Fanfics Brasil - Capítulo 11 Amor e ódio

Fanfic: Amor e ódio | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner


Capítulo: Capítulo 11

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Novembro de 2006.


 


 


Os preparativos para o aniversário dos trigêmeos estavam a todo vapor. Fátima contratou um Buffet infantil e alguns animadores de festa. Realizaria um lanche vespertino em casa mesmo, apenas pra alguns coleguinhas da escola deles e amigos mais próximos. Seria no sábado a tarde e ela já acordou com a casa lotada de pessoas, instalando tendas e inflando o tobogã no jardim. Fátima sempre tomava frente de tudo quando se relacionava a sua casa e seus filhos, então a manhã passou voando. Ela ajudou a forrar as mesas, organizar enfeites e definir onde seriam pendurados os balões.


A comemoração estava marcada pras 16 horas. Quando ela se deu conta, já eram 15:30 e ela não estava pronta. Deixou os filhos arrumados, os empregados a postos e correu para o banho. Se maquiou de leve, vestiu uma calça branca justa e uma blusa amarela, amarrada no pescoço com as costas levemente expostas. Se olhou no espelho. Passou as mãos por entre os cabelos, virando as pontinhas pra fora com os dedos, na altura dos ombros. Girou o corpo e ficou de lado no espelho. A calça branca estava marcando demais as curvas do bumbum e das coxas. Ela pensou em trocar, mas se distraiu com o que ouviu a seguir.


O barulho do portão destravando ecoou, distante, mas suficientemente alto para que Fátima ouvisse. Ela franziu a testa, tentando supor qual convidado já havia chegado. Mas ouviu Laura gritar: “- Papai! Corre, vem ver meu bolo!” William. Ela sentiu um frio na barriga e, em cima dos saltos altos, correu até a sacada e esticou a cabeça pra ver lá embaixo discretamente. Viu William cumprimentar os filhos com um beijo na cabeça. Fátima deu dois passos pra trás e coçou a cabeça. Não sabia porque estava sentindo aquilo, eles já haviam combinado que William compareceria ao aniversário normalmente, como anfitrião. Afinal de contas, eles não eram um casal separado. Não aos olhos dos convidados que estariam presentes naquela tarde. Ela engoliu seco, voltou a se olhar no espelho. Checou se estava com a aparência apresentável. Sacudiu a cabeça e concluiu que precisava descer pra fiscalizar se estava tudo nos conformes. Logo os convidados começariam a chegar. Borrifou um pouco mais de perfume do que o de costume, involuntariamente. Ajeitou os seios no sutiã e o cabelo. Deslizou um lábio pelo outro e tratou de descer rapidamente.


 


William pisou na sala pela primeira vez, depois de três meses sem entrar naquela casa. Fitou cada canto dela, mas estava exatamente como ele havia visto pela última vez. Ao olhar para o sofá, lembrou-se da visão de Fátima aos prantos, enquanto ele saía com a mala da mudança. Dispersou essa lembrança horrível, de um dos piores dias de sua vida. Estava sendo puxado pelo braço por Beatriz, que o arrastava pra dentro de casa pra mostrar os presentes que já havia ganho. Ela estava abraçada a um enorme embrulho, assim como os dois irmãos, dados por William.


               - MAMÃE! Olha o tamanho da caixa do presente do papai! – ela berrou quando viu Fátima descer as escadas.


William ergueu os olhos e olhou pra ela. Sentiu sua boca secar ao vislumbrar o quanto estava linda. Ele não disfarçou ao fitar o corpo dela, subindo os olhos até encontrar o rosto dela. Fátima cruzou o olhar com o dele e ficaram por alguns segundos se olhando. Ela desviou o foco pra filha, acariciou a cabeça dela e disse:


                - Olha só, que presentão! Abre pra gente ver o que é? – ela sorriu.


Todos apoiaram os embrulhos no sofá e rasgaram as embalagens ferozmente. Enquanto as crianças estava distraídas, William caminhou até Fátima, com o semblante sério, sem parar de olhar pra ela.


                - É... eu vim um pouco mais cedo, antes que chegasse alguém. – ele disse em voz baixa.


Ela concordou com a cabeça.


                - Ótimo, fez bem. Melhor assim.


Um clima pairava entre os dois, mas nenhum deles conseguia descrever exatamente como era. Era um misto de cerimônia com mágoa, saudade e muito frio na barriga. Era visível que ambos estavam trêmulos e desconcertados. Fátima engolia seco o tempo todo perto dele. E William não conseguia tirar os olhos dela.


                - Você... quer que eu ajude com algo? Está tudo sob controle? – ele questionou.


                - Não, tudo certo. Obrigada.


Ele concordou com a cabeça. Foram interrompidos pelas vozes dos filhos.


                - Minha Minnie com os braços articulados! Não acredito, papai! – Laura estava eufórica.           


                - E como que fala pro papai? – Fátima corrigiu.


                - Obrigada!


                - Isso mesmo. – Fátima sorriu e olhou pra William.


