular antes de receber o telefonema de sua mãe.


        _Querida_ Blanca disse com voz suave_, isso é falta de juízo de sua parte.


        _Uma falta de juízo temporária não é nada grave_ Dulce respondeu, e ouviu a mãe suspirar.


        _Chris não sabe onde se encontra, pois você não está atendendo ao telefone. Ao menos diga-lhe que não houve nada de grave.


        Blanca tinha razão.


        _Se ele telefonar outra vez, direi onde estou.


        _Ele não é homem com quem qualquer mulher sensata possa brincar_ a mãe preveniu-a.


        _Não estou me sentindo particularmente sensata agora.


        _Cuidado Dulce.


        O celular tocou de novo, quinze minutos mais tarde.


        Chris.


        Ela atendeu, forçando uma voz calma, enquanto relaxava.


        _Estou bem. Voltarei para casa amanhã à noite. Estou no Hotel Ritz_ disse e desligou o telefone.


        Quando tocou outra vez, ela não atendeu.


        Tentou trabalhar no computador, mas desistiu meia hora mais tarde e tentou a televisão.


        Escolheu um filme e deitou-se para assisti-lo


        Uma súbita pancada na porta a assustou, na verdade, apavorou-se.


        Olhou pelo visor e pediu identificação.


        _Serviço do hotel, madame.


        Ela abriu uma fresta na porta, dizendo:


        _Não pedi nada.


        _Mas como não apareceu na sala de refeições esta noite, o hotel resolveu oferecer-lhe um chá.


        Ela agradeceu ao empregado.


        _Um momento. _ Levou dois segundos para abrir totalmente a porta.


        Grande erro. Chris apareceu atrás do garçom, parecendo um anjo negro pronto a castigá-lo.


        Era tarde demais para impedi-lo de entrar. Pela expressão do rosto podia ver que algo simples como uma porta trancada não o mataria do lado de fora. Ele com certeza subornara a criadagem do hotel para conseguir que um garçom levasse a bandeja.


        O garçom não hesitou em entrar, colocar a bandeja sobre a mesa e retirar depressa.


        Dulce esperou até que a porta se fechasse e virou-se para Chris.


        _O que pensa que está fazendo?


        Ela estava de rosto lavado, tinha os cabelos despenteados e soltos, e seus olhos expeliam faíscas verdes de fúria.


        O robe emprestado era grande demais para ela, comprido demais e ridículo para uma pessoa tão pequena.


        Em qualquer outra ocasião, seria uma cena divertida. Agora, Chris fitava-a furioso.


        _Eu deveria lhe fazer a mesma pergunta: “O que pensa que está fazendo?”.


        Ele falava com voz controlada, perigosa para manter a paz de espírito de Dulce.


        _Eu queria passar uma noite sozinha_ respondeu.


        _Vamos para casa, está bem?


        _Não vou a parte alguma.


        Chris não respondeu, porém Dulce sentiu que sua presença de repente se transformara numa ameaça agourenta.


        _Podemos fazer isso tudo de maneira civilizada. Ou posso carregá-la esperneando e gritando, até o carro.


        _Você não ousaria.


        _Tente para ver.


        _Posso chamar o segurança do hotel.


        Chris apontou para o telefone.


        _À vontade.


        _Chris...


        _Dou-lhe cinco minutos, Dulce. Vista-se ou fique onde está. A escolha é sua.


        _Não saio daqui.


        _Não estou disposto a negociações. Quatro minutos e meio... e continue contando.


        Ele podia contar quanto quisesse, pois não tinha intenção de se mover, Dulce disse a si mesma, decidida.


        Os dois se encararam, como dois guerreiros de prontidão, disposto à luta. Saber quem venceria, era fácil. Chris tinha altura e força para subjugá-la com o mínimo esforço.


        E foi o que ele fez, terminado o prazo. Pôs nas mãos de Dulce o computador e a bolsa, e recolheu a roupa e os sapatos dela com uma das mãos. Com a outra ergueu-a e colocou-a no ombro como se trata-se de uma criança.


        O que não impediu que Dulce lhe desse socos nas costas ou tentasse dar pontapés em qualquer parte do corpo de Chris.


        _Seu canalha! Ponha no chão! Se ousar sair daqui desse jeito, eu o mato_ Dulce gritou, furiosa.


        _Você teve sua chance de sair com dignidade.


        Santos Deus.


        _Chris...


        Mas era tarde demais.


        Por favor, meu Deus, não permita que haja alguém no corredor ou no elevador.


        O corredor estava vazio, mas o elevador não.


        _Oh, céus_ uma voz feminina se fez ouvir, enquanto o homem ao lado da mulher, sorria.


        _Ele é um lobo em pele de carneiro_ Dulce acusou-o, dando-lhe um soco nas costelas.


        O elevador parou e Dulce continuou sendo carregada até o local onde se encontrava a Mercedes de Chris.


        _Meu carro está aqui_ ela informou-o.


        _Imagina que vou deixá-la dirigir? Arranjarei alguém para apanhar seu carro amanhã.


