Fanfics Brasil - Capítulo 15 Amor e ódio

Fanfic: Amor e ódio | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner


Capítulo: Capítulo 15

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Fátima dirigiu pra casa soluçando. A cabeça girava a mil por hora e ela mal conseguia prestar atenção no trânsito. A rua estava vazia por ser um domingo de manhã. Ela estava exausta e não conseguia definir o quanto estava despedaçada por dentro. Se fechasse os olhos, ainda conseguia sentir a língua de William deslizando pela sua barriga e seus seios. O cheiro dele parecia estar impregnado no corpo, no cabelo e nas roupas de Fátima. Atordoada, ela esfregou o rosto várias vezes, tentando colocar sua cabeça no lugar, sem conseguir. Estacionou na garagem de casa. Ficou parada por alguns segundos, olhando a piscina e o jardim. Tudo naquela casa foi planejado por anos pelos dois. Sonharam com uma casa grande, crianças e cachorros correndo, repleta de muita felicidade e boas lembranças. Ela achou que duraria pra sempre. Doía muito a sensação de que não usufruiria de tudo aquilo ao lado dele. Não mais. Olhou no relógio do painel do carro e se deu conta que precisava saber notícias dos filhos. Ouvir a voz deles faria toda a diferença naquele momento, acalentaria seu coração arrasado. Desceu do carro e entrou em casa com os sapatos na mão. Nem olhou ao redor, apenas subiu as escadas lentamente. Entrou no quarto do casal sozinha. Jogou a bolsa na cadeira de sempre e procurou não pensar muito. Sentou-se na beirada da cama e pegou o telefone na mesa de cabeceira. Discou os números da casa do coleguinha dos filhos, onde eles haviam dormido. A mãe deles atendeu e ela tentou disfarçar a voz fanha e ligeiramente rouca. Tentou agir naturalmente e foi informada de que as crianças ainda estavam dormindo.


- Nossa, será que eu liguei tão cedo assim? – disse Fátima, olhando novamente no relógio.


- Imagina, é porque a farra deles foi boa mesmo! Comeram mini-pizzas, jogaram jogo de tabuleiro, assistiram filmes e depois tive que obrigar todo mundo a dormir, senão provavelmente ficariam acordados a madrugada toda! – ela riu.


                - Eles se comportaram? Sem reclamações?


                - Claro! Fátima, eles são ótimos, muito educados e tranqüilos. Não se preocupe.


Fátima esboçou um sorriso forçado.


                - Que bom. Eu queria falar com eles, mas se estão dormindo, tudo bem... Não precisa acordá-los só por isso. Só estou pensando aqui que por volta de onze horas, o pai deles vai buscá-los pra almoçar. Será que eles acordam até lá?


                - Eu acordo eles, se necessário, fique tranqüila!


Fátima agradeceu e tratou de desligar, encerrando qualquer tipo de tentativa de bate-papo pelo telefone. Não estava com cabeça pra isso. Tomou um banho quente revigorante. Precisava desesperadamente descansar, o corpo e a cabeça. As crianças passariam a tarde com William, chegariam tarde o suficiente pra Fátima conseguir dormir e, na medida do possível, reorganizar suas idéias pra encarar aquela nova semana que vinha pela frente.


 


 


***


 


 


                A segunda-feira chegou. Fátima desceu do carro no estacionamento da redação com as mãos levemente trêmulas. Lembrou-se do primeiro dia de trabalho depois do rompimento com William, a sensação era extremamente parecida. Não sabia se estava preparada para vê-lo. Era uma bobagem, os dois trabalhavam juntos e tinham três filhos em comum, mas as coisas pareciam piorar cada vez mais no coração de Fátima. Tensa, ela empurrou a porta de vidro e caminhou por entre as mesas. Olhou de relance pelo vidro da sala dele e ele estava de costas na cadeira, consultando alguns papéis. Fátima foi até a própria sala, deixou a bolsa no armário do fundo, pegou o caderno de anotações e seguiu pra reunião, onde teria que vê-lo, inevitavelmente. Agradeceu mentalmente por esse reencontro acontecer na presença de outros colegas, assim o clima pesado não seria tão constrangedor. Ela caminhou até o exterior da sua sala, mas sua surpresa foi tamanha que William estava saindo da sala dele, que era ao lado da dela, no exato momento. Os dois se olharam assustados. Fátima percebeu nos olhos dele que ele estremeceu ao vê-la. Mas imediatamente, um olhar gélido e com uma certa carga de rancor tomou conta dos olhos dele. Era como se ele tivesse montado uma armadura pra encará-la, a partir de então. William assentiu com a cabeça, cumprimentando-a com a voz mais fria que Fátima já ouviu dele.


