Fanfic: Calor Perverso | Tema: Vondy
Capitulo treze.
Dulce olhou para a falsa árvore de Natal montada no quarto claro e arejado. Uma árvore de Natal ainda montada na terceira semana de janeiro era sempre um pouco deprimente, mas combinado ao fato de que aquela em particular se encontrava em uma instituição mental, tornava o evento totalmente sombrio. Todos os ornamentos eram feitos de papel, é claro, sem pontas que poderiam ser utilizadas de forma prejudicial. Dulce realmente reconheceu alguns dos ornamentos usados nos dois Natais anteriores que ela passou naquela sala... o que só acrescentou ainda mais melancolia.
O quarto diurno, tão grande e aberto, parecia mais apropriado a uma arena. Evergreen Park foi construído na década de 1970, durante o auge de um período de otimismo psiquiátrico. Dulce pensou que provavelmente o ímpeto original por trás da construção de instalações como Evergreen Park havia sido bom. Mas a promessa dos médicos de ―cura‖ para tais condições virulentas como esquizofrenia e psicose maníaco-depressiva havia sido um pouco aquém do seu glorioso esperado. O financiamento do governo para tais instalações diminuiu à medida que mais e mais doentes mentais começaram a ser tratados fora das casas de grupo e sem os caros cuidados de enfermagem. Dulce duvidava que qualquer coisa na decoração do quarto no Evergreen Park houvesse sido alterada desde a década de 70, com exceção, talvez, das novas camadas de tinta, que provavelmente, eram exigidas pelo código de saúde.
Ela endireitou-se quando ouviu o zumbido da fechadura eletrônica na porta que dava para a ala residencial dos pacientes. Um jovem assistente entrou na sala, seguido por Stephen. Apesar dos grandes avanços de Stephen nas últimas quatro semanas, doía a Dulce vê-lo seguir ao assistente como um cão obediente. Uma coisa que não havia melhorado com o novo medicamento de Stephen era seu apetite. Suas roupas caíam folgadamente sobre seu magro e curvado corpo.
— Bom dia, Eli — Dulce cumprimentou o atendente quando eles se aproximaram dela. — Bom dia, Stephen. Como você está se sentindo hoje?
— Ok — Stephen murmurou.
— Ele tem um novo corte de cabelo — Eli disse com um sorriso. — Ficou bem vistoso.
— Ficou bom, Stephen — Dulce concordou.
Como de costume, Stephen não encontrou seus olhos, e ficou olhando para o chão. Ele fez uma careta quando passou a mão sobre o novo corte do cabelo castanho dourado, que uma vez, havia sido quase perfeitamente da mesma cor do de Michael. Dulce viu que uma boa dose de cinza se misturava ao castanho agora.
Eli riu ao ver sua expressão de mau gosto pelo corte de cabelo.
— Então eu acho que Rosa lhe disse que Stephen queria falar com você, certo? — Eli perguntou alegremente.
Dulce assentiu.
— Tudo bem. Eu vou dar um pouco de privacidade aos dois, então. Eu estarei do outro lado do quarto — disse a Dulce, dando-lhe um olhar significativo. O Dr. Fardesh havia dado status de um-para-um a Stephen, onde um funcionário era obrigado a estar em estreita proximidade com ele vinte e quatro horas por dia devido a possíveis tentativas de suicídio ou violência para com outros pacientes. No entanto, Stephen era ainda muito vulnerável aos estressores de qualquer espécie, tornando-se facilmente ansioso e errático em seu comportamento, se sua rotina diária fosse alterada.
Desde que começou a ter períodos de lucidez pouco antes do Natal, Dulce o havia visitado pelo menos uma vez por semana. Ela havia falado com Rosa Gonzalez e com o Dr. Fardesh longamente sobre se seria realmente saudável para ele que ela o visitasse, determinada a fazer o que era certo nestas circunstâncias e não o que seus pais achavam que era apropriado. A única razão dela ter concordado em ir era porque o psiquiatra disse que Stephen havia começado a mencionar não só o nome de Michael, mas o de Dulce, durante as breves sessões com o Dr. Fardesh e sua arte-terapeuta.
