Fanfics Brasil - Capítulo 12 Amor e ódio

Fanfic: Amor e ódio | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner


Capítulo: Capítulo 12

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                Fátima entrou no quarto quase rastejando de cansaço. A festa havia acabado há pouco e ela estava exausta. Precisou esperar que os fornecedores retirassem mesas, brinquedos infláveis e tendas. Depois, arrastou as crianças que estavam desmaiadas de sono no sofá, para seus respectivos quartos. Enfiá-los no chuveiro àquela hora seria praticamente impossível. Ela tirou apenas os sapatos de cada um e deixou que dormissem sujos e suados. Finalmente em seu quarto, ela arrancou as sandálias com os pés já inchados e avermelhados. Quase não conseguiu resistir a tentação de se jogar na cama, mas optou por prorrogar um pouco mais seu descanso e tomar um banho relaxante antes de dormir. Entrou no chuveiro com os cabelos presos no topo de cabeça. Deixou que a água escorresse pelos ombros e pescoço, que era onde ela sentia o corpo mais dolorido. Aquela seria a oportunidade perfeita de ganhar uma massagem. Riu de si própria. “Massagem de quem, Fátima?”, pensou. Se enxugou, escovou os dentes rapidamente e caiu na cama. Apagou as luzes e ficou olhando para o teto, com a casa completamente em silêncio. Pensou nele. Pensou naqueles três meses que sequer tocou nele novamente. Sentiu seu coração disparar só de se lembrar. Na mesma proporção que sentia um ódio imenso dele pela ousadia de agarrá-la daquela forma, precisava confessar pra si mesma que gostou. Gostou e queria sentir de novo, só mais uma vez a boca dele tão próxima da sua. Fechou os olhos, reprimindo a si mesma e a seus próprios sentimentos. Olhou no relógio. Meia noite e quinze. Chegou a pegar o celular e ensaiar a discagem dos números dele. Uma crise de consciência tomou conta dela e ela abandonou o telefone na mesa de cabeceira. “Você está louca. Não vai ligar pra ele, jamais!”, bronqueou sua consciência. Ela girou a cabeça pro lado. Olhou pro travesseiro de William, que permanecia na cama no mesmo lugar de sempre. Mas agora, a fronha já tinha sido lavada diversas vezes e o cheiro dele se dissipou. Fátima saltou da cama e foi até o closet. Abriu o guarda-roupa de William. Haviam muitas camisas antigas penduradas, alguns blazers e casacos. Ele tinha roupas demais. Nos primeiros dias separada dele, Fátima quis doar todas, só queria desaparecer com aquelas peças. Mas acabou mudando de idéia e, naquela noite, agradeceu a si mesma por ter mantido as roupas dele intactas. Pegou um moletom surrado que ele usava bastante. Esticou a peça em sua frente e a levou até o nariz, inspirando profundamente o cheiro dele. Sentiu brotar uma lágrima nos olhos, mas dispersou rapidamente e voltou pra cama, com o moletom na mão. Acomodou-se por debaixo do edredom e posicionou o moletom por cima do travesseiro de William. Se sentiu ridícula por isso, mas não hesitou em abraçar o travesseiro e dormir emaranhada a ele.


 


 


***


 


 


                A semana que se seguiu estava sendo extremamente cansativa e corrida na redação.  Na quarta-feira, Fátima precisou chegar mais cedo no trabalho, tamanho era o turbilhão de acontecimentos e, com eles, um montante de trabalho que se acumulou.


                Nos primeiros dias daquela semana, ela mal viu William. Os poucos momentos em que esteve com ele, ela estava com a cabeça tão atarantada de problemas do trabalho que não teve espaço pra sentir nada relacionado ao âmbito pessoal, que também estava tão abalado.


                A maratona de trabalho finalmente terminou naquela quarta-feira com o letreiro luminoso de “NO AR” desligando-se na frente de Fátima. Ela retirou seu microfone cuidadosamente, levantou-se da cadeira reunindo seus pertences rapidamente. Passou a mão nos cabelos e caminhou pra fora do estúdio. William permaneceu lá terminando de se organizar. Fátima desceu pro camarim, se trocou, certificou-se de que estava finalizado o trabalho daquele dia, agarrou a bolsa pela alça e atravessou a redação em direção à saída. Despediu-se dos colegas que ainda restaram, como fazia diariamente. No caminho para o estacionamento, olhou no relógio e conferiu que horas eram. Aproveitou pra ligar pra casa e saber sobre as crianças. Estava com uma fina dor de cabeça, que ela atribuía ao cansaço e a absoluta carência afetiva. Parada no elevador, torceu o pescoço em 360° graus e estalou as costas. Cruzou com alguns conhecidos ao caminhar até seu carro. Atirou a bolsa no banco do passageiro e deu partida, aliviada por estar finalmente indo pra casa.