                - Boa tarde.


Ele fechou a porta da sala e saiu caminhando, sem olhar pra trás. Aquelas duas palavras inofensivas, mas ditas da forma que William disse, foram como uma facada no peito de Fátima. Doeu muito a frieza e a sensação de distanciamento com a qual ele a tratou. “Mas o que você esperava, Fátima?”, ela pensou. Disfarçou que estava lendo suas anotações no caderno, mas na verdade estava tentando juntar coragem e força pra ir até aquela reunião. Mas não podia deixar que seus problemas pessoais tirassem seu foco de algo que ela prezava muito: seu trabalho. Respirou fundo e marchou até a sala de reunião. Seria mais uma longa e atribulada semana de trabalho.


 


 


***


 


 


                Era quase noite, mas, diferentemente de qualquer outro local de trabalho, o anoitecer não fazia com que o movimento e o volume de trabalho diminuísse. Era justamente naquele horário que a redação estava a todo vapor.


                Dias se passaram desde aquela manhã de segunda-feira, na qual Fátima e William se esbarraram pela primeira vez após aquela traumática conversa. As coisas não mudaram absolutamente nada entre eles, até então. Se falavam menos do que antes. A cabeça de Fátima estava a mil pensando nas férias. Ela e William sempre tiravam férias no mesmo período e viajavam com as crianças. Naquele ano, ela não fazia idéia de como seria e torcia pra que os filhos não perguntassem sobre esse assunto, ela não saberia responder. Precisava tomar partido sobre esse rompimento, abrir o jogo para eles de que o papai e a mamãe estavam se separando definitivamente e parar de tentar tapar o sol com a peneira. Mas algo ainda não se encaixava na cabeça de Fátima, ela parecia não estar preparada pra colocar um ponto final naquela relação. Muitas coisas ainda estavam mal explicadas, muitas pontas que não se fechavam. Lembrava-se frequentemente das palavras da mãe: “Investigue, faça o possível pra saber a verdade, não deixe seu casamento acabar assim...”. Ela sabia que esse seria o certo, mas por mais que ela tentasse, não conseguia achar brechas sobre uma possível amante de William. Tentava arrancar, de forma sutil, alguma informação das crianças quando elas saíam com ele, mas ele estava sempre sozinho, nunca mencionava mulher alguma e nem deixava rastros. Ela sempre rezava para que uma força divina enviasse algum sinal a ela, qualquer coisa que pudesse mostrar a ela se estava certa ou errada, mas nada acontecia. Naquela quarta-feira, isso mudou.


 


                Fátima descia as escadas, se deslocando até o banheiro que servia à toda a redação. Era grande, com vários sanitários, então todos os colegas usavam-no unicamente. Ela cruzou o corredor e encontrou uma faixa de interdição. Franziu a testa e correu os olhos ao redor, tentando entender o que estava acontecendo, já que o banheiro estava vazio. Uma simpática faxineira passou por ela, por coincidência.


                - Dona Francisca, a senhora sabe porque esse banheiro está interditado? O que houve?


                - Ih Fátima, estourou um encanamento aí e desligaram o registro. Inclusive os banheiros dos camarins também estão sem água. O rapaz estava vindo consertar, mas ainda não chegou.


Fátima coçou a cabeça.


                - Nossa, que confusão, hein? Eu vou naquele do corredor mesmo, então...


                - Não, quer um conselho? Todos aqui da redação estão usando ele, eu acabei de sair de lá e está um pouco sujo... Aqui perto da entrada do estacionamento tem um que quase ninguém usa, ele é ótimo porque está sempre limpo. Se eu fosse você, andava mais um pouquinho, mas iria nele.


                - Poxa, verdade, nem me lembrava desse banheiro! Obrigada, dona Francisca! – ela sorriu, girou o corpo e caminhou até a saída da redação. Subiu as escadas em direção ao estacionamento, virou no corredor que dava acesso a ele e encontrou o banheiro, a direita. Estava com a porta entreaberta, ela empurrou de leve, de forma que não fez barulho algum. O banheiro fazia um “L”, com espelhos e pias em ambas as partes. Fátima ouviu duas vozes dialogando na parte do banheiro em que ela não conseguia visualizar, nem pelo reflexo do espelho. De imediato, reconheceu uma das vozes. Era de Joana. Ela e a outra mulher pareciam falar de um homem porque se referiam a essa pessoa como “ele”. Fátima teve a estranha sensação de que era sobre William. Tentou ficar invisível, sem emitir nenhum som pra que elas não notassem sua presença. A voz desconhecida soltou uma gargalhada.