        _Mas preciso dele para ir trabalhar.


        _Eu a levarei.


        Ele a pôs no carro, fechou a porta e sentou-se diante da direção.


        _Você é o homem mais arrogante, mais impossível, que conheci... e...


        Dulce ficou em silêncio e assim continuou até a casa.


        Com razoável dignidade tentou sair do carro e entra na frente dele.


        Andar com dignidade foi difícil, considerando-se que a bainha do robe arrastava no chão, as mangas dobradas se desdobraram e cobriam-lhe os dedos. Quanto ao cinto... era melhor se esquecer dele.


        Dulce pôs o computador numa das mesas do hall de entrada.


        _Que tal levar isso ao escritório?


        Dulce, que já estava subindo a escada, virou-se e disse:


        _O que há de errado em deixar tudo aí?_ Ela fechou o robe e amarrou o cinto.


        Parecia uma criança beligerante. Ele sorriu. Dulce estava tentando fazê-lo passar pelas piores horas de sua vida.


        _O que acha de explicar por que desligou o telefone na minha cara, recusou atender a meus telefonemas, não se preocupou em deixar um recado?


        _Tudo se explicaria por si próprio! Você não me contou que iria a Brisbane, com certeza com o propósito de ver Belinda e seu filho. Tive de ser informada por Pablo... Como acha que me senti?


        _Por isso decidiu fugir?


        _Não fugi!


        _Como chama o fato de se registrar num hotel não deixando uma palavra sobre o lugar onde estava?


        _Ora, eu estava tão furiosa!


        _Se tivesse atendido um de meus telefonemas...


        _Você poderia ter explicado?


        _Sim.


        _Teria me contado o que eu queria ouvir?


        _A verdade.


        _Qual é?


        _Meses de conversação legais estão quase chegando a uma conclusão. Belinda tentou uma suspensão do exame de DNA durante sua gravidez. Só depois do nascimento da criança meu advogado conseguiu anular a suspensão. Houve, portanto, um atraso nos resultados. O encontro entre ambos os advogados, o meu e o dela, representou um esforço enorme para se obter a informação. Fui até lá na esperança de dar força ao argumento legal.


        _E obteve sucesso?


        _Pode levar mais alguns dias.


        _Um dia você me fez acreditar que Belinda era uma psicótica, cujo ciúme chegou a tal ponto que ela resolveu ficar grávida de qualquer homem indicando você como pai, na tentativa de destruir nosso casamento. Não acreditei nessa história, como não acredito agora...


        _Sua falta de confiança em mim me magoa muito, Dulce.


        _Maldito seja você, Chris. Ela foi sua amante por mais de um ano!


        _Um relacionamento que terminou muito antes de eu conhecer você. Se, conforme Belinda afirma, ela é o amor de minha vida... por que me casei com você?


        _Por causa de minha herança?                      


        Os olhos dele ficaram negros de ódio, e por um breve segundo Dulce acreditou que Chris iria agredi-la. Um músculo tenso no queixo demonstrava tentativa de controle.


        _Saia de minha frente antes que eu faça alguma coisa de que possa me arrepender mais tarde. Vá. Ou então, por Deus, poderá desejar nunca ter nascido.


        Num movimento rápido, Chris carregou-a nos ombros e subiu as escadas. Colocou-a na cama de casal, a mesma que haviam compartilhado antes.


        Tirou o paletó, a calça, a camisa e a cueca.


        Nu, parecia uma força poderosa quando se deitou na cama ao lado dela.


        Desamarrou o robe de Dulce, inclinou a cabeça e beijou-lhe os seios, fazendo-a gemer quando atravessou a linha entre o prazer e a dor.


        Não houve preliminares para a penetração. Ela gritou nas várias vezes em que Chris repetiu o ato.


        Mas aquilo não foi sedução nem prazer para Chris, mas apenas a necessidade de satisfazer um desejo bárbaro.


        Dulce ergueu o corpo, mordeu-o no peito... e ouviu um gemido rouco:a vingança dele fora sem piedade, e ela quisera retribuir na mesma medida.


        Foi sua única vitória, pois Chris prendeu-lhe os braços acima da cabeça. Indefesa, imponente, balançava a cabeça de um lado para o outro enquanto ele a mantinha cativa, beijando-a, e fazendo-a sua.


        Os espasmos cresciam em intensidade até os dois se fundirem numa única pessoa.


        Era mais do que Dulce podia suportar, e começou a pedir, a suplicar, que ele parasse. Chris permaneceu dentro dela num clímax violento, e depois rolou de costas, carregando-a consigo.


        Dulce quis se desvencilhar e ir para o outro lado da cama. Mas Chris a segurou firme junto de si.


        Sua respiração era tão rápida quanto a dela, e Dulce ficou imóvel, de olhos fechados, a mente quase selvagem, cheia de sexo.


        Chris manteve-a presa a noite toda, e quando Dulce pensou que ele dormia, bem devagar mexeu o corpo, apenas para fazê-lo agarrá-la de novo junto a si.



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Autor(a): dullinylarebeldevondy

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Comentários da Fanfic 128



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