— Tenho a impressão de que Stephen está tentando trabalhar em algo, Dulce — o Dr. Fardesh havia explicado na semana passada. — Esta medicação que temos dado a ele não é nenhuma cura, é claro, mas pode dar a ele alguns recursos psicológicos para tentar lidar, pelo menos minimamente, com seu passado. Ele está desenhando imagens de Michael durante suas sessões de arte-terapia. Há alguns dias ele me perguntou que idade Michael teria hoje se ele estivesse vivo. Como você sabe esse tipo de reconhecimento à respeito de Michael, sem falar de sua morte, têm sido sem precedentes para Stephen desde que ele está sob meus cuidados.
Dulce havia ficado espantada com a notícia. Pelo que ela sabia, o nome de Michael não havia passado pelos lábios de Stephen desde o funeral de seu filho de quatro anos de idade. Foi logo após isso que o marido começou a beber muito e que seu comportamento tornou-se cada vez mais errático, agitado e, eventualmente, violento. Até a época do julgamento de Matthew Manning chegar, Stephen havia definhado tanto física como psicologicamente, a tal ponto que Dulce não teve escolha, a não ser, interná-lo.
Ele não havia estado fora de um hospital ou clínica psiquiátrica nem um único dia desde então.
— Há algo que eu possa fazer para ajudar? — Dulce pediu ao Dr. Fardesh.
— Basta continuar a fazer o que você tem feito: ouvir e oferecer-lhe apoio. Você sabe que Rosa disse a ele sobre o processo de divórcio?
Dulce assentiu. Ela havia ficado feliz em ouvir de Rosa Gonzalez que ela havia realmente acabado por informar a Stephen em dezembro sobre o seu divórcio, após ele ter mostrado várias semanas de estabilidade. O fato de que Stephen não recaiu quando ouviu a notícia, mas continuou a ter um período sem precedentes de lucidez relativa e funcionamento estável, havia animado Niall.
— Ele lidou com essa notícia muito bem — Dr. Fardesh refletiu. — Quando ele traz o seu nome ele está sempre associado com Michael. O que ele está tentando trabalhar sem dúvida se relaciona com o assassinato de Michael. Ele ocasionalmente menciona Marchant, o nome ou a conta Marchant. Será que isso significa alguma coisa para você?
A testa de Dulcel franziu enquanto procurava em suas memórias, mas veio de mãos vazias. O nome soava vagamente familiar, mas...
— Não... Eu não acho que conheço esse nome.
Dr. Fardesh encolheu os ombros.
— Bem, o que o nome significa a Stephen torna-o bastante agitado, sempre que ele o traz.
— E ele faz associação com o Michael? — Dulce perguntou, intrigada.
Dr. Fardesh assentiu.
— Não se preocupe muito com isso. Ele quer deixar sair ou não. Essas coisas levam tempo para um indivíduo como Stephen processar.
Stephen normalmente nunca dizia muito a Dulce durante suas visitas ao longo do último mês. Ele ainda rapidamente se tornava inquieto e agitado em sua presença embora nunca ao ponto de violência. Mas ele a reconhecia e a chamava pelo nome. Ele reconheceu até mesmo Alexis em sua primeira visita em dezembro e ao Sr. Dulce Savinõn nas visitas subsequentes. O que havia criado algumas expectativas desproporcionais aos pais de Dulce, que pareciam convencidos de que Stephen iria voltar para trás de sua mesa no Savinon Financeiro em breve, latindo ordens e tomando decisões de negócios brilhantes sob pressão.
