Fanfic: Amor e ódio | Tema: Fátima Bernardes e William Bonner
Joana olhou assustada. Muda, desceu do carro e bateu a porta. Da forma que Fátima estacionou, as duas ficaram escondidas por entre os dois carros. Com uma expressão levemente debochada, ela disse:
- Fátima, acho que você está... um pouco nervosa. – Fátima observava-a, em silêncio. – O dia foi puxado, eu sei, mas tente se acalmar. Você está com algum problema, quer que eu te ajude com alguma coisa? - A forma que Joana falava fazia o sangue de Fátima ferver nas veias. Mas mesmo assim, ela soltou uma gargalhada.
- Ai, Joana... você é engraçada. – ela sacudiu a cabeça. – Não, mas eu preciso sim da sua ajuda. Queria sua opinião.
Joana encarou Fátima, visivelmente com uma sensação de estranhamento total àquela situação. Mesmo assim, tentava desesperadamente agir com naturalidade.
- Pois não?
- O que você faria se soubesse que alguém que te inveja ao ponto de te odiar, convivesse com você? – ela observou cada reação de Joana, olhando no fundo dos olhos dela com um olhar desafiador.
Joana estremeceu, abaixou a cabeça, um pouco desconcertada.
- Bom, eu... eu não sei, Fátima, nunca passei por isso, então...
- É mesmo? Que sorte a sua! – ela sorriu. – E que conselho você me daria sobre o que devo fazer com relação a essa pessoa?
Joana, dessa vez, foi firme.
- Não sei, realmente. Olha só, eu estou com um pouco de pressa, já está tarde, né? – ela abre a porta do carro.
- Você não ia comprar alguma coisa na oficina mecânica?
Joana se vira pra ela.
- Como você sabe?
Fátima bate a mão na porta do carro de Joana, fechando-a novamente e ficando apoiada com apenas um braço nela.
- Joana, por um acaso você acha ou, em algum momento achou que eu fosse idiota? Assim, tipo mocinha de novela mexicana?
- Fátima, eu acho que você enlouqueceu, minha querida. Tire a mão da porta do meu carro. - Joana foi firme.
- Não, você não vai sair daqui agora.
- Eu não estou entendendo onde você quer chegar.
- Não mesmo? Tem certeza? – Fátima franziu a testa ao perguntar. – Vamos então refrescar sua memória: no dia do seu aniversário... o que de “tão especial” aconteceu na sua vida?
Joana gargalhou, visivelmente nervosa e acuada.
- Ai, era só o que me faltava! Eu não tenho nada pra te falar, que coisa mais ridícula me interrogando em um posto de gasolina a essa hora da noite! O que tem o dia do meu aniversário? Foi meu aniversário e pronto, isso já é suficientemente especial pra mim! SAIA DA MINHA FRENTE!
Fátima ignorou a ordem dela, com toda a calma do mundo. Cada vez que notava Joana mais desesperada, ela se fortalecia ainda mais.
- Você tem o hábito de deixar cair, assim, acidentalmente, calcinhas vermelhas nos carros dos seus chefes? E olha que você já teve muitos, inclusive em comum comigo.
Joana empalideceu e gaguejou.
- O quê?
- Dessa vez, você passou um pouquinho dos limites, só um pouquinho. Nosso chefe é também meu marido. E eu queria te avisar, Joana, que você errou feio se metendo comigo e com a minha família.
Ela tentava desesperadamente se esquivar.
- EU NÃO SEI do que você está falando.
Fátima sorriu ironicamente, mas por dentro tremia de raiva.
- Não, por favor... Pare de negar e tentar parecer indignada. Eu já sei de tudo. Tudo mesmo, não só sobre essa tentativa asquerosa de destruir meu casamento implantando uma CALCINHA no carro do meu marido, como também sobre esse ódio que você cultiva de mim todos esses anos. Você é nojenta, Joana. Nojenta e doente. E covarde, inclusive. Usa de uma armação baixa e patética como essa pra me prejudicar e não tem nem coragem de me encarar e assumir pra mim cada milímetro da sua podridão. Vamos, é a sua chance! Eu estou aqui, não estou? Estou pronta pra ouvir.
Pelo olhar, Joana parecia ser tomada por todo o sentimento negativo que ela nutria por Fátima por todo esse tempo. Pela primeira vez, estava frente a frente com ela podendo descontar toda a ira que ela remoia sozinha.