                - Joana, você é maluca! E com ela, você parou de implicar de graça?


                - De graça, Raquel? Quantas vezes eu já te expliquei meus motivos de odiar a sonsa?


                - Ai, tá bom, de novo essa história, que saco! Você vive fazendo mil ameaças silenciosas pra ela, que vai “destruir a vida dela”, que vai “isso” e “aquilo”, mas não faz porcaria nenhuma, por isso que nem dou corda pra essa bobagem sua! – Raquel riu.


                - Não faço? Você que pensa, minha filha, já fiz faz tempo. – ela pausou. Fátima franziu a testa, quieta. Joana prosseguiu. – Você chegou a notar algo estranho entre os dois? Nesses últimos tempos?


                - Quê? Joana, o que foi que você aprontou, hein? Sei lá... Eu nem reparo nesses dois... Quer dizer, nele é difícil não reparar né... – ela dá uma risadinha.


                - Não, sério, você não está notando ele um pouco diferente? Talvez meio triste, não é mais como antes. – Joana insiste.


                - Não... Mas, sei lá, talvez eles estejam com algum problema financeiro, ele e a Fát... – Joana a cortou imediatamente.


                - SSSSSSSSHHHHH! Não fala nome! Vai que alguém escuta! – Fátima ouve os passos de Joana em direção a parte do banheiro em que ela estava e se esconde por trás da divisória do sanitário. Torce pra que não seja vista. Joana confere se há mais alguém no banheiro e se certifica de que não, elas realmente estão sozinhas. Volta pra onde Raquel está retocando a maquiagem e para ao lado dela.


                - Está vazio. Esse banheiro é um achadinho, a faxineira fez bem em nos contar dele. Vou vir sempre aqui. – o barulho de uma torneira ligada ecoa pelo banheiro.


                - Joana, você não vai me contar o que foi que você aprontou com... a fulana lá?


                - Lógico que não, né Raquel?


                - Porquê não? Você não confia em mim não?


                - Confio, mas não há necessidade de te contar porque já faz tempo. Vem, vamos descer, tenho muito trabalho ainda.


                - Calma, só falta o batom. Você não sabe me indicar um rímel bom não? Eu estou ODIANDO esse...


Fátima nota que as duas mudaram de assunto e, pé por pé, sai do banheiro. Estupefata, ela desce as escadas quase cega, pensando apenas no que acabara de ouvir. Nem se lembrava do que tinha ido fazer no banheiro. Entra pela redação em disparada e corre até sua sala, fecha a porta dela atrás de si e fica ali, naquela posição. Desliza os dedos por entre os cabelos, sem saber o que pensar. Ela olha pra trás e, pelo vidro da janela de sua sala, consegue visualizar Joana e Raquel entrando na redação, sorridentes. Não conseguia entender muito bem as informações que acabou de ouvir, ainda estava levemente anestesiada. Começa a recapitular mil coisas em sua cabeça, até que finaliza sua transgressão na noite em que encontrou aquela MALDITA calcinha no carro de William. Ela fecha os olhos pra resgatar a maior quantidade de detalhes possíveis, de tudo o que aconteceu e de tudo o que ele disse a ela naquela ocasião.


 


 


[...]


 


- Meu bem... eu realmente não sei o que está acontecendo.


                - Onde você estava, William?


                - O QUÊ? Fátima, você...


                - ONDE VOCÊ ESTAVA?


                - Agora? Eu estava no percurso do trabalho pra casa, eu já disse...


                - Sozinho?


                - Claro, eu... quer dizer... – ele pausou.


Fátima sentiu seu coração disparado.


                - QUEM ESTAVA COM VOCÊ?


                - Não, é que eu dei carona pro pessoal, era aniversário da Joana, sabe? A Joana da produção. Mas não, eles estavam em cinco pessoas, desceram no Applebee’s. Ela, a Joana, que estava nesse banco, mas eu vi ela descer. Ela não estava com nada nas mãos, sacola de loja, nada disso. Além dela, só a Raquel, mas ela se sentou do lado contrário do banco, estava aqui atrás de mim. E os três rapazes estavam sem nada nas mãos, eu ainda brinquei na saída que onde já se viu eles não levarem pasta para o trabalho...


 


 


[...]