                Pegou o percurso que estava acostumada a usar sempre. Logo a frente, se deparou com um acidente de trânsito, que praticamente fechou o fluxo de carros. Uma fila imensa de veículos aguardava o descongestionamento. Os motoristas esperavam fora do carro, o que demonstrava a grande demora que seria aquela espera. Fátima deslizou os dedos por entre os cabelos, maquinando uma forma de se desvencilhar daquela tortura, estava cansada e estressada demais pra enfrentar aquele caos. Lembrou-se de um atalho que William usou algumas vezes quando caiu em um trânsito parado naquela mesma avenida. Não sabia exatamente que rua precisaria virar pra acessar esse caminho alternativo, fez um esforço pra lembrar-se de algum ponto de referência. Pegou a faixa da direita e deu uma guinada no volante, acessando uma rua estreita e escura. Fátima temeu que tivesse errado o caminho, não conseguia reconhecer as ruas em que estava passando. Principalmente porque estavam com o asfalto muito danificado, cheio de imensos buracos que ela precisava desviar. Mas de repente, atordoada com o lugar desconhecido, acabou estourando um pneu na quina de uma cratera. Ouviu o estrondo e o carro começou a mastigar. Ela franziu a testa estranhando o barulho e encostou o carro. Notou que a rua estava escura e completamente deserta. Desceu correndo, achando que havia algo grudado nas rodas do carro. Quase não acreditou quando viu o pneu furado, completamente murcho. Tapou a testa com as mãos, sentindo uma vontade imensa de chorar de raiva. Respirou fundo imediatamente, não podia ficar naquela rua escura sozinha aquela hora da noite. Tentou manter o controle e raciocinou. Nunca tinha trocado um pneu na vida, mas, afinal, tudo tinha uma primeira vez. Recapitulou mentalmente tudo o que sabia sobre trocar pneus. “Primeiro passo: o estepe.”, pensou. Destravou o porta-malas, levantou as camadas de carpete que protegiam o pneu reserva e encontrou-o, em perfeito estado, parafusado no assoalho do carro. Avaliou como iria tirá-lo de lá, com tantos parafusos. Percebeu que eram duros demais pra tirar com as mãos, então procurou alguma ferramenta que auxiliasse-a. Olhava para os lados o tempo todo, com medo de sofrer um assalto ou uma abordagem. Estremecia quando passava por ela alguma moto ou carro. Não conseguiu encontrar uma caixa de ferramentas e nem alguma chave de fenda para desatarraxar os parafusos. Tentou novamente forçá-los com a mão, mas estavam muito apertados, não iria conseguir. Coçou a cabeça, desorientada e correu pra dentro do carro novamente. Trancou as portas e deitou a cabeça no volante, sentindo ódio de si mesma por ter entrado naquela ruela esburacada. Mas procurou agir rápido, precisava sair dali logo. Teve a idéia de ligar para a seguradora do carro. Catou o celular dentro da bolsa, mas pensou melhor. Não iria acionar o seguro por causa de um pneu furado, fora que eles demorariam muito e ela não podia esperar. Concluiu que só restou a ela uma única opção. William. Esfregou o rosto, nervosa por ter que ligar pra ele. Mas tratou de engolir o orgulho e discou os números dele rapidamente. Dois toques e finalmente a voz dele, em um tom preocupado.


                - Alô?


Fátima engole seco e responde.


                - William...


                - Oi? O que houve? Está tudo bem? – era impressionante como ele sabia conhecê-la pelo tom de voz.


                - É... não. Na verdade, está sim, é que... Meu pneu furou. E eu estou sozinha numa rua deserta e escura, sem conseguir fazer nada. Estou desesperada, pelo amor de Deus, me ajuda. Liga pro socorro, preciso sair daqui. Não tem nenhum posto de gasolina aqui perto, pelo que estou vendo e... – ela falava descompassadamente.


                - Fátima, calma. Onde exatamente você está? Consegue saber o nome da rua?


                - Não, é... Espera, eu vou tentar andar mais um pouco com o carro até o próximo poste. – ela deu partida e lentamente, se deslocou pra frente, tentando ler no poste a placa. William aguardou em silêncio no telefone. – Consegui! Rua Quinze, fica pouco antes da entrada do túnel.


                - Tá, eu... eu estou indo pra aí.


                - Onde você está?


                - No caminho pra casa, mas já peguei o retorno e estou voltando.