- Pois bem, Fátima! Já que você insiste, não vou mais te poupar de ouvir as verdades que você merece! – Fátima cruzou os braços pra ouvi-la. – Você destruiu a minha vida.
- O QUÊ? – Fátima questionou, chocada.
- É isso mesmo e nem me venha com essa cara de sonsa, aliás, cara de sonsa é o que você sabe fazer de melhor na sua vida, não é mesmo? Sempre espalhando esse sorrisinho insuportável, essa simpatia e essa humildade, que você sempre quis ter como marca registrada. Desde que eu te vi pela primeira vez, eu tive certeza de que você seria uma pedra no meu sapato. Eu nunca precisei disputar nada com ninguém na minha vida. Você foi roubando uma a uma das minhas oportunidades sem que ao menos eu tivesse a chance de lutar por elas. – as palavras dela saíam carregadas de mágoa. – Tudo era sempre Fátima, Fátima, Fátima... desde o princípio. Isso nunca mudou.
Fátima sacudiu a cabeça, em um misto de estupefação e nojo.
- É inacreditável... Como você pode atribuir a mim os seus fiascos profissionais? Será que você não percebe que, mesmo não tendo feito talvez todos os trabalhos que você gostaria, ainda assim você teve MUITA sorte na vida, Joana? Já passou pela sua cabeça que você perdeu as oportunidades, não por mérito meu, mas sim por uma completa incompetência sua?
- Óh, muito prazer, essa é a Fátima Bernardes, senhoras e senhores... – ela disse de braços abertos.
- Deixe de ser ridícula, não existe ninguém presenciando essa conversa. Isso aqui é entre eu e você, apenas. Mas é assim que você é, não é? Você têm essa necessidade de provar às outras pessoas algo que nem você mesma acredita. Você tem plena consciência de que você é uma IMPRESTÁVEL e é por isso que você não consegue superar o fato de que a vida não permite falhas. Você sabe disso e sabe também que você simplesmente nunca foi páreo pra mim. E aí, alimenta sozinha essa inveja que você sente de mim e me culpa por erros seus. Mas enquanto isso se manteve apenas entre nós duas, eu não poderia e nem posso te condenar, é um direito que VOCÊ tem de ser uma doente invejosa e infeliz. Mas você extrapolou todos os limites do absurdo. Você envolveu o MEU MARIDO nessa sujeirada toda e eu não PERMITO que mexam com a minha família. – ela levantou o tom de voz e se aproximou de Joana, ficando cara a cara com ela. – Você já pensou nas conseqüências disso que você fez? Eu sou SUA CHEFE, sua imbecil. Não sou mais sua coleguinha repórter e recém formada que espera ansiosa pela lista de escalação das coberturas de dedos cruzados, torcendo pra pegar a melhor. E que você nunca conseguia, diga-se de passagem... – Fátima caminhou ao redor de Joana, lentamente e continuou falando. – Nem transar com o chefe foi suficiente, né querida? Nem pra isso você foi competente.
Joana ficou vermelha de ódio.
- CALA A SUA BOCA, não permito que você diga isso de mim!
- Óh, coitadinha! Se toca, Joana! Todos na redação souberam disso na época. Jogar baixo sem conseguir nada é sua especialidade já fazem anos... – Fátima parou novamente de frente pra ela. – Nega aqui, olhando na minha cara que foi você que jogou aquela lingerie no carro do William.
Joana olhou no fundo dos olhos dela, desafiando-a.
- Eu não nego. Fui eu sim. – Fátima sentiu seu corpo estremecer ao ouvi-la confessando. – Eu maquinei por meses uma forma de fazer isso, pra finalmente ter a certeza de que algo que eu fiz afetasse você. Quando me vi prestes a entrar no carro dele, não pensei duas vezes. E ver a sua cara de enterro foi a melhor sensação que eu pude sentir na minha vida. – Fátima ouvia, enojada, com os olhos saltando em lágrimas e com as mãos coçando pra não avançar em cima dela. – Foi a primeira vez, mas pode não ser a última. Eu faria TUDO NOVAMENTE, quantas vezes precisasse, com seu marido, com seus filhos... – Fátima nem deixou que ela terminasse. Sem pensar, ergueu o braço e reuniu toda a força que conseguiu, movida pela raiva. Estapeou o rosto de Joana uma única vez, mas descontando ali todo o seu sofrimento de meses. Joana deu um berro.
- TIRA A MÃO DE MIM! SUA LOUCA! EU VOU CHAMAR A POLÍCIA!