Ele estava com o semblante mais tranqüilo, mas aquele cara de quem estava engolindo-a com os olhos tirava o sossego de Fátima. Ele sabia muito bem desestabilizá-la. Sabia que ela tinha um fraco por aquela cara de safado que só ele sabia fazer. O interfone tocou e foi o pretexto perfeito pra Fátima sair daquela situação constrangedora com ele. Ela caminhou até a varanda e saiu para o jardim, deixando-o com os três aniversariantes destruindo embrulhos na sala. Tomou um ar, respirou fundo e pensou consigo mesma: “Controle-se, Fátima. Controle-se.


 


 


***


 


 


                Cerca de quarenta crianças corriam e pulavam incansavelmente no jardim. Alguns estavam na fila do pula-pula, outros brincavam de pega-pega em uma distância segura da piscina. Os adultos estavam sentados nas mesas conversando despretensiosamente, enquanto cerca de 10 garçons circulavam ao redor, servindo comidas e bebidas. Fátima estava sentada numa mesa, cercada de amigas e mães dos colegas dos filhos. Pouco a frente da mesa, William estava em pé, com três pais de crianças, os únicos que estavam presentes nas festinhas. O clima era bem tranqüilo e em nenhum momento, passaram por alguma situação embaraçosa. E quanto mais se aproximava do escurecer, mais a vontade todos se sentiam.


Por volta de oito da noite, algumas poucas pessoas já haviam ido embora, mas a festa ainda estava cheia. Fátima pediu licença aos convidados e foi até a despensa da casa, pegar mais alguns copos coloridos descartáveis, ao notar que todos os que estavam nas mesas já estavam sujos. Ela atravessou a cozinha e entrou na ampla despensa que ficava nos fundos da casa. Correu os olhos pelas prateleiras, à procura da embalagem plástica de copos. Encontrou-os ao lado do freezer vertical e se apressou em pegá-los. Ouviu a porta do cômodo abrir atrás de si e se virou de repente, pensando ser alguém do Buffet. Deixou os copos caírem de susto ao ver que era William.


                - Opa, eu... eu vim pegar gelo no freezer. Não sabia que você estava aqui. – ele ficou imóvel, olhando pra ela.


Fátima ficou meio sem reação, não sabia exatamente o que dizer ou fazer.


                - Tá, pode... pegar aí... o quanto precisar. Comprei bastante. – ela disse, gaguejando.


William se aproximou dela, até mais do que ela esperava. Repousou a mão no puxador da porta do freezer e hesitou em abri-lo. Girou o pescoço e olhou pra Fátima, que estava parada ao lado dele, reunindo copos de cores alternadas. Fátima quase pôde sentir a respiração dele na lateral de seu rosto. Tremia as mãos, tensa, mas tentava disfarçar, jogando dentro de uma sacola pequenas pilhas de copos.


                O cheiro dela exalava, desestruturando completamente William. De frente pra geladeira fechada, ele fechou os olhos, tentando desesperadamente conter o ímpeto de agarrá-la. Foi interrompido pela voz de Fátima.


                - Tem certeza que não sabia que eu estava aqui? – ela olhou pra ele, com o olhar fuzilando-o.


William correspondeu.


                - O quê? Acha que eu vim aqui de propósito pra ficar sozinho com você?


                - Acho.


                - É? Pra quê, pra tentar te agarrar no meio dessas prateleiras abarrotadas?


                - Olha aqui, William... – ele a interrompeu. Jogou o corpo pra cima do dela, espremendo-a entre ele e a beirada da prateleira. Deslizou a mão pela lateral do corpo dela, escorregou até as costas e subiu até a nuca. Fátima ofegava, imóvel. Mesmo de salto alto, a ponta do nariz dela quase se encostava no queixo de William, tamanha era a proximidade entre os dois. Sentir o corpo dele se encostando nela daquela forma paralisou todos os movimentos e reações de Fátima. O cheiro de seu perfume, misturado com o gel pós barba que ela conhecia muitíssimo bem viraram uma combinação entorpecente. O hálito dele era quente e tinha um leve cheiro do whisky que ele estava tomando. Ele inclinou o rosto e sussurrou no ouvido dela. Fátima fechou os olhos pra ouvir.


                - Acha que preciso de pretexto pra fazer o que mais tenho vontade? – ele encostou o lábio na orelha dela e lambeu de leve.


                - Tira a mão de mim. Agora.


Ele olhou pra ela, quase encostando a boca na dela.


                - É o que você quer que eu faça? Não parece.


Fátima ergueu as mãos e as levou até o rosto. Esfregou a testa, posicionou as duas mãos no peito dele e o empurrou pra trás.


                - Nunca mais faça isso. NUNCA MAIS. – ela foi enfática, mas disse em voz baixa para que ninguém ouvisse. Agarrou a sacola e virou-se pra sair da despensa.


William a segurou pelo braço.


                - Fátima... não faça isso com você. Não faça isso com a gente. Eu não precisaria te conhecer bem pra saber o quanto você sente saudade.