 


 


                Fátima fecha os olhos. “Não, não pode ser...”. As coisas, de repente, pareciam fazer todo o sentido. Lembrou-se da fala de Joana naquele banheiro, dizendo que já havia feito algo pra destruir a vida de Fátima. “Não é possível, meu Deus!”, ela sentiu um nó na garganta, ainda confusa. Precisava ter certeza de que não estava enganada. Precisava apurar esses fatos e não seria com Joana, porque é claro que ela negaria tudo. Mas como descobrir sem ir direto a principal fonte? Como saberia de algo que já havia acontecido há meses? De repente, a opção mais óbvia de todas lhe veio a cabeça. “Raquel.” Essa maldita era grudada com Joana, talvez não soubesse de tudo, mas ao menos conhecia um pouco sobre aquela personalidade doentia, que até então, Fátima desconhecia nela. Raquel era diretamente subordinada a William, era estagiária do curso de jornalismo, mas vez ou outra, fazia gentilezas, como buscar café pros chefes. Fátima nunca havia pedido nada a ela, mal conversava com aquela garota, mas já presenciou as várias vezes que ela fazia favores que extrapolavam o que cabiam a sua função, claramente em uma tentativa de puxar-saco pra conquistar algum espaço na redação. Cega de ódio, Fátima marchou até sua mesa, com as mãos levemente trêmulas. Pegou o telefone e ligou no ramal principal, que encaminhava ligações.


                - Cristina, qual o ramal da Raquel? – Fátima foi firme.


                - Oi Fátima, só um segundo. – ela ficou em silêncio enquanto procurava. – É o ramal 15.


                - Tá bom, obrigada.


Fátima discou freneticamente o encaminhamento do ramal. Batia quatro dedos na mesa enquanto aguardava o telefone chamar.


                - Pois não?


                - Raquel, é a Fátima. Você pode buscar um café pra mim na copa?


                - Claro, Fátima. Já levo pra você.


                - Obrigada. – Fátima engoliu seco.


Observou pelo vidro, de longe, enquanto ela se levantava da sua mesa e caminhava até o corredor onde ficava a copa. Friamente, Fátima aguardou que ela sumisse de suas vistas. Levantou-se rapidamente, saiu da sala e foi atrás dela. Nem olhou para os lados, passou pelas mesas ventando. Entrou na copa e Raquel estava de costas, manobrando a cafeteira elétrica. Fátima entrou atrás dela. Raquel imediatamente notou a presença dela e olhou pra ela, sorrindo, um pouco sem graça.


                - Desculpe, você estava com muita pressa? Eu vim assim que você pediu... – Raquel disse, humildemente.


A falsidade dela fez Fátima estremecer de raiva. Ela empurrou a porta atrás de si e passou a chave. Raquel olhou aquela cena e arregalou os olhos. Fátima olhou no fundo dos olhos dela, enquanto se aproximava. Foi direto ao ponto.


                - O que a Joana tem contra mim?


                - O quê?


                - Você entendeu. O que ela tem contra mim, do que ela é capaz?


Raquel tentou disfarçar.


                - Fátima, desculpe, eu sou só uma estagiária, eu não sei... – Fátima a interrompeu.


                - Sabe sim. Você está aqui há o quê, um ano? Dois?


                - Dois anos.


                - Não adianta fazer a desentendida, tentar parecer surpresa com a minha pergunta, você sabe exatamente do que estou falando e acho melhor me falar logo. Nós não temos muito tempo.


                - Fátima por favor, não faça nada contra mim, eu preciso desse emprego, eu não tenho nada a ver com isso, a Joana é só minha amiga, mas...


                - FALA! – ela aumentou o tom de voz.


                - É, eu... eu... bom, ela não me fala muito, ela é um pouco misteriosa, meio que deixa as coisas no ar, eu não consigo entender muito bem a Joana, eu...


                - Fale tudo o que você sabe.


                - Não, eu... bom, ela me disse algumas vezes que não gosta muito de você e...


                - Não, ela me odeia. Porquê?


                - Ela... ela têm muita raiva por você ter tomado o lugar dela.


Fátima franziu a testa.


                - Como? Tomado o lugar dela?


                - É... quando você começou, ela acha que você ofuscou o brilho dela e por sua causa, a carreira dela como repórter não deslanchou.


Fátima sacudiu a cabeça, chocada.


                - Por isso ela me odeia? Há quase vinte anos atrás?


                - É... odiar não é bem a palavra. Ela tem uma obsessão esquisita por você... Parece que... ela não suporta te ver bem. É estranho.


Fátima se arrepiou, horrorizada. Mas tratou de digerir aquilo mais tarde, naquele momento, precisava arrancar de Raquel tudo o que conseguisse.


                - Do que ela é capaz, Raquel? O que ela já fez pra me prejudicar?


                - Não, eu realmente não sei. Eu nunca presenciei nada, eu JURO. Fátima, por favor, eu não sei de mais nada, eu só sei isso que te falei, acredite em mim. – ela quase choraminga. Parecia amedrontada, mas isso não sensibilizou Fátima.