- Chama! Chama a polícia sim, eu quero ver em quem vão acreditar! – Fátima segurou o queixo de Joana e encostou com força a cabeça dela no vidro do carro. – Olha aqui, eu vou avisar uma única vez. VOCÊ NÃO OUSE mexer com os meus filhos, você NEM PENSE em encostar sua mão imunda neles. Você está me entendendo? Eu acabo com a sua vida. – Ela sacudiu a cabeça dela e soltou, em seguida. – Sua vadia. Parabéns pra você, você conseguiu me tirar do sério, se te serve de consolo. E QUASE conseguiu acabar com o meu casamento, mas como sempre, você falhou. Imbecil. – Fátima virou as costas, deu a volta e entrou no carro, acelerando de uma só vez e saindo do posto cantando pneus. Joana ficou estática, encostada no próprio carro, com a bochecha avermelhada do tapa na cara que levou de Fátima.
***
Parada no semáforo, Fátima chorava com a testa encostada no volante e as lágrimas pingando em seu colo. Era a última vez que ela esperava chorar em decorrência da armação de Joana. Nunca mais derramaria uma lágrima sequer. Não era justo. Naquela noite, ela chorava de alívio. Sabia, pela expressão no rosto de Joana ao ouvir suas ameaças, que ela não se atreveria a fazer nada contra ela novamente. Sabia que não precisaria mover uma palha pra afastá-la da redação, a cabeça de Joana já estava prestes a rolar com tantas reclamações que ela notava por parte dos outros colegas, então, era praticamente uma carta fora do baralho. Não conseguia pensar em outra coisa a não ser em William, naquele momento. Imaginou o que ele estaria fazendo àquela hora. Lembrou-se do olhar dele pra ela, ao vê-la usando a aliança que ele deu a ela de aniversário. Sentiu seu coração se despedaçar ao lembrar-se daquele dia, que ela atirou na mesa dele os presentes de aniversário que acabara de ganhar dele. Sentiu-se a pior pessoa do mundo e a mais injusta. “Será que ele vai me perdoar?”, refletiu consigo mesma. Pegou o telefone e discou o número do telefone fixo do apartamento da Lagoa. Ela sabia que não tinha bina, mas se perguntou se ele estaria em casa. Queria apenas ouvir a voz dele, precisava disso mais do que tudo. Ouviu sete toques. Quando estava quase desistindo, o barulho do telefone sendo retirado do gancho e em seguida:
- Alô? – a voz de William estava rouca, de quem foi despertado de um sono profundo.
Fátima sentiu a lágrima escorrer no rosto. Ficou em silêncio. Ele repetiu.
- Alô? Quem está falando? – ele parecia um pouco preocupado. Ela permaneceu em silêncio, lutando pra que ele não ouvisse seu soluço abafado pela própria mão. Mais uma vez, a voz de William.
- Oi? Alô? – ele esperou mais alguns segundos e desligou. Fátima sentiu um peso na consciência por tê-lo acordado. Já era quase madrugada. Mas precisava desesperadamente daquilo. Poderia ter se identificado e tentado marcar um encontro com ele. Poderia até ir ao apartamento, ela tinha a chave e entraria lá tranquilamente. Mas sentiu que precisava elaborar uma forma de reconquistá-lo, de se desculpar e dizer a ele que tudo não passou de um mal entendido. Ele merecia isso dela. Seu pensamento foi interrompido quando ela estacionou na porta da casa da mãe. Viu que a luz da suíte dos pais estava acesa. Desceu e deu um leve toque no interfone. Rapidamente, a mãe abriu o portão e veio recebê-la na porta.
- Ai, graças a Deus, minha filha! Eu estava louca de preocupação, liguei mil vezes no seu celular e nada!
- Desculpa, mãe. Mas ta tudo bem! – ela esboçou um sorriso.
- Eu quero saber o que foi que aconteceu, quem é essa mulher??? – a mãe sussurrava enquanto Fátima bebia um copo d’água.
- Amanhã eu conto detalhes pra senhora, mas estou simplesmente exausta. Eles estão dormindo já?
- Já, há muito tempo. Você está bem, filha? Você chorou? - ela fitou o rosto inchado de Fátima.
- Chorei. De alívio, mãe. Será que eu vou conseguir ter meu marido de volta?
- Não, não pense nisso agora. Pegue seus filhos e vá descansar.