                - Saudade de você? – ela franziu a testa, como se ouvisse uma barbaridade. Mas sabia que era verdade, no íntimo.


                - De mim. De nós dois. De tudo que... você sabe.


Fátima soltou um sorriso irônico.


                - Pega leve com esse whisky, William. – ela deu mais dois passos em direção a porta e ele segurou-a novamente.


                - O quê? Você acha que eu estou bêbado? Eu nunca estive tão lúcido em toda a minha vida.


Fátima sentiu o sangue subir-lhe na cabeça.


                - É mesmo? Então vou aproveitar sua lucidez pra refrescar sua memória. Isso que você diz que eu “estou fazendo com a gente” é tudo culpa sua. Essa situação patética de fingirmos que estamos na mais perfeita paz na frente dos nossos amigos também. As minhas mentiras pros nossos filhos, tentando tapar o sol com a peneira e não contar a eles a verdade, também é culpa EXCLUSIVA sua. Culpa da sua falta de lucidez nos momentos em que você precisava ter. Ficou claro?


William coçou a cabeça.


                - Adianta eu discutir e argumentar?


                - Não, não adianta. E eu repito: me agarrar, tentando fazer com que eu caia na tentação NÃO vai funcionar. Solta meu braço. Agora.


William abaixou a cabeça e soltou lentamente o punho dela. Quando percebe que ela se desvencilha dele, em uma atitude desesperada, ele a puxa pela cintura e cola o corpo de Fátima no dele novamente. Sabia que devia ser rápido, ela estava irada e o impediria de fazer qualquer coisa que ele tentasse.


                - Shhhh, me ouça. – ele tentou reprimir a fala dela.


                - Me solta.


                - Não! Isso não é uma tentativa de reaver a nossa relação. É só um ímpeto que eu simplesmente não consigo controlar... – ele pausou e abaixou a cabeça. – Eu estou enlouquecendo de saudade de você. Cada dia que passa piora e... sentir seu cheiro, estar perto de você me ajuda a... suportar. Sei que pensa muito em mim também. Sei que morre de saudades, como eu. Dá pra ver nos seus olhos e na sua expressão, sempre que estamos perto um do outro. Você não consegue negar, não é? – ele olhou no fundo dos olhos dela.


Fátima se soltou dele novamente, sem precisar empurrá-lo. Sacudiu a cabeça, sem dizer nada, com os olhos marejados. Respirou fundo, enxugou os olhos, virou as costas e saiu da despensa, tentando se livrar o quanto antes daquela situação. Bateu a porta e deixou William lá dentro, sozinho. Calmamente, ele abriu o freezer e jogou em um balde várias pedras de gelo. Em sua cabeça, se passava milhares de coisas. De alguma forma, seu coração estava em paz. Ele conseguia sentir a pele da nuca dela arrepiada na palma de sua mão e a bochecha dela encostada na sua enquanto ele cochichava no ouvido dela. Ainda sentia o coração disparado e um ligeiro suor nas mãos. Foi importante pra ele dizer tudo aquilo a ela. Sabia perfeitamente que mexeu com ela, saber que Fátima ainda o desejava o consolava absurdamente. O maior medo de William era pensar que ela pudesse esquecê-lo. Já haviam se passado três meses, ele não suportaria pensar que ela não sentia mais saudade. Uma situação como aquela deixava claro a ele que sim, ela ainda o amava. Enquanto houvesse amor entre os dois, nada estava perdido.


             



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Autor(a): bonemerlove

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 67



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  • Uma_fã Postado em 16/12/2016 - 20:50:43

    Adorei seu estilo de escrever,q pena q não finalizou,mas se ainda tiver acesso,finaliza,pfv. Parabéns

  • neucj Postado em 14/03/2016 - 20:55:37

    Quero o último cap da fic....

  • babi15 Postado em 03/02/2016 - 20:21:30

    Esperando deitada o ultimo cap de uma das melhores fic do casal. Ja li outras fics dessa autora e ela escreve mto bem .Parabens

  • neucj Postado em 21/01/2016 - 11:07:48

    Desistiu de postar o último cap???

  • puff Postado em 06/07/2015 - 09:13:36

    Nao vai mais postar?

  • Julie_ Postado em 11/06/2015 - 15:01:05

    Leitora nova *---* Cnt

  • jurb Postado em 09/06/2015 - 18:57:39

    Lindo DEMAIS esse capítulo! Sem palavras...

  • puff Postado em 09/06/2015 - 17:39:15

    Meu deus que lindooo ameiii pena q esta no fim, vc escreve muito bem

  • bia_jaco Postado em 09/06/2015 - 17:35:00

    Ehhhhhhhh capítulo lindo!!Bom demais ver eles juntos de novo <3 amei amei

  • bia_jaco Postado em 28/05/2015 - 17:36:58

    Coisa lindaaaaaaaaa!!!Amei o capítulo,tão perfeito esses dois *___*


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