                - Naquela noite que vocês pegaram carona com o William... Era o quê, aniversário da Joana?


                - Sim. Nossa, mas fazem meses isso.


                - Sim, eu sei. Quero saber detalhes daquela noite.


                - Como assim? Detalhes de quê?


                - Vocês combinaram de pegar carona com ele?


                - Não, a Joana convidou-o pra ir, mas ele disse que não podia porque precisava ir pra casa porque você estava muito gripada. – Fátima se lembrou daquela gripe horrorosa que a pegou de jeito. – E aí a gente estava sem carro, perguntamos se podíamos ir com ele.


                - Quem pediu a carona?


                - A Joana, eu acho. Não me lembro, Fátima, de verdade.


                - E naquela noite, ela chegou a comentar que planejava algo? Contra mim?


                - Não... não comigo.


Fátima concordou com a cabeça.


                - E aí vocês foram com ele. Ela foi na frente com ele?


                - Sim.


                - Você se lembra se ela estava com alguma sacola de compras ou algo assim?


                - Não me lembro, mas acho que não. Só com a bolsa mesmo. Porque você está perguntando essas coisas?


                - Não interessa, Raquel, apenas responda. Como ela reagiu ao descer do carro? Ela disse algo, ela agiu de forma suspeita? Se esforce, Raquel, é muito importante que você se lembre de qualquer detalhe.


                - Não, ela... bom, ela estava especialmente alegre naquela noite, mas era aniversário dela. Mas ela estava realmente mais alegre do que de costume, eu estranhei um pouco, mas não falei nada. Parecia aliviada. Algo assim. – Fátima deslizou os dedos pela testa. Fazia todo sentido. Mal podia acreditar que aquilo estava acontecendo. Foi interrompida pela voz de Raquel. – Fátima... Fátima, eu não estou entendendo...


                - Raquel, você não precisa entender nada. – Fátima fitou-a com frieza, sentindo nojo ao se lembrar de Raquel achando graça das atrocidades que Joana dizia dentro do banheiro, naquele início de noite. Virou as costas, destrancou a porta e a abriu. Virou-se, encarando a xícara de café na mão da moça.


                - Ah, a propósito: eu não quero café. Outra coisa: essa conversa nunca aconteceu, você ouviu bem? Não me deixe saber que você compartilhou esse meu interrogatório com a sua amiguinha. – disse, em um tom de ameaça. Trêmula, Raquel permaneceu na copa.


                Fátima atravessou aquele corredor com um soluço de raiva, ódio e revolta entalado na sua garganta. Naquele exato momento, ela não tinha dúvidas: foi vítima de uma intriga, que quase colocou à ruína seu casamento e pior: por uma colega de trabalho, uma pessoa de seu convívio diário há muitos anos, bem ali, desfilando toda a sua periculosidade na frente de Fátima. Não teve tempo nem de pensar em William. O único pensamento que pairava sobre sua mente era a sede de acabar com a raça daquela miserável invejosa. E não existia nada nesse mundo capaz de fazê-la desistir do plano que acabara de traçar em sua cabeça. 



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Autor(a): bonemerlove

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 67



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  • Uma_fã Postado em 16/12/2016 - 20:50:43

    Adorei seu estilo de escrever,q pena q não finalizou,mas se ainda tiver acesso,finaliza,pfv. Parabéns

  • neucj Postado em 14/03/2016 - 20:55:37

    Quero o último cap da fic....

  • babi15 Postado em 03/02/2016 - 20:21:30

    Esperando deitada o ultimo cap de uma das melhores fic do casal. Ja li outras fics dessa autora e ela escreve mto bem .Parabens

  • neucj Postado em 21/01/2016 - 11:07:48

    Desistiu de postar o último cap???

  • puff Postado em 06/07/2015 - 09:13:36

    Nao vai mais postar?

  • Julie_ Postado em 11/06/2015 - 15:01:05

    Leitora nova *---* Cnt

  • jurb Postado em 09/06/2015 - 18:57:39

    Lindo DEMAIS esse capítulo! Sem palavras...

  • puff Postado em 09/06/2015 - 17:39:15

    Meu deus que lindooo ameiii pena q esta no fim, vc escreve muito bem

  • bia_jaco Postado em 09/06/2015 - 17:35:00

    Ehhhhhhhh capítulo lindo!!Bom demais ver eles juntos de novo <3 amei amei

  • bia_jaco Postado em 28/05/2015 - 17:36:58

    Coisa lindaaaaaaaaa!!!Amei o capítulo,tão perfeito esses dois *___*


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