Fátima concordou com a cabeça. Dona Eunice foi na frente até o quarto, seguida pela filha. Fátima parou na porta do quarto e olhou para os três dormindo inocentemente. Sentiu um aperto no coração, mas se controlou. Observou-os acordando aos pouquinhos e olhando pra ela.
- Mamãe, achei que você viesse só amanhã buscar a gente.
- A mamãe vinha, filho, mas fiquei com saudade. Desculpe acordar vocês assim. A gente vai direto pra casa, tá bom? – ela envolveu os três nos braços. – Dêem tchau pra vovó e agradeçam ela.
Os três obedeceram. Fátima abraçou a mãe, rapidamente, antes que se sensibilizasse e sentisse vontade de chorar.
- Mãe, muito obrigada! Amanhã a gente se fala.
- Que isso, minha filha, não precisa agradecer. Me liga amanhã quando estiver mais tranqüila.
Fátima concordou com a cabeça. Entrou no carro, esperou que as crianças se acomodassem e dirigiu pra casa, que era próximo dali. No caminho, olhou pelo retrovisor e viu três olhinhos sonolentos, quase cochilando no carro. Entrou pela garagem e, antes que eles descessem do carro, ela disse, em um tom animado.
- Hoje podemos dormir todos juntos na cama da mamãe, hein? O que acham?
Mesmo preguiçosos, eles responderam que sim, de forma relativamente animada. Fátima sorriu, acomodou-os na cama, por debaixo do edredom quentinho. Beijou as três testas e correu pra um banho rápido. No chuveiro, fechou os olhos e deixou a água escorrer pelo corpo. Se enxugou em uma toalha felpuda, vestiu um pijama de manga comprida, bem confortável e se acomodou na beirada da cama. Acariciou o rosto dos filhos, que já dormiam novamente. Olhando pra eles, ela refletiu. Conseguia ver neles claramente a personificação do amor dela e de William. Os três tinham muito dele, fisicamente e no temperamento. Lembrou-se da primeira vez que ela olhou pros filhos, ainda na maternidade. William estava ao lado dela, segurando sua mão. Se ela fechasse os olhos conseguiria visualizar exatamente a cena. Mesmo zonza com a anestesia do parto, ela conseguia visualizá-lo perfeitamente. Ele usava luvas, touca e uma máscara cirúrgica. Mesmo assim, ela via os olhos dele encharcados de emoção ao ver pela primeira vez o rosto dos filhos. Foi o dia e o momento mais inesquecível da vida de Fátima. Através da máscara, ela podia ver que ele estava com um sorriso nos lábios enquanto olhava pra ela. Agora, olhando os filhos na cama, ela se deu conta de quanto tempo se passara desde aquele dia, que parecia ter acabado de acontecer. E foi inevitável lembrar-se do diálogo com Joana, que havia acontecido há menos de uma hora atrás. Demoraria a esquecer as palavras que ouviu dela. Mas elas seriam importantes para que ela nutrisse mais forças pra conseguir reaver seu casamento e sua felicidade ao lado de William.
Autor(a): bonemerlove
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 67
Para comentar, você deve estar logado no site.
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Uma_fã Postado em 16/12/2016 - 20:50:43
Adorei seu estilo de escrever,q pena q não finalizou,mas se ainda tiver acesso,finaliza,pfv. Parabéns
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neucj Postado em 14/03/2016 - 20:55:37
Quero o último cap da fic....
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babi15 Postado em 03/02/2016 - 20:21:30
Esperando deitada o ultimo cap de uma das melhores fic do casal. Ja li outras fics dessa autora e ela escreve mto bem .Parabens
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neucj Postado em 21/01/2016 - 11:07:48
Desistiu de postar o último cap???
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puff Postado em 06/07/2015 - 09:13:36
Nao vai mais postar?
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Julie_ Postado em 11/06/2015 - 15:01:05
Leitora nova *---* Cnt
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jurb Postado em 09/06/2015 - 18:57:39
Lindo DEMAIS esse capítulo! Sem palavras...
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puff Postado em 09/06/2015 - 17:39:15
Meu deus que lindooo ameiii pena q esta no fim, vc escreve muito bem
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bia_jaco Postado em 09/06/2015 - 17:35:00
Ehhhhhhhh capítulo lindo!!Bom demais ver eles juntos de novo <3 amei amei
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bia_jaco Postado em 28/05/2015 - 17:36:58
Coisa lindaaaaaaaaa!!!Amei o capítulo,tão perfeito esses dois *___*