                - Se você não conseguir encontrar a rua, me liga, eu... – ele a interrompeu.


                - Não se preocupe, eu me viro, eu te acho. Feche os vidros e trave as portas, se você notar algo suspeito, dê partida e vá embora até encontrar algum movimento, qualquer coisa, mas saia daí imediatamente. Não se preocupe com o pneu. Tá bom? Eu estou chegando.


                - Tá, tá bom. – ela desligou aliviada.


Certificou-se de que as portas estavam trancadas e correu os olhos freneticamente por toda a rua. Mentalmente, torceu pra que William estivesse por perto e não demorasse a chegar.


                Pareceu ter se passado três horas, mas na verdade foram apenas vinte minutos. Um farol apontou no retrovisor de Fátima e veio em direção a ela. Demorou alguns segundos pra ela ter certeza de que era o carro de William. Ele encostou atrás dela e desceu do carro, caminhando pela rua ao invés de subir na calçada. Fátima desceu em seguida e ficou de frente pra ele.


                - Eu vim o mais rápido que pude, mas deu trabalho pra achar essa rua. Como você veio parar aqui? – ele questionou.


                - Eu tentei atalhar por um caminho que você fez uma vez. O túnel estava engarrafado e eu pensei que seria melhor, nossa... que arrependimento! – ela sacudiu a cabeça.


                - Nossa, meu atalho é umas cinco quadras pra trás daqui. – ele olhou ao redor. – Que lugar estranho! Vá, destrave o porta-malas, eu vou pegar o estepe.


Fátima correu até o painel do carro e apertou do botão, dando um solavanco na tampa do bagageiro do carro. William abriu, retirou de um canto bem embutido, três ferramentas dentro de um saco de tecido preto. Soltou um por um dos parafusos e arrancou a roda de lá. Fátima observava, em silêncio. Ele levou o pneu até a frente, rodando-o e apoiando-o na lataria do carro. Voltou ao porta-malas, pegou o macaco e a chave de roda, abaixou-se e manuseou, como se tivesse total conhecimento do que estava fazendo.


                - Eu não consegui tirar nem o estepe do carro. – Fátima comentou, em pé ao lado dele enquanto observava-o girar os parafusos. William riu.


                - Normal... Acho que você nunca precisou trocar um pneu na vida, né? – ele sorriu pra ela.


                - É, não... Eu sei mais ou menos o que precisa ser feito, mas é muito difícil! Eu não consegui encontrar aquele saco de ferramentas.


                - É, é bem braçal. – ele se concentrou em finalizar seu “trabalho”.


Minutos depois, levantou-se, ficando de pé ao lado dela. Bateu uma mão na outra, tirando o excesso de poeira preta. Juntou as ferramentas que usou e foi até o porta-malas guardar tudo. Fátima o seguiu, em silêncio. Começou a sentir o famoso tremor, que nos últimos meses, ela conhecia bem. Sentia aquilo sempre que estava sozinha com ele. Ela ficou observando-o enquanto ele guardava tudo, cuidadosamente. Ele parecia ainda mais lindo do que de costume, mesmo depois de um dia exaustivo de trabalho. Subitamente, ela sentiu vontade de ir pra casa com ele e, depois de um banho relaxante, deitar a cabeça em seu peito e fazer amor com ele. Fátima sacudiu a cabeça, dispersando aquele pensamento. O medo que ela sentia de estar naquele fim de mundo escuro e ermo, parecia ter passado a partir do momento em que ela avistou o farol do carro de William se aproximando. Ela continuava tendo a íntima sensação de que ao lado dele, nada de mal poderia lhe acontecer. O devaneio de Fátima foi interrompido pela voz dele.


                - Você me deixou preocupado. Fiquei desesperado quando me ligou dizendo que estava sozinha num lugar deserto.


Fátima abaixou a cabeça.


                - Desculpe por ter te feito desviar do seu caminho. Sei o quanto está exausto, se não fosse por você eu passaria a noite aqui, eu acho... – Fátima disse, desviando o olhar.


                - Você não precisa se desculpar.


                - Mas preciso agradecer. Muito obrigada por ter me ajudado. De verdade. – ela ergueu a cabeça e se arrepiou ao ver que William fitava-a com um olhar penetrante.


                - Fiquei feliz que você tenha me ligado. Isso significa que você sabe que eu jamais vou te deixar desamparada. Eu não suportaria que algo de ruim acontecesse com você. – ele disse olhando nos olhos dela.