Seus pais continuaram a se apegar a essas expectativas irreais apesar do Dr. Fardesh e Rosa Gonzalez os advertirem quanto à improbabilidade monumental daquilo. Stephen precisava de supervisão e assistência, a fim de manter a sua higiene mais básica, continuava a se afastar de todos os estranhos e, normalmente, falava cerca de 50 palavras por dia, cumulativamente com o Dr. Fardesh e vários outros empregados em Evergreen Park com quem estava acostumado. Se alguém não colocasse uma bandeja de comida diretamente na frente dele e o incentivasse várias vezes a comer, Dulce tinha poucas dúvidas de que Stephen acabaria por morrer de fome se deixado a sua própria sorte.
Dulce apenas ignorava seus pais quando eles enalteciam as melhorias milagrosas de Stephen. Ela ainda estava furiosa com sua mãe pelo que havia feito na frente de Christopher em dezembro. Mas Dulcel estivera tão oprimida por seus próprios sentimentos de culpa, tristeza e desesperança quando fora ver Stephen que ainda não havia confrontado Alexis sobre seu dissimulado comportamento passivo-agressivo naquele dia.
E ela não havia visto Christopher desde que ele lançou-lhe um último olhar, incrédulo e furioso, antes de sair de seu apartamento.
Melhor não pensar nisso agora. Doía-lhe muito pensar em perder Christopher, quando ela havia acabado de encontrá-lo. E ela precisava de todos os seus recursos psicológicos para lidar com o que ocorria agora, ali no presente. Ela poderia se concentrar em apenas um passo de cada vez. Tinha que considerar Stephen, bem como o aumento do estresse e trabalho associados com a próxima exposição no museu. Além disso, ela recebeu a notificação de que poderia se mudar oficialmente para seu condomínio em três semanas e, assim, teve todo o planejamento associado a esse esforço enchendo seus dias.
Christopher tentou contatá-la em dezembro, depois do horrível incidente com Alexis, mas Dulce não havia retornado suas ligações. Talvez acreditasse que sua recusa em falar com ele sinalizasse culpa ou mesmo desinteresse, porque os telefonemas pararam. Assim como havia feito antes, no Outono, quando cuidadosamente evitou vê-lo. Ela havia começado a se perguntar se ele chegou a passar algum tempo em seu apartamento desde o Natal, porque raramente ouvia sua porta abrir ou fechar durante a noite ou pela manhã.
E ela havia escutado tão cuidadosamente todos os sons que indicavam sua presença. Enquanto estava deitada na cama, à noite, sozinha e infeliz, aquilo era praticamente tudo o que ela fazia.
Sempre que ela considerava o que devia fazer sobre Christopher, uma espécie de paralisia emocional a sobrepujava. Tudo o que podia fazer era se focar no agora, naquela etapa de sua vida. Se começasse a pensar no futuro tinha medo de perder o passo e cair por uma íngreme e traiçoeira escada emocional.
— Foi noite de cinema na noite passada, não é? — Dulce perguntou a Stephen quando ele se sentou desajeitadamente no sofá em frente a ela. Ela notou que ele olhou para Eli que estava no solário anexo. Dulce sabia que o que Rosa lhe dissera era verdade, Stephen era um homem adulto, não uma criança. No entanto, era isso o que ele lhe lembrava hoje enquanto afirmava para si mesmo que Eli, uma pessoa familiar e confortável, não havia ido para muito longe dele.
— Sim — ele murmurou enquanto tocava a perna da calça nervosamente.
— Foi bom? — Dulce perguntou calorosamente.
— Clint Eastwood.
Dulce permaneceu sentada quando Stephen se levantou e começou a andar sem parar na frente do sofá. Ela sentiu a tensão aumentar.
— Rosa ligou e me disse que você queria falar comigo sobre algo — Dulcel disse eventualmente.
Ela saltou quando Stephen, subitamente e com força, atingiu a própria coxa com o punho fechado. Seus movimentos se tornaram rápidos e seu ritmo acelerado.
