Fanfic: Calor Perverso | Tema: Vondy

— Evan, já deixei minha posição com relação a você muito clara. Eu nunca o enganei. E não, não posso lhe dar algum tipo de prazo sobre quando vou me sentir de forma diferente — disse ela antes que Evan tivesse a chance de dizer o previsível.
O que acontecia com os homens que, só por estarem vestidos de black-tie, já achavam que teriam uma transa?, perguntou-se Dulce Saviñón desanimada. Deus, ela era uma idiota. Nunca deveria ter concordado em acompanhá-lo durante a arrecadação de fundos do Museu Metropolitano de Belas Artes de Chicago esta noite. Como membro do conselho de curadores do museu, Evan Forrester tinha o potencial de tornar seu trabalho muito difícil, se escolhesse fazer o papel de amante rejeitado.
— Você não está nem mesmo dando uma chance. Olha, eu não tenho os detalhes, mas teria que ser um idiota para não saber que devo tratá-la como porcelana fina, dadas todas as vagas referências e olhares abjetos que seu chefe está sempre me dando, para não falar da secretária de vocês. Mas, às vezes a única maneira de se obter o que quer é investindo. Vamos, Dulce... salte deste pedestal de gelo, querida — ele a persuadiu. — O clima na parte de baixo é bem mais quente e agradável.
Os olhos de Dulce se arregalaram em descrença, não só pelo seu já conhecido tom quase manhoso, mas pelo fato dele ter colocado as mãos em seus ombros e a empurrado para trás, imprensando-a contra a porta. Ela virou o rosto quando ele tentou beijá-la, mas ele apenas transferiu a atenção para seu pescoço.
— Você quase me deixou louco esta noite com este vestido — ele murmurou contra sua pele. Suas mãos começaram a pressionar e deslizar ao longo de suas costas e cintura.
— Evan, pare com isso — Dulce insistiu. Quando ele puxou seu xale de lado e lhe deu um beijo na parte superior do seio direito, sua mão, instintivamente, subiu. Ele olhou para cima quando levou uma forte tapa na lateral de sua cabeça.
— Por que... sua puta, isso dói!
Dulce mal teve tempo de registrar a sombra alta com o canto do olho antes de Evan gritar e fazer uma careta de dor. Ele foi parar na parede oposta do corredor, saltou para frente, olhando espantado e confuso. Agarrou então, desesperadamente, sua orelha, como se para assegurar-se de que ela ainda estava ligada à sua cabeça. Dulce percebeu que o homem que estava com eles no corredor deve tê-la torcido violentamente antes de tirar Evan de cima dela.

— Saia daqui — o estranho disse laconicamente.
Dulce olhou para o homem com espanto. Em seu tom havia asco e aborrecimento profundos, como se tivesse acabado de sair para o corredor e visto um cão se esfregar em sua perna em vez de um homem apalpando o corpo de uma mulher sem seu consentimento. Seu aspecto era especialmente marcante, já que Evan era a imagem da sofisticação urbana em seu smoking e sobretudo de caxemira preta.
Seu salvador, por outro lado, lhe trouxe à mente comparações com cowboys fora-da-lei, cruéis e sexo primitivo.
Dulce piscou em surpresa com seu pensamento. Bem, não era a primeira vez que sua mente se enveredava por esse caminho contra sua vontade. Ela havia feito o mesmo nas outras duas ocasiões em que havia visto o homem que morava do outro lado de sua sala, especialmente quando fora forçada a respirar seu aroma picante e masculino nos escassos metros quadrados de um elevador.
Ele a deixava nervosa, agitada... excitada.
Pelo menos, no elevador ele estava usando roupas. Aquela noite, porém, ele não usava nada além de um jeans apertado e parcialmente desbotado que parecia ter sido lavado e desgastado por tantas vezes que agora moldava-se perfeitamente aos seus quadris largos, no bumbum firme e nas coxas, longas e sólidas.
Dulce forçou seus olhos para longe da atraente visão quando ouviu Evan falar.
— Quem diabos você pensa que é para me mandar sair assim? — Evan gritou, em furiosa descrença. Ele deu vários passos rápidos pelo corredor, porém, quase tropeçou em seus próprios pés, quando o vizinho de Dulce abruptamente se lançou em sua direção. O homem alto nunca respondeu verbalmente, mas Dulce viu a resposta à pergunta de Evan em seu perfil rígido e olhar de aço.
Ele é aquele tipo de cara que parece estar pronto para chutar seu traseiro daqui até a próxima esquina, se você não começar a se mexer, Dulce pensou.
— É melhor você apenas ir, Evan — ela conseguiu dizer, trêmula. — Por favor — ela acrescentou, quando Evan abriu a boca como se fosse argumentar. Ele finalmente se virou, olhando a sinistra e alta figura que o havia ameaçado pelo canto do olho até o último segundo antes de entrar no elevador.
Dulce exalou de forma desigual quando ouviu o som da porta do elevador se fechando. Ela encontrou dificuldades para responder ao olhar de seu vizinho.
— Obrigada — disse ela.