Desconcertada, Fátima abaixou a cabeça pra fugir do embaraço que tomou conta dela. Sentia seu corpo formigar e não sabia explicar nem pra si mesma o motivo. Percebeu que William ofegava de leve. Não teve tempo de reagir, simplesmente sentiu que ele tomou um impulso pra frente, pressionando o corpo dele contra o dela no vidro traseiro do carro. Fátima olhou pra ele e o viu morder na lateral do lábio inferior, sem tirar os olhos da boca dela, com aquela cara que ela conhecia bem. Ela não conseguiu reagir, parecia atada. Sem pensar duas vezes, William beijou Fátima, no meio da rua. E já se preparou para sofrer um empurrão, seguido de uma série de desaforos que ela com certeza diria a ele. Mas a sua surpresa foi a melhor possível ao sentir que ela correspondeu ao beijo. De olhos fechados, ele repousou a mão na lateral do quadril dela e o apertou com força, demonstrando que estava excitado. Fátima permaneceu encostada no vidro, saboreando pela primeira vez em todo aquele tempo, o gosto da boca dele e a sensação de beijar William novamente. Ela esqueceu completamente que estava no meio da rua e se entregou àquele beijo. Sentiu o calor do corpo dele pressionando-a contra o carro e a mão dele deslizando por suas costas até a nuca. Se beijaram por alguns segundos, até que William se desvencilhou lentamente. Ele olhou pra Fátima, com os lábios manchados com o batom dela. Ela permaneceu imóvel, parecia anestesiada.


                - Vá descansar. – disse sussurrando e acariciando o rosto dela.


Antes que ela pudesse tomar consciência, William deu dois passos pra trás, tirou a chave do carro do bolso e caminhou em direção a ele . Fátima se desencostou da lataria e sacudiu a cabeça, sem saber nem o que pensar. Entrou no carro com as mãos trêmulas e um leve suor na nuca. Viu que William piscou o farol pra ela, indicando pra que ela arrancasse com o carro e saísse logo dali. Fátima deu partida prontamente e foi embora, vendo pelo retrovisor que ele saiu logo atrás.Não conseguia acreditar no que acabara de acontecer. Ela cometeu o despautério de permitir que William a beijasse. Não se opôs, não reagiu. Pior que isso, ela havia gostado com tal intensidade que não se arrependia. Sua razão dizia a ela: “Você enlouqueceu? Ele te traiu!”, mas seu coração insistia em não aceitar tal fato. Confusa, ela dirigia pra casa completamente avessa ao trânsito, a cabeça estava em William. Não sabia o que pensar, muito menos entendia o que estava acontecendo com ela mesma. Não reconhecia mais a Fátima durona e firme em sua posição de jamais abrir uma brecha pra que William invadisse novamente seu coração. “Mas ele nem chegou a sair...”, questionou a si mesma. A medida em que o tempo passava, ela sentia que ficava ainda mais difícil suportar a saudade e a falta da presença constante dele. Sentiu uma lágrima escorrer pelos olhos, ao mesmo tempo em que se sentiu uma adolescente boba, mal resolvida e confusa. Enxugou a lágrima e tentou apagar William de sua memória, pelo menos naquele momento. A única coisa que gostaria era de chegar em casa e, finalmente, descansar daquele dia exaustivo e turbulento, em sua cabeça e em seu coração. 



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Autor(a): bonemerlove

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 67



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  • Uma_fã Postado em 16/12/2016 - 20:50:43

    Adorei seu estilo de escrever,q pena q não finalizou,mas se ainda tiver acesso,finaliza,pfv. Parabéns

  • neucj Postado em 14/03/2016 - 20:55:37

    Quero o último cap da fic....

  • babi15 Postado em 03/02/2016 - 20:21:30

    Esperando deitada o ultimo cap de uma das melhores fic do casal. Ja li outras fics dessa autora e ela escreve mto bem .Parabens

  • neucj Postado em 21/01/2016 - 11:07:48

    Desistiu de postar o último cap???

  • puff Postado em 06/07/2015 - 09:13:36

    Nao vai mais postar?

  • Julie_ Postado em 11/06/2015 - 15:01:05

    Leitora nova *---* Cnt

  • jurb Postado em 09/06/2015 - 18:57:39

    Lindo DEMAIS esse capítulo! Sem palavras...

  • puff Postado em 09/06/2015 - 17:39:15

    Meu deus que lindooo ameiii pena q esta no fim, vc escreve muito bem

  • bia_jaco Postado em 09/06/2015 - 17:35:00

    Ehhhhhhhh capítulo lindo!!Bom demais ver eles juntos de novo <3 amei amei

  • bia_jaco Postado em 28/05/2015 - 17:36:58

    Coisa lindaaaaaaaaa!!!Amei o capítulo,tão perfeito esses dois *___*


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