— Stephen está tudo bem. — Sua voz automaticamente se transferiu para a calma, até mesmo ritmada, voz que ela sabia por experiência própria, que muitas vezes acalmava Stephen. Seu coração começou a soar alto em seus ouvidos. Como acontecera frequentemente no passado, quando seus esforços de acalmá-lo não funcionavam. Ela sabia, racionalmente, que desta vez era diferente. Stephen havia tido algumas melhoras significativas. Mas e se ele não tivesse? Ainda assim era difícil assegurar seu corpo disso quando ele já havia experimentado ameaças mortais em várias ocasiões. Os olhos de Dulce deslizaram ansiosamente para onde Eli estava, lendo uma revista no átrio.
Stephen começou a murmurar de forma alienada e insistente, enquanto andava. Os cabelos na parte de trás do pescoço de Dulce se arrepiaram quando ele, por fim, falou.
— ... Tive que fazer aquela reunião... Richard Marchant insistiu que tinha que ser eu... Não aceitou que Marietta a fizesse...
Autor(a): Thaaaay
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— Marietta? — Dulce perguntou, sua confusão crescendo. Marietta havia sido a gestora de Stephen na Chandler Financial há anos atrás. Parecia tão bizarro a Dulce ouvi-lo dizer o nome dela de repente.— ... Você estava toda chateada naquele dia... Sei que nós concordamos que eu levaria Michael à pré-escola ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 32
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vandira20 Postado em 18/03/2024 - 18:06:09
Ameiiii demais essa história ❤️
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stellabarcelos Postado em 21/09/2015 - 07:37:41
Fanfic maravilhosa, linda, incrível! Uma história de amor e dor! Amei! Parabéns!
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juhcunha Postado em 15/05/2015 - 20:20:20
ja acabou queria mais amei essa web ela e maravilhosa vc vai adaptar outros livros? se for posta os links aqui ta?!
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juhcunha Postado em 06/05/2015 - 23:36:17
posta mais
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juhcunha Postado em 23/04/2015 - 22:53:03
fique puta com ucker ele nao que escuta ela cara nao acredito que a dul vai aceita so sexo com ele eu madaria ele se fude cara mesmo se fosse que eu amo ta loca na aceitava uma merda dessa. Cara porque vc colocou a maite com a puta tinha que ser outra eu gosta da maite mais na web eu odiooooo!
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Anny Lemos Postado em 23/04/2015 - 16:59:32
Hey moça, tudo bom com você moça? Comigo ta moça. Moça gostei da capa da sua web, é do jeito das capas da WNV moça. Moça, continua logo viu moça. Ei moça, a senhora e lacradora em besha. Ei moça, a senhora troca divulgação? Moça tive um orgasmo só com o titulo da web viu moça. Moça a senhora deixe de safadeza, vou ali moça, gudy naite
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nessavondy Postado em 16/04/2015 - 13:00:42
Oieeee Affs dul nao vai falar pro Christopher nao? Ela tem que falar, pra eles voltarem E LOGOOOO CONTINUA
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dulamaucker95 Postado em 15/04/2015 - 17:41:45
Olá, acho que é a primeira vez que comento aqui, mas já tenho vindo a acompanhar essa fic desde o inicio. Bem, mas decidi comentar, porque está otima e acho que quem a posta deveria merecer reconhecer seu merito atraves de suas leitoras. (experiencia propria). Não sei qual é a dos pais de Dulce ao querer tomar as decisões dela e em insistir que ela deve estar junto a Stephen, mas ela já é uma mulherzinha e cara por o que to percebendo, ela sofreu muito, não só seu filho morreu como ainda teve que encarar a loucura de seu marido. Odeio a mãe de Dulce argh! Acho que Dulce devia contar tudo para Christopher, porque ela parece que gosta de sofrer, né porque assim ta dificil. Continua :)
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juhcunha Postado em 11/04/2015 - 23:34:56
Dulce corvade porque ela nao esplicou logo a cituaçao
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juhcunha Postado em 10/04/2015 - 23:09:56
a dul tem que contar a verdade paera